Mostra, às outras,
O que ocultam
As ostras.
Abunda por aí
Gente vazia
Cheia de si.
Povo oco.
Ovo pouco.
Puro vácuo.
Nada novo.
No espelho,
Rostos rotos,
Caricatos.
Tudo pelo
Quo do status.
domingo, 31 de agosto de 2008
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Decálogo de prazeres triviais
1. subir morro embalado sem retardatário à frente
2. tirar cravo bitela
3. achar vaga na porta
4. encontrar a palavra cruzada que faltava
5. descobrir trocados esquecidos em bermudas e calças
6. pegar caixa sem fila
7. retirar o miolo com sementes do pimentão sem esparramar nenhuma
8. acertar no tempero
9. cochilar depois do almoço
10. ouvir o barulho da latinha abrindo
2. tirar cravo bitela
3. achar vaga na porta
4. encontrar a palavra cruzada que faltava
5. descobrir trocados esquecidos em bermudas e calças
6. pegar caixa sem fila
7. retirar o miolo com sementes do pimentão sem esparramar nenhuma
8. acertar no tempero
9. cochilar depois do almoço
10. ouvir o barulho da latinha abrindo
Fraqueza
Ai. Que vontade de tomar uma cerveja bem gelada! AAHHH!
30º em BH: a secura tá tanta nesses tempos bicudos que ando até confundindo slogans e lugares-comuns em prol do Líquido Dourado Gelado Expansor da Inteligência.
Alívio refrescante. Energia que dá gosto. Um raro prazer. As amarelinhas. As legítimas. Quem toma uma pede bis. Imagem é nada, sede é tudo. Abuse, use. Se é Brahma, é bom. Abra a boca, é Skol. Você conhece, você confia. Desperta o tigre em você. Do jeito que tem que ser. Terrível contra os insetos; contra os insetos. O sol na medida certa. Sempre cabe mais um. O primeiro gole a gente nunca esquece. Gostoso é viver. Essa é a real. 1001 utilidades. Vale por um bifinho. O sucesso. Desce macio e reanima. Venha para onde está o sabor. É gostoso e faz bem.
Tomar cerveja em casa é bom. Mas há dias - dias, não; tardes - há tardes amareladas, pardacentas, pachorrentas, calorentas, modorrentas que pedem um botequim. Você no botequim, sentado, proletário com a sua cota semanal de exploração paga, cumpridor, merecedor, com aquele sol se esvaindo devagar beijando de leve o seu rosto, tirando o time de campo pra ceder lugar às primeiras estrelinhas da noite e seu indubitável frescor.
A questão é: como tomar uma gelada sem culpa e sem multa na volta pra casa?
O desafio é a nossa energia!!!
30º em BH: a secura tá tanta nesses tempos bicudos que ando até confundindo slogans e lugares-comuns em prol do Líquido Dourado Gelado Expansor da Inteligência.
Alívio refrescante. Energia que dá gosto. Um raro prazer. As amarelinhas. As legítimas. Quem toma uma pede bis. Imagem é nada, sede é tudo. Abuse, use. Se é Brahma, é bom. Abra a boca, é Skol. Você conhece, você confia. Desperta o tigre em você. Do jeito que tem que ser. Terrível contra os insetos; contra os insetos. O sol na medida certa. Sempre cabe mais um. O primeiro gole a gente nunca esquece. Gostoso é viver. Essa é a real. 1001 utilidades. Vale por um bifinho. O sucesso. Desce macio e reanima. Venha para onde está o sabor. É gostoso e faz bem.
Tomar cerveja em casa é bom. Mas há dias - dias, não; tardes - há tardes amareladas, pardacentas, pachorrentas, calorentas, modorrentas que pedem um botequim. Você no botequim, sentado, proletário com a sua cota semanal de exploração paga, cumpridor, merecedor, com aquele sol se esvaindo devagar beijando de leve o seu rosto, tirando o time de campo pra ceder lugar às primeiras estrelinhas da noite e seu indubitável frescor.
A questão é: como tomar uma gelada sem culpa e sem multa na volta pra casa?
O desafio é a nossa energia!!!
Vaca atolada
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Quem sabe, sabe
Nada como noites de solidão para saber que nada tem muito sentido se não estamos nos braços de quem a gente gosta.
Galo, Galo
Mau-humor em oração
Estou, nesta manhã em particular, impaciente e irritadiço.
Gostaria de pedir perdão pelos eventuais rosnados e carrancas, explicar as razões a todos que possam transitar pela periferia da minha rabugice. Mas não tenho saco. Apenas aviso: não entrem na cidade grande.
Humor de soda cáustica. De tubarão com dor de dente. Zero tolerance.
Sinto muito.
Nessas horas, bom-dia pra mim é parto.
* * *
Aproveitando o ensejo, há muito gostaria de dizer que tenho estado infeliz com uma série de coisas. E, por conseguinte, se tenho estado infeliz, é porque estou sendo burro. Burro com força.
Não sei se adianta externar isso. Se tem algum efeito prático. Também não importa. A questão é: o fato de me saber burro leva a outra circunstância - o de ficar com raiva.
Aí é que está. Não adianta reclamar e ter raiva dos outros, do mundo - embora tenha por aí uma cambada de babacas que... melhor nem dizer. São almas líricas, poetas, umas flores de sensibilidade.
Aí é que está de novo. Eles não têm culpa, ou tanta culpa assim. Eu é que estou sendo burro de me permitir ser irritado, de me irritar por causa deles. E, independentemente da culpa alheia presumida, nada mudaria o fato de que estou sendo burro.
Pai do céu: me ajuda a equilibrar minhas prioridades, me dá ciência e sabedoria para administrar meu tempo na Terra, tira do meu caminho quem não faz por merecer meu salubérrimo mau-humor. Amém.
Gostaria de pedir perdão pelos eventuais rosnados e carrancas, explicar as razões a todos que possam transitar pela periferia da minha rabugice. Mas não tenho saco. Apenas aviso: não entrem na cidade grande.
Humor de soda cáustica. De tubarão com dor de dente. Zero tolerance.
Sinto muito.
Nessas horas, bom-dia pra mim é parto.
* * *
Aproveitando o ensejo, há muito gostaria de dizer que tenho estado infeliz com uma série de coisas. E, por conseguinte, se tenho estado infeliz, é porque estou sendo burro. Burro com força.
