quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Inté

Dizem que, no Brasil, ironia não se escreve, explica-se. Ainda assim, isso não apaga a constatação constrangedora de eu estar escrevendo muita porcaria. Além do suportável, certamente.

Falar nisso, suportamos 2009 e suas crises com denodo e paciência. Ponto pra todos.

E agora? Agora, um ano a mais, um ano a menos, lá vamos nós, privilegiados, marchar rumo aos banquetes.

Vou ali engordar para começar o Ano Novo culpado. Boas festas para você também.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Nada com nada

Natal, reveillon chegando. E resfriado, numa hora dessas? Pô, parei.

* * *

Agora, direto chega alguém e diz: - Te vi tal hora, tal lugar. Nem me surpreendo mais. Curioso é que, além deu não ver ninguém, em nenhuma das circunstâncias o fulano foi lá oferecer um aperto de mão, um abraço, buzinar, dar um grito.

Hmmmm, será sonseira minha ou essa turma me vê e se esconde? Ando tão cacete a ponto de ser evitado?

Num pode, num admito. Das duas, uma: ou eu de fato não enxergo essa gentalha ou é essa gentalha que não se enxerga.

* * *

Outro dia, tinha falado por telefone com um corretor, ele ia nos mostrar um imóvel. Como Meg e eu chegamos mais cedo, fomos dar a volta no quarteirão, reparar a vizinhança. Detalhe: a gente tava adiantado ao horário, fora do local combinado, andando à paisana pela calçada como qualquer cidadão.

Aí, na dobra da esquina, sujeito atravessa a rua em nossa direção e grita: - Rubens!

Parei, intrigado: - É você o corretor? (havia esquecido seu nome). O sujeito confirmou e comentei com ele que eu deveria ter mesmo cara de mim, porque era um mistério como ele havia detectado um Rubens em meio aos transeuntes de forma tão bem sucedida. Quase lhe dei parabéns.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ti-au


Laka, a Akita das minhas irmãs, se foi.

É o que me conta mãe, por telefone.

Entrou em coma e não pôde resistir mais.

Tadinha, descansou. A bichinha já vivia doente há anos, num estado de penúria que dava dó.

Mãe revela ainda que as manas, sensíveis que são, estão em prantos.

Compreendo o apego. Tive um vira-lata chamado Ludo. Era apaixonado pelo cachorro. Então ele ficou doente e eu adoeci junto. Durante dois dias, não fui à aula, não comi, não dormi, fiz nada. Só chorava. A situação era irremediável, porém ninguém foi forte o bastante para dizer a verdade a um menino de dez anos. Inventaram uma conversa fiada para me tapear e deram um jeito de tirar o bicho lá de casa, me apaziguando com o papo de que Ludo estava sendo tratado e se recuperando bem lá na roça.

Digo à mãe que foi melhor assim. Adultas, Ju e Nanda se recuperam. O sofrimento da Laka, que era de arrancar suspiro, acabou. E sorrio ao telefone: agora é só arranjar outro cachorro.

Exacerbada, ela própria sentida, rebate:

- Nada!, lá em casa nunca mais entra cachorro nenhum. Arrependimento!

- Foi você mesma quem comprou.

- Porque na época sua irmã tava em depressão. Mas foi a pior coisa que eu fiz.

Uma pena. Mãe não consegue compreender que se fosse um pouco além da contrição presente, veria os inúmeros momentos de alegria compartilhada – e, por que não, dor e preocupação também - que a presença da Laka proporcionou em todos esses anos. Que foi ela a responsável direta por oferecer às manas a companhia e o apoio emocional que só um cachorro pode e sabe dar. E, acima de tudo, veria que ter colocado um cão em nossa família – mesmo contra seus princípios domésticos! – não foi a pior; foi a melhor coisa que ela fez.

Viver é isso, mãe.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ação e reação

Eram três riscos paralelos por toda a lateral; de nascente no bagageiro, serpenteando pelas portas, até a foz sobre o capô - como se o próprio Wolverine tivesse alguma coisa muito pessoal contra os Clios hatch pretos.

Cara, tem sujeito muito, muito espírito de porco.

* * *

Se você flagrasse alguém deliberadamente depredando seu veículo, o que imagina que faria?

Dependendo do tamanho do animal, daria um pau? Se fosse um moleque, uns bons tabefes?

A violência seria admissível? Pouco sensata, porém lícita? Nada que consertasse os danos provocados ao bem, mas, no calor dos acontecimentos, infligir um pouco de dor ao responsável daria uma sensação de reconforto?

Se, num caso desses, fosse possível antecipar que os punhos seriam as únicas armas empregadas, acho que os fins justificariam os meios e valeria correr o risco: bora partir pro bacubufo no caterefofo pra tirar a história a limpo.

Mas, como se sabe, não existe código de ética nas ruas.

C.Q.D.


PS. Caralho, foi o carro inteiro.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Restart

E como era domingo nove e meia da noite, e nos invadiu o espírito o estranho desejo de sofrer, fomos ao cinema ver 2012.

Até que sobrevivi bem àquela porqueira. Acho que, quando a expectativa é a pior possível, qualquer coisa que venha além tá valendo.

Nota: curioso constatar que o estacionamento vazio de um shopping à meia-noite é mais assustador do que as cenas de hecatombe no filme. Experimente pra ver.

* * *

Prestes a dormir, perguntei:

- Se você pudesse levar para o novo mundo pós-pocalips apenas alguns livros na sacola, o que levaria?

- A Bíblia.

- A Bíblia?

- Certamente. É o livro. Tem tudo lá, explica muita coisa importante.

- Hmm. Que mais?

- Dom Quixote, claro. Todo o Borges, todo o Rosa... enfim, tem que pensar. E você?

- Qualquer guia ou manual prático de agronomia.

Yes, Wii can

Compramos o Wii, dividido em oitocentas prestações.

Pra quem não sabe, é aquele console que leva o seu traseiro para fora do sofá (no bom sentido, no bom sentido).

Pra jogar, você acaba sendo convidado a imitar os movimentos dos tenistas, golf players, etc.

Admito a aquisição por impulso, mas penso que pode valer a pena.

Primeiro, Bibi, Laurinha e Meg se divertem brigan.., ops, brincando. Ponto para a harmonia familiar.

Segundo, as meninas se familiarizam com essas geringonças modernas. Ponto para inserção tecnosocial.

Terceiro, depois de alguns ajustes necessários, certamente vamos adquirir os equipamentos para o programa de ginástica/ioga, resolvendo de uma tacada só o desejo de Meguinha de fazer uma atividade física e a falta de saco/tempo/condições de ir a uma academia fora de casa.

De minha parte, direi que o Wii também anda me trazendo benefícios. Pelos meus cálculos, 1/12 do que consumo em cerveja vai embora jogando. Estou certo de que esse gasto calórico e minha performance ainda melhoram, é só beber um pouco menos.

No fim, com sua proposta inovadora de ser um videogame que combate o sedentarismo, penso que o Wii está subvertendo um pouco aquele aforismo dos computadores que diz que software é a parte que você xinga e hardware a parte que você chuta. Tudo se integra no console: a gente xinga e chuta ao mesmo tempo, inclusive, se bobear, uns aos outros.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Verdade

Pode ser que me engane (raríssimo), mas deve haver uma lei escrita em algum lugar da metafísica ou do universo: tudo o que é procrastinado volta intensificado para você.

Aconteceu nesta sexta: eu, que passei o ano inteiro adiando organizar correspondências, contas, recibos, comprovantes - só juntando papéis para formar pilhas e pilhas aqui, ali e acolá - agora tenho que descobrir, até segunda-feira, se paguei uma determinada mensalidade em maio, sob a ameaça de meu nominho entrar para o SPC.

Eu, por mim, paguei. Como provar, tu que é o mais bagunceiro dos seres, o mais displicente com as coisas pessoais e documentais, lambão, nas palavras complacentes e carinhosas de tu madre, ó Rubens?

De um jeito ou de outro, agora paga. Ocupe a tão esperada, desejada sexta à noite e, quem sabe, o fim de semana, sendo um arqueólogo de boletos, e desenterre a prova de que houve um dia, no sítio perdido de suas finanças e contas, um resquício, um mínimo de civilização.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Monstros

Sei não, mas esse cabra aí do meio tá com um olhar mais assustador que o do Bill Bixby e o Lou Ferrigno juntos.

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A tese de mestrado "A importância do Incrível Hulk e do Espetacular Homem-Aranha na formação do caráter de um guri de 8 anos" jamais sairá. Nem escritor nem leitor teriam paciência.

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Uma vez imaginei uma reunião tipo Alcóolicos Anônimos só com monstros famosos da cultura POP e literatura universal.

Sentados em semicírculo, Fantasma da Ópera, Quasímodo, Sloth dos Goonies, Fera (da Bela), Hulk e Frankenstein Jr. compartilham suas aflições, anseios e amores incompreendidos, debatem a supervalorização da estética nos dias de hoje, trocam receitas, etc.

