terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Em 2009...


Rubem Braga


Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse -- "ai meu Deus, que história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria -- "mas essa história é mesmo muito engraçada!".

Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse -- e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aqueles pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse -- "por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!" . E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês, em Chicago -- mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina".

E quando todos me perguntassem -- "mas de onde é que você tirou essa história?" -- eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma história...".

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.


Em 2009, meu ideal é que vocês estejam bem e em paz, construindo sempre. Beijo na bunda e até segunda. 

r

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Back to the future

Aproveitando o clima de última segunda-feira de 2008:  criaram a possibilidade de você mandar um e-mail para você mesmo, só que no futuro - http://www.futureme.org/. Tem gente já escrevendo as tradicionais resoluções de ano-novo agora para uma prestação de contas no reveillon de 2010.

Legal, a idéia. O seu "Eu" do passado vem assombrar o seu "Eu" do presente - no caso, seu "Eu" do futuro neste momento. 

Mas o que eu sempre sonhei mesmo, e imagino que não cavalgo sozinho nestes devaneios,  é poder voltar ao passado para encontrar minha versão mais jovem. Ah, quanto eu diria. Quanto eu não diria. Por exemplo:
- Não, você não vai virar jogador de futebol nem arqueólogo. 
- Você não vai atingir 1,80 m quando fizer 20 anos. 
- Larga mão de ser fresco, moleque: tu ainda vai se arrepender de cada oportunidade de perder a virgindade que deixou escapar. 
- Não faça CEFET. Ou faça, mas saiba que seu negócio não é engenharia.
- Procure um estágio em agência de propaganda o mais rápido possível, mesmo que você pague para trabalhar.
- Nada que vá mudar alguma coisa. Mas, a título de comentário, a decisão de torcer para o Atlético Mineiro foi uma péssima escolha.
- Não faça conversões proibidas, nem de madrugada, nem nunca. Ouviu? Isto é muito, muito importante.
- Ame sua família mais.
- Viaje e leia mais, seu preguiçoso. Saia do apartamento, tenha novas experiências. Não seja tão tímido, abrace a vida. 
- Não esquente, você vai ter várias namoradas. Mas, se você quiser adiantar as coisas, eu - se fosse você - começava a dar umas rondas no buteco da Biologia no ICB.
- Se estes conselhos forem inúteis e nada melhorar em sua vida, anote aí. Os números da mega-sena de 31/12/2008 são...
 

Livrarias, gozo e martírio

Chove sem parar lá fora e, cá dentro, da enxurrada de filmes vistos dos últimos dias, apenas um sobressai sem ressalvas: o brasileiro Estômago. Muito interessante, bem produzido, dirigido, interpretado. Coisa boa. Aliás, o filme nos deixou até uma sobremesa. Numa passagem, um dono de restaurante apresenta uma releitura do tradicional queijo com goiabada. Compramos os ingredientes para o reveillon, vamos experimentar.

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Chuva demais e frio pedem cama. Não somos ingleses.

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Ainda comida: improvisei um arroz com açafrão, legumes, tomates e outros temperinhos que mereceu repetecos no prato - o mais veemente dos elogios ao cozinheiro.

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Livros: fui ler o Arco-íris de Feynman, aquele físico famoso, e acabei emendando Contato, do Sagan, leitura do momento. Li O Enigma do Quatro, um tipo de Código da Vinci, só que mais bobinho e juvenil; o Aleph, do mestre argentino; O mundo é bárbaro, coletânea do Verissimo. Ando agora com um do Woody Allen, Às margens do Sena, um livro-entrevista com o Reali Jr, e tem mais uns tantos outros aí que me resta começar quanto terminar (registro mental: assim como elevar o nível das leituras). 

Já Meg é ortodoxa; dama que só ela, considera uma descortesia iniciar um livro sem dar cabo do atual. Gostaria de ter essa educação e auto-controle.

Auto-controle que certamente falta a ambos, quando se trata de sair incólume de qualquer livraria, sebo ou estabelecimento que venda livros. Não posso deixar a Dra. sem vigilância um só minutinho. Ontem, enquanto subi à casa de mãe para dar um abraço de boa viagem nela e nas irmãs, ela disse que ficaria a me esperar na locadora do lado. Foram uns dez minutinhos. Nesse intervalo, quando voltei, Meg já segurava um livro novinho: o Romanceiro da Inconfidência, da Cecília. Uma promoção irresistível, segundo ela, da locadora multiprodutos/serviços. Eu a censurei, chamei-a de esbanjadora, denunciei a compulsão perdulária e depois disparei: "- Vem cá! E que mais tinha em promoção?" 

Outro dia, foi sintomático. A fim de algum jogo interessante para adultos, visitamos lojas e lojas de brinquedos. Olhamos, olhamos, não compramos nada. A fim de presentear um ente querido, visitamos boutiques e boutiques. Olha vestido pra lá, olha preço pra cá, não compramos nada. Fomos ao cinema ver o que estava passando e, oh: a portinha da livraria está aberta! 

Nem foi preciso examinar muito. Uma olhadela e pronto, lá se vão alguns livros sem titubeio. Enquanto a gente ainda não pode gastar com livros totalmente sem dó e sem culpa, nosso consolo é a mútua indulgência. 










sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sim, já fui damo de honra

Há 25 anos, no Serro, Ju minha irmã e eu de "damo" e dama de honra. Ela recebeu estas fotos recentemente. Foi descoberta no orkut pela senhorita que casou, vejam só. E aí nos fez a gentileza de enviar as fotos do dia do casamento nas quais aparecíamos.  

Hoje, imagino que qualquer moleque que vai ser damo entra na igreja de terninho; preto ou azul-marinho, bem-cortado, no tamanhinho certo. 


Ah, mas com o papai aqui sempre é diferente. Ou aquelas épocas eram outras ou (o que acredito) minha mãe tinha, digamos assim, um habitual "toque unissex" na gloriosa tarefa de criar o figurino do filhote para as mais diversas socialidades. Senão, como explicar a meia-calça(!), a delicadeza do sapatinho branco, a fofice das luvas (!) e, no pescoço, um gigantesco laço róseo (!) como gravata?

Parei.


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Boêmios contra-atacam

Esqueci de mencionar que, semana passada, Leo e eu, integrantes originais do grupo, e nosso mais novo e bem-vindo membro, a Doutora, reeditamos a legenda Boêmios na noite de BH.

Inventado por Leo, Boêmios no Divã era o nome que dávamos à fauna que se reunia, nas segundas e quintas, em gincanas culturais no extinto Amoricana e no teutônico Canapé. Nunca houve uma equipe definida, a mesa era aberta a quem quisesse sentar. Os fixos, até mais do que eu, talvez, eram Bruno, Érico, Rodrigão, Titio. Outras pessoas, como Sâmia, Danilo, Formigão eram intermitentes. Boêmios no Divã ficamos conhecidos nos bares da cidade porque quase sempre abiscoitávamos algum prêmio, alguma boa colocação, quando não o primeiro lugar. 

Lembro que invariavelmente perdíamos para uma mesa de senhores de cabelos brancos no Amoricana: um era arquiteto; outro, advogado; outro, engenheiro, por aí vai. E tinha um grupo numeroso chamado os Persistentes, uma turminha mais nova que disputava pau a pau com a gente. 

Bem, não há mais um Bruno de ligação entre as tribos, os elos da turma praticamente se desfizeram e, eventualmente, abandonamos a prática da gincana cultural, embora já tenhamos realizado uma festa só com as caixas de vinhos e cervejas amealhados nessas brincadeiras.

Na quinta-feira passada, quando o Pacote, locutor/organizador da gincana do Canapé, viu surpreso o nome escrito na cartelinha, indicando que a nossa mesa teve uma das maiores pontuações na primeira rodada de perguntas, disse, numa solenidade sem-graça: "Boêmios no Divã. A volta dos que não foram".

Mas nós fomos, Pacote. Fomos, sim. Não sem antes papar duas caixas de Brahma. 
  


Esvazie suas gavetas

Sim, esvazie suas gavetas. Há canetas que não escrevem mais e suas tampinhas divorciadas lá no fundo; anotações avulsas em papéis esquecidos que, se um dia significaram alguma coisa importante, hoje são apenas letras e numerais; araminhos de amarrar saco de pão ainda têm azo, embora a abundância com que freqüentarão o seu dia-a-dia enseja-lhes o despejo; comprovantes coloridos atestam que houve uma madrugada em que você esteve em débito com o banco mas em crédito com a vida; esvazie tudo.

Alivie seu e-mail box. Use critério na sentença derradeira de seus e-mails, julgue se não vá precisar deles depois de enviá-los ao ciberlimbo. Tudo o que for prescrito deve ser proscrito.

Descarte sapatos velhos. Eles, que vigiaram os erros e acertos dos seus passos e sofreram o suor e a imundície na jornada da sua labuta, merecem aposentadoria. Ou talvez começar vida nova em um caminhar mais árduo do que o seu.

Doe roupas. Repare que elas são perecíveis como os alimentos, mas diferentes em validade: há calças intocadas e camisetas fresquinhas que já entram no seu guarda-roupa com o prazo vencido , embora ombro a ombro com farrapos de jeans e panos vetustos, mas que ainda se encontram consumíveis e em plena forma. Dê o que não goste, dê o que goste se a roupa querida já deu para o gasto; esteja prevenido: não há garantia de sorrisos se você alcança na memória longínqua o sabor de uma mancha ou a origem de uma descostura.