Não sei se adianta externar isso. Se tem algum efeito prático. Também não importa. A questão é: o fato de me saber burro leva a outra circunstância - o de ficar com raiva.
Aí é que está. Não adianta reclamar e ter raiva dos outros, do mundo - embora tenha por aí uma cambada de babacas que... melhor nem dizer. São almas líricas, poetas, umas flores de sensibilidade.
Aí é que está de novo. Eles não têm culpa, ou tanta culpa assim. Eu é que estou sendo burro de me permitir ser irritado, de me irritar por causa deles. E, independentemente da culpa alheia presumida, nada mudaria o fato de que estou sendo burro.
Pai do céu: me ajuda a equilibrar minhas prioridades, me dá ciência e sabedoria para administrar meu tempo na Terra, tira do meu caminho quem não faz por merecer meu salubérrimo mau-humor. Amém.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Separados por 4 anos
Disseram aqui na agência que me pareço com o sujeito. O olhar insinuante é similar e o cabelo, quando venho trabalhar, igual.
Blablablablá
Me deu saudade de ler alguma coisa do Sagan.
Tenho tanta leitura para pôr em dia, tanta atrasada, tanta mais urgente. Da pós, dos livros técnicos de comunicação e publicidade que comprei e ainda não li, dos jornais e semanários que invariavelmente deixo de ler, dos portais da internet com manchetes que pipocam, dos clássicos da literatura que jamais lerei, dos originais que também passarão longe porque todas as línguas são estrangeiras e incompreensíveis para mim, a começar pelo português.
Por quê? Por que criamos essas urgências para nós mesmos? Tempo é tão escasso. Não seria mais sensato nos dedicar ao livro, assunto ou autor que nos apraz? Mas, como saber de antemão se a leitura será útil? E mais: em tempos de internet, em plena era da megagênese múlti-instantânea de conteúdo (hmm, devo estar com o Lobão no subconsciente), a situação se agrava se você for viciado e infodependente - a teoria que chamam por aí de narcotização da informação.
Nesse caso, nesse caos, Sagan, de alguma maneira, me refrigera a cabeça, me refresca as idéias.
Para mim, o que ele pensa e escreve é como água da bica.
Carl, Carl. Chamando Carl.
Tenho tanta leitura para pôr em dia, tanta atrasada, tanta mais urgente. Da pós, dos livros técnicos de comunicação e publicidade que comprei e ainda não li, dos jornais e semanários que invariavelmente deixo de ler, dos portais da internet com manchetes que pipocam, dos clássicos da literatura que jamais lerei, dos originais que também passarão longe porque todas as línguas são estrangeiras e incompreensíveis para mim, a começar pelo português.
Por quê? Por que criamos essas urgências para nós mesmos? Tempo é tão escasso. Não seria mais sensato nos dedicar ao livro, assunto ou autor que nos apraz? Mas, como saber de antemão se a leitura será útil? E mais: em tempos de internet, em plena era da megagênese múlti-instantânea de conteúdo (hmm, devo estar com o Lobão no subconsciente), a situação se agrava se você for viciado e infodependente - a teoria que chamam por aí de narcotização da informação.
Nesse caso, nesse caos, Sagan, de alguma maneira, me refrigera a cabeça, me refresca as idéias.
Para mim, o que ele pensa e escreve é como água da bica.
Carl, Carl. Chamando Carl.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Conduta de Risco
Coisa boa, suspense bão, com o George Clooney. Aliás, pelo histórico de filmes feitos/dirigidos ou com participação desse bicho, ele parece ser um cara legal, do bem. Diferente de mim, ele não é apenas um rostinho bonito.
Apesar de ser novidade, curioso reparar que o filme sobra nas prateleiras da locadora. Outra coisa curiosa: O nome do filme em inglês é Michael Clayton.
Falar em locadora e em condutas de risco, eu e a gataça nos deparamos com Samuel Rosa lá na Blockbuster. Estava com a prole, talvez um ou outro sobrinho, provavelmente, escolhendo filmes infantis. Na saída, no estacionamento, fui em sua direção para trocar algumas palavras. A doutora, percebendo minha intenção, me puxou e apressou o passo rumo ao nosso carro. Gritei: "Ô Samuel Rosa!". Ele ficou meio armado. Esses caras devem ser abordados por malas o tempo inteiro, pensei. Bom, vai ser uma vez mais.
- Samuel, com licença.
- Sim.
Senti que a abordagem mais educada tinha relaxado mais o cara, posto ele menos na defensiva.
- Nada não, bicho. Só queria te parabenizar pela música Um segundo, do Cosmotron.
- Pô, valeu. Brigado.
- Vocês deviam dar um gás nela, gravá-la de novo, um revival, sei lá.
- Ah, cara. Mas é tanta música...
- Sei. Ó, de qualquer forma, parabéns. Bela canção.
- Valeu.
- Falou, abraço.
Volto pra Doutora, já ansiosa para entrar no carro. Quando entramos, ela:
- Aiquevergonha, aiquevergonha, aiquevergonha!
- Qual o quê, amor! Só fui elogiar uma canção, esquecida em um dos álbuns do Skank, uma música que sempre gostei e nunca foi pras rádios, nem é conhecida.
- Ah, mas dá vergonha falar com essas celebridades.
- Vergonha de quê? E olha que eu quase dizia que, quando fosse um publicitário famoso, iria escolher essa canção para musicar o comercial de algum cliente e...
- Ainda bem que você não pagou esse mico!
Enfim. Pode esperar, Samuel. Só um segundo. Minha hora vai chegar.
Apesar de ser novidade, curioso reparar que o filme sobra nas prateleiras da locadora. Outra coisa curiosa: O nome do filme em inglês é Michael Clayton.
Falar em locadora e em condutas de risco, eu e a gataça nos deparamos com Samuel Rosa lá na Blockbuster. Estava com a prole, talvez um ou outro sobrinho, provavelmente, escolhendo filmes infantis. Na saída, no estacionamento, fui em sua direção para trocar algumas palavras. A doutora, percebendo minha intenção, me puxou e apressou o passo rumo ao nosso carro. Gritei: "Ô Samuel Rosa!". Ele ficou meio armado. Esses caras devem ser abordados por malas o tempo inteiro, pensei. Bom, vai ser uma vez mais.