Lobisomem e o Conde não vieram porque o encontro pode ter sido pela manhã.

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Nietzsche disse que os monstros não devem ser combatidos se tivermos medo de nos tornamos um.

Protesto. Vai ver é por isso mesmo que devemos combatê-los.




segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Admirações

Leio na coluna do Tostão que ele admira o João Ubaldo Ribeiro.

Acho bastante provável a recíproca ser verdadeira: JUR ler e admirar o Tostão.

Bem, eu admiro o Tostão e o João Ubaldo Ribeiro.

Para fechar o ciclo, agora falta esses dois me admirarem.

Parei

Ou, pelo menos, tentarei controlar a ansiedade de comprar um imóvel.

Conversando esta manhã com um corretor experiente, percebi que é praticamente inútil pensar em fazer propostas sem dinheiro na mão. E, dindin na mão, só com a venda da mansão do Nova Granada.

De maneira que minha preocupação primeira deve ser concentrar esforços para vender o cafofo. Na venda, ainda dizem que há uma burocracia, de 60 dias (mais ou menos) para receber a bolada (provavelmente financiada).

Quando esse dia chegar, os imóveis que hoje me interessam certamente já estarão vendidos. Outros estarão disponíveis. Então, é contraproducente se estressar, seja para comprar um lote ou um apê.

O que assusta, comentei com o sujeito, é constatar a valorização dos imóveis em 10% em apenas duas semanas. Impávido, disse que é assim mesmo. Sombrio, vaticinou: em janeiro, será ainda pior.

Ora, nessa selva imobinflacionária, eu vou tratar de ficar velhaco e esperar. Agora só tiro o zape depois de arrancar o sete de copas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Leitura adolescente

Estou preenchendo aos poucos os vazios da minha bagagem literária infanto-juvenil.

Bom, livro é livro. Por pior que seja a viagem, da experiência da leitura sempre se extrai algo de bom. Razão, cá pra mim, porque coleção Vaga-lume não conta: tem seu valor, mas é muamba que ficou retida na alfândega das boas memórias.

Comecei este ano, cativo da Ilha de Monte Cristo. Depois, dividi radinho de pilha com Robinson Crusoé. E, embora este não seja um clássico e sim um lançamento contemporâneo, acompanhei a história da matemática pelo Teorema do Papagaio.

De onde se fica sabendo que Platão disse coisas assim: “Os matemáticos são como criadores de passarinhos no interior de um viveiro, tentando apanhar com as mãos diversos passarinhos de cores vivas”.

A jornada é longa, mas não tenho pressa. Só passeio quando quero. Mais dia, menos dia, calço a meia com dedão furado de Twist e vou caminhar. Ou navegar, mastigando capim com o gume do Mississipi nos olhos, ou mais além, por que não, desenterrar outros tesouros entre desafios mais ou menos liliputianos.

Noto que meu desejo andarilho só leva livros antigos na mochila. Nada contra Harry Potter, Crepúsculo, etc. Pelo contrário: talvez ainda não tenha atingido a idade suficiente para lê-los.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desperdício


Drummond disse: "A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca."

Só discordo da parte em que ele diz "vivo".



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Luxos

Ainda de ressaca de uma enxaqueca braba - parece que entornei litros de véspera, embora não tenha colocado uma gota de mé na boca - amigo me disse que isso pode ser stress.

Configurei que stress é um luxo do qual não posso dispor.

* * *

Falando em luxo. Na hipótese de comprar um lote e construir, a gente devaneia e fica sonhando que aparato, material, objeto ou equipamento gostaria de ter na casinha.

Como o orçamento é apertado e não dá pra ter todos os mimos que desejamos, o casal alterna as preferências como oscilaria uma porta pivotante: ora é uma banheira, ora um aquecimento solar. Ora são ladrilhos hidráulicos, ora portas e janelas de demolição. Ora um bojo para banheiro ultramoderno, ora uma TV 15 mil polegadas. Decisões, decisões.

No fim, em uma festinha infantil neste sábado, descobri minha verdade.

Se formos construir, o luxo - luxo mesmo - não seria nada daquilo: simplesmente, pra mim, uma área cheia de verde e de fronde, de plantas e árvores, muitas árvores. Um pequeno mato domiciliar, com gramado e frutíferas, onde o ar fosse fresco; onde a gente pudesse tomar um café ou uma cerveja debaixo de uma bela copa ao invés de toldos de plástico e telhas de cerâmica.

É isso. Uma árvore no quintal seria, para a habitação do meu corpo e do meu espírito, o intenso e verdadeiro regalo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Suspiros

Galo, Galo...

...

...

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"Look on my work, ye mighty..."


Vendo o filme Leningrado, sobre o cerco à cidade durante a WW2, lembrei-me de uma característica do socialismo na Rússia que sempre achei uma verdadeira babaquice: aquelas estátuas escandalosamente grandes de Lenin, geralmente com o indicador em riste, por todo canto. E mais cartazes, bustos, quadros, não só do bicho, mas também de Stalin, etc.

Nada de ingenuidade: de Nabucodonosor a Xerxes, de Ramsés II a José Sarney, a divinização da figura do "líder" coloca frequentemente o incentivo à idolatria a serviço da administração e controle do povo pela classe que manda. Sempre foi assim, seja qual for o regime político, às margens do Nilo ou na beirinha do Rio Bacanga.

Mas, no caso do socialismo/comunismo, exatamente pelo que pregavam, a hipocrisia vira espalhafato.

Entretanto, é tarde demais para observar isso ao professor de história da 6ª série.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

às teias

Amigos que inexplicavelmente insistem em visitar Boêmios no Divã e os que também mantêm blogs:

Não reparem o odor de bolor.

Aqui está que é só desleixo.

Levantem uma letra aí qualquer e passem o dedo. Olhem nas entrelinhas.

Tem pó por todo lado.

Não tenho visitado vossos espaços, tampouco.

Não por obra de um ataque súbito de misantropia virtual.

Por ora, a atenção está concentrada em outras frentes.

Gracias pelas visitas.

Mas textos novos, hoje, só amanhã.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vida e morte das bactérias

Tô aqui batucando um posicionamento para um produto do cliente. De súbito, me enrosco num dos atributos: função antibactericida.

Aí pensei: num pode. Se é bactericida, mata as bactérias. Se for anti-homicida de bactérias, me parece contra-senso. Salvo em alguns casos, como produtos para regulação intestinal, nos quais é saudável estimular o crescimento de certa flora bacteriana, não acho que o lance seja vender algo que inclua a vantagem de impedir o "crescei-vos e multiplicai-vos" da colônia.

Aliás, imagino que pode ser isso - antibacteriana, não antibactericida. Faz sentido ou tô completamente doido?

Porque comecei a reparar, numa googlada só, que o esquadrão antibactericida taí faz tempo. Muita gente usa, de jornalistas a publicitários. Como nesta chamada do Victoria´s Secret Hand Gel Antibactericida Berry Kiss: Suas maos livres dos germes e bactérias.

Ah, é?

Quer saber? Acho que vou dizer que o produto do meu cliente é mais fácil de limpar. Ou porque é realmente muito inapropriado para a reprodução das bactérias ou, por outro lado, porque é tão propício à sua proliferação que é impossível não notar aquele bacanal bacteriano todo, passar um panim com detergente e acabar com ele assim, ó.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cultura, ainda que tardia

Desconfio que o governo Aécio - apesar das poucas notas e críticas que logram perfurar a muralha blindada de boa publicidade erguida ao redor de sua figura e chegar ao público, como esta - vai celebrar seu fim com uma generosa aprovação popular.

Talvez não seja para menos - o homem é esperto.

Como qualquer político, segue a cartilha de deixar a inauguração de obras de grande impacto para os últimos momentos.

Um conjunto de obras desse naipe é o tal Circuito Cultural Praça da Liberdade. Me parece muito boa idéia. E promete ser legal.

Lembro-me que Dona Meg vive reclamando que em Belzonte faltam mais museus, espaços culturais, interativos, etc. Verdade. Mas talvez o Circuito venha amenizar um pouco a sensação.

Não estou muito por dentro do que virá (acompanhe o link por favor, veja e me conte; eu trabalho), mas se tivéssemos algo ao menos parecido com o museu de ciência e tecnologia, da PUC-RS, em Porto Alegre, seria demais.

Porque, apesar do caráter científico, lá acontece mágica: a gente volta a ser criança.

Eu vou me adaptar

Eu não tenho mais a resistência que eu tinha
Eu metabolizava as cervejas que bebia
Mas agora me acho tão estranho
A minha ressaca está deste tamanho.

Será que eu bebi o que ninguém bebia
Será que envelheci enquanto eu dormia?

