terça-feira, 31 de agosto de 2010

Contra o juiz

Porra, a entrevista do Jornal da Globo com a Dilma foi uma sacanagem. Ardis, má-vontade, perguntas venenosas escondidas em embalagens de doces.

É nojento esse modus operandi da Globo, Folha, Veja, Época, Estadão... Porque, como os ardis e vilezas se camuflam no campo das sutilezas, tudo fica im-provável, tornando impossível uma acusação peremptória de falta de isenção por parte dos jornalistas e da empresa que representam - sejam eles quais forem. A sordidez é tal que a coisa toda fica sempre nos tons, no farisaísmo, nas nuances: a inflexão de voz, o rol de perguntas escolhidas, o jeito como se interrompe o entrevistado.

Vai ver depois se o Zé vai ser sabatinado com a mesma deferência que a Dona Coroa.

E a elegância com que ela saiu das ciladas vampirescas do cocheiro do Drácula... ela nem precisaria ter ido, já que outro dia vazou em off ele dizendo "mandem ela calar a boca!". Bem nas pesquisas, podia se dar ao luxo de esnobar.

Não esnobou.

Essas tentativas de manipulação midiáticas - que não são de hoje - são uma praga que ainda tenho esperança de um dia ver erradicadas.

Eu, que tava meio neutro, sei lá, como se assistindo a uma partida entre Racing Santander versus Albacete, começo a torcer a favor do time que está sendo descaradamente roubado pelo juiz.

Na nossa cara.

Cão danado

Em pleno gramado

Agachado

Fazendo carinho

No filhotinho

Aí o cachorro

Safado

Rodeou pelos lados

Farejando o caminho

Levantei assustado

Com seu focinho

Gelado

No meu cofrinho.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Nelson

Está feita a insânia. Chegou em casa, neste domingo, Nelson - um labrador pretinho.

Por quê diabos Nelson, perguntam.

Ora, por causa de Nelson Rodrigues, que eu gosto.

Argumentam: - Não é nome para cachorro. Talvez, talvez. Perguntem isso às nossas esquerdas.

É uma raça grande demais, inquieta, bagunceira.

Verdade. Mas, de vez em quando nessa vida, eu tenho surtos de sensatez. Agora não foi o caso.

Enfim, o momento é de excitação e resignação.

É uma vez um cachorro, era uma vez um jardim.

/ / /

Fotos do Zé Carrapato aqui em D. Meguinha.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

English Bulldog watching TV (Family Guy) sitting on a couch

Tenho um primo que apresenta o mesmo comportamento doméstico.



Palmeiras x Atlético, no Ipatingão

"Vamos lá, moçada! Olhem o time que a gente vai enfrentar! É a nossa chance, eles são péssimos!!!"

Dois times, a mesma preleção.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Projetos

- Mexer com terra
Dominar os princípios básicos de horta e jardinagem. Semear, plantar, colher, podar. Conhecer diferentes espécies de flores e plantas, seus hábitos e idiossincrasias. É hora de sujar as unhas.

- Bricolagem
Pequenas reformas e reparos em móveis e objetos. Serrar, lixar, envernizar. Projetar uma horta. Assentar tijolos e azulejos. Criar prateleiras, bancadas e acessórios amiúde.

- Pintura
Aprender a pintar superfícies diferentes: paredes, metais, madeira. Manejar rolos e pincéis com destreza, fazer misturas.

- Artesanato
Recuperar e reciclar objetos: pequenos vôos de uma mente inquieta e despretensiosa.

- Investimento
Arrumar alguma forma de fazer dinheiro gerar mais dinheiro.

- Leitura
Debulhar (ao menos uma porcentagem mínima) a biblioteca disponível em casa. Observação para futura referência: uma rede confortável ao ar livre é fundamental para o êxito deste projeto.

- Família expandida
Esperar com serenidade o que o destino me reservar.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

anúncio


Anúncio bacana: comemora o bi da Libertadores provocando o rival Grêmio, sem que pra isso seja necessário mencioná-lo nem uma vez sequer. Prova de que a inteligência que vem marcando a administração do Inter fora das quatro linhas rola também dentro do campo da publicidade.

Pobre Galo.

PS tardio: imaginei o mesmo anúncio com o time mineiro, porém com um ator no papel de Matusalém.

Apenas uma observação

Apesar de ser um sujeito notadamente fantástico, a consciência da vastidão da minha ignorância sempre foi antídoto infalível contra qualquer tentativa de envenenamento do espírito pela egolatria.