- Samuel, com licença.
- Sim.
Senti que a abordagem mais educada tinha relaxado mais o cara, posto ele menos na defensiva.
- Nada não, bicho. Só queria te parabenizar pela música Um segundo, do Cosmotron.
- Pô, valeu. Brigado.
- Vocês deviam dar um gás nela, gravá-la de novo, um revival, sei lá.
- Ah, cara. Mas é tanta música...
- Sei. Ó, de qualquer forma, parabéns. Bela canção.
- Valeu.
- Falou, abraço.
Volto pra Doutora, já ansiosa para entrar no carro. Quando entramos, ela:
- Aiquevergonha, aiquevergonha, aiquevergonha!
- Qual o quê, amor! Só fui elogiar uma canção, esquecida em um dos álbuns do Skank, uma música que sempre gostei e nunca foi pras rádios, nem é conhecida.
- Ah, mas dá vergonha falar com essas celebridades.
- Vergonha de quê? E olha que eu quase dizia que, quando fosse um publicitário famoso, iria escolher essa canção para musicar o comercial de algum cliente e...
- Ainda bem que você não pagou esse mico!
Enfim. Pode esperar, Samuel. Só um segundo. Minha hora vai chegar.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Sextas: ao cadafalso
Sexta brava - sobretudo para os mandriões que, como este, buscam a mansidão entre os homens.
Políticos em campanha, legisladores e eclesiásticos da santa igreja católica apostólica romana: precisamos de mais feriados na véspera dos sábados! Que saudade, que pena não poder emendar! - como semana passada.
O Barão de Itararé disse que a forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda. Para alguns pescoços, sem dúvida; certamente não para nossas sextas hebdomadárias. Adoraria ser o verdugo de todas elas. Me falta arrumar um capuz.
Políticos em campanha, legisladores e eclesiásticos da santa igreja católica apostólica romana: precisamos de mais feriados na véspera dos sábados! Que saudade, que pena não poder emendar! - como semana passada.
O Barão de Itararé disse que a forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda. Para alguns pescoços, sem dúvida; certamente não para nossas sextas hebdomadárias. Adoraria ser o verdugo de todas elas. Me falta arrumar um capuz.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
A vida dos outros
Filmão. Esse retrato (baseado em fatos verídicos) da Alemanha Oriental pré-queda-do-muro em 1984 é bom não só porque aborda toda a paranóia recorrente dos sistemas totalitários, mas porque se aprofunda pelos interiores que se escondem detrás do cenário político da Guerra Fria e do palco da Berlim vermelha cerrada sob as cortinas de ferro: as dúvidas, dramas e incertezas daquele nosso velho conhecido - o ser humano.
Além de entregar ao espectador mais do que poderia sugerir à primeira vista, A Vida dos Outros me fez recordar as críticas do Nelson Rodrigues às ditaduras socialistas. Se ele tinha um olho cego para o que acontecia em nosso próprio quintal, a visão dele a respeito dos defeitos e falhas do sistema socialista sempre me pareceu da mais pura e límpida nitidez. Nelson foi execrado por meio mundo por botar o dedo na ferida, mas o que importa menos? A crítica ser bem fundamentada, sólida e coesa, ou quem a construiu ser reacionário ou libertário, fiel ou adúltero, hetero ou homo, preto ou branco, carioca ou nordestino? Eu digo: ainda que tenha saído da boca de um débil mental que baba na gravata, se a crítica é inteligente, consciente, pertinaz, fiquemos com a crítica, pensemos sobre a crítica - é o que importa. Seria injusto julgar agora, ainda mais que, naquela época, o bicho pegava. Mas, talvez um dia as esquerdas brasileiras agradeçam ao Nelson. Foi o seu maior ombudsman.
Grosso modo, pode-se dizer que o socialismo foi criado a partir de uma boa intenção: tornar-se alternativa viável para o outro sistema baseado na exploração e desigualdade. Mas sua experiência concreta em países europeus, asiáticos e americanos descambou para a falta de liberdade, a aniquilição radical da individualidade, a supressão da pluralidade e da expressão pessoal. Não havia cores, não havia vida; tudo monocromático, tudo sem graça. Rir é proibido; humor, indesejável. Mais que uma miopia sobre uma igualdade utópica, uma idiotia massacrante, uma burrice. Nenhum sistema que robotiza, nenhuma ignorância da diversidade vai dar certo. Não com o ser humano que conhecemos.
Além de entregar ao espectador mais do que poderia sugerir à primeira vista, A Vida dos Outros me fez recordar as críticas do Nelson Rodrigues às ditaduras socialistas. Se ele tinha um olho cego para o que acontecia em nosso próprio quintal, a visão dele a respeito dos defeitos e falhas do sistema socialista sempre me pareceu da mais pura e límpida nitidez. Nelson foi execrado por meio mundo por botar o dedo na ferida, mas o que importa menos? A crítica ser bem fundamentada, sólida e coesa, ou quem a construiu ser reacionário ou libertário, fiel ou adúltero, hetero ou homo, preto ou branco, carioca ou nordestino? Eu digo: ainda que tenha saído da boca de um débil mental que baba na gravata, se a crítica é inteligente, consciente, pertinaz, fiquemos com a crítica, pensemos sobre a crítica - é o que importa. Seria injusto julgar agora, ainda mais que, naquela época, o bicho pegava. Mas, talvez um dia as esquerdas brasileiras agradeçam ao Nelson. Foi o seu maior ombudsman.
Grosso modo, pode-se dizer que o socialismo foi criado a partir de uma boa intenção: tornar-se alternativa viável para o outro sistema baseado na exploração e desigualdade. Mas sua experiência concreta em países europeus, asiáticos e americanos descambou para a falta de liberdade, a aniquilição radical da individualidade, a supressão da pluralidade e da expressão pessoal. Não havia cores, não havia vida; tudo monocromático, tudo sem graça. Rir é proibido; humor, indesejável. Mais que uma miopia sobre uma igualdade utópica, uma idiotia massacrante, uma burrice. Nenhum sistema que robotiza, nenhuma ignorância da diversidade vai dar certo. Não com o ser humano que conhecemos.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Dica
Arquivo de entrevistas do Roda Viva. Pra quem tem tempo sobrando - o que, por mais difícil que seja acreditar, não é, definitivamente, o meu caso.
http://www.rodaviva.fapesp.br/
http://www.rodaviva.fapesp.br/
Um homem inebriante, inesquecível, cheiroso…
Admiro textos bem escritos. E cada post da Dadivosa (link taí do lado) é de abrir o apetite para mais um, ora pela elegância da prosa, ora pelas receitas que publica. Considero egoísmo saboreá-los sozinho. Portanto, quero compartilhar com vocês - como se comunga o pão - este texto em especial, que achei especialmente suculento. Vão lá depois no blog dela conferir e provem vocês mesmos.
