Terminei de ler um livro do Dr. Irvin D. Yalom, o autor de Quando Nietzsche chorou, talvez seu lançamento mais famoso. O que eu li - O carrasco do amor - já havia, como era de se esperar, sido devorado por Meg faz tempo. Ela já leu quase todos.
É leitura muito interessante, quase viciante. Divido em contos, cada capítulo conta a história mezzo real mezzo calabresa de um determinado paciente. Fica difícil largar o conto, a gente parece ter algum sentimento meio mórbido de acompanhar a paranóia do outro, a forma como aquele paciente conseguiu aliviar ou erradicar as próprias neuroses, que, não raro, costumam, aqui e ali, ser muito semelhantes às que tentamos ou fingimos ocultar.
Agora, creio ter uma compreensão melhor das razões pelas quais, nas preguiçosas manhãs dos primeiros meses do namoro com a Dra., ela sempre me perguntava o que eu havia sonhado. Intrigado, eu pensava: "Mas que diabos essa mulher tá tão preocupada com o que ando sonhando?". Mas eu sempre contava o sonho, pelo menos o que lembrava, e então, enquanto sorvia a sua xícara de café fumegante, Meg se dedicava a dissecar meu sonho por meio de complexas psicoteorias do inconsciente, sistematizações lacanianas e análises freudianas, diante do meu silêncio desconfiado ou de uma ou outra aquiescência. Como dizia, esse comportamento da minha terapeuta matinal me parece claro agora, depois de ter lido o Dr. Yalom. Em seus tratamentos, ele dá muita importância aos significados dos sonhos dos pacientes. Hoje, virou quase um hábito entre os dois charlatães acordar e querer saber sonho do outro para bancar o terapeuta agudo e persipcaz .
Mas vou ler mais. Nas artes da boemia sou versado, tenho que ficar prosa é no divã.
Um comentário:
Herr Doktor,
Charlatanices à parte, é muito saudável tentar lembrar e contar os próprios sonhos. Mesmo que ninguém seja realmente capaz de interpretá-los de maneira confiável, dão sempre bons temas de reflexão.
bjos
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