Quanto mais se sabe, mais se sabe que menos se sabe.

Bom sábadomingo pra você também.




quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Amnésia! Amnésia!

É um paradoxo. Nunca tanta informação esteve tão disponível, nunca o tempo para absorvê-la foi tão escasso - nem que seja a captura de somente uma iota desse fluxo infinito de conteúdo.

Qual o quê, meu espanto diante daquelas pessoas com memória privilegiada só é menor diante dos cada vez mais desmemoriados. Tipo, euzão.

Quantas e quantas vezes não me surpreendo tendo esquecido o significado de uma mesma palavra à qual já fiz várias consultas prévias? Quantas e quantas vezes um trecho literário qualquer interrompe o pensamento e se torna impossível, para mim, identificar onde e quando eu o lera? Quantas e quantas vezes o que escrevi tem se tornado irreconhecível?

Outro dia mesmo, folheando revista, topei com o anúncio de um cliente nosso. Julguei: "Não está de todo mau". Fui então à colega designer, que participou da composição e disse: "Sabe, até que ficou bom, coisital. Quem o redigiu? Foi a redatora Fulana?"

A colega impaciente respondeu: "Foi você, oras. Em maio".

Em maio! E, nisso, ainda passei uma impressão errada, porque ela achou que eu estivesse fazendo papel de joão-sem-braço só para forçar elogio ao meu trabalho.

A idade não vai melhorar a decadência mnemônica, certamente. Em função deste cenário desolador, eu gostaria de fazer um veemente apelo às autoridades:

- Ei, Apple, Microsoft, Google! Parem de brigar entre si e inventem uma solução para o meu problema! Preciso de um chip no cérebro, com wirelles, bluetooth e HD externo com 320 GB. Preciso acessar o google da minha mente. Preciso ter um dicionário bioembutido para consultar o significado dos verbetes que sempre esqueço quando ando pela rua (queria citar pelo menos um deles aqui, mas, por acaso, esqueci agora quais são).

A continuar do jeito que está, não dá. Minha memória entra por um olvido e sai por outro.

Agora há pouco, por exemplo. Aconteceu desse jeitinho, juro, é a pura verdade. Estava eu aqui encafifado, tentando sem sucesso me lembrar de um termo para concluir o post. Puxa, como é que se chama aquilo mesmo... caramba, esqueci. Vou ter que perguntar pro pessoal do estúdio:

- Moçada. Como é que a gente fala quando a pessoa perde a memória e não sabe mais quem é?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ecce omo

Nietzsche é uma figuraça.

Figuraça.

Demente ou são, não importa.

Às vezes, dá impressão de que o bicho está o tempo todo fazendo galhofa. Tirando sarro.

Mas não dá pra saber ao certo.

É indecifrável.

Mas não deixa de ser, independentemente de sua filosofia e todos os eventuais achaques, um verdadeiro estilista, e, como pensador, absolutamente invulnerável ao consenso crítico.

"Eis o homem". Mas quem hoje lavaria as mãos por ele?

* * *
Nota: não estranhe, mas se eu fosse editor de um tablóide inglês, tascava a manchete "Ecce homo" para a matéria sobre o Ricky Martin finalmente assumindo e saindo do armário. Daria ao jornalismo de celebridades um, ahn, sei lá, um certo "frescor intelectual". Falei.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ventos ululantes

Quiseram os deuses - como vaticinaram nos telejornais suas oráculos, as moças do tempo - que estes dias frios e secos fossem também os de nossa adaptação à casa nova.

Ontem, por exemplo. Aquecimento solar que nada (lá nem bate sol direito ou direto): ficou provado que nosso negócio é instalar um gerador para energia eólica. Barbaridade, vai ventar assim lá em algum romance de Emily Bronte.

Por outro lado, mal posso esperar para ver o efeito que se produzirá em Laurinha e Bibi caso se repita, hoje à noite, a sinfonia fantasmagórica. É o clima perfeito para histórias macabras! Hu-ho-haha!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

a pizza antes do cinema estava mais gostosa

O tal Inception, A origem, acabou tendo nada de mais. Tirante alguns efeitos especiais e a narrativa amarrada em três planos temporais distintos - a la Vestido de Noiva -, achei que foi um filme até bom. Normal. Não entendi o blablablá em torno da ficção, "a melhor desde Matrix", além de um bandigente falando que iria voltar ao cinema para ver outra vez - "para tentar entender". Sem falar que, estruturalmente, o filme é parecido demais com o Ilha do Medo, do Scorcese, com o mesmo DiCaprio. Mas nem seria preciso ter visto esse filme antes pra saber que o final seria previsível.