Eu vou me adaptar.



sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Imóveis, imóveis

Eis a questão - que se desdobra em muitas outras, uma vez que o que se quer nunca é o que se pode. Ao menos para nosotros, remediados.

Casa ou apartamento? Comprar pronto ou construir? Lote plano ou piramba? Um imóvel mais barato para evitar se endividar tanto ou um melhorzinho, até o limite das nossas possibilidades?

Dúvidas, dúvidas. E a convicção da gente muda como a lua e as marés.

O que não muda é a vontade de experimentar a próxima etapa da vida: um lar familiar.


/ / /

Pudera ter uma casa. É, desde o útero, minha predileção.

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Eu gostaria muito de conseguir propor assuntos inteligentes, atuais e de interesse público. Mas The Quest For A Nice Home vem ocupando pelo menos três quartos do meu cérebro - o que só pode ser uma incongruência, visto que ultimamente ele está mais para uma quitinete.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Oh-My-God

E eu achando que era o único a ter reparado



Claro, é preciso ter visto o seriado Friends pra entender.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

stand-by

Por enquanto, cabeça só para imóveis e trabalho.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Quack

Por que ao certo, não sei. Mas tão logo a irmã contou que vai ter um menino, a memória me levou de volta ao Pato Donald; o Donald do Carl Barks.

Tenho-lhe especial simpatia desde criança. Vai ver, é identificação.

Senão, vejamos:

Primeiro de tudo: é um pato, o que, por si só, é muito significativo. Pato proletário e remediado, ganhando o suficiente para a conta do chá. Tem coração manso, escusadas as erupções de temperamento. Vira e mexe, mete-se em enrascadas. É encrenqueiro, pois meio azarado e um tanto looser - sobretudo se envolvido em disputas, seja com adversários do quilate de um Tico e Teco ou benzidos pela Fortuna como o almofadinha Gastão. Em termos fashion, indiscutivelmente out: o moço não é de variar com freqüência o figurino. E, apesar de todos pesares - oh, céus -, ainda é o namorado da Margarida!

Já imagino uma vozinha esganiçada me chamando de Tio Rubens. Não me surpreenderá se esse moleque depois virar escoteiro-mirim.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Eureka

Acabei de reparar numa das palavras mais lindas, e doces, da língua portuguesa:

Soneca.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Um rio que passou

EmannuelPinheiro/EM/D.Apress

As chuvas dos últimos dias parecem as habituais do mês de dezembro, aqui em BH.

Será que o Natal também vem mais cedo?

* * *

Por causa da tempestade de ontem, maisomenos às 8h, Carros revirados, amontoados, empilhados por toda a cidade. O Tizé, buteco de minha coleção, no Lourdes, virou parte do leito de um ribeirinho.

Trabalhando na casa do sócio, no Santa Inês, longe das áreas atingidas, vinada. Voltei às 10h30, alheio ao que havia se passado.

E foi, literalmente, um rio que passou.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Só existem dois tipos de pessoas

A) As pessoas que gostam de mim e concordam comigo.
B) Os equivocados.

(do Suassuna)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Estresse


Cerca de 13 clientes, com demandas que se revezam ao longo dos dias ou semanas, exigem meu tempo e energia aqui na agência. Às vezes, é um job só por cliente. Com frequência, são vários, a maioria maçante (jobs fumo) e em grau de urgência similar e simultânea, o que torna a gestão da minha (des)organização e (des)concentração mental (quem me conhece, sabe) uma tarefa nada simples.
Fora da agência, existem outras atividades. O Financeiro aqui as denomina, no seu francês, digamos assim, arcaico, como "Parrá-le-lis-mê!". São os clientes paralelos, cada um com sua cota de jobs trabalhosos e prazos e pititi-pototó.

Não vou nem entrar na seara particular: a procura pelo cafofo, o ataque do Galo, eteceterrá.

* * *

Tenho uma tia que mora na Tailândia. Bem onde, não sei (vergonha). Mas ontem batemos papo pelo msn, e ela reiterou convite para visitá-la. Reclamava: já rodou o mundo, morou em tudo quanto há e até hoje nenhum de nós, pobres parentes pobres, fomos lá nem para dormir no sofá. Perguntou se eu tinha me casado. Respondi que praticamente. Brinquei: guenta, tia, que vou aí passar minha honeymoon.

Ela me atentou: - "Cuida das passagens que o resto é por minha conta".

E agora? Estou na dúvida sobre o custo-benefício. Bangkok ou Guarapari?



Uma das prainhas tailandesas


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Amar é

Sábado trabalhei, domingo trabalhei. E ainda não terminei. Na dúvida: melhor fazer tudo de uma vez, de manhã até à noite, ou fazer um pouco a cada dia?

* * *
Acordei Meg às 1h30 de domingo para irmos ao aniversário de uma amiga. Numa boate.

Meg se esmerou, se arrumou, se produziu. Já eu tomei banho, que pra mim é o suficiente.

Chegamos ao recinto uma hora depois. Som melhor do que o usual, ajudando a espantar nossos bocejos. Vasculhando no meio da multidão, constatamos que a querida amiga realmente não estava lá. Logo descobrimos: havia viajado para o Rio sem ligar para Meg, entre outros convidados, para cancelar o compromisso.

Saímos às 3h, morrendo numa graninha considerável só para entrar. Ainda houve tempo para a Dra. receber uma cantada lá dentro, coisa que nem vi.

Deus, eu a-d-o-r-o boate.

* * *

Rodamos em busca de um lugar aberto e terminamos na locadora 24h. Fomos pra casa e ficamos vendo Friends, tomando Coca-Cola e comendo biscoito de polvilho até o cantar dos passarinhos.

Taí, fica a sugestão para o Amar é.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Que dia!

O Rio finalmente levou a Olimpíada (que eu também vou pagar).

A Dra. obteve uma ótima notícia, profissionalmente falando.

Coloquei oficialmente meu mocó à venda.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Expecto

Todando volta atrás de volta pra mó de arrumar um lugarzim onde caiba a mim e a Doc and The Little Angels.

Mais do que esperar, expecto. E vou à ação.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um Marco

Parabéns, ruiva e Brunin.

Bem mal comparando, é como se os Friends tivessem agora o primeiro bebê da turma.

Deve ter chorado, por supuesto. Se na eleição do Lula em 2002 esse cagão ficou funga-não funga, que dirá agora que veio aquele que irá, daqui em diante, governar a sua vida e a de sua mulher.

Com chocalho de ferro, espero (hehehe).





Perdido no espaço

Minha mente é um globo por meio do qual gravitam umas dezenas de preocupações meteóricas e ansiedades satélites. Nenhuma de menor interesse público. Que me azucrinam como uma auréola de moscas. E me preenchem com tamanha densidade que transformam minha cabeça num permanente buraco negro. De onde nada escapa que sirva de crônica ou algo a se comentar que valha a pena.

Se, em condições normais, o resultado já não seria lá essas coisas (afinal, nada viria de onde menos se espera) - nenhuma discussão séria, inteligente ou importante -, imagine com uma chuva pleonástica de pendências cadentes.

PS. Na verdade, o que mais ralha o cosmonauta aqui é achar um espaço ali pra chamar de seu.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Dude

Dude, is perfect. Fake or real, doesn´t matter. It´s fun.




sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Hora da cegonha

Bruno, mifi.
Marquim nasceu?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Efeméride de hoje

Ouvi dizer que hoje é o Dia Mundial Sem Carro.

Dispenso homenagens. Que o ladrão não leve isso ao pé da letra.

Atribulados

Mim trabalhar muito. Ler não muito.

Chamar mim Segunda-Feira.

Mim Tribo dos Atribulados.

Tribo valente. Mim guerreiro valente.

Hau.

Mim mora gruta pequena.

Mim procura gruta maior.

Pra caber Dominga - mulher de mim - e Sextinha e Sabadinha.

Mim quer tocar.

Mim gosta ganhar dinheiro.

Dinheiro bom.

Mim ganha pouco.

Mas mim diverte.

Hau.


sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Maus tratos

Tchurma do português - Meg, Helê, A. None Moh, Nanda, Bruno, Leo e a quem mais aprouver -, socorram-me.

Estranho toda vez que leio a frase que termina o post anterior: "Que cada um seja julgado pelo que é de direito".

Na hora de escrever foi a mesma sensação, porém mantive daquele jeito. Porque eu poderia dizer tranquilamente "...pelo que for de direito". Mas, por birra, não me apeteceu - eu queria escrever "...pelo que é de direito", ora. E pronto.

A dúvida: é errado de antemão ou é facultativo, dependendo do sentido que quem escreveu realmente queria transmitir? Talvez não passe de um erro banal de concordância verbal, mas tô com preguiça de pesquisar. No instante em que uso o subjuntivo ("Que cada um seja..."), obrigatoriamente eu teria que usar na outra oração o "for"?