PS. Amore, recordas do prato principal no jantar que me preparaste, o primeiro que um dia recebi?
Um homem inebriante, inesquecível, cheiroso…
Morava numa cidade onde havia, em quase todo bairro, um indiano em cada esquina, indiano servindo para designar desde lojinhas de conveniência que vendiam leite com prazo de validade vencido, até portinhas quase suspeitas que entregavam fumegantes e aromáticas refeições em embalagens de alumínio, passando pelos movimentados restaurantes de paredes vermelhas com garçons de reluzentes cabelos negros e profundos olhos amendoados.
Variados foram os momentos felizes que tiveram o aroma das especiarias indianas como pano de fundo. No indiano da esquina dava um pulo naquelas horas em que me agarrava a vontade de bater um bolinho de cenoura e, no meio da função, descobria estar sem chocolate para a cobertura, pois o mercado mais próximo era longe demais para o adiantado da hora ou para o frio que fazia.
Era para o indiano da esquina que ligávamos quando não havia energia ou tempo para preparar o jantar, já que batatas fritas, sanduíches e pizzas de massa grossa não nos apeteciam, já havíamos recorrido ao chinês da esquina há poucas semanas e se era para comer algo em frente à TV, então que fosse gostoso, colorido, repleto de vegetais, com diversão para a boca e acalanto para o coração.
Foi num restaurante de paredes vermelhas e garçons de cabelo lustroso e olhos amendoados que, diante de um copo de lassi e em meio às palavras desconexas de uma frase desastrada, ensaiada e disfarçadamente corriqueira, ouvi um tímido e apaixonado eu te amo num idioma que não era o meu.
A paixão foi um pouco mais intensa e durou um tanto mais do que o ardido daquele frango ao curry que me arrebatou as pupilas gustativas e cujo fogaréu nem o lassi deu conta de abrandar. Vão-se os amores, ficam os sabores, já disse d’outra feita. E meu caso de amor com as especiarias indianas tem hoje mais anos de vida do que qualquer namoro ou casamento, daqui e d’alhures.
Pode ser pela conveniência de estar sempre logo ali, pode até bem ser pela alegria de receber à porta a pequena pilha de quentinhas variadas quando o estômago ronca e não há forças para ir ao fogão. Suspeito, no entanto, que foi a lembrança daquela noite no restaurante, da tão singela e ao mesmo tempo forte declaração de amor, da simpatia e cumplicidade dos garçons do cabelos pretos, do coração que pulava pela boca dormente de pimenta, do lassi geladinho a descer pela garganta, do sorriso bobo e das lágrimas que escapavam dos olhos de nós dois, que o curry ficou pra sempre marcado em minha memória gustativo-afetiva como ingrediente aconchegante, perfeito para comidas de alma.
Nostalgia é falta de memória, e enquanto revivo o momento para encontrar lá no fundo do baú as palavras que possam descrever a primeira vez que experimentei um curry típico, são mais nítidas as paredes, os barulhos, o tilintar dos talheres, os aromas e a ardência da língua do que a expressão facial, as palavras, a data, o bairro, a voz e o sotaque exato que me proporcionaram aquele momento tão caro. Se é verdade que o sapateiro olha pro sapato, a cozinheira em mim fez questão de lembrar com fidelidade a sensação do tempero, a despeito do que lhe disse o rapaz por quem estava enamorada.
O curry é feito homem inebriante e exótico, tinhoso e doce, gentil e cheiroso, forte e adorável, um ciumento incorrigível. Não dá bola pra chimango, acachapa a concorrência e faz soressair seus encantos diante de todo e qualquer outro ser vivente. Reina em minha despensa desde então, até pouco tempo somente na versão em pó. Foi uma rainha que me fez lembrar que tinha dele outra versão a testar.
Em formato de pasta, empreguei-o nesta receita simples e rápida para reconfortar-me, ao mesmo tempo com exuberância e leveza, às dez e tanto da noite de uma segunda-feira.
Ingredientes:
1 colher de sopa de azeite ou óleo
1 peito de frango em cubos
1/2 cebola picada
1 cenoura grande em rodelas finas
1 colher de sopa bem cheia de curry em pasta
200 ml de leite de coco
sal a gosto
Como fazer:
Leve a manteiga com azeite ao fogo até aquecer bem. Frite nela o frango até dourar.
Acrescente a cebola e a cenoura, refogue até aquecer, misture a pasta de curry e acrescente meia xícara de água quente para dissolver. Ele vai tomar corpo e engrossar o molho lindamente.
Quando a cenoura estiver macia, porém ainda al dente, adicione o leite de coco.
Deixe ferver até engrossar como mais goste, prove, corrija o sal e sirva com algum arroz branco aromático (usei arroz de jasmim, polvilhei com gergelim preto). Ao comer, aproveite para relembrar o momentos simples e felizes do passado, depois agradeça pelo privilégio do presente e finalize imaginando as alegrias da semana vindoura.
PS. Amore, recordas do prato principal no jantar que me preparaste, o primeiro que um dia recebi?
Um homem inebriante, inesquecível, cheiroso…
Morava numa cidade onde havia, em quase todo bairro, um indiano em cada esquina, indiano servindo para designar desde lojinhas de conveniência que vendiam leite com prazo de validade vencido, até portinhas quase suspeitas que entregavam fumegantes e aromáticas refeições em embalagens de alumínio, passando pelos movimentados restaurantes de paredes vermelhas com garçons de reluzentes cabelos negros e profundos olhos amendoados.