Desapego é mistério; relutância ao abandono até do que não foi jubiloso. A trilha adiante é mais leve sem toda essa tralha, e quem raciocina um pouco mais percebe que não é preciso uma efeméride de calendário para se livrar do que ocupa o desnecessário no embornal das horas. Que a convenção de um relógio compartilhado pode ser útil como lembrete do dia de faxina. 

Ou, pura e tão-somente, como despertador. 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Círio de Infortúnios

A luz que não acende

O chuveiro que se queima

O prêmio que não se ganha

O computador que dá pau

O professor que cobra o prazo

O trabalho que ainda não se fez

O carro estacionado que prende o meu

O alarme predial que dispara

A nova multa que chega

O condomínio que não se pagou

A carne que deteriora na geladeira

A carne que deteriora no corpo

O cabelo que já não é o de outrora

O dinheiro que não sobra pra nada

A cozinha que não se limpa

O outro chuveiro que desliga sozinho

A poeira que não se move

Os crápulas bastardos que movem processos

Os presentes que não se comprou

O telefone que não funciona em casa

O número que dizem inexistente

A chamada que era engano

O idiota que anda devagar

As noites que não se dorme

As decepções que se causa

As decisões que se adia

A memória que desmorona

As amizades que ruem

O tempo que escasseia

A vida que escorre

A luz que se apaga

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

It's raining again

Daqui a pouco, estaremos como Santa Catarina. Tem cidade mineira que está se transformando numa espécie de Veneza de barro. Aliás, hedionda aquela história dos milicos surrupiando os donativos para os desabrigados, não? 

Como se fosse ironia de menos, logo depois veio a notícia de que uma das vítimas das enchentes devolveu 20 mil pratas encontradas no bolso de um casaco doado. Mais não sei porque não li. Mas, na boa: nessas circunstâncias, será que eu devolveria?

Desabamento em encostas, flagelo nas áreas de risco, etc. O curioso é a falta de novidade. Todo ano é a mesma coisa, a mesma incúria por parte - por parte de quem mesmo? Certamente que a ausência de condições mínimas de infra-estrutura urbana, sanitária e habitacional recai sobre os ombros das autoridades públicas responsáveis. Afinal, como todo mundo sabe, no Brasil a gente paga imposto é pra isso. Mas será que certas tragédias ainda assim poderiam ser evitadas?Esses dias, um trecho da moderníssima Linha Verde, obra viária recém-incluída e tão cara ao nosso governador, virou um riacho. Mesmo com uma eventual e possível falha no conjunto urbanístico local ou na execução do empreendimento, e quando chegar o dia em que a natureza resolver embirrar de verdade? A cada verão tentamos mitigar os efeitos das chuvas em detrimento da prevenção. Mas teríamos condições de realmente nos precaver? 

Calcemos nossas galochas. 

Reflexões no chuveiro

A despeito da sólida confiança na virtude da metodologia e pensamento científicos, me sugere imprudência acreditar que a realidade é tudo o que nossa percepção é capaz de abarcar.

Em vez de montar sentinela nas fronteiras da presunção, seria mais interessante admitir, com segurança, os limites de todo o conhecimento cartografado pelo rigor da ciência para, a partir deste ponto, tendo em perspectiva até onde vão as bandeiras da nossa razão e cultura, podermos com clareza distinguir quando começa a geografia de nossa ignorância. E considerar, talvez, a existência de territórios inexplorados nessa vastidão que chamamos de realidade.

Ficou meio pernóstico, mas vai ficar assim.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Passatempo pelo espaço

Há! Viciante. Vi na Mary W, que recebeu a dica da mothern Ju Sampaio.

Aqui, cumpadi. Tu é bom mesmo em geografia? Tu tá a fim de colocar tua bagagem cultural à prova? Tu manja messsssmo onde fica o Butão e o Azerbaijão? Então arruma os pano de bunda e se manda, mané! Entre no link e viaje ligeiro!

Cantando na chuva

Aproveitando o clima, turma de BH. Mas uma releitura moderna - e publicitária, of course.

Dica do colega Matheus

Sua biografia de 6 palavras

Meninas, aderi!!!

Aos memes, digo.

Dizem que Hemingway foi seduzido pelo desafio de criar uma história em apenas seis palavras. Saiu-se com “Vendo sapatos de bebê. Nunca utilizados”. A partir desta idéia, os editores de uma revista sobre literatura, a Smith, bolaram uma proposta semelhante: convidaram escritores e que tais a fazer a própria biografia em seis palavras. Com o resultado, reuniram os melhores resumos em um lançamento intitulado Not Quite I Was Planning.

Para a honra e a glória do seu anonimato, estendo a você o convite de deixar aqui no Boêmios no Divã a história da sua vida em seis palavras. Ou, se preferir (hunf!), você pode acessar o site da revista e, quem sabe, ter a sua frase escolhida para o próximo lançamento dos editores - mas lá tem que ser em ingrêis. Já neste blog, aceito até a língua do P.

Alguns exemplos:
- Wait, wait, I'm not done yet.
- The truth: butter makes everything better.
- Sticky rice everyday; not shit.
- Have the greatest job: being dad.
- Where is that damned time machine?

Claro, nem todas são bem-humoradas. Há as tristes, melancólicas e declarativas. Quer tentar?

PS. Esqueci de deixar a minha biografia em 6 palavras:
-" Deu merda: mas não fui eu!".

Mesas

Algumas mesas caberiam fácil na minha sala. E na sua?

The bloody table.

Image: via John Nouanesing)


As mesas dançarina, andante e centopéica.




(Images: via design boom and Anyroom)

A mesa "This is... SPARTA!!!".



(Images: via Julia West Home and James McAdam)



A mesa piano-bar. Com a minha geladeira de 60 anos, ia ficar show.

(Image: via lovegrove and repucci)


Tudo daqui. Tem muita coisa legal lá: mais mesas, pias, cômodas. Go.

Movimento Sapatista

Seguindo a linha de raciocínio do blog do Juca, diga: Em quem você atiraria um sapato?

Sou BHTrans e dou dez pares de frente.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Prazer inenarrável

Hoje de manhã aconteceu uma coisa maravilhosa. Fui para o trabalho, chovia sem parar. Estacionei; parei o carro, rádio ligado; a canção que estava tocando terminara; aí ouvi "Tchu-rururuuu, Tchu-rururuuu" e, justo quando Jorge Vercillo ia começar a cantar Nada vai me fazer desistir do amor, desliguei.

Ah, a vida é boa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

De sola

A saída do Bush vai ganhando contornos de bota-fora. Na coletiva à imprensa no Iraque, em vez de palmas, palmilhas. Se é verdade que só a gente sabe onde o calo dói, quem há de julgar a atitude do jornalista? É possível um anúncio de oportunidade com a sapatada no presidente? Quem seria anunciante? Dr. Scholls?

E se a moda pega? No Brasil, que calçado arremessariam no Lula? Salto alto?

Tá, parei.

Aliás

É pena que Borges não tenha nos deixado mais de si próprio, digo, algo confessional. Eu não soubera expressar isso à Dra., quando li, para minha delícia e espanto, certas páginas que abrem ou fecham seus livros. Encantado pela serpenteante habilidade narrativa de um mero prefácio ou epílogo borgiano, veio-me a nítida certeza de que seus escritos "pessoais" seriam tão arrebatadores quanto a ficção. A tradução deste palpite encontrei hoje numa declaração do próprio autor: "Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção".
Uma pena. E que pena.

Jorge e Marcel

Na cama, o casal lê livros.

- Coisa, não?
- O quê?
- Você, de Proust. Eu, com Borges.
- Tá vendo? A gente na cama com Proust e Borges. Não é pra qualquer um.
- Tem razão. Deve ser uma honra pra eles, né?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sono meu, vai levar quem...

Nas últimas 72 horas, ando extraordinariamente com sono; por derivação, com uma indisposição considerável e halterofilizando pálpebras de chumbo pra manter a vigília, que dirá pra palavrear livremente, a passeio. Ahhh, uma folga neste fim de ano vinha a calhar, só alguns sóis sem labuta, uns 265 ou 238 dias corridos. Falar em liberdade, lembrei-me de um trechinho da entrevista que li agora do Millor na Bravo, ele citando uma de suas frases ótimas. Millor, eu também quero ser livre como um táxi. E ó, se for pra carregar pedra, rodar só de bandeira 2.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dois peixes

Gracias, Mr. Eisner.


Dois peixinhos dourados viviam em um aquário. Entediado, um disse pro outro:

- Não acredito em um deus. Não existe essa história de um ser supremo, divindade máxima, onipotente, com consciência infinita.

Silêncio no aquário. Até que o outro responde:

- Ah, não? E QUEM você acha que nos dá comida todos os dias?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ciências contábeis

Ser credor é osso. Quem lida com publicidade, sabe. Seja por vias oficiais ou no paralelo, receber o quinhão que lhe compete às veiz dá mais trabalho que o próprio job. Se bem que isso deve ser comum noutras áreas, como comércio, etc. Ao fim, uma dúvida me colhe: é melhor ser credor ou devedor?

No aspecto monetário, sei não. Depende das possibilidades. Se houver a esperança implícita de indulto ao inadimplente, ou de existirem grandes chances de receber o que lhe é devido, mesmo que leve um tempinho.