For isso, tô com a auto(ainda tem hífen?)indulgência espertinha do Verissimo e não abro: essa nossa gramática tem que tomar umas todo dia pra saber qual é o lugar dela. Eu sei por que bato, ela certamente também sabe por que apanha.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Preconceito na pista

A alguns laps de ser disputa de minha predileção, acompanho, no entanto, assim de longe, a Formula 1. Ora, dizem os experts que o italiano Flávio Briatore, dono da equipe Renault, é um canalha legítimo, do puro, do escocês. Com uma longa ficha corrida ao longo dos anos.
Bem. Aí vem o chefão à boca de cena dizer que o Nelsinho é veado. Como débil tentativa de rebater a acusação de que, no ano passado, tenha ordenado o Piquet filho a abalroar um concorrente de propósito, a fim de favorecer o companheiro de escuderia Fernando Alonso.

Rumino: haverá ainda quem não faça distinção entre tonico e penico? Que ridículo.

* * *

A gente se acostuma, de menino, a brincar. A chamar uns aos outros de veado, de gay, de frutinha. Muito, muitas vezes, carinhosamente. No cumprimento de cabras que se gostam, "veado" guarda a equivalência do "filhadaputa". Audível no abraço dos reencontros, na mesa dos botecos, no alô dos telefones. "Fala, veado!", "Fulano, sua bicha! Beleza?" É uma espécie de concessão de afeto; outorga que se reserva a quem for de apreço ou intimidade.

Imagino que não deve adiantar muito, para um homossexual, alguém se escusar dizendo que esse tipo de expressão não necessariamente implica preconceito. Porque, sejamos francos, talvez implique.

* * *

Também não é preciso ser paladino da causa gay - ou de qualquer minoria ou grupo social discriminado - pra perceber que uma cultura que utiliza o tom de deboche como a forma mais branda - eu ia dizer inofensiva - de aversão já se configura numa forma de aviltamento. Temerário duvidar: quem é dono do sapato é que sabe o aperto do calo.

E, digo por mim. Como é difícil mudar uma cultura apreendida, um hábito assimilado. Uma vez, quando tinha doze, catorze anos, recebi a ligação de um amigo. Ia absortamente eu com "E aí, seu veado" pra lá, "E aí seu gay" pra cá. Só que mãe, ali, ouvindo. Quando desliguei, ela me censurou. Mas o que é isso. Que coisa feia. Que falta de respeito. É assim que você trata seus amigos?

- Chamar um ao outro de bicha é normal. Pô, você queria que eu chamasse meus amigos de quê?

Ela deitou a cabeça perto do ombro e me fitou, com a voz naquele tom de lição materna, aquele olhar hierático de quem ensina:

- De coleguinha.

- Mãe! Quem chama os outros de coleguinha é veado!

* * *

Insisto: a tentativa de desqualificação pessoal pela preferência sexual é lamentável, condenável, execrável. E é pena que ainda exista. Mesmo que houvesse veracidade ou o mínimo de importância na questão se o piloto Nelsinho gosta ou não de dar ré (tão vendo? desculpem!, desculpem!), isso não quer dizer absolutamente nada. Que o caráter de cada um seja julgado pelo que é de direito.

Cordis+burgo

Chamou-me a atenção o nome do pai do genial e inventivo Guimarães Rosa: Florduardo.

Provado, por A+ B, que a capacidade criativa de misturar vocábulos é hereditária.

Se fosse possível inverter a ordem dos fatores, diria até que este é o primeiro registro conhecido em que o filho batiza o pai.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Vô ali

Na terra do Rosa e já volto.

Beatles

Ninguém perguntou. Mas, como hoje - 9/9/9 - foi o dia escolhido pelo pessoal do márquetim para lançar o game Beatles Rockstar Band, e como vi algum furdunço na imprensa, gostaria de deixar manifesto meu apreço pelos fab four.

Quem são os Stones. Ou essas bandinhazinhas de Seatle que ignorei na adolescência - pra chegar perto. No fim, tenho medo são dos Jonas Brothers dos meus hipotéticos netos. Ou qualidade musical é uma ilusão coletiva, que o tempo se encarrega de confirmar ou desmistificar?

Bem, preferência é como aquela linda e deliciosa palavra da nossa anatomia: todo mundo tem a sua. E apesar de não me considerar xiita, imagino que ser um beatl-olado é a coisa mais próxima que posso sentir de acreditar e participar de algum tipo religião.

Ser flamenguista ou corinthiano deve ser mais ou menos assim.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bate bola sem bate boca

No táxi argentino.

Papo rola sobre futebol.

Pergunto ao taxista de que time é hincha. Boca.

Ele repassa a questão.

Digo sem esperança dele conhecer: "Atlético Mineiro".

Ele sorri e diz: "Ah, Mineiro!"

"El equipo que vive tomando sacuedes de el Cruzeiro."

O Galo é foda. Mais vergonzoso que meu portunhol.

Irmandade

Argentinos e brasileiros têm muitas diferenças, mas guardam, em muitos aspectos, semelhanças incríveis. Como esta pérola, de um taxista portenho, sobre a crise:
- A Argentina é um país especial. Não perde a oportunidade de perder oportunidades.

Buenos Aires

Hotel Faena

A Dra. já disse praticamente tudo o que eu gostaria. O resto são episódios aqui e acolá. Alias, tirante aquelas em que o modelo aqui aparece, as fotos estão lindas. Meg está que clica cada vez melhor. A gataça tem zóio de lince.

Tanto que, passeando pelas galerias de arte na Calle Arroyo, a mulher só deteve o olhar em pinturas que eram artisticamente distintas, especiais, e, por conseguinte, figurando entre as mais caras dos acervos.

Tivéssemos pelo menos uns cinco mil pilas sobrando, teríamos hoje um Phillipe Starck na parede. O cultuado designer francês está envolvido num projeto chamado Art District, em Puerto Madero. Todo um bairro imaginado pelo bicho. Lá já existe o luxuoso Hotel Faena, com decór que leva a assinatura Starck.

Como disse, zóio de lince e faro fino.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Gaúchos

Tiro pra mim que o gaúcho é cortês ali, ó. Na medida.

Parece que o senso comum guarda a idéia de que, no sul, "o povo é mais educado", etc, etc. Sim, pode ser, por que não. Mas como me conduzo na corda bamba das generalizações, aqui é menos uma reflexão séria do que o registro de uma impressão muito particular. Até porque minha amostra se restringiu aos cidadãos de Gramado e arredores, e mesmo nessa pequena interseção há casos e casos, pessoas e pessoas; tudo é meio relativo, enfim.

Como qualquer cultura regional, acho a do gaúcho fascinante. O sotaque, os trejeitos, o vestir, os costumes. Por exemplo: pela manhã, perambulei pelas calçadas e pude presenciar os lojistas de cuia e bomba na mão e garrafa térmica na outra - a verdadeira liturgia do gauchismo. Recordando no paladar o amargor do mate, pensei que este certamente era um hábito que se adquire de piá. Como a gente mesma, que estranhou no início o sabor da cerveja, mas começa a idolatrar depois da segunda latinha. Por devaneio, imaginei a cena de um pai gaúcho doutrinando o próprio filho:
- Bebe.
- É ruim, pai.
- É ruim mas é bom, tchê. Te faz macho.

* * *

Faço a óbvia ressalva: Gramado é cidade turística. Pois, frequentando chocolaterias, butiques e restaurantes, fui sempre bem tratado. No entanto, tive a nítida sensação de que a maioria dos atendentes, balconistas e garçons, em muitas ocasiões, estavam no limiar da paciência (Será que estariam saturados de turistas, apesar destes serem sua principal fonte de renda? Devem fazer isso todos os dias, o ano inteiro). Foram polidos, foram educados. Mas de uma certa gentileza calculada, pouco genuína ou espontânea. Com uma simpatia ou sorriso (quando houve) que parecia mais uma fabricação do que uma artesania.

Nada para ferir ânimos ou suscetibilidades, só uma constatação. Será que esse distanciamento, essa falta de calor ou de maior interesse, é fruto talvez da descendência germânica ou da influência da temperatura das altas latitudes? Impossível precisar.

Se por um lado, o taxista que tomamos (estamos quase certos de que foi o mesmo no dia de chegada e também de partida) e o irmão do Herson Capri (assim chamamos o dono do restaurante perto da rodovária, cuja minuta oferecida para almoço servia a dois apetites moderados por R$9,00 - verdadeira pechincha numa cidade como Gramado) terem sido um tanto quanto frios e reservados, por outro o rapaz que tomava conta do Museu do Gaúcho foi de uma simpatia de tirar o chapéu.

Bueno. Mesmo dentro de uma generalização, no fim cada caso é um caso. E é só com os fundilhos na sela que se conhece o trote do pingo, tchê.

