terça-feira, 4 de novembro de 2008

João Ubaldo

O bonachão baiano vai lançar um livro em breve. Intitulado "O Rei da noite", é uma coleção de textos sobre o universo da boemia, causos de bares, assuntos correlatos, etc.

Há tempos que deixei de lê-lo semanalmente e, mesmo nos últimos anos, nunca gostei muito das crônicas situadas no boteco do Leblon. Ainda assim, Ubaldo sempre me inspirou a maior admiração e simpatia. Se, por um lado, de tudo o que ele escreveu desperte talvez apenas sentimentos moderados, por outro fico encantado com seu jeito de pensar, sua simplicidade, sua compaixão pelo semelhante e paixão pela vida. Sem falar que o bicho é uma figura, sempre a flanar com sua indumentária típica - camisa social manga curta, bermuda e chinelos -, o andar malemolente de arrasta-sandália e aquele vozeirão derreado de quem parece estar na quarta ou quinta garrafa de Jack Daniels, embora ele garanta que hoje só beba guaraná.

Pelo que li das sinopses - por que será que desconfio que os sujeitos que fazem sinopse de livro escrevem como se aquela fosse a oportunidade única de se imortalizar, de deixar para sempre a marca de sua própria genialidade na história da literatura? - Enfim. Pelo que li das sinopses, paira sobre o livro um certo espírito que costuma dar as caras aqui no Boêmios no divã: a culpa contumaz pela alegre irresponsabilidade da noite, o gosto perene pela mesa de bar, essa eterna tentativa de remissão dos prazeres noturnos.

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