E no campo amoroso? Sei não. Acho que aqui é ruim de qualquer jeito, todos parecem sair perdendo. Dever me parece tão lamentável quanto cobrar. Se amar implicasse anotar débitos numa caderneta, que fossem registrados a lápis, com data de vencimento na margem e uma borracha sempre à mão.

Amar deve ser perdoar dívidas - se você for cobrador. Se, por outro lado, seu saldo viver no vermelho, deve-se trabalhar com o máximo esforço para retribuir o crédito dia a dia concedido. É difícil, mas imagino que deve ser assim: quem dá calote sentimental acaba pagando de qualquer jeito, com juros e correção.

Desconfio que, numa relação, o amor pode até funcionar um tempo fiado. Mas, seja a oferta à vista ou a prazo, amor, amor mesmo, nunca, nunca se vende.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Para Meg

O espetacular Homem-Hamster


Depois da mordida que levei de um hamster, estou com diarréia há dois dias, tive uma crise incrível de espirros agora há pouco e ando meio sonolento. Pode ser tudo coincidência: teve a cervejinha do fim de semana, as poucas horas de sono, as mudanças do tempo. Mas...


Se ao menos o pestinha fosse radioativo.

Error



Para melhorar seu apelo junto aos jovens e se posicionar como uma empresa cool, a Microsoft lançou uma grife: “Softwear by Microsoft”. As estampas remetem aos anos 80, com inscrições DOS, Microsoft ou a repetição do código binário.



Pela amostra, acho que foi um tiro no pé. Ou alguém aí tem peito de usar?


From site da Epocanegócios.


Melhor seria se bolassem uma camiseta assim:


Atualizado pela contribuição do amigo. Valeu, Leo.

A terapeuta matinal

Terminei de ler um livro do Dr. Irvin D. Yalom, o autor de Quando Nietzsche chorou, talvez seu lançamento mais famoso. O que eu li - O carrasco do amor - já havia, como era de se esperar, sido devorado por Meg faz tempo. Ela já leu quase todos.

É leitura muito interessante, quase viciante. Divido em contos, cada capítulo conta a história mezzo real mezzo calabresa de um determinado paciente. Fica difícil largar o conto, a gente parece ter algum sentimento meio mórbido de acompanhar a paranóia do outro, a forma como aquele paciente conseguiu aliviar ou erradicar as próprias neuroses, que, não raro, costumam, aqui e ali, ser muito semelhantes às que tentamos ou fingimos ocultar.

Agora, creio ter uma compreensão melhor das razões pelas quais, nas preguiçosas manhãs dos primeiros meses do namoro com a Dra., ela sempre me perguntava o que eu havia sonhado. Intrigado, eu pensava: "Mas que diabos essa mulher tá tão preocupada com o que ando sonhando?". Mas eu sempre contava o sonho, pelo menos o que lembrava, e então, enquanto sorvia a sua xícara de café fumegante, Meg se dedicava a dissecar meu sonho por meio de complexas psicoteorias do inconsciente, sistematizações lacanianas e análises freudianas, diante do meu silêncio desconfiado ou de uma ou outra aquiescência. Como dizia, esse comportamento da minha terapeuta matinal me parece claro agora, depois de ter lido o Dr. Yalom. Em seus tratamentos, ele dá muita importância aos significados dos sonhos dos pacientes. Hoje, virou quase um hábito entre os dois charlatães acordar e querer saber sonho do outro para bancar o terapeuta agudo e persipcaz .

Mas vou ler mais. Nas artes da boemia sou versado, tenho que ficar prosa é no divã.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

pedra leticia

Assim como a mocinha que o Marcelo Camelo tá pegando, parece que sou o último a saber da banda goiana Pedra Letícia. É bobo, brega e calculadamente desprentensioso, e parece que tá bombando na web, entre os adolescentes, imagino. Os caras até que tem umas musicas divertidinhas. E cada década tem seu Ultraje a Rigor que merece.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Oxímoro

No texto do post anterior, que repliquei do blog do Noblat (ando pegando muitas coisas de lá; embora não tantas quanto gostaria, como a tal Estação Jazz e Tal, coisa boa, vocês têm que ouvir), o Luiz Fernando cita, entre parênteses, a figura de linguagem oxímoro (prefiro com o acento agudo, mas parece que é facultativo).

Há coisa de dois anos, eu desconhecia o significado dessa figura de linguagem. Ou seria de estilo? Peraí que vou dar uma googlada e volto.

Figura de linguagem. O oxímoro é uma molecagem semântica: mistura dois sentidos interpretativamente opostos, produzindo uma mensagem que deve margear o absurdo.

Minha relação com as figuras de linguagem ou de estilo é assim-assim. Eu nunca me importei muito em saber ou decorar qual é qual. Desde que sejam bois, imagino que a relevância de lhe saber os nomes seja relativa para o criador de letras. A noção do nome de cada figura seria apenas um detalhe, o importante é o prazer que proporcionam. Seria até uma relação meio riquinho-esnobe-que-só-veste-o-fino-das-marcas, mas finge não ligar pra isso:

- "Isso pendurado na sua frase é um Epizêuxis? Luxo!"

Blasé, você responde:

-"Mesmo? Nem tinha notado."

Como dizia, há dois anos eu desconhecia o termo oxímoro e seu significado, que soava mais como um primo do oxíuro do que um recurso literário. Fui topar com a figura em uma revista em quadrinhos, numa historinha dos X-men.

Não sei bem por quê estou dizendo tudo isso. Talvez para mostrar que quadrinhos e cultura (nem que seja a inútil) não sejam, digamos, um oxímoro.

Monte Rushmore

Símbolos
Luiz Fernando Verissimo

Ninguém ainda disse que nas origens dessa crise, além da ganância descontrolada e das maracutaias de alto escalão, há um toque de generosidade. Tudo começou porque deram empréstimos imobiliários a quem não podia pagar, aos tais clientes "sub-prime" cujo calote era certo. Não foi o bom coração dos banqueiros (um oximoro) que decretou que mau pagador também merecia crédito e que caloteiro também merecia casa. Suas dívidas eram transformadas em títulos negociados em cadeia no grande troca-troca que sustentava o mercado de mentira, e tanto fazia os devedores serem "prime" ou "sub-prime", de alto ou de baixo risco, o lucro das financeiras se multiplicava. Mas até a bolha arrebentar, mau pagador foi tratado sem preconceito, caloteiro não foi discriminado e tivemos um inspirador exemplo de capitalismo popular em ação.
O Baraca tanto prometeu mudanças que acabou decepcionando boa parte dos seus eleitores antes mesmo de começar. Novos presidentes costumam ter uma lua-de-mel com o país nos primeiro dias do seu governo, um período de tolerância ou de amor sem perguntas enquanto toma pé ou acerta a mão. Muita gente pergunta para que tipo de lua-de-mel o Baraca está convidando o país, com Lawrence Summers e o velho Paul Volcker pensando em maneiras novas de fazer o que já fizeram, e Hillary Clinton, que apoiou a invasão do Iraque, e Robert Gates, que como secretário da Defesa do Bush a comanda, combinando como agora vão ser contra, e todos na mesma cama. Obama, mais do que ninguém, deve saber que o valor simbólico de gestos e nomes muitas vezes é mais importante do que o fato. A própria eleição de um negro para a presidência dos Estados Unidos tem um significado simbólico que se sobrepões a qualquer outro, e será sempre maior do que qualquer fato do Baraca, mesmo seu centrismo decepcionante. Mas seu gabinete anunciado não simboliza as mudanças prometidas, simboliza a mesma coisa. Em alguns casos com a mesma cara.
A gente vive atrás de símbolos, e os mais procurados são os que marcam, convenientemente, o fim ou o começo de períodos históricos. Gostamos de frases sintéticas tipo "o século dezenove acabou mesmo com o naufrágio do Titanic" ou "a revoluçção sexual começou com a bunda de fora da Brigitte Bardot'. A Ford está entre as montadoras americanas que nesta semana foram pedir ajuda ao Congresso americano para não naufragarem, e se há um fato que simbolizaria o fim de várias eras, idades, ciclos e mundos seria o anúncio do fim da Ford.
Foi a Ford - ou no caso o Ford, Henry, grande visionário, grande patife - que inventou a civilização em que vivemos, o carro massificado, o ar envenenado, a linha de montagem desumanizada, o operário consumidor, um verdadeiro capitalismo popular e um proletariado em grande parte politicamente neutralizado. E mudou a face da terra. Cair a Ford seria, sei lá, como cair o nariz de um daqueles rostos de presidentes americanos esculpidos na rocha.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Reflexões sem frutos

Tem gente que passa o tempo ganhando dinheiro. E tem gente que escreve blogs.

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Esc rever é c ort ar pala s.

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Pode ser estranho, mas só fui comer jambo antionti - três décadas e tantos anos após a estréia. Jambo é branquinho por dentro, e doce; por fora, um tom mais roxeado, e não bronze, como pensara que fosse, por causa da expressão "moreno jambo". Não entendi por que pai falou que, comendo o jambo, nem se precisaria escovar os dentes. Galhofa dele, porque aquilo podia ter o gosto de qualquer coisa, arrisquei, até de jambo, mas de dentifrício, não. Sem a certeza de caminhar com o hálito puro e refrescante, preferi não perguntar nada.

Pensando bem, há muita fruta que a gente não come, só ouve falar. Fruta-pão, por exemplo. Nunca carquei os dentes. Nem tamarindo, umbu ou cupuaçu. Sirigüela, já comi. As mais comuns, todas. Mas algumas, só em sorvete, como a cagaita, ou suco, como graviola (uma delícia em tempo de calor, batida com cubos de gelo no liqüi).