* * *

Acredito que parte da impressão de "educação" dos sulistas que temos se deve ao comportamento no trânsito - pelo menos, em Gramado. É de estranhar. O turista - o belorizontino, no mínimo - se surpreende positivamente, posto que não há semáforos. No momento em que põe os pés na faixa, qualquer motorista pára para (odeio a reforma ortográfica) você atravessar. Ou melhor, nem isso: basta que se coloque na calçada, frente à faixa de pedestres, e que percebam sua intenção. Um acordo tácito. Lindo assim.

É uma cidade do interior, dirão. Nem tanto, nem tanto. Na próxima Canela, um pouco menor que Gramado, há sinais de trânsito. Em Nova Petrópolis também. Ou seja, trata-se de uma questão de cultura, imagino, implantada (ou conservada) ao longo do tempo. Portanto, é possível a existência de um município, de tamanho considerável, sem semáforos. Para os exércitos maléficos e hediondos da BHTrans, um paraíso destes na Terra seria o próprio Juízo Final.

Claro que, para dar certo, cada um tem que fazer a sua parte: isso inclui cidadãos pedestres, cidadãos motoristas e a administração pública. Porque se percebe o toque da Poder Municipal em detalhes que incentivam o cumprimento dos deveres de cada um para preservar o direito de todos, colaborando para evitar uma eventual burla dos atores.

As principais avenidas da área central, por exemplo. Em cada uma das quatro esquinas abauladas de um cruzamento existem canteiros com bromélias, flores e pequenos arbustos, o que desestimula o pedestre a atravessar ali, fazendo-o procurar a faixa, distante a um ou dois metros.

Pode ser nada, pode ser pouco. Mas garanto - pra mim, que sou propenso à insubordinação, funcionou.

Jamais funcionaria em uma capital, infelizmente.

* * *

Pelas poucas experiências que tive e viagens que realizei, e até onde conheço, continuo achando que, no geral, o nordestino é o povo mais simpático, amistoso e sorridente do país. Isso não quer dizer que não tenha adorado, mesmo que brevemente, a experiência de conviver com a gauchada.

E também não tive nenhuma experiência racista, como já me acautelaram alguns. No entanto, um grupo de biólogos do Congresso da Meguinha foi certa noite a uma boate, e justamente os dois negros da turma - um homem e uma mulher - foram atacados por jovens locais com sprays de pimenta. Vai saber.

Enfim. Gaúchos ou não. Mineiros, nordestinos ou não. Pretos, brancos ou não. É a nossa velha civilização.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Volver

Voltamos.

E o trabalho acumulou. Portanto, rapidinho:

Gramado é ótima. Buenos Aires é linda.

E enorme, e múltipla.

Absoluta certeza de não ter sorvido um décimo do que ela oferece.

E nenhuma dúvida de que Buenos Aires merece - merece, não; pede - a nosotros, quem sabe um dia, volver.


domingo, 30 de agosto de 2009

Buenos

Tudo trankilo, como dizem os portenhos. Mucha diversion, muchas caminadas, mucha comida estupenda e quilos a mas. Buenos Aires me encanta.
Hasta.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bueno

Mostrando a macheza do mineiro em show gaúcho


Uma noite, ao fim de uma missa, pedi esmola aos cristãos e Meg me censurou

No teleférico: a foto não mostra a tremedeira das pernas da Dra. E não era de frio.

À espera de um Kikito em frente ao Palácio dos Festivais

A temperatura não traduz o bate-queixo da primeira noite.


Gostaria de falar mais. O tempo é curto, porém - e como dizem que imagens falam melhor que palavras, eis algumas que contam nossas aventuras em terras gaúchas, pero no más.

Como se vê, estou me aclimatando. Ainda não uso bombachas, mas até já comprei chapéu e estou titubeando quanto à pala (vocês, ignorantes, nem sabem o que é - hohoho). Mas, me aguardem. Vou chegar em BH fazendo a barba em faca campeira, tchê.

PS. Mais aqui.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Frase de hoje

O Galo é igual Coca-cola. Quando chega na metade, perde o gás.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vou ali e já volto


Primeiro, pastando aqui:




Depois, atacando uma medialuna aqui:


Hasta!

Uma secretária

Preciso de férias.

Bem, dez dias é melhor do que nada.

Olho com inveja o primo Rodrigão, que trabalha numa grande empresa. "Trabalha" não faz exatamente jus à real natureza de seus benefícios.

Numa analogia fiel, o que ele sai de férias em 365 dias corresponde aos meses que o brasileiro tira do salário para pagar de imposto ao governo em um ano. Palavra.

Por exemplo: agora mesmo, graças às suas maracutaias, o caboclo vai tirar 38 dias ininterruptos. Ou seriam 43?

E eu, parapapará, com tantos preparativos, afazeres, jobs, pagamentos, resoluções, atenções, enfim - com tantas variáveis para cuidar, eu também preciso de uma secretária. Com ou sem férias.

Uf.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Barbatana-de-valsa


Magnífico. Fantástico. Lindo.
Que experiência. E que vergonha. Uma baleia mostrar mais respeito pelo homem do que o homem demonstraria pela baleia, em inúmeras outras circunstâncias.

A notícia tá aqui.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Disque M para matar

No inferno, certamente hão de haver incontáveis, inumeráveis, inimagináveis formas de se torturar, punir e impingir dor.

Já no Brasil, não resta a menor sombra de dúvida sobre aquele que é um dos mais cruéis, deploráveis, ignomiosos métodos de se castigar o pecador mais ordinário, reduzindo tudo o que porventura houvesse de bom e de generoso em sua alma a uma mera pilha de cinzas.

Sim: o telemarketing.

Não são só os operadores. São os chefes. Os supervisores. Os gerentes. O fluxograma. O sistema. Quem bolou o sistema.

É de uma imbecilidade de escorrer lágrimas. De doer, fisicamente.

Nunca fui o que se chame de um santo. Mas depender em vida dos serviços de telemarketing me desperta os desejos sombrios de querer ser, por breves momentos, sádica, terrível e deliciosamente demoníaco.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Hidra

Semana pré-recesso do trabalho, mil cousas ainda pra fazer/organizar e minha pauta aumenta a cada 15 minutos.

Uma verdadeira Hidra: corto um job, brotam dois na lista.

Jabá

Não há de adiantar quase nada, mas passarinho carrega água no bico pra apagar incêndio em floresta.

Conheço a Andréa e o Neto, integrantes da banda Odilara, há tempos. Tudo gente boa e talentosa. E, como estão na Garagem do Faustão, reproduzo aqui o e-mail que recebi da participação deles, com a música "Já é".

Quem quiser dar uma força, vá lá. E não estou ganhando nada, não, senão o prazer em ajudar. Boêmios do Divã é um serviço filantrópico de divulgação cultural sem fins lucrativos.

O ODILARA esta participando da garagem do Faustão. O clipe da música "Já é" esta no link abaixo e quanto mais acessos e notas, melhor! Pra dar a nota, coloque a quantidade de estrelas que você acha que a banda merece. Precisamos da força de vocês!
http://domingaodofaustao.globo.com/Domingao/Garagemdofaustao/0,,16989-p-V1102986,00.html
Quinta feira: Odilara no “Vinnil Cultura Bar”/ Rua Inconfidentes,1068, Sobreloja, Savassi / 21h / R$ 10,00 Mulher - R$ 12,00 Homem / (31) 3261-7057
Sábado: Odilara no “Butiquim Santo Antônio”. / Rua Leopoldina, 415, Santo Antônio /17 horas 30 min / R$ 15,00 / (31) 9213-9147

Straw dogs


Li que vão refilmar Sob o domínio do medo (Straw Dogs), de Sam Peckinpah - um dos filmes mais perturbadores, aflitivos e emocionalmente conflitantes que já vi.

A famosa cena do estupro - por exemplo. É lenha pra, aí sim, bons debates - em mais de um viés: sexo, violência, antropologia, crime e castigo, moral.

Deve ficar chulé, como a maioria das refilmagens. E porque não temos mais nenhum Dustin Hoffman por aí dando sopa.

Ou tiros.



sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Bobagem



Nada trema

Na ausência de trema,
Nada tema.
Explique ao seu guri
Quando ele o arguir:
- Eu como é “lingüiça”;
E não é como “enguiça”.
Na reza dessa missa,
Pra não faltar amém,
Ao escrever, quem tem
Um cadim de preguiça,
Fica de consciência tranquila:
A extinção de dois pinguim
Não banirá da vasta escrita
Um só único pingüim.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

No Mineirão

É incrível como um uníco indivíduo pode matar de raiva milhares.

50 mil pessoas enfurecidas no Mineirão por causa das gatunagens do Beltrani.

Fico me perguntando se, assistindo ao jogo pela TV, eu teria as mesmas impressões. Talvez não.

Mas o causo é que, no estádio, você percebe claramente - ali, ali debaixo das nossas barbas - quando o árbitro inverte as faltas, deixa de apitar aquelas que acontecem a favor do seu time e distribui os cartões sem critério (ou seja, pendura o meu time e poupa o adversário).