Enfim, não é o blockbuster dos meus sonhos.




terça-feira, 10 de agosto de 2010

inclassificáveis

A diferença

Entre dar piti

E passar um pito

Não reside

No tipo, ó,

De faniquito.


Pois todo frasco

Que beija o chão

Se for fraco

Tá lascado!

Vira um fiasco

Pra sua função.


E o cruzamento

De um pirilampo

Com ditirambo...

alguém arrisca?

Deu numa espécie

De alada hipérbole

Que pisca.

Uma casa de arac

Isso não muda o fato de estarmos empolgados com nossa nova moradia - espécie de experiência híbrida, um cruzamento de quintal com apartamento.

Porém, a julgar pelo número de incidências x tempo de permanência até aqui, constato que esta é também uma casa de aracnídeos.

Temo descobrir que talvez sejam eles os verdadeiros inquilinos; nós, os hóspedes indesejáveis.

Claro, caranguejeiras não fazem mal. Mas, essa aí, nem vi nem fui eu que matei. Foi a faxineira, que deu cabo dela no banheiro de serviço. Não posso dizer o mesmo de uma marronzinha que Meg achou perto da máquina de lavar, ou a branquinha, que liquidei atrás da jardineira, na área externa, para alívio profundo de Bibi. Que, inclusive, trancou a porta para me isolar lá fora enquanto eu fazia o serviço com o monstro de 4 centímetros e, algo impressionada, me pediu para fechar os basculantes do banheiro para ela tomar banho em sossego.

A princípio, não tenho problemas maiores com aranhas. Venenosas ou inofensivas. Mesmo porque não sei classificá-las direito e, como todo mundo sabe, a ignorância leva à violência. No caso, violência doméstica contra as aranhas.

Sei que elas fazem bem e cumprem seu papel no microecossistema. Comem bugs e talz. Mas, como o problema de identificação das aranhas persiste e, ante à sua presença, o terror feminino se alevanta, também não vou querer correr o risco de levar umas picadas.

A menos que a bichinha seja radioativa. Pequenas aranhas, grandes responsabilidades.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Inception. Alguém aí já foi ver? Vou tentar armar com Meguinha pra gente ir nesta semana, mas, por causa da leitura de uma crítica, tô com medo de ter matado uma charada da trama antes mesmo de assistir. Com aquele do garotinho "I see dead people" foi assim.

Enfim, quem viu, plis, não conte. Comente.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Bico futuro

Já coloquei chuveiro, já retirei ventilador, já instalei lustres, já arrumei tomadas, já botei lixo pra fora, já carreguei móveis, já misturei cimento, já tapei buraco, já podei trepadeira, já molhei o gramado, já reguei plantas, já fiz feira no supermercado.

A próxima tarefa, a tarefa de hoje, será consertar a válvula da descarga do banheiro das meninas.

Amanhã tenho um minicurso de horticultura.

Logo-logo, pretendo fazer um de bricolagem, para aprender a manejar todo o ferramental que há, além de pintar e reformar geral.

E se eu conseguir vencer o maior e mais intrincado desafio de todos - instalar a complicadíssima trama de fios, ganchos e roldanas que compõem a má fama daqueles enigmas domésticos que a tradição chama de "varais" - , penso seriamente em botar um anúncio de "Marido de Aluguel", é, para fazer render um extrazinho. Desde que - é claro - o cachê inclua umas geladas ao fim do expediente. Não trabalho de graça.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Casa nova

Mudamos, enfim. Eu, Meg, as menininhas. *

Foram meses. De pesquisa, compra, preparação.

A estafa que foi até agora talvez ainda perca àquela que será.

Por exemplo: segunda feira, a transportadora começou às 9h30 e acabou às 17h30.

Já nosso trabalho, que começou mais cedo, terminaria bem mais tarde.

Embalados, conquanto exaustos, desembalamos caixas noite afora. Catarata de caixas. Mais de duzentas, segundo um dos carregadores.

E, conhecendo intimamente nossas instalações, a cada esbarro se repara em algo que pede reparo. Ou substituição. Ou acréscimo.

Tudo bem. Tô esfolado, pregado, sem grana, mas tô feliz.

Que se registre então esta escritura, a quem interessar possa:

Mudamos Eu, Meg, as menininhas.

E que este lar, morada de um tempo novo em nossas vidas, também nos ajude a mudar. Mudar para melhor.



*Grato a cada um que colaborou para tanto e torceu a favor.