Variados foram os momentos felizes que tiveram o aroma das especiarias indianas como pano de fundo. No indiano da esquina dava um pulo naquelas horas em que me agarrava a vontade de bater um bolinho de cenoura e, no meio da função, descobria estar sem chocolate para a cobertura, pois o mercado mais próximo era longe demais para o adiantado da hora ou para o frio que fazia.
Era para o indiano da esquina que ligávamos quando não havia energia ou tempo para preparar o jantar, já que batatas fritas, sanduíches e pizzas de massa grossa não nos apeteciam, já havíamos recorrido ao chinês da esquina há poucas semanas e se era para comer algo em frente à TV, então que fosse gostoso, colorido, repleto de vegetais, com diversão para a boca e acalanto para o coração.
Foi num restaurante de paredes vermelhas e garçons de cabelo lustroso e olhos amendoados que, diante de um copo de lassi e em meio às palavras desconexas de uma frase desastrada, ensaiada e disfarçadamente corriqueira, ouvi um tímido e apaixonado eu te amo num idioma que não era o meu.
A paixão foi um pouco mais intensa e durou um tanto mais do que o ardido daquele frango ao curry que me arrebatou as pupilas gustativas e cujo fogaréu nem o lassi deu conta de abrandar. Vão-se os amores, ficam os sabores, já disse d’outra feita. E meu caso de amor com as especiarias indianas tem hoje mais anos de vida do que qualquer namoro ou casamento, daqui e d’alhures.
Pode ser pela conveniência de estar sempre logo ali, pode até bem ser pela alegria de receber à porta a pequena pilha de quentinhas variadas quando o estômago ronca e não há forças para ir ao fogão. Suspeito, no entanto, que foi a lembrança daquela noite no restaurante, da tão singela e ao mesmo tempo forte declaração de amor, da simpatia e cumplicidade dos garçons do cabelos pretos, do coração que pulava pela boca dormente de pimenta, do lassi geladinho a descer pela garganta, do sorriso bobo e das lágrimas que escapavam dos olhos de nós dois, que o curry ficou pra sempre marcado em minha memória gustativo-afetiva como ingrediente aconchegante, perfeito para comidas de alma.
Nostalgia é falta de memória, e enquanto revivo o momento para encontrar lá no fundo do baú as palavras que possam descrever a primeira vez que experimentei um curry típico, são mais nítidas as paredes, os barulhos, o tilintar dos talheres, os aromas e a ardência da língua do que a expressão facial, as palavras, a data, o bairro, a voz e o sotaque exato que me proporcionaram aquele momento tão caro. Se é verdade que o sapateiro olha pro sapato, a cozinheira em mim fez questão de lembrar com fidelidade a sensação do tempero, a despeito do que lhe disse o rapaz por quem estava enamorada.
O curry é feito homem inebriante e exótico, tinhoso e doce, gentil e cheiroso, forte e adorável, um ciumento incorrigível. Não dá bola pra chimango, acachapa a concorrência e faz soressair seus encantos diante de todo e qualquer outro ser vivente. Reina em minha despensa desde então, até pouco tempo somente na versão em pó. Foi uma rainha que me fez lembrar que tinha dele outra versão a testar.
Em formato de pasta, empreguei-o nesta receita simples e rápida para reconfortar-me, ao mesmo tempo com exuberância e leveza, às dez e tanto da noite de uma segunda-feira.
Ingredientes:
1 colher de sopa de azeite ou óleo
1 peito de frango em cubos
1/2 cebola picada
1 cenoura grande em rodelas finas
1 colher de sopa bem cheia de curry em pasta
200 ml de leite de coco
sal a gosto
Como fazer:
Leve a manteiga com azeite ao fogo até aquecer bem. Frite nela o frango até dourar.
Acrescente a cebola e a cenoura, refogue até aquecer, misture a pasta de curry e acrescente meia xícara de água quente para dissolver. Ele vai tomar corpo e engrossar o molho lindamente.
Quando a cenoura estiver macia, porém ainda al dente, adicione o leite de coco.
Deixe ferver até engrossar como mais goste, prove, corrija o sal e sirva com algum arroz branco aromático (usei arroz de jasmim, polvilhei com gergelim preto). Ao comer, aproveite para relembrar o momentos simples e felizes do passado, depois agradeça pelo privilégio do presente e finalize imaginando as alegrias da semana vindoura.
Mundo Prop
Já tô de saco cheio das propagandas daquele banco nas olimpíadas. E você? Aquela musiquinha chateia pacacete, não? Muito melhores são as propagandas do Kibeloco.
Vexame
É duro ver um jogador argentino dizer que a Seleção Brasileira não respeita a sua própria história. Praticamente uma gentileza: até nossos arqui-rivais reconhecem o óbvio.
Chá de cadeira, para quem espera a queda de Ricardo Teixeira.
Chá de cadeira, para quem espera a queda de Ricardo Teixeira.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Clareia
É água do mar. É maré cheia. Pai do céu, clareia!
Clareia essa mente emaranhada e confusa, esse escaldo de gatos briguentos e manhosos! Clareia preu passar do sentimento à ação como o barquinho pescador transpassa valente as ondas em alto-mar! Clareia, Pai, preu sentir a bença no vento que sacode o rosto do homem temente às seis da manhã! Clareia, preu limpar minhas mão com o barro de quem suja as unha na nobreza de uma horta! Clareia, pras mão entrarem no calejo dos dias e eu na maciez do espírito poder então dormir! Clareia, meu Pai do Céu, me dá o tino e o norte de quem sabe ir porque sabe o que pode buscar! Clareia, Pai, todos os pecados, toda a negligência, toda a preguiça de todos os ontem, os hoje e os porvir! Clareia as sombras que turvam o curso da minha nave pra que um dia eu ancore sob a sombra dos deveres cumpridos! Clareia meu destino, põe o tronco que traz no talho a certidão dos meus ombros, cadê meu tronco, Pai? Clareia o firmamento preu reforçar minha fé no azul por trás dos cúmulo e dos nimbo! Clareia meu chão, clareia meus pé! Clareia estes olhos morenos molhados, ó Pai!
