Que dizer? Pra ficar no mínimo, o livro é sensacional. Um relato magnético do jornalista Michael Pollan percorrendo, como um sabujo, a trilha da produção do que você põe no prato hoje na hora do almoço.
Você é modo de dizer. A pesquisa foi realizada dentro do contexto norte-americano. Mas não há nenhum problema, nenhum mesmo, em fazer as devidas correlações com a realidade brasileira. Até porque o sistema, a indústria alimentar mundial segue, com uma dose bastante razoável de unidade, e apesar das diferenças aqui e ali, o mesmo padrão, o mesmo fluxograma, o mesmo paradigma.
Paradigma! É isso que o Dilema do Onívoro faz estremecer: nossos dogmas. E vai muito além: ao chacoalhar o paradigma alimentar como um pé de tangerina, consegue arrancar dos nossos conceitos arraigados as mais pertinentes perguntas.
O que comemos? Podemos afirmar categoricamente que sabemos realmente o que estamos comendo? Em que escala meço o valor dos meus alimentos? Quanto custa, para mim - e para você também, colega - o meu bife com fritas? O que acontecerá quando realmente soubermos?
Questionando nosso sistema alimentar, o Pollan colocou em xeque toda a forma como vivemos, a estrutura da nossa sociedade de consumo, nossa relação com a vida no planeta.
Poisintão: a vontade que eu tenho é que o livro fosse leitura obrigatória nas escolas, faculdades, repartições públicas, em todo lugar. Recomendo demás, onívoros. Leiam, leiam, leiam. A narrativa é leve, didaticamente esclarecedora, reflexiva e bem humorada no tempero certo.
E não me importo em dizer que nunca mais vou olhar o bife na bandejinha do supermercado, um pé-de-milho e o capim em que pastam os ruminantes da mesma maneira.
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