Cajá, encaro. Já jaca, tô fora.

Enfim, nada com nada. É o verão.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bar do Rubão

Ontem, saí de casa às oito e cinco. Não queria me atrasar. Primeiro, fui ao posto de gasolina. Depois, passei na casa de mãe para pegar a sacola de remédios de pai. Foi rapidinho. Não queria me atrasar, a terça-feira seria dia cheio e, embora a esta hora o trânsito pudesse estar mais tranqüilo na Cristiano Machado, levaria uns 40 minutos para chegar a Lagoa Santa.

No caminho, olhei de soslaio para a sacola de remédios e pensei nela com alguma tristeza. Senti que talvez nunca a tenha dado a atenção devida, ou reparado naquele punhado de comprimidos como fato que merecesse pelo menos um mínimo de reflexão. Eram muitas caixas de comprimidos. Caro barbaridade. E, sei lá, é um remédio pra deixar o sangue ralinho, outro pra colesterol alto, outro pra não sei o quê... me imaginei dependente da ingestão diária de tantas pílulas. Como seria meu humor? Ficaria deprimido? Cardiopatas de colesterol alto são casos comuns na família.

Pai tem passado os dias-feiras em Lagoa Santa para acompanhar a reforma da sua velha nova grande casa. Alugado por dez anos, acho, o imóvel fora devolvido em péssimo estado. Considerável parte se deteriorara: jardins abandonados, portas e maçanetas quebradas, pontos de luz, móveis e paredes negligenciadas; edificações posteriores equivocadas ou de mau gosto; um descuido em cada detalhe.

Então, bem, pai estava juntando seus caraminguás com a esposa para reconduzir aquela residência aos seus dias de glória. E é uma bela casa: gramado frontal, árvores frutíferas aqui e ali; campinho, piscina, casinha de bonecas e plantas em um terreno quase perdulário em seu espaço. Aproveitando o ensejo, ele ia mudar certas coisas e acrescentar peculiaridades ao seu gosto: a construção de aposentos do lado de fora da casa principal; a derrubada da casa do caseiro, agora garagem; a adição de um closet e uma horta, e o deslocamento da área da churrasqueira, que não podia mais ser chamada tão-somente de área da churrasqueira. "Espaço Country Gourmet" é sacanagem; creio que nem pai nem eu apreciamos esses frescurismos, a não ser com intuito de molecagem, mas a expressão teria lá sua utilidade como efeito de descrição do espaço.

Esse espaço, praticamente um anexo à cozinha da casa principal, já estava em obra adiantada. Tinha bancos e mesa de madeira, dessas compridas, de roça; a churrasqueira de tijolinho aparente, já instalada, com chaminé e tudo atravessando as telhas; no canto oposto, na parede do banheirinho, uma pia de tigela de cerâmica (que antes servia a um vaso de planta, mas agora estava envernizada e com buraquinho pro ralo) sobre um aparador com pernas de madeira e tampo de mármore - tudo invenções e adaptações de pai, sua inquietude e suas caixas de ferramentas; um charmoso fogão a lenha de madeira e pedra-sabão, modelo semi-pronto que veio do Serro, tipo exportação. Tudo isso vi ontem à noite. Aí, na bancada contígua à churrasqueira e à frente do fogão, havia um barrilete de madeira sobre cavaletes - isso tem um outro nome, sempre esqueço - em cuja fronte se lia a inscrição em vermelho, tipo manuscrito: "Bar do Rubão".

Era significativo. No meio daquela confusão de materiais de construção, sacos de cimento, tijolos, pedreiros, ajudantes, uma peça que, cronicamente, estava fora de seu lugar.

Compreendi que era uma pequena, grande porém, homenagem.

O bicho ainda disse que seria ótimo se conseguisse no mercado paralelo uma daquelas caras bicas de tirar chope para instalar ali - seja funcionando perfeitamente, seja como ornamento.

Apesar de honradíssimo, profundamente agradecido e algo embaraçado, julgo que seria temerário confiar a um boêmio de escol a direção de qualquer boteco, e, desta forma, penso no bem comum ao declinar de possíveis convites para quaisquer formas de comando ou gerência do Bar do Rubão.

Mas, senhores - a questão é que em breve teremos um charmoso barzinho, em Lagoa Santa, com ingresso para poucos, seletos e exclusivíssimos convidados. Vamos tratar de merecê-lo - a começar por mim.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Terrorista

Taí a picture de um dos genocidas que protagonizaram o ataque na Índia. Nada de panos e vestes muçulmanos, nada de turbante na cabeça nem barba de aiatolá. Nada de especial. Exceto pela metralhadora em punho, o tipo de sujeito que se tromba nas esquinas do centro da cidade todos os dias.

Espero que dê samba

De tudo importante e desimportante que sucedeu no acorde dos últimos dias, uma nota destoa das demais. Há um casal amigo que está tentando engravidar. Boa sorte a eles.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Armas ou dinheiro

Reproduzo nota do blog do Noblat.

deu em o estado de s.paulo
Juíza diz que Dantas ofereceu emprego a seu marido
Marcia Carvalho descreve proposta como ‘extremamente vantajosa’ e narra ameaças e ‘pressão psicológica’
De Fausto Macedo:
“Juíza, você e seu filho já era”, ouviu Marcia Cunha Silva Araújo de Carvalho, juíza de Direito no Rio. A ameaça, ela conta, partiu de um desconhecido que a seguiu de motocicleta pelas ruas de Santa Teresa e lhe mostrou uma arma.
O episódio ilustra dias difíceis e a forte “pressão psicológica” que a magistrada alega ter sofrido desde que tomou decisão desfavorável ao Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas.
Marcia depôs dia 6 para o delegado Ricardo Saadi, da Polícia Federal de São Paulo. Ele deslocou-se até o Rio. Saadi preside o inquérito Satiagraha e avalia o relato de Marcia como peça importante da investigação que promove desde que assumiu o lugar de Protógenes Queiroz, mentor da operação.
No fim de 2004 ela assumiu a 2ª Vara Empresarial do Rio. Em fevereiro ou março de 2005, afirma, seu marido, Sérgio Antonio de Carvalho, foi procurado por um homem que lhe teria convidado para trabalhar no grupo de Dantas. “A proposta financeira era extremamente vantajosa”, narra a juíza. Seu marido lhe disse que “era dinheiro para ficar rico”. Sérgio não aceitou a proposta. Leia mais em: Juíza que julgava Dantas diz que ele ofereceu emprego a seu marido

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Verdade

No boteco, Leo falou uma verdade: a lei no Brasil só é boa pra bandido ou milionário (ou o híbrido entre as espécies, acrescento, visto que por aqui dá muito). De fato: Pro cidadão comum, ordinário, sem um padrinho ou saldo bancário acima de seis dígitos, a lei é brutal, draconiana.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Escape

Há momentos na vida em que você percebe que não dá pra ficar batendo na mesma tecla, é burrice.
Agora, a utopia pra mim seria: Delete. Home. Esc.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ainda filmes

Hmmm... olho no filme "O curioso caso de Benjamin Button", com Brad Pitt e Cate Blanchett. Jeitão de filme que a Academia gosta. Adaptação de um conto do Fitzgerald (que, pra variar, não li) na qual o sujeito nasce com oitenta anos e vai rejuvenescendo com o tempo. Imagino que pode ter sido uma das fontes de inspiração de um antigo comercial estrelado pelo Chico Anysio (que, pra variar, não lembro o anunciante), em que dizia que o ideal seria nascer velho e morrer criança.
Por aqui só em 16 de janeiro.
Mais:
http://www.youtube.com/results?search_query=Benjamin+Button&search_type=&aq=f

Atame

Entre a enxurrada de filmes maisomeno dos últimos dias, uma reprise se destaca. Gosto daquela cena final de Ata-me, com o trio no carro cantando uma musiquinha baranguete. A Victoria Abril segura o choro. É aquela coisa com o tempero do Almodóvar: meio kitsch, meio calabresa e uma pitadinha de esperança. No fim, "ata-me" não é o desejo, o apelo secreto que todo ser humano tem com relação ao outro?

Cuando pierda todas las partidas
Cuando duerma con la soledad
Cuando se me cierren las salidas
Y la noche no me deje en paz
Cuando sienta miedo del silencio
Cuando cueste mantenerse en pie
Cuando se rebelen los recuerdos
Y me pongan contra la pared

Resistiré, para seguir viviendo
Me volveré de hierro para endurecer la piel
Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
Soy como el junco que se dobla,
Pero siempre sigue en pie

Resistiré, para seguir viviendo
Soportaré los golpes y jamás me rendiré
Y aunque los sueños se me rompan en pedazos
Resistiré, resistiré.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rituais

Todo casal tem seus rituais.

Antes de dormir, por exemplo. Alguns tem o lado certo de cada um deitar na cama; alguns conversam sobre as vicissitudes do dia; alguns trocam amenidades; alguns se divertem em mútuas implicâncias bobas; alguns lêem seus respectivos livros, e alguns, oh, chegam a fazer aquilo!

Como qualquer casal, Meg e eu temos nossas cerimônias. Ultimamente, no entanto, uma liturgia de nome vagamente excitante, exótico e oriental tem marcado as noites de nossa alcova: o Sudoku.

O passatempo consiste em preencher um tabuleiro de 81 casas com os nove algarismos, sem repetição nas linhas e colunas.