Clareia essa mente emaranhada e confusa, esse escaldo de gatos briguentos e manhosos! Clareia preu passar do sentimento à ação como o barquinho pescador transpassa valente as ondas em alto-mar! Clareia, Pai, preu sentir a bença no vento que sacode o rosto do homem temente às seis da manhã! Clareia, preu limpar minhas mão com o barro de quem suja as unha na nobreza de uma horta! Clareia, pras mão entrarem no calejo dos dias e eu na maciez do espírito poder então dormir! Clareia, meu Pai do Céu, me dá o tino e o norte de quem sabe ir porque sabe o que pode buscar! Clareia, Pai, todos os pecados, toda a negligência, toda a preguiça de todos os ontem, os hoje e os porvir! Clareia as sombras que turvam o curso da minha nave pra que um dia eu ancore sob a sombra dos deveres cumpridos! Clareia meu destino, põe o tronco que traz no talho a certidão dos meus ombros, cadê meu tronco, Pai? Clareia o firmamento preu reforçar minha fé no azul por trás dos cúmulo e dos nimbo! Clareia meu chão, clareia meus pé! Clareia estes olhos morenos molhados, ó Pai!
Clássico
Independentemente do resultado de Brasil e Argentina - no momento ainda estamos zero a zero no 1º tempo - queria dizer uma coisa.
Messi = azougue.
Ronaldinho Gaúcho = açougue.
Messi = azougue.
Ronaldinho Gaúcho = açougue.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Será que eles são?
Víamos ontem o Fantástico - julguem como quiserem, mas depois de treze horas aninhando, se preocupando e se dedicando ao cuidado de duas lindas crianças, nada como colocar o cérebro em remoto controle por meio do controle remoto. Na cobertura dos Jogos, me calhou comentar que o Diego Hipólito era veado.
A gata soltou um queísso. Falei:
- É veado, uai. Todo mundo sabe - disse eu, sem saber.
- Como VOCÊ sabe?
- Sabendo.
- Sei.
Protestos. Fiquei firme, mesmo sem provas. Na ausência de argumentos objetivos ou referências mais concretas para sustentar essa - como direi - convicta sensibilidade masculina, tentei dar um gás na questão enumerando mais homossexuais que não se assumem direito - embora fosse desnecessário, posto que todo mundo sabia.
- Milton, por exemplo.
- Que Milton? De que esporte?
- Milton Nascimento.
- Ah, faça-me o favor!
- Veado, que é que tem? Outro dia mesmo lá na agência disseram que ele assumiu.
- Mentira.
- Tô te falando.
- Homossexuais são vaidosos, gatinho. O Milton só usa andrajos.
- Quem disse que pra ser veado precisa se vestir bem?
- Gato, ele bebe! Adora cerveja, vive bêbado!
Isso eu desconhecia. Mas tinha nada a ver.
- Daí? Quem disse que veado não gosta? - não disse, mas me lembrei ainda que o de bêbado não tem dono.
- Gatinho, ele era do Clube da Esquina!
- Então. Pode ser que corte para os dois lados!
Nenhum acordo: quando quer, a gata gosta duma teimosia. Pensei: pra amenizar, preciso citar um enrustido, assim, patente, batata, legítimo. Não vai ter como ela discordar.
- Olha ali?
- Quê?
- Zeca Camargo.
- ZECA CAMARGO!?!
Parei. Tudo bem, gataça. Tudo bem.
Você venceu, como de hábito.
Embora não ponha a mão no fogo por ninguém, ou essa cambada aí é tudo macho ou meu nome não é Rubenz Migues.
A gata soltou um queísso. Falei:
- É veado, uai. Todo mundo sabe - disse eu, sem saber.
- Como VOCÊ sabe?
- Sabendo.
- Sei.
Protestos. Fiquei firme, mesmo sem provas. Na ausência de argumentos objetivos ou referências mais concretas para sustentar essa - como direi - convicta sensibilidade masculina, tentei dar um gás na questão enumerando mais homossexuais que não se assumem direito - embora fosse desnecessário, posto que todo mundo sabia.
- Milton, por exemplo.
- Que Milton? De que esporte?
- Milton Nascimento.
- Ah, faça-me o favor!
- Veado, que é que tem? Outro dia mesmo lá na agência disseram que ele assumiu.
- Mentira.
- Tô te falando.
- Homossexuais são vaidosos, gatinho. O Milton só usa andrajos.
- Quem disse que pra ser veado precisa se vestir bem?
- Gato, ele bebe! Adora cerveja, vive bêbado!
Isso eu desconhecia. Mas tinha nada a ver.
- Daí? Quem disse que veado não gosta? - não disse, mas me lembrei ainda que o de bêbado não tem dono.
- Gatinho, ele era do Clube da Esquina!
- Então. Pode ser que corte para os dois lados!
Nenhum acordo: quando quer, a gata gosta duma teimosia. Pensei: pra amenizar, preciso citar um enrustido, assim, patente, batata, legítimo. Não vai ter como ela discordar.
- Olha ali?
- Quê?
- Zeca Camargo.
- ZECA CAMARGO!?!
Parei. Tudo bem, gataça. Tudo bem.
Você venceu, como de hábito.
Embora não ponha a mão no fogo por ninguém, ou essa cambada aí é tudo macho ou meu nome não é Rubenz Migues.
Feriado é relativo
O fim de semana voa como um Usain Bolt quando é feriado, não?
* * *
Hoje, pela manhã, dei uma força pras meninas do futebol feminino. Senti que elas precisavam de mim. Quando liguei a TV, as alemãs estavam na frente. Passei minhas positive vibrations e, quando o Brasil virou o placar e minha obrigação cívica estava cumprida, quis tirar um merecido cochilo, mas, ao contrário de muitos, trabalho e tenho coisas mais importantes a fazer.
* * *
Noite de pesadelos. Bibs, Meg e eu - cada qual com o seu. Não seria macabro se todos eles estivessem interligados, com um personagem ou lugar ou circunstância fazendo uma ponta no pesadelo do outro? Huhohaha...!
* * *
Odeio ter que lembrar isso aqui, mas 7 de setembro: domingo; 2 de novembro: domingo; e 15 de novembro: sábado. Agora, só no Natal (quinta-feira), pessoal.
Mas, maisomeno como dizem, os anos passam devagar. Os dias (sobretudo os feriados) é que passam depressa.