Será que na TV, o veículo que legitima todas as verdades, viram e comentaram a mesma coisa?

Este é um depoimento imparcial, isento e objetivo. Apesar de desconfiar que, na física e, uai not, no futebol, a posição do observador influi no objeto observado. É isso, não?

PS. No fim, dos males o menor: como foi dito na caixa de comments, não perdemos por porco.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Exposição de Chagall



Meg saiu de lá assim:






Já eu, saí assim:




Mentira. Foi legal.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Corre-corre

Tempus fug...

Ei!

Voltaqui!




...it.

Tio Rubens

Dia dos Pais? Bah. Dia das Mães? Nhéé. Inventem logo o Dia do Tio!

Minha irmã vai ter um bebê.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mantras

Cliente sempre tem razão? Sim. Ou não. Frequentemente. Raramente. Seja o que for, gostaria que um dos lemas da minha agência fosse:
"Nem sempre o que você quer é o que você realmente precisa, mas toda vez que a gente te der o que você precisa vai ser aquilo o que você realmente queria."

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sopa de letrinhas

Refeições são como livros, não? A comparação é batida, mas culinariamente falando, nem me incomoda tanto: a única parte que me confrange é que - fiel à analogia - ler não emagrece.

Quem já resistiu ao lugar-comum? Livros e refeições parecem tão entranhamente associados no imaginário como talvez sugira uma proverbial uma sopa de letrinhas.

Ora são finas iguarias; ora são pura afagia. O importante, dizem, é ter uma alimentação balanceada. Na meada da metáfora, como isso se desfia?

Dan Brown seria comida industrializada, processada, artificial, com vitaminas e substâncias em quantidade insuficiente para a saúde? O cronista seria o arroz-com-feijão nosso de cada dia? Paulo Coelho seria junkie book?

O que ler para se manter confortavelmente saudável e bem nutrido?

Como ninguém vive só de filet mignon, nem tão somente de bife de fígado, é perfeitamente compreensível o sujeito sair de um banquete de Proust e, para evitar o indesejável fastio de Magret de Canard, abrir um pacote ou dois de Harry Potter.

Seja o que for, ser onívoro deve aumentar as chances de ser bem-sucedido. Não exagerar. Comer de tudo um pouco. Ter na estante um cardápio variado. E, na cabeceira, sempre um lanchinho à mão para as fominhas de madrugada.

A alimentação talvez seja o segredo de um corpo orgânica e intelectualmente feliz. Afinal, o que você põe pra dentro reflete praticamente em tudo o que você põe pra fora.

A vida e essa maldita falta de sentido

Não conhecia, nem tinha ouvido falar.

Mas aí leio isso.

Depois, vem isto.

Vontade de chorar.



É tudo FDP

CLÓVIS ROSSI

Na Folha de S.Paulo de hoje:


Imagens do lodaçal

Primeira imagem: Luiz Inácio Lula da Silva abraça Fernando Collor de Mello.

Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que, além de ter sido o único presidente afastado do cargo por falta de decoro em um país em que o decoro é artigo raríssimo, pagou a uma mulher para dizer na televisão que seu adversário (justamente Lula, naquele momento) quis obrigá-la a abortar da filha que ambos tiveram (Lurian).

Esse tipo de atitude é tão indecente, indecorosa, delinquencial que desqualifica qualquer pessoa para a vida pública (a rigor, também para a vida privada).

Não é, portanto, passível de perdão.

Lula até poderia aceitar o apoio de Collor para fazer parte da maioria governista.

Aceitou o apoio de tantos outros desqualificados que, um a mais, um a menos, nem se notaria.

Daí, no entanto, a abraçá-lo publicamente e a elogiá-lo vai uma distância que, percorrida, desqualifica também a vítima de antes.

Segunda imagem, a de ontem: Fernando Collor de Mello cumprimenta José Sarney.

Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que com maior virulência atacou o governo Sarney, a ponto de chamá-lo de ladrão, pelo que jamais pediu desculpas.

Sarney nunca escondeu o profundo rancor que sentia pelo seu desafeto, que, aliás, só se elegeu porque era o mais vociferante crítico de um presidente que batia recordes de impopularidade.

Ao abraçar Collor e aceitá-lo na sua tropa de choque, Sarney implicitamente dá atestado de validade aos ataques do Collor de 1989 e, por extensão, junta-se a ele na lama.

Que Collor, o indecoroso com condenação tramitada em julgado, ressurja com os mesmos tiques e indecências de antes compõe à perfeição o lodaçal putrefato que é a política brasileira.

 

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A volta do Fiscal

Brasileiras e brasileiros.

Sem clima de nostalgia ou saudosismo.

Mas conclamo aos cidadãos de bem, honestos e prestantes, a ressucitarmos juntos uma campanha de grande mobilização popular from Eighties.

Chega de peculato, falcatrua, nepotismo.

Gritem comigo:

- EU SOU FISCAL DO SARNEY!

Não vamos sossegar até arrancar esse parasita da vida pública.


Chillique

Como um Babaca (com B maiúsculo) desses conseguiu? Como pôde enganar tanta gente?

Esqueço o presente por um momento e penso na perspectiva histórica. Dá vergonha. Esse tipo de sujeito ter sido presidente de um país.

Com elle, o Brasil teve o que merecia?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Nada como um pouco de ênfase

Meg, Bibi, Laurinha

Brincadeirinha on-line.

- Meninas! Corram aqui pra ver.
- Ver o quê?
- O Rubão escrevendo sobre a gente no blog dele.
- Cadê?
- Ele tá deixando um recadinho, falando que gosta muito da gente. E que, se pudesse, iria passear com a gente hoje à tarde. Mas teve que ir trabalhar.
- Tsc. Rubão é o maior pamonha.


sexta-feira, 31 de julho de 2009

Esse sabe das coisa

Obama não é Boêmios no Divã, mas sabe que tomar uma geladinha ameniza a pressão, clareia as idéia e resolve os pobrema.


Entenda aqui.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O "Joga Bola Nele"

Falta muito. Umas 52 semanas, ainda é cedo. Mas nada parece surgir no horizonte que vá mudar o fato de que o Catado de Dunga disponha, na África do Sul, de um Joga Bola Nele.

Na história da Canarinho, todas as conquistas receberam o carimbo pedal de um Joga Bola Nele (JBN). Claro: há os coadjuvantes fundamentais. Que decidiram partidas difíceis ao longo do torneio. Mas, o Joga Bola Nele era, sempre foi a referência do time e a esperança do torcedor. Nossa trava de segurança, o botão que ejeta o paraquedas, o Plano A e, ao mesmo tempo, o Plano B do treinador.

Complicou, Joga Bola Nele resolve.

Em 58 e 70: Pelé. Em 62, Garrincha. Em 94, Romário. Em 2002, o ex-magro Ronaldo. E em 2010? Ninguém. Não há aquele sujeito decisivo. O próprio gorducho, que é ungido, já parece ter sucumbido ao peso da idade e do fastio, não suportaria o ritmo alucinante da rave de coices que é uma Copa do Mundo. Ele foi nosso último JBN. E, como todo mundo sabe, para um JBN legítimo, um JBN autêntico, não é suficiente ser craque, não basta estar em forma - tem que ter sangue no olho.

Dirão: mas hoje o futebol prescinde desse jogador especial. Mire a Itália, recente campeã. Levou a copa na Alemanha sem JBN´s. Duvido: o JBN da Itália foi o goleiro Buffon. A diferença é que não seria muito produtivo para a Azzurra passar a partida inteira jogando bola nele. De mais a mais, o futebol italiano é o futebol italiano. O jeito como jogam e conquistam é problema deles, que tratem das coisas deles.

Nossa questão é o futebol brasileiro. Sempre dependente, e cada vez mais carente, de um único, solitário, escasso JBN.

Falta muito. Umas 52 semanas, ainda é cedo.

Será que o Giba do vôlei aceitaria jogar na ponta direita?

Suspiro

Saco. Vontade de fazer mais um curso. Um que me dê mais habilidade pra fazê din-din. Se tivesse nas amarelas, até Falsificação eu toparia - por que não?

Já semo farsante há quase 15 anos, mesmo...

Hoje até os sonhos cobram pedágio. Duro mirar longe e andar a pé.

Às veiz, o mió é mirar menos.

Grunf. Rrrgh. Roorgh.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

7 clones

Preciso de 7 clones e 2 milagres. Um, a própria clonagem múltipla. Dois, que ao fim do dia e de todas as atividades, voltássemos magicamente a nos reintegrar em um só corpo, reunindo e compartilhando as diferentes memórias e experiências.

Clone 1: Rubão Burrão
Executor, cumpridor, tarefereiro que não pergunta, não questiona, só obedece. Ideal para rotinas que exigem poucas filigranas cerebrais, como serviço de banco, chaveiro, manutenção, supermercado, etc.