É viciante. Porém, determinados problemas exigem mesmo suor pra encontrar a solução. E há aqueles em que a gente empaca dias, o que é, obviamente, uma afronta menor para o intelecto da parceria do que para os dois grandes egos envolvidos.

A questão se resume no seguinte: a gente se recusa a acreditar que a resposta requeira algo do tipo “tentativa-e-erro”, embora este pareça ser, diante de determinados impasses, o único caminho a trilhar.

De forma que convido aos casais amigos e a quem mais interessar possa a iniciação nos mistérios do Sudoku. Se alguém aí conhece alguma técnica que nos faça transcender para um estágio superior, compartilhe conosco, por favor.

Mas cada casal na sua cama. Temos nossos rituais.

You've got mail

Ainda bem que os pilantras da web parecem, até agora, não dispor de um filtro mais sofisticado no mailing list de vítimas em potencial.

Todo dia recebo aqueles e-mails "alguém te enviou um cartão", "Saudades de você", "Esqueceu de mim" e tals. Você também já deve ter recebido.

Hoje apareceu um remetente novo: o entrega@g**gle. Instigado pela curiosidade, esse resolvi abrir. Seu título era: "Te amo d+".

O leiaute era maisomeno tosquinho como o dos outros. Só que o texto começava assim: "Preciso dizer o quanto sou louco por você...". Peraí: louco? louco?

Pô, nem pra mandar o golpe pra uma moça. Meu nome não dá pra mudar de gênero como Fernando/Fernanda. Vá lá, no máximo uma Ruboneca.

Aí não, né cumpadi?

Procura-se

Procura-se Sorriso.

De fácil identificação: alegre, espontâneo, perdulário.

Acusado de sonegação, seu atual paradeiro é desconhecido. Há muito não se vê perambulando por aí, mas era presença diária nos arredores, botecos, arrebóis e poentes.

Paga-se boa gratificação a quem oferecer pistas genuínas e informações verdadeiras.

Se localizado, Sorriso não será detido.

A recompensa é o próprio reencontro.

Por quê?

Por que será que as técnicas de O Segredo parecem funcionar apenas quando você está à procura de vagas para estacionar, nunca nos demais sortilégios da vida e sobretudo no maior de todos, as filas de caixas de supermercado?

O que está acontecendo?

"O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho"


Tudo anda muito estranho na minha vida. Já sei: é uma conspiração.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Consciência negra

Hoje deveria ser feriado em BH.

Sério.

Aliás, em todo o país.

Tocos toscos

Momento internético bobagético da semana: 20 cantadas frustradas.

1.Cantada: Como eu queria ser esse sorvete!
Resposta: Além de ser fresco, quer ter o pau enfiado no rabo também?

2.Cantada: Se beleza desse cadeia você pegaria prisão perpétua.
Resposta: Se feíura fosse crime, você pegaria pena de morte.

3.Cantada: Gata, você é linda demais, só tem um problema: a sua boca tá muito longe da minha!
Resposta: Questão de higiene

4.Cantada: Qual o caminho mais rápido pra chegar no seu coração?
Resposta: Cirurgia plástica, lavagem cerebral e uns 3 meses de malhação.

5.Cantada: Você é a mais bela das belas das flores, uma rosa. Quer florescer no meu jardim ?
Resposta: Eu vou morrer de sede com o tamanho do seu regador

6.Cantada: Eu não acreditava em amor a primeira vista. Mas quando te vi mudei de idéia.
Resposta: Que coincidência! Eu não acreditava em assombração.

7.Cantada: Você tem uma boca! Deve ter um gostinho... Posso provar?
Resposta: Pode... (cospe no chão e vira as costas)

8.Cantada: Se tivesse uma mãe como você mamaria até os 30 anos.
Resposta: Se eu tivesse um filho como você mandava pro circo!

9.Cantada: Nossa, não sabia que boneca andava!
Resposta: E eu não sabia que sapo falava!

10.Cantada: Oi, o cachorrinho tem telefone?
Resposta: Tem, porque? Sua mãe tá no cio?

11.Cantada: Este lugar está vago?
Resposta: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você se sentar aí.

12.Cantada: Então, o que você faz da vida?
Resposta: Eu sou travesti.

13.Cantada: Será que eu já não te vi em algum lugar?
Resposta: Claro! Eu sou a recepcionista da clínica de doenças venéreas...não se lembra?

14.Cantada: A gente já não se encontrou em algum lugar antes?
Resposta: Já e é exatamente por isso que eu não vou mais lá.

15.Cantada: A gente vai para a sua casa ou para a minha?
Resposta: Os dois. Você vai para a sua casa e eu vou para a minha.

16.Cantada: Eu queria te ligar, qual é o seu telefone?
Resposta: Está na lista.
Réplica: Mas eu não sei o seu nome.
Tréplica: Também está na lista, na frente do telefone.

17.Cantada: Ora, vamos parar com isso, nós dois estamos aqui nesta boate pelo mesmo motivo.
Resposta: É, pra pegar mulher...

18.Cantada: Eu quero me dar por completo pra você.
Resposta: Sinto muito, eu não aceito esmola.

19.Cantada: Se eu pudesse te ver nua, eu morreria feliz.
Resposta: Se eu pudesse te ver nu, eu morreria de rir.

20.Cantada: Está procurando boa companhia?
Resposta: Estou, mas com você por perto vai ficar muito mais difícil
encontrar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quarta, 19/11

Hoje tá dando toda a pinta de ser um daqueles dias que precisavam ser eliminados do calendário.

Não são nem 9h. Torço muito para chegar à noite e descobrir que exagerei.

Atualização: escrevi errado, tinha um "em" sobrando na frase que já tirei. É um saco reler e descobrir erro no que se escreve de forma apreçada ou neglijente.

Atualização 2: Não falei?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os Tragicômicos







Satiagraha

Satiagraha é mais um absurdo acontecendo bem acima do seu nariz.

Em Chicago, Al Capone foi pego por sonegação, quase uma tecnicalidade se confrontrada com os outros crimes praticados por ele. Lá, o detalhe incrimina; aqui, absolve. Nesse país onde tudo funciona, onde qualquer pé-rapado é culpado até que se prove o contrário, a tecnicalidade é que vai livrar a cara da quadrilha de Armani's.

Isso leva a uma questão de princípios: você infrigiria a lei para pegar um bandidão? Se você, como eu, respondeu "depende", talvez concorde que estamos em cima do muro observando os lados daquela velha discussão: Meios versus Fins, Puristas x Práticos, Superman x Batman, etc.

Quer saber? Sendo honesto ao extremo, no Brasil, em maior ou menor grau, somos todos foras-da-lei.

Mais aqui, aqui tamém.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Novos negócios




Atenção, empreendedores tupiniquins: de carona na lei seca, que tal abrir uma franquia do Pedal Pub? O usuário toma o chopinho e ainda se exercita ao mesmo tempo, gastando no ato as calorias recém-adquiridas. Deve dar pra beber sem culpa, pelo menos enquanto tiver coordenação motora para os pedais. Pode funcionar também como telebebum. Mas há sérios inconvenientes. Além de se correr o risco de ficar tonto ou enjoado, o negócio é ter que parar para mijar, tinha que ter um banheirim acoplado pra cada sexo. Mas imagina tirar água do joelho com essa geringonça em movimento. Passo.




Who watches the watchmen?

Acabei de ver o mais recente trailer de Watchmen e minha impressão foi: aposto que vai ser uma b*sta.

Tô com o Alan Moore nessa. Aliás, nessa não. Em 99% das adaptações dos quadrinhos para o cinema, há um equívoco comum: privilegiar a verossimilhança em vez do roteiro, da essência da história. E já me pergunto: há histórias que são necessariamente exclusivas de um determinado tipo de mídia que impossibilitariam sua plenitude quando transpostas para outros meios?

O Zack Snyder me parece até um nerd bem intencionado, mas com uma sensibilidade de MTV. Se alguma tentativa de adaptação for realmente válida, precisaríamos contar Watchmen sob a batuta de um diretor europeu. Com americanos como produtores, onde realmente são excelentes.

Li Watchmen com 14 anos, e me transformou. É pena que ainda pensem se tratar de uma historinha juvenil sobre super-heróis. Não é, e a complexidade da história, a forma inovadora como explorou as possibilidades narrativas de seu meio, a quantidade de referências, a densidade psicológica e das subtramas jamais será emulada no cinema.

Lembrei agora de uma empregada de uma novela da Grobo que dizia que não gostava de novela, mas não perdia um capítulo. Perguntaram a razão, e ela: "Assisto é pra podê falá mal".

Entendo o que ela sentia.


PS. Entre os vários lauréis, Watchmen é a única obra em quadrinhos que dá de penetra em um prêmio voltado para literatura (Hugo, de sci-fi) e na lista dos 100 romances do século XX, da revista Time, que tem a seguinte resenha:
Watchmen is a graphic novel—a book-length comic book with ambitions above its station—starring a ragbag of bizarre, damaged, retired superheroes: the paunchy, melancholic Nite Owl; the raving doomsayer Rorschach; the blue, glowing, near-omnipotent, no-longer-human Doctor Manhattan. Though their heyday is past, these former crime-fighters are drawn back into action by the murder of a former teammate, The Comedian, which turns out to be the leading edge of a much wider, more disturbing conspiracy. Told with ruthless psychological realism, in fugal, overlapping plotlines and gorgeous, cinematic panels rich with repeating motifs, Watchmen is a heart-pounding, heartbreaking read and a watershed in the evolution of a young medium.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cada um dá o que tem

Ultimamente, férias tem sido um desejo latejante. Não consegui ainda marcar as minhas, a pós-graduação taí ocupando boa parte do tempo livre, tenho outras pendências importantes que podem influenciar meu futuro de várias maneiras, mas o fato é que, apesar de tudo, continuo pensando em férias. Uma semaninha com Doc and The Little Angels.