* * *
Hoje, pela manhã, dei uma força pras meninas do futebol feminino. Senti que elas precisavam de mim. Quando liguei a TV, as alemãs estavam na frente. Passei minhas positive vibrations e, quando o Brasil virou o placar e minha obrigação cívica estava cumprida, quis tirar um merecido cochilo, mas, ao contrário de muitos, trabalho e tenho coisas mais importantes a fazer.
* * *
Noite de pesadelos. Bibs, Meg e eu - cada qual com o seu. Não seria macabro se todos eles estivessem interligados, com um personagem ou lugar ou circunstância fazendo uma ponta no pesadelo do outro? Huhohaha...!
* * *
Odeio ter que lembrar isso aqui, mas 7 de setembro: domingo; 2 de novembro: domingo; e 15 de novembro: sábado. Agora, só no Natal (quinta-feira), pessoal.
Mas, maisomeno como dizem, os anos passam devagar. Os dias (sobretudo os feriados) é que passam depressa.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Meu trabalho
Parece caricatura; porém, normalmente é assim que funciona nosso dia-a-dia. O vídeo foca mais o lado do diretor de arte, mas, para redatores, a situação é análoga.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Falsete*
* corrigido: deu algum ruído na hora de postar
Do Juca, no cravo; do Helena, na ferradura. Precisar, não precisava; mas acrescentaria uma coisinha.
Sempre me inquietam, nestes casos, uma preocupação e uma precaução, ambas metonímicas: a de não tomar o todo pela parte, como as generalizações perigosas que deturpam a imagem de todo um país, uma população, uma comunidade. Lógico perguntar: atos e opiniões individuais representam às da coletividade? Sim ou não e em que medida? Pois não é difícil imaginar nego incauto em armadilhas do tipo: " é tudo ladrão", ou " é tudo FDP". Mas quero desconfiar que essa incúria e obtusidade do responsável pela sinodublagem olímpica não necessariamente se estendam à maioria dos seus compatriotas. Ou, pelo menos, à considerável parcela. Seja onde for.
Porém, no caso específico da China e, por consequença, das Olimpíadas, essa prosa renderia bem mais de dois dedos. Mas eu já tô meio envergonhado de cantar o óbvio. Que se dê voz a quem a mereça.
HORRENDO BUROCRATA
Alberto Helena Júnior
Feia, disforme, repulsiva, safada, vil é a alma desse horrendo burocrata chinês que nos impingiu a farsa da menina bonita que cantou com a voz da outra na abertura das Olimíadas de Pequim, em nome de estúpida noção de estética humana.
Mesmo porque a preterida é uma bonequinha de cristal, guardada numa caixa de charão, como na delicada marchinha de carnaval soprada com graça por Mário Reis, de olhar luzidio e o sorriso claro da inocência que jamais habituou o íntimo desse pascácio.
Mas, ainda que fosse deformada, desgraciosa ou seja lá que traços separam a feiúra da beleza, jamais seria tão feia quanto a trágica marca que esse imbecil imprimiu no espírito de suas duas pequenas vítimas.
Do Juca, no cravo; do Helena, na ferradura. Precisar, não precisava; mas acrescentaria uma coisinha.
Sempre me inquietam, nestes casos, uma preocupação e uma precaução, ambas metonímicas: a de não tomar o todo pela parte, como as generalizações perigosas que deturpam a imagem de todo um país, uma população, uma comunidade. Lógico perguntar: atos e opiniões individuais representam às da coletividade? Sim ou não e em que medida? Pois não é difícil imaginar nego incauto em armadilhas do tipo: "
Porém, no caso específico da China e, por consequença, das Olimpíadas, essa prosa renderia bem mais de dois dedos. Mas eu já tô meio envergonhado de cantar o óbvio. Que se dê voz a quem a mereça.
HORRENDO BUROCRATA
Alberto Helena Júnior
Feia, disforme, repulsiva, safada, vil é a alma desse horrendo burocrata chinês que nos impingiu a farsa da menina bonita que cantou com a voz da outra na abertura das Olimíadas de Pequim, em nome de estúpida noção de estética humana.
Mesmo porque a preterida é uma bonequinha de cristal, guardada numa caixa de charão, como na delicada marchinha de carnaval soprada com graça por Mário Reis, de olhar luzidio e o sorriso claro da inocência que jamais habituou o íntimo desse pascácio.
Mas, ainda que fosse deformada, desgraciosa ou seja lá que traços separam a feiúra da beleza, jamais seria tão feia quanto a trágica marca que esse imbecil imprimiu no espírito de suas duas pequenas vítimas.
Reflexões em uma loja de brinquedos
A princípio, parece trivial: menino gosta de carrinhos, menina gosta de bonecas, reza a cultura popular - isso todo mundo sabe e eu também. Mas, ai de mim, a verdade é que a questão me angustiava há dias. O problema, caros amigos, é o de sempre: a vontade de impressionar já levou mais de um homem à perdição.
Porque me perguntava: “- Puxa, Zé Rubens. Quer dizer que você vai mesmo dar à menina uma simples boneca? Que falta de imaginação, meu caro! Que falta de sensibilidade! Pense num presente original, diferente, divertido! Ora, uma boneca? Venhamos, mas não convenhamos!”
Então, começou assim meu delírio. Nesse martírio particular, eu queria causar boa impressão não só na aniversariante de seis anos - a principal interessada e beneficiária na história toda - mas era preciso também agradar a irmãzinha mais velha e encantar a mãe - por acaso, a minha namorada.
Na tenra idade de seis anos, boneca é escolha segura, pensei. Mas nada é tão simples nessa vida, pois logo atinei que a decisão foi se tornando gradualmente mais complexa a partir do momento que deixei os corredores do shopping grã-fino para entrar no maravilhoso cosmos mágico e sedutor de uma loja de brinquedos. Lá, concluí, com alguma rapidez, que certamente há menos estrelas no firmamento do que bonecas na Terra ou, mais especificamente, na loja de brinquedos do shopping.
Já esteve numa roça à noite, ou numa praia deserta, e mirou estupefato o céu noturno, com o olhar bêbado e ziguezagueante diante de tantos brilhos, tantas estrelas? Assim meus olhos se perdiam, aleatoriamente consumindo as informações daquela constelação de bonecas - algumas de intensa magnitude, outras de primeira grandeza, muitas minúsculas, enfim, um universo róseo em diferentes tons e matizes, onde o alienígena, ali, era eu.