Clone 2: Ruboss
O proto-empresário empreendedor que coloca seu tempo e capacidade a serviço dos frilas, prospecção de clientes, manutenção de clientes, escreve, pesquisa, pensa a comunicação.

Clone 3: Rubenico de Masi
Para curtir o ócio: viajar, acordar tarde, dormir tarde, butecar com os amigos, ler, ver filmes, blogar, palavras cruzadas, Sudoku, jogos de tabuleiro e filosofia no sofá.

Clone 4: Rubsport
Para cuidar da forma física em algum esporte de preferência, natação, aula de dança, whatever.

Clone 5: Rubson ou Rubrother
Que se dedica um pouco mais à família, aos pais e irmãs.

Clone 6: Ruboneca
Para ser um verdadeiro brinquedo nas mãos de Laurinha e Bibi, sempre com energia e disposição para parques de diversão, cinema, jogos, passatempos, piscinadas, etc.

Clone 7: Rublove
Para a Doutora brincar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nada que é humano

Escândalos no Senado. Farra com o dinheiro público.

Qual o motivo de tanto espanto?

Sempre foi assim em qualquer brasília do mundo, há mais de mil anos.

Até caberia, sim, atualizar o antigo pensamento (de quem? Terêncio? Sêneca?) que convém melhor à filosofia desta confraria à qual Sarney é um - por assim dizer - representante lapidar:

"Nada que for erário me é alheio."

Onívoros, uni-vos

Depois de longo hiato, experimentando outras leituras, terminei O Dilema do Onívoro.

Que dizer? Pra ficar no mínimo, o livro é sensacional. Um relato magnético do jornalista Michael Pollan percorrendo, como um sabujo, a trilha da produção do que você põe no prato hoje na hora do almoço.

Você é modo de dizer. A pesquisa foi realizada dentro do contexto norte-americano. Mas não há nenhum problema, nenhum mesmo, em fazer as devidas correlações com a realidade brasileira. Até porque o sistema, a indústria alimentar mundial segue, com uma dose bastante razoável de unidade, e apesar das diferenças aqui e ali, o mesmo padrão, o mesmo fluxograma, o mesmo paradigma.

Paradigma! É isso que o Dilema do Onívoro faz estremecer: nossos dogmas. E vai muito além: ao chacoalhar o paradigma alimentar como um pé de tangerina, consegue arrancar dos nossos conceitos arraigados as mais pertinentes perguntas.

O que comemos? Podemos afirmar categoricamente que sabemos realmente o que estamos comendo? Em que escala meço o valor dos meus alimentos? Quanto custa, para mim - e para você também, colega - o meu bife com fritas? O que acontecerá quando realmente soubermos?

Questionando nosso sistema alimentar, o Pollan colocou em xeque toda a forma como vivemos, a estrutura da nossa sociedade de consumo, nossa relação com a vida no planeta.

Poisintão: a vontade que eu tenho é que o livro fosse leitura obrigatória nas escolas, faculdades, repartições públicas, em todo lugar. Recomendo demás, onívoros. Leiam, leiam, leiam. A narrativa é leve, didaticamente esclarecedora, reflexiva e bem humorada no tempero certo.

E não me importo em dizer que nunca mais vou olhar o bife na bandejinha do supermercado, um pé-de-milho e o capim em que pastam os ruminantes da mesma maneira.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Durões

Há mais de uma semana.
Antes da viagem, provoquei.
- Comé que cê vai fazer?
- Fazê o quê?
- Comé que cê vai aguentar?
- Guentá o quê, Rubão?
- Sem mim, ué! Eu sei que cê vai morrer de saudade.
- Nhééé!!!
(...)
Ontem nos reencontramos. Mal entrei, não ganhei oi nem alô. A primeira coisa que me disse:
- Não fiquei com saudade de você! Não fiquei!!!
E sorria, a danadinha. Sem me olhar nos olhos.

Também não, Bibi. Eu também não.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia do Amigo

Esqueci de mencionar: gostei muito de O Falsário. Mas, começo a ter um certo fastio de filmes sobre/ambientados na Segunda Guerra, apesar de, nos últimos tempos, terem sido os melhores, as melhores histórias.

Sem falar que, vide Spielberg, Winslet, Hanks, não me parece sem fundamento a suspeita de que qualquer cineasta ou ator mundial que, sei lá por quê, queira ter mais chances de abiscoitar um ou mais Oscars pra decorar a prateleira, se mete num filme WW2.

Mesmo com a temática explorada à exaustão, a tal "Academia" não se cansa de premiá-los.

/ / /

Hoje, mãe recebeu de uma amiga um telefonema: cumprimentos pelo "Dia do Amigo". Depois, mãe ligou pra outra amiga. Por aí deve ter ido.

Isso é onda da Skol, só pode. Querendo importar uma tradição que, salvo engano, é muito mais tradicional na Argentina, por exemplo, do que por aqui.

E mãe e suas amigas, garanto a vocês uma caixa geladinha, nem de longe compõem o perfil do públio-alvo das marcas de cerveja.

Amigo, não dá pra pra subestimar o poder da publicidade.

(Falando nisso, vamos tomar uma?)

A Doce Vida

Vou caçar briga com você, mas para ser franco: La Dolce Vita é excessivamente longo. Se um dia não o foi; se hoje o planeta gira mais rápido; se os padrões atuais, o mundo moderno, a vida apressada, tudo exige velocidade - problema é nosso, não do clássico?

Aliás, clássico é. Certos méritos ninguém haverá de subtrair da grande película. Mas eu torço o nariz e me estrebucho toda vez que leio ou ouço um devoto ser tão acrítico. É alucinatório como os próprios filmes de Fellini.

Para as Inteligências, é imaculado. Basta a menção da palavra Fellini e o sujeito começa a delirar, a virar os olhos para cima e a babar fisicamente, em êxtase.

Acredito mesmo que se deve respeitar o diretor e a obra pelos seus predicados; as virtudes cinematográficas; o caráter visionário; a crítica social irônica, nem sempre sutil; a influência que teve em legiões de admiradores, entre os mais ou menos ilustres.

Nesse ínterim, minha opinião pessoal carrega, obviamente, uma importância microbiótica. Ela só vale para mim, em termos íntimos, em termos de gosto. Mas sustento que achei La dolce vita assim-assim.

Uia, lá vêm pedradas.

Eu juro que me aventuro a passear pelos clássicos retendo firme minha rabugice na coleira; mantenho minha naturez rude e tosca sob curtas rédeas. Procuro, honestamente, ser pós-conceituoso.

Desconfio que se os beatos de Fellini entenderem que estou - minimamente que seja - a "falar mal" do filme, mesmo que me atenha somente ao filme, pronto: serei caçado a pauladas como uma ratazana prenha (ê, Nelson).

Já fui camundongo na faculdade. Já me decretaram morte social. Sei como é.

Porque a polícia das Inteligências, que costuma ser intolerante com qualquer crítica, advém sempre com um Mas. Digo: o filme é extenuante. Dirão: "Mas você tem que entender que o cinema europeu exige mais do telespectador, outra época, outros padrões". Digo: o filme é meio chato. Dirão: "Mas não é cinema comercial, é uma crítica contundente que antecipou todo o vazio da sociedade contemporânea, toda a espetacularização que veio depois". Digo: o filme poderia ser melhor editado. Dirão:"Mas você não compreende, Fellini é gênio, etc. etc.".

Fica a sensação de que gostam do filme menos pelo que ele é do que o que ele representa.

Ora, nenhuma crítica poderá diminuir o que significa A Doce Vida e seu diretor. Mas, depois de 178 minutos, confirmei uma verdade íntima do meu paladar:

Doce, quando é demais, enjoa.


PS. Isso não quer dizer que eu não esteja curtindo ficar menos inculto em cinema. Adoro essas sessões que compartilho com Meguinha. E, no fim, assistir a Dolce Vita produziu em mim uma sensação extraordinária: Fellini me fez sentir saudade de Bergman!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Meu ídalo II

Aliás, tem um trecho com um argumento do Carl que acho, simplesmente por não haver em todo o cosmos um termo melhor, batata.

Discorre ele sobre experiências religiosas que as pessoas dizem ter vivido:

"...Uma coisa que me vem à mente é como é impressionante que, quando alguém tem uma experiência religiosa que provoca sua conversão, é sempre para a religião ou para uma das religiões mais comuns em sua própria comunidade.