/ / /

Eu deveria estar me esforçando para escrever alguma coisa de interesse público. Tenho uma espécie de admiração por caras que falam de assuntos da ordem do dia com mais profundidade, tecem fantasias criativas ou criam trincheiras de questões importantes, como Inagaki, Almirante Nelson ou Alex Castro.

Outro dia, o Maurício Lara, cronista do caderno Gerais do Estado de Minas, disse que optou escrever apenas na terceira pessoa. Respeito barbaridade. Eu faria o mesmo, se pudesse. Mas, que diabos, eu não me largo, não consigo me livrar de mim!

Por outro lado, seu blog é uma coisa que você mesmo se impõe. Desde o início, quis escrever o que quiser, sem obrigações ou compromissos. E se se forçar a escrever com mais substância, para ir além de um diário de notas e alcançar maior interesse de um hipotético leitor, exige mais tempo e dedicação. Enfim, o que quero dizer é que nem sempre digo o que quero. Mas o que dá.

/ / /

Amigos, amigos mesmo: dá pra fazer um joinha em cada mão e olhe lá.

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O presente que qualquer um com mais de 30 gostaria de ganhar é ter o poder de perder 365 dias a cada aniversário. Acho.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bunda modelo

Do portal Uai:
Brasileira ganha concurso do bumbum mais bonito do mundo

A brasileira Melanie Nunes Fronckowiak venceu nesta quarta-feira o concurso que elegeu o bumbum mais bonito do mundo, promovido por uma marca de lingerie em Paris, na França. Eram no total 45 finalistas de 26 países diferentes e Melanie venceu na categoria feminina, enquanto o francês Saiba Bombote venceu na categoria masculina. Melanie e Saiba ganharam como prêmio um contrato de modelo para a próxima campanha da marca, uma apólice de seguro para seus bumbuns e 15 mil euros cada um. Esta foi a segunda edição do concurso que começou na internet com mais de 11 mil fotos do mundo inteiro. Cerca de 32 milhões de pessoas votaram para escolher os 45 finalistas do concurso.









Sem despeito (ou, no caso, desbunde) com o bombom do Bombote, mas sou mais o meu.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Segunda com chuva

Na minha modestíssima opinião, presidente que se preze deveria decretar uma medida provisória permanente: segunda-feira que amanhece com tempestade, raios, trovoadas e chuva pra dedéu que fazem você querer continuar na cama e só levantar na terça - será automaticamente convertida em feriado ou trabalho facultativo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Do blog do Noblat

Achei que pudesse ser de interesse público.
"Se querem me aniquilar, marquem o dia", diz Protógenes

Chego

Chego a tentar ir na região da Praça da Liberdade antes do batente, para resolver pendência particular, mas não há vagas já às 7h20. Desisto e rumo para o trabalho.

/ / /

Chego e chefe já diz que tem reunião na hora do almoço. Júpiter, adoro reuniões.

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Não resisto. Olhem o que disse hoje o nosso ilustre, doce gentleman e querido por tantas boas senhoras, Eduardo Almeida Reis:

" Fico furioso quando me mandam e-mails que começam assim: 'Olá, tudo bem?'. Não sabem meu nome, nem sequer a editoria em que trabalho. Olá, tudo bem? - é a vó! Há que se respeitar o destinatário, chame-se Manuel, Joaquim ou Eduardo".

Chego a pensar: - É ou não é uma Miss Congeniality? Sonho em segredo um dia apertar-lhe a mão e dizer "Prazer, sou o seu menor crítico".

/ / /

Chego à certeza de ter me equivocado quando escrevi sobre o Obama. No texto, lá pelas finalmências, acho. Nas linhas ou entrelinhas, qualquer impressão de "esperança" deveria ser substituída por "expectativa" - o termo certo, correto, exato. Esperança é palavra prostituída.

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Chego à sexta-feira entorpecido pelo sono e um pouco desesperançoso, apesar da euforia geral. Deve ser esse céu de novembro.

Deveres e direitos

No percurso para a agência, ouvindo o barulho do trânsito nas ruas e vindo de CBN no rádio, chamou atenção uma notícia que denunciava a situação de abandono de uma das classes mais marginalizadas da nossa sociedade: o assaltante.

Aqui em Minas, um legítimo representante da bandidagem entrou com uma ação na justiça contra sua vítima. Alegou que a vítima se defendeu.

Ao tentar assaltar uma padaria qualquer, dessas que figuram na esquina de qualquer bairro, o assaltante foi fisicamente repreendido pelo padeiro e, por conseqüência, impedido de exercer seu ofício.

Escorraçado aos safanões ou (adoro uma expressão do Nelson) "caçado a pauladas como uma ratazana prenha", deixou o estabelecimento polvilhando ameaças contra seu agressor: "Isso não vai ficar assim! Isso não vai ficar assim!".

Entrou na justiça em busca do resgate moral e das indenizações pertinentes, sustentando, no fulcro principal de suas argumentações, que ninguém tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos.

No Tribunal, o juiz babava: "Deboche! Acinte!". Deu parecer contrário à causa, mas o assaltante ainda pode recorrer.

Brasil, um país de todos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Que céu

Que céu é este, ó Novembro? De chumbo e de pó, de sobrepeso e sufoco? Que recado sussuras no calor das tuas cinzas, que mensagem ocultas na indiferença das tuas nuvens disformes? E que texto mais bichinha é este, ó Novembro?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Chico Buarque é um chato"

Esses caras são uns pândegos, diria num sei quem. Mas a polêmica é ótima! Não perdam aqui.

PS. Link consertado. Mas vou reproduzir aqui a nota, de um blog do Portal Globo, sobre o debate entre nosso caríssimo Lobão e o vetusto Nelsonmota no tal Fórum das Letras, em Ouro Preto. Os caras pareciam que antes do bate-papo tinham... vocês sabem o quê. E da estragada. Ô cidadezinha ruim das névoas eternas, essa Ouro Preto.

Eu acho o Chico Buarque um horror, um equívoco, um chato, um parnasiano. O Olavo Bilac é muito mais moderno que ele. Ele faz uma música anêmica, sem energia, sem vivacidade, parece que precisa tomar soro. A Bossa Nova é a mesma coisa, uma música easy listening, que toca em loja de departamento quando a gente vai comprar uma meia.”
Esta é apenas uma pequena amostra do que foi a participação de Lobão na mesa de abertura do Fórum das Letras de Ouro Preto (Flop). Acelerados, ele e Nelson Motta mal pararam para respirar: foram duas horas de uma conversa intensa, à qual não faltaram declarações polêmicas, mesmo da parte do geralmente conciliador Nelsinho, que nessa hora concordou:
“Tirando Tom, Vinicius e João Gilberto, tudo que veio depois na Bossa Nova foi diluição. A gente sabe que Roberto Menescal, Carlos Lyra etc são músicos de segundo time.”
Lobão contou então que, quando João Gilberto gravou sua música “Me chama”, pediram uma declaração sua:
“Todo mundo daria a ***** para ter uma música gravada pelo João Gilberto, mas eu respondi: ‘Quero que ele se ****, acho ele um chato de galocha’. Depois eu soube que ele ficou ofendidíssimo, mas odeio essa sacralização da Bossa Nova, acho isso uma *****, uma coisa jeca, sem tesão.”
Os dois voltaram a criticar a “culpa católica”, que faz os brasileiros odiarem o sucesso e o dinheiro.
“No Brasil quem faz sucesso fica deprimido porque não é pobre”, disparou Lobão. “O Tom Jobim foi chamado de lacaio do capitalismo porque fez sucesso nos Estados Unidos. No Brasil se cultua o voto de pobreza.”
Nelson Motta foi além:
“É uma mentalidade pobrista. Ninguém assume responsabilidade por nada. Se um cara mata, a culpa é da sociedade. Ora, existem fracassos e escolhas individuais. Temos que mudar essa atitude e passar a celebrar a vitória.”
Nelson falou também sobre sua experiência como escritor, atribuindo parte do sucesso de seus livros - especialmente Noites tropicais e a biografia de Tim Maia, Vale tudo - às sugestões de sua editora de texto, que interferiu diretamente no conteúdo das obras:
“Se eu não aceitasse as sugestões seria burro. Um dos problemas do brasileiro é o excesso de não-me-toques: ‘No meu texto ninguém mexe!’ Para mim, o que interessa é o resultado.”
Mas logo voltou para a música, agora para exaltar os músicos bregas dos anos 70:
“As pessoas acham que quem fazia sucesso na década de 70 era Chico Buarque e Caetano Veloso. Errado, eles só eram ouvidos pela classe média alta. Quem vendia e fazia shows eram Waldick Soriano, Odair José, Antonio Marcos… E eram músicos muito corajosos. Em plena ditadura, o Agnaldo Timóteo teve a coragem de gravar uma música chamada Galeria do amor, sobre a Galeria Alaska, em Copacabana, um ponto de encontro gay.
[intervenção de Lobão: “Uma tremenda bichona…”]
“Isso foi mais subversivo que 10 discos de Geraldo Vandré”, continuou Nelson. “E Odair José foi censurado porque lançou a música Pare de tomar a pílula em plena campanha de controle da natalidade.”
O primeiro contato entre os dois palestrantes foi em 1976, quando Nelson foi tutor legal de Lobão - para ele poder, aos 16 anos, participar como baterista de um show musical produzido por Marilia Pera, então mulher de Nelsinho. A sintonia entre os dois continua: ambos reclamam da falta de ambição de muitos músicos jovens e independentes:
“Hoje um laptop dentro de um banheiro tem mais recursos de gravação do que o estúdio de 1 milhão de dólares em que eu produzi um disco da Elis Regina nos anos 70. Ficou muito fácil gravar, então as pessoas têm obrigaação de apresentar um trabalho bom. Por outro lado, divulgar o trabalho ficou mais difícil. É por isso que as apresentações ao vivo ficaram mais caras, enquanto a música gravada está se desvalorizando.”

