sexta-feira, 17 de julho de 2009

Meu ídalo

De vez em quando, gosto de reler o Sagan.

Me renova as energias em direção ao ceticismo inteligente e destemido.

Dá vontade de reproduzir um ou outro artigo do bicho aqui, mas é grande demais. Talvez pusesse o link, se houvesse interessados.

Um trechinho:

Ocasionalmente, por sinal, eu recebo uma carta de alguém que está "em contato" com um extraterrestre que me convida a "perguntar qualquer coisa". E eu tenho uma lista de perguntas. Os extraterrestres são muito avançados, lembrem-se. Portanto eu peço coisas como "por favor forneça uma prova curta do último teorema de Fermat (nota 1) ". Ou da conjectura de Goldbach. E eu tenho que explicar o que são essas coisas, porque os extraterrestres não as chamarão de último teorema de Fermat, então eu escrevo uma pequena equação com expoentes. E nunca me respondem. Por outro lado, se eu perguntar algo como "Os humanos devem ser bons?", eles sempre me respondem. Acho que alguma coisa pode ser deduzida desta habilidade diferencial de responder a perguntas. Qualquer pergunta vaga é respondida com muito prazer, mas quando se trata de qualquer coisa específica em que haja a possibilidade de se descobrir se eles realmente sabem alguma coisa, só encontro o silêncio.

O cientista francês Henri Poincaré afirmou o seguinte sobre por que a credulidade é avassaladora: "Também sabemos quão cruel a verdade freqüentemente é, e nos perguntamos se a ilusão não é mais consoladora". Foi isso que tentei dizer com meus exemplos. Mas eu não penso que essa seja a única razão de a credulidade ser avassaladora. O ceticismo desafia instituições estabelecidas. Se ensinarmos a todos, digamos os estudantes do ensino médio, o hábito de serem céticos, talvez essas pessoas não restrinjam seu ceticismo a comerciais de aspirina e canalizadores de 35.000 anos (ou canalizados). Talvez eles comecem a fazer perguntas difíceis sobre instituições econômicas, sociais, políticas ou religiosas. E onde iremos parar?

O ceticismo é perigoso. Essa é exatamente sua função, no meu ponto de vista. É função do ceticismo ser perigoso. E é por isso que há uma grande relutância para ensiná-lo nas escolas. É por isso que você não encontra uma fluência geral em ceticismo na mídia. Por outro lado, como dominaremos um futuro muito perigoso se não tivermos as ferramentas intelectuais mais elementares para fazer perguntas investigativas àqueles nominalmente no comando, especialmente em uma democracia?

Nota 1 - O último teorema de Fermat já foi resolvido. E foi por humanos.



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