sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Who watches the watchmen?

Acabei de ver o mais recente trailer de Watchmen e minha impressão foi: aposto que vai ser uma b*sta.

Tô com o Alan Moore nessa. Aliás, nessa não. Em 99% das adaptações dos quadrinhos para o cinema, há um equívoco comum: privilegiar a verossimilhança em vez do roteiro, da essência da história. E já me pergunto: há histórias que são necessariamente exclusivas de um determinado tipo de mídia que impossibilitariam sua plenitude quando transpostas para outros meios?

O Zack Snyder me parece até um nerd bem intencionado, mas com uma sensibilidade de MTV. Se alguma tentativa de adaptação for realmente válida, precisaríamos contar Watchmen sob a batuta de um diretor europeu. Com americanos como produtores, onde realmente são excelentes.

Li Watchmen com 14 anos, e me transformou. É pena que ainda pensem se tratar de uma historinha juvenil sobre super-heróis. Não é, e a complexidade da história, a forma inovadora como explorou as possibilidades narrativas de seu meio, a quantidade de referências, a densidade psicológica e das subtramas jamais será emulada no cinema.

Lembrei agora de uma empregada de uma novela da Grobo que dizia que não gostava de novela, mas não perdia um capítulo. Perguntaram a razão, e ela: "Assisto é pra podê falá mal".

Entendo o que ela sentia.


PS. Entre os vários lauréis, Watchmen é a única obra em quadrinhos que dá de penetra em um prêmio voltado para literatura (Hugo, de sci-fi) e na lista dos 100 romances do século XX, da revista Time, que tem a seguinte resenha:
Watchmen is a graphic novel—a book-length comic book with ambitions above its station—starring a ragbag of bizarre, damaged, retired superheroes: the paunchy, melancholic Nite Owl; the raving doomsayer Rorschach; the blue, glowing, near-omnipotent, no-longer-human Doctor Manhattan. Though their heyday is past, these former crime-fighters are drawn back into action by the murder of a former teammate, The Comedian, which turns out to be the leading edge of a much wider, more disturbing conspiracy. Told with ruthless psychological realism, in fugal, overlapping plotlines and gorgeous, cinematic panels rich with repeating motifs, Watchmen is a heart-pounding, heartbreaking read and a watershed in the evolution of a young medium.


5 comentários:

Anônimo disse...

Você só gosta do meu filme fofo, Rubão.

Rubão disse...

Essa tatu aí só podia ser o panaca do Leo.

Ms. T. Rios disse...

Uai, e o Sandman, do Neil Gaiman, não ganhou prêmio literário também ? Aliás, acho que foi o primeiro ! (Fã do Gaiman, eu ?!)

;o)

Rubão disse...

Sabia não, Cyn. Cronologicamente, Sandman é posterior a Watchmen. Talvez o prêmio que você diz tenha sido o contrário. Mas, entre os britânicos, sou Moore de carteirinha. Observação nada a ver: não é a primeira vez que reparo - as mulheres da blogosfera gostam mesmo do Sandman, da Morte, etc.

Letícia Silviano disse...

Como Rubens foi uma espécie de Sr.Miyagi para mim na introdução ao mundo dos quadrinhos, compartilho de muita de suas opiniões, inclusive da enorme admiração pelo Alan Moore e uma certa resistência ao Gaiman, de quem já tentei gostar e não consegui. Maus, de Art Spielgeman - talvez a melhor obra já feita sobre o Holicausto -, ganhou o prêmio Pulitzer de literatura em 1992 (não estou bem certa da data), mas não sei se foi antes ou depois de Watchmen.