...

Semisubvalorização é um sentimento possível ou semanticamente conflitante?

Às vezes, acho que dou conta de vender um monte de coisas, menos a mim mesmo.

Saco.

Conta-gotas

Ontem foi uma noite de drops. A começar pelo Projeto Sempre um Papo, no Palácio das Artes, com a Fal Azevedo, dona do blog Drops da Fal.

De saída, o mediador deu sinal de que só tinha lido um pingo do livro da entrevistada - trocou o título do livro da autora, "Minúsculos Assassinatos e alguns copos de leite", por "Minúsculos Assassinos e alguns copos de leite".

Fim da entrevista. Na fila de autógrafos, começa o chuvisco. Debaixo de chuva, a Dra. e eu pegamos as menininhas na casa da avó. Conseguimos convencê-las a ir ao bar onde todos se reuniriam.

Tenho apenas drops de impressão sobre cada pessoa. A Fal, uma graça, ainda que, até onde pude acompanhar, não parecia estar se divertindo tanto. Cansaço, talvez. A Fefê eu já conhecia, aquele alto-astral de sempre. Patilda e Analu, também. A Mandrágora, embora alardeie por aí o quanto é brava, me pareceu muito simpática. Assim como a Cinthia Semíramis, as Motherns Laura e Juliana, seus respectivos, todas as outras pessoas, enfim.

Além disto não posso dizer porque só pude dedicar aos demais uma gotinha de atenção. Enquanto Bibi adormecia sobre a mesa, envolta nos braços da Doutora, Laurinha e eu ficamos concentrados em uma batalha de porrinha jamais vista na histórica rivalidade entre crianças e adultos, em que pese a minha acachapante derrota. Nas seis quedas do prelo, só obtive uma vitóriazinha contra aquele esperto pingo de gente.

Valeu a pena.

O abençoado

À exceção talvez do ponto de vista da segregação racial histórica nos Estados Unidos, ainda é muito cedo para saber o que a vitória de Obama nas urnas pode significar para o resto do mundo. Que, ontem, prendia a respiração enquanto milhares de americanos permaneciam até 4 horas em filas para confirmar o voto, num ânimo democrático como nunca se viu na história daquele país.

Mas, talvez, a presidência dos EUA ocupada por um negro seja mais do que uma efeméride racial. O difícil é definir qual a mensagem. Eu ia dizer que Obama era um exemplo de até onde a educação pode levar uma pessoa humilde, mas me lembrei do Lula. Seja como for, por mais distorções que o libelo preferido dos americanos - “terra da democracia e das oportunidades” - possua, nada contraria os fatos. Alçaram pela primeira vez à Casa Branca um “afro-descendente”, filho de imigrante queniano e muçulmano, e que ainda por cima se chama Hussein Obama! Depois vá dizer que os americanos não são empreendedores.

Quem sabe o melhor exemplo da eleição de Obama seja o que uma atitude prática - pode ser a sua, pode ser a minha - é capaz de fazer e o seu poder de transformar uma realidade, mesmo que vá contra as leis vigentes e que seja virtualmente impossível de se ver aonde aquilo vai dar ou estar aqui presente como testemunha. Desde Rosa Parks, aquela que se recusou a ceder o lugar para uma branca no ônibus no Alabama, na década de 50 - o que desencadeou uma série de reações de movimentos pelos direitos civis, projetou líderes como Martin Luther King, garantiu aos negros a ampliação de seus direitos constitucionais - e que essa resistência tenha talvez em um Obama seu produto mais bem acabado.

Segregação à parte, a responsabilidade do presidente eleito dos EUA é gigante porque, como sabemos, a decepção é diretamente proporcional à esperança. A ascensão de Barack - “O abençoado”, em árabe - ao trono do Império Romano contemporâneo deveria preocupar todo o resto do planeta mais pela capacidade dele de fazer um bom governo e de uma política externa e ambiental decentes do que pelo tom de sua pele. No fim, o juízo que importa não é a cor de cada caráter?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Língua - Vidas em português - João Ubaldo

João Ubaldo

O bonachão baiano vai lançar um livro em breve. Intitulado "O Rei da noite", é uma coleção de textos sobre o universo da boemia, causos de bares, assuntos correlatos, etc.

Há tempos que deixei de lê-lo semanalmente e, mesmo nos últimos anos, nunca gostei muito das crônicas situadas no boteco do Leblon. Ainda assim, Ubaldo sempre me inspirou a maior admiração e simpatia. Se, por um lado, de tudo o que ele escreveu desperte talvez apenas sentimentos moderados, por outro fico encantado com seu jeito de pensar, sua simplicidade, sua compaixão pelo semelhante e paixão pela vida. Sem falar que o bicho é uma figura, sempre a flanar com sua indumentária típica - camisa social manga curta, bermuda e chinelos -, o andar malemolente de arrasta-sandália e aquele vozeirão derreado de quem parece estar na quarta ou quinta garrafa de Jack Daniels, embora ele garanta que hoje só beba guaraná.

Pelo que li das sinopses - por que será que desconfio que os sujeitos que fazem sinopse de livro escrevem como se aquela fosse a oportunidade única de se imortalizar, de deixar para sempre a marca de sua própria genialidade na história da literatura? - Enfim. Pelo que li das sinopses, paira sobre o livro um certo espírito que costuma dar as caras aqui no Boêmios no divã: a culpa contumaz pela alegre irresponsabilidade da noite, o gosto perene pela mesa de bar, essa eterna tentativa de remissão dos prazeres noturnos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

P.S.: I love you

Trilha desta preguiçosa tarde de segunda-feira: Billie Holiday. Aqui.

Novos Negócios

A série continua. Dessa vez, com uma ilustre concepção by Meg Marques Business Corp.

- Abriremos em Belo Horizonte o generosíssimo Pantagruel - Casa de Banquetes. Nada de mixarias e porçõezinhas: um restaurante para grandes grupos, com refeições enormes e mesas fartas, tal qual o imaginário que fazemos daqueles banquetes medievais - lacaios trazendo um cordeiro assado amarrado pelos pés, faisões e perdizes inteiros em cada prato, leitões de maçã na boca em bandejas de prata, ceveja em litros e vinho do bom em cada taça de estanho. Como contraponto, propus à Dra. a possibilidade de um anexo - a doceria Liliput -, de bombons delicados, pequeninos e graciosos, tudo consumível em apenas um bocado. Mas acho que a modesta sugestão não agradou, talvez eu pense pequeno demais.

- Sobressaltos: loja descolada de calçados, sandálias, botas e acessórios femininos. Olhaí, Patilda.

Reportando

Não tem semana que vire e eu não tenha uma pancada de coisas para resolver. Arre, porque, em mim, onde sobra indisciplina soçobra organização. Pra me governar, preciso de uma Secretaria da Fazenda, um Departamento de Logística e uma Agência de Inteligência Aplicada.

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Ótimo fim de semana em Viçosa, no aniversário do sogrão, grande figura. A festa estava um luxo só e todos os méritos devem ir para a querida D. Zezinha, um doce de pessoa. Felizmente, desta vez não entornei nem derrubei nada (por mais que involuntariamente tentasse). Mas tomei meus cuidados, no lanche da tarde preferi o chá ao café. E a garrafa pega-genro estava lá, traiçoeira.

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Pergunta: não somos todos estereótipos? Ou os criamos para facilitar a compreensão de mundo e os juízos de valor? Talvez a gente só repare no quão acostumado está a olhar os outros como estereótipos quando você se descobre sendo vítima de um.

Boa semana pra vocês também.


PS. Esqueci de falar que a Gataça estava lindíssima, ahazou na festa .

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Camiseta

O slogan da caixa de cotonetes importada que ganhei - "Gentle and Safe". Hmm, isso poderia ou não poderia ser uma frase pra camiseta?

Nome aos boys

Nelson Rodrigues costumava dizer que nome é destino. Ninguém nasce Napoleão Bonaparte impunemente, filosofava.
Este trecho de notíca da Agência Estado me fez ter pena de um pobre rapaz.

Justiça aprova e Wonarllevyston tira Paullynelly Mell do nome
O adolescente Wonarllevyston Garlan Marllon Branddon Bruno Paullynelly Mell (que ainda tem mais quatro sobrenomes que não foram divulgados por se tratar de menor), de 13 anos, obteve na Justiça a alteração de seu nome em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS), o adolescente foi autorizado a mudar o nome no fim do ano passado. Com a mudança, ele continuou com o primeiro nome, Wonarllevyston, pelo qual já era conhecido, e retirou os outros, permanecendo apenas Bruno, além dos sobrenomes não divulgados.