Por exemplo, é muito raro no Ocidente que alguém tenha uma experiência religiosa que leve à conversão para uma religião em que a principal divindade tenha cabeça de elefante e seja pintada de azul. Raro mesmo. Mas na Índia existe um deus azul de cabeça de elefante que tem muitos devotos. E não é tão raro assim ver imagens desse deus. Como é possível que a aparição de deuses-elefantes se restrinja à Índia e só aconteça em lugares onde haja forte tradição indiana? Por que as aparições da Virgem Maria são comuns no Ocidente, mas raramente ocorrem em lugares do Oriente onde não há uma tradição cristã pronunciada? Por que os detalhes da crença religiosa não ultrapassam as barreiras culturais?"


Meu ídalo

De vez em quando, gosto de reler o Sagan.

Me renova as energias em direção ao ceticismo inteligente e destemido.

Dá vontade de reproduzir um ou outro artigo do bicho aqui, mas é grande demais. Talvez pusesse o link, se houvesse interessados.

Um trechinho:

Ocasionalmente, por sinal, eu recebo uma carta de alguém que está "em contato" com um extraterrestre que me convida a "perguntar qualquer coisa". E eu tenho uma lista de perguntas. Os extraterrestres são muito avançados, lembrem-se. Portanto eu peço coisas como "por favor forneça uma prova curta do último teorema de Fermat (nota 1) ". Ou da conjectura de Goldbach. E eu tenho que explicar o que são essas coisas, porque os extraterrestres não as chamarão de último teorema de Fermat, então eu escrevo uma pequena equação com expoentes. E nunca me respondem. Por outro lado, se eu perguntar algo como "Os humanos devem ser bons?", eles sempre me respondem. Acho que alguma coisa pode ser deduzida desta habilidade diferencial de responder a perguntas. Qualquer pergunta vaga é respondida com muito prazer, mas quando se trata de qualquer coisa específica em que haja a possibilidade de se descobrir se eles realmente sabem alguma coisa, só encontro o silêncio.

O cientista francês Henri Poincaré afirmou o seguinte sobre por que a credulidade é avassaladora: "Também sabemos quão cruel a verdade freqüentemente é, e nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora". Foi isso que tentei dizer com meus exemplos. Mas eu não penso que essa seja a única razão de a credulidade ser avassaladora. O ceticismo desafia instituições estabelecidas. Se ensinarmos a todos, digamos os estudantes do ensino médio, o hábito de serem céticos, talvez essas pessoas não restrinjam seu ceticismo a comerciais de aspirina e canalizadores de 35.000 anos (ou canalizados). Talvez eles comecem a fazer perguntas difíceis sobre instituições econômicas, sociais, políticas ou religiosas. E onde iremos parar?

O ceticismo é perigoso. Essa é exatamente sua função, no meu ponto de vista. É função do ceticismo ser perigoso. E é por isso que há uma grande relutância para ensiná-lo nas escolas. É por isso que você não encontra uma fluência geral em ceticismo na mídia. Por outro lado, como dominaremos um futuro muito perigoso se não tivermos as ferramentas intelectuais mais elementares para fazer perguntas investigativas àqueles nominalmente no comando, especialmente em uma democracia?

Nota 1 - O último teorema de Fermat já foi resolvido. E foi por humanos.



quinta-feira, 16 de julho de 2009

Dureza

Adianta nada falar agora. Mas, quando ouvi o Aécio dizendo que, a pedido do Perrela, iria ao vestiário conversar com os jogadores do Cruzeiro antes do jogo, falando da importância da partida e talz, pensei:
- Vai dar mierda.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dilema do Abecê

Um semi-alfabetizado = semi-analfabeto?

Trabalho

Minha vida tá que nem aquele outdoor antigo do Citibank. Criado pela Fallon.

"Trabalhe, trabalhe, trabalhe.
Mas não se esqueça. Vírgulas significam pausas."

A diferença é que não ando tendo o luxo das vírgulas.

/ / /

Como estou alucinando, me ocorreu neste exato instante uma paródia de All we need is love, dos Beatles:

All we need is job
(Come togheter!)
All we need is job
(Everybody!)
All we need is job, job
Job is all we need.

Não preciso nem dizer

Falo tão pouco do Leo.

Menos do que deveria.

Cês não sabem quem ele é.

Esse cara é massa.

Justo, equilibrado, generoso. Tantas vezes, e tão silencioso em sua sabedoria e compreensão, que, até quando tais qualidades lhe faltaram brevemente por um instante, eu sabia, no íntimo, que isso também nos aproximava - eu o sabia humano.

Se a vida nos separar - por castigo destas letras - eu corro o risco. Às vezes, a gente deixa de falar as coisas por besteira, por esperar que o momento certo ainda há de chegar, que a vida pode dar uma rasteira e que você não deve se antecipar.

Se tudo der errado mesmo, fico pensando... - e daí? Deu.

Não vai mudar o que senti.

E quando esse Porqueira disse que vai ser pai, foi como se eu também o fosse.

A gente se abraçou. E, no nosso olhar, estava dito tudo.

Falo o mínimo. Mas, como diria João, para mim há muito mais que Leo fez ou é do que todas as cervejas de uma mesa de bar do mundo seriam suficientes para contar.

Pai me deu cinco irmãs.

Gosto de pensar que a vida me deu um.

Amigo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Pingados

Voltando do almoço, reparei que duas pessoas estavam a ler livros, na entrada do prédio. Ao ar livre.

Good.

/ / /

Suspeito que escrevo nos últimos tempos sem cutucar o fura-bolo no caroço das questãs; sem enfiar o pedregulho no que me é, nesta quadra da amarelinha, essencial.

Bad.

/ / /

Você se esmera. Você se prepara.

Veste o terno novo, tão caro. Lustra os pisantes, tão pretos. Corta o cabelo, faz a barba. Até o sovaco ganha um perfuminho. Você se apronta todo pra buscar a patroa e chega mais arrumado que baralho novo.

Aí...

Aí, devido ao assédio - uso a palavra e já duvido; assédio não será exagero? - pois bem: aí, na festa de casamento da irmã, devido ao carinho extremado que andei recebendo de senhoras -umas mais distintas, outras menos - agora me calharam chamar de "O Terror da 3ª Idade".

Great. Qual é o prêmio, Lombardi?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Aberta a porteira

Vivo agora o seguinte fenômeno: meus amigos mais diletos estão prestes a se tornar papais.

Depois de Bruno inaugurar a série, daqui a nove meses será chegada a hora de oferecer um charuto ao Leo.

Estranho, mas parece que a gente envelhece - e cresce também - com o nascimento dos filhos dos amigos. E ouso dizer que ser piegas não me pega: acho emocionante.

Entendo que, para os demais e todos aqueles que não os conhecem, significa nada.

Para os futuros pais, significa tudo.

Saúde a vocês!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Papai, eu quero me casar...

Juju Motoca, aka Pidum, aka Juliene, minha primeira irmã mais nova, rompe hoje a série invicta de irmãos solteiros ao atar laços com Rodrigo cunhadão: felicidades!



Os comparsas.



Entre nossos orgulhosos progenitores: Anthony Hopkins e Mamãe.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Picadeiro

Aliás: meu dia-a-dia é um circo. Só encontro analogias.

Posts, agora, só como homem-bala.

A piada é que não importa qual seja a performance: no fim, a gente continua sempre na lona.





Sei como se sente um equilibrista de pratos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Last words

Não há nada como os acordes de Human Nature.

Ouvi-la é, para mim, regressar.

Meu bolinho proustiano.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Para meu secto

Seguramente diria que meu interesse no tuíter será (será, visto que ainda não é) de ordem profissional.

Tipo, uma ferramenta para atingir um fim. Quando e se houver um cliente que demande algum tipo de promoção, divulgação e sei-lá-o-quê que se enquadram convenientemente no formato do microblog, belê. Ou pra não ficar de fora da onda - Mara!

Embora não entenda por completo como funciona o treco, creio existirem também utilidades jornalísticas diversas. Mesmo alguns telejornais e profissionais independentes já o exploram, salvo engano.

Enganos salvos então, não vejo como o tuíter pode se encaixar em minha vida. Sobretudo quando me deparo com briguinhas como essa.

Ah, vaidades. Quem não as tem?

Claro que percebo que, quanto mais seguidores o cabra tiver, mais o cabra começa a ter chance de explorar comercialmente sua fama e fazer din-din.

Ou seja, isso não é pra mim. Quem há de me seguir?

Ninguém em bom juízo, assevero. É bíblica a advertência: se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.

/ / /

Sinto às vezes que não falamos de uma ferramenta de comunicação. O tuíter soa como uma coisa tão-tão-tão disputinha para ver quem é mais popular, de gabolice de ginásio. Pior, de high school.

Essa história de transmutar a vida em números é meio traçoeira. Tipo a quantidade de "amigos" que a pessoa conserva no orkut. O número de garotas que já comeu. De caras para quem já deu. É um pouco triste.

Para os egos superdesenvolvidos, o tuíter me parece um termômetro a mais.

Enfim. Nem sempre a vaidade é confessável, mas escondê-la totalmente é impossível.

Ela deixa um rastro fácil de ser seguido.