Em audiência, a mãe dele, Dalvina Xuxa, disse que o nome do filho é fruto de diversas sugestões, mas reconheceu ter exagerado, segundo o Tribunal de Justiça do Estado.

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Que fria, já pensou? Se fosse eu no lugar do pobre Wonarllevyston, como me chamaria? Rubbernylson Valdisnei Celestial Chakra de Kalimantra Wellingtom Cruise Rérrisonfor de Azeyte Ômega?

E se fosse você fosse o filho da Dona Xuxa?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ninguém

Ninguém precisa conviver com quem não presta. Ninguém merece compartilhar o tempo mais do que o minimamente necessário com os canalhas, os cretinos, os covardes. Ninguém tem que continuamente sofrer e achar que esse padecer intermitente é um fato normal, irrevogável e imutável. Ninguém tem que acatar ameaças, bravatas e ofensas sem ter o legítimo direito de reagir. Ninguém deve ficar calado quando bocas fétidas vertem merda para nausear e conspurcar um dia que não lhes pertence. Ninguém deve permanecer em silêncio diante de pessoas comprometidas com o seu fim.

Porque a vida é curta, curta, curta, amigos. Curta.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A bunda

Não sou exatamente fã do Carlos Drummond. Mas olha que beleza, que sensacional esse poema que desconhecia e achei por aí!

No corpo feminino, esse retiro
- a doce bunda - é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro,
Pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

Que tanto mais a quero, se me firo
Em unhas protestantes, a respiro
A brisa dos planetas, no seu giro
Lento, violento... Então, se ponho tiro

A mão em concha - a mão, sábio papiro,
Iluminando o gozo, qual lampiro.
Ou se, dessedentado, já me estiro,

Me penso, me restauro, me confiro,
O sentimento da morte ei que adquiro:
De rola, a bunda torna-se vampiro.


Novo festival

Moçada de BH. O Comida di Buteco acaba de ganhar um clone: Bar em Bar. Na prática, uma re-edição do festival original, com alguns bares já velhos de guerra e outros que debutam, como alguns do Mercado Central.

Quem quiser conferir, acesse: http://www.barembar.com.br

De cara, pensei num que a patroa pode gostar: o Dela Noche (embora de buteco ele não tenha nada, é um restaurantão meio chicoso). Além do prato ser apetecível ao gosto da exigente Doutora, o Dela Noche é pertinho pra gente.

E você? Escolha seu bar, seu par e bom apetite.

Nossas opções

Copiei do blog do Tas que copiou do blog da Cora Ronái. Ignoro se a Cora é "do mal" ou "do bem" - como nas histórias infantis, a simplificação facilita a vida da gente. Mas deve ser do bem. Ela escreveu sobre o Paes e o Gabeira, mas, de certa forma, traduziu um pouco a indignação com nossos políticos.

Bem, pelo menos lá no Rio eles tiveram opção.


A derrota de Paes

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos.

Como vitória política, já é um resultado extremamente questionável; mas do ponto de vista pessoal, é uma derrota acachapante. Eduardo Paes levou a prefeitura, sim, mas de contrapeso ficou com uma quadrilha de aliados que não deixa nada a dever àquela que ele acusava o presidente Lula de comandar. Vai ser prefeito, sim, mas vai ter de arranjar boquinhas para o Crivella, para o Lupi, para o Piciani, para a Clarissa Garotinho, para o Roberto Jefferson, para a Carminha Jerominho, para o Babu, para o Dornelles, para a Jandira... estou esquecendo alguém?

Conquistou um cargo, é verdade, mas conquistou também o desprezo mais profundo de metade do eleitorado. Em compensação, como carioca, perdeu a chance de viver um momento histórico, em que a prefeitura seria, afinal, ocupada por um homem de bem, com idéias novas e um novo jeito de fazer política; perdeu a chance de ver o Rio de Janeiro sair do limbo a que foi condenado nas últimas décadas, e ganhar projeção pela singularidade da sua administração.

Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seria obrigado a prestar atenção.

Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante "Liberou geral!"

Nojo, nojo, nojo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Toma um Quirido?

1ª visita ao Governo de Minas: Casa Verde, s/ nº, Praça da Liberdade. Reunião que inclui a criação da agência, com diretrizes e parâmetros gerais, o jeito de fazer, o que pode e o que não pode ser dito. Vamos lá, Rubovsky: não vá falar besteira e estragar tudo logo de cara. Prestenção.

Parece que o calor que faz lá fora esquentou os ânimos aqui dentro. Tava um converseiro só entre a alta cúpula aquinagência hoje cedo. Tudo parece calmo agora.

E a briguinha do Fábio Fernandes e o Nizan Guanaes no Maximídia, hein? Tremenda Egofight! No blog do Tas tem uma amostra. Sei lá, acho que ambos tem suas razões e me abstenho. Mas ó, eu casava dezinho no Nizan se ele ainda tivesse aquele corpanzil de antes da redução de estômago.

E, já que o papo tá publicitário, achei formidável a expressão que me contaram: "Tomar um Quirido"! A expressão rola por aí entre os "colaboradores" de uma agência de um amigo e significa tomar um carão, uma chamada desqualificante, reprimenda vexatória ou observação sarcástica do chefe, que começa com um esgar no rosto, seguido do gestinho de vemcá com os dedos e o inevitável bordão - "Ôôô, meu querido...". A censura tem que ser pública, é claro. De preferência, com o cliente vendo.

Vejo na expressão muito futuro, aplicável em inúmeras situações e possibilidades sociais. Afinal, quem é que nunca tomou um Quirido? Brasileiro vive tomando Quirido todo dia.

Pregui

1h07 am. Paro por aqui os trabalhos da pós. Não fosse tão preguiçoso, jamais admitiria uma certa satisfação em fazê-los. Me compraz a tarefa de concatenar raciocínios, bordar um ou outro sofismazinho, fletir os músculos cerebrais... No entanto, penso que de alguma maneira é confortável ter a pregui como escusa ou, possivelmente, como auto-absolvição; assim, a segurança de que você poderia ser brilhante, mas não estava no clima, permanece como uma possibilidade que sempre estará com vento a favor.

No fim, é a constatação um pouco triste de uma possível covardia? Talvez.

De burrice, sem dúvida.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cotonetes

Sábado teve cervejinha boa com Leo. O amigo, que voltou de uma viagem recente dos EUA, me trouxe de surpresa uma camiseta do Spider-man e uma caixa contendo 500 cotonetes cujo slogan é "Gentle and Safe".

Os cotonetes são piada interna há alguns anos. Entre meus amigos do Serro, tem um que foi aos Estados Unidos com quase tudo subvencionado pela irmã. Na época, ele era um duro. Sem um mango no bolso, achou ainda assim que seria um vexame pra ele voltar da América (onde quase todo mundo compra uma coisinha, um eletrônicozinho, um aipodezinho, um parzinho de tênis, enfim) de mãos abanando. Então, pra não passar atestado de pobreza, pra ninguém dizer que ele foi aos Estados Unidos e não trouxera nada, quase na hora de embarcar para o Brasil, entrou numa free shop, vasculhou o que tava em promoção e fosse o mais baratinho e então comprou caixas e caixas de cotonetes.

Nascia ali uma lenda, e até hoje o bicho paga na pele o imposto dessa importação.


E o Leo, óbvio, não resistiu à tentação de emular a história. Agora, não sei o que o amigo do Serro fez com os cotonetes dele - se deu de presente, se usou e de que forma usou, se revendeu ou estocou. Mas caso eu apareça de orelha suja na rua e controle remoto encardido em casa daqui em diante, podem me cobrar.

Previsão Meteoropostológica


Aproxima-se uma frente de muitos trabalhos da pós-graduação. Que vem de encontro a uma massa estacionária de freelas. Altas temperaturas, muito calor e suor ao longo de toda a semana. Tempo seco, posts esparsos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Coletânea

Um pequeno apanhado das manchetes hoje. Associei-as por correlação:

- 'Gás do pum' pode reduzir a pressão alta
Estudo encontrou sulfeto de hidrogênio nas paredes venosas
- Peito pequeno: Café diminui os seios
Mais de três xícaras por dia afetariam hormônios femininos


- Mulher é presa por matar marido virtualmente
Japonesa ficou brava por causa de divórcio virtual
- Banida das piscinas, Rebeca Gusmão vai jogar a liga nacional de futebol feminino


- Berlusconi quer separar aluno italiano de estrangeiro
- Bandidos invadem prédio na Zona Sul de Niterói


- Liv Tyler passeia com cão
- Michael Jackson tira o dia para cuidar da beleza


- Dinossauros dominaram o mundo por pura sorte, afirma estudo
Comparação de répteis com principais rivais não revelou superioridade.
- O Rei está amando
Roberto Carlos está namorando uma estudante de medicina de 23 anos

Vou trocar de orientador na monografia

Como não pensei nele antes?



O Botafogo passa por uma grave crise financeira e tem atrasado os salários dos jogadores. Se você fosse presidente do clube, o que faria para resolver essa situação?
Tem que ter parceiros, investidores, patrocinadores, buscar recursos. Eu, que entendo muito de marketing, sei que o futebol sem o marketing é inviável fazer futebol sem isso. Você não consegue contratar grandes jogadores e é preciso tomar cuidar com a sua receita. Você não pode gastar mais do que ganha. Essa é a primeira lição básica do futebol e da economia.

Túlio Maravilha, para o GloboEsporte.com