Muito bem. Que levar? Barbie, escolha clássica. Mas, peraí. A mãe pode achar ruim, considerando que uma loura magrela e estereotipada não seja o melhor dos exemplos. Você próprio discorda desse tipo de proposta de boneca Barbie, clones e assemelhadas, que parecem representar uma certa frivolidade, símbolos e índices de valores “modernos” um tanto quanto questionáveis.
E aquela boneca careca, grande, tipo bebezão? Hmm, melhor não. Embora o sentimento maternal possa ser atávico nas mulheres, e praticamente todas as meninas brincam de casinha ou imaginam algum tipo de reconstrução familiar. Será que isso é tão inato ou nós, adultos, nós, sociedade, estimulamos e infundimos desde cedo em nossas menininhas esse sentido da maternidade, do acolhimento, do cuidado?
De repente, comecei a reparar brinquedos e bonecas em contextos estranhos. Esquisitei a quantidade de coisas que levam as meninas a brincar de cozinha, a fazer compras no supermercado, a ter uma caixa registradora de sacolão, a trocar de figurino no esquema “colecione quantas roupas diferentes puder, quanto mais você tiver, melhor”, a se maquiar e se empetecar com os mais diferentes apetrechos, lápis, batons, rouges, pós, brincos, colares, tiaras - o escambau.
Meio zonzo, parti para seção de jogos - o que, secretamente, era o que eu de fato gostaria de dar. Porque aí a gente poderia participar, interagir também, e acho que isso é importante para a criança. Vários me pareceram boa opção, mas acabei desistindo de um por um.
Achava uns jogos bem legais, mas caros demais, e aí meu orçamento não dava; outros, algo baratos, e eu não queria a mãe me adivinhando pão-duro e a lindinha me olhando com cara de quem chupou jiló depois de desembrulhar o presente.
Alguns me pareciam perfeitos, no preço e na bacanice. O que atrapalhava é que, tendo apenas cinco anos e uma irmã de oito como companheira, nossa heroína - que não é, digamos, dada a laivos de espírito esportivo e bom humor quando perde (saiu à mãe) - costuma se complicar em disputas que exijam um pouco mais de habilidade fina e coordenação motora.
Blocos alfabéticos? Seria interessante, eu marcaria pontos, provavelmente. A menina está em fase de alfabetização e você, todo consciencioso, investindo na aprendizagem e desenvolvimento intelectual da florzinha. Só que pensei: ô presente maçante! Se fosse criança e não soubesse ler, você ia querer ganhar blocos alfabéticos ou um sabre de luz? Pior que isso, só dar roupa de aniversário. Roupa de menino é muito legal, algumas parecem mesmo irresistíveis, mas só para os adultos; no meu jeito infantil de ver o mundo, a gente gosta mesmo é de brinquedo.
Pistolas e brinquedos com balões d’água? Acho legal, mas arriscado; a mãe pode não gostar, e, depois, pode dar briga entre as pequenas e, você, acusado de ser a causa da confusão.
Jogos de tabuleiro? Grande parte, inadequada para a idade dela.
Bichos de pelúcia? Fora de cogitação. Esqueceu da rinite alérgica da pobrezinha?
Acabou que, no fim, espero ter feito uma boa escolha.
Que, para uma garotinha prestes a fazer seis anos de vida, seja apenas um brinquedo, um brinquedo simples e singelo de criança. E não um veículo de mensagens subliminares capitalistas, perniciosas e fúteis para menores, como as que nós, adultos paranóicos, costumamos criar, entender ou enxergar.
Ou seja: me rendi às bonecas. Pensando bem, sempre fui refém delas.
Porque me perguntava: “- Puxa, Zé Rubens. Quer dizer que você vai mesmo dar à menina uma simples boneca? Que falta de imaginação, meu caro! Que falta de sensibilidade! Pense num presente original, diferente, divertido! Ora, uma boneca? Venhamos, mas não convenhamos!”
Então, começou assim meu delírio. Nesse martírio particular, eu queria causar boa impressão não só na aniversariante de seis anos - a principal interessada e beneficiária na história toda - mas era preciso também agradar a irmãzinha mais velha e encantar a mãe - por acaso, a minha namorada.
Na tenra idade de seis anos, boneca é escolha segura, pensei. Mas nada é tão simples nessa vida, pois logo atinei que a decisão foi se tornando gradualmente mais complexa a partir do momento que deixei os corredores do shopping grã-fino para entrar no maravilhoso cosmos mágico e sedutor de uma loja de brinquedos. Lá, concluí, com alguma rapidez, que certamente há menos estrelas no firmamento do que bonecas na Terra ou, mais especificamente, na loja de brinquedos do shopping.
Já esteve numa roça à noite, ou numa praia deserta, e mirou estupefato o céu noturno, com o olhar bêbado e ziguezagueante diante de tantos brilhos, tantas estrelas? Assim meus olhos se perdiam, aleatoriamente consumindo as informações daquela constelação de bonecas - algumas de intensa magnitude, outras de primeira grandeza, muitas minúsculas, enfim, um universo róseo em diferentes tons e matizes, onde o alienígena, ali, era eu.
Muito bem. Que levar? Barbie, escolha clássica. Mas, peraí. A mãe pode achar ruim, considerando que uma loura magrela e estereotipada não seja o melhor dos exemplos. Você próprio discorda desse tipo de proposta de boneca Barbie, clones e assemelhadas, que parecem representar uma certa frivolidade, símbolos e índices de valores “modernos” um tanto quanto questionáveis.
E aquela boneca careca, grande, tipo bebezão? Hmm, melhor não. Embora o sentimento maternal possa ser atávico nas mulheres, e praticamente todas as meninas brincam de casinha ou imaginam algum tipo de reconstrução familiar. Será que isso é tão inato ou nós, adultos, nós, sociedade, estimulamos e infundimos desde cedo em nossas menininhas esse sentido da maternidade, do acolhimento, do cuidado?
De repente, comecei a reparar brinquedos e bonecas em contextos estranhos. Esquisitei a quantidade de coisas que levam as meninas a brincar de cozinha, a fazer compras no supermercado, a ter uma caixa registradora de sacolão, a trocar de figurino no esquema “colecione quantas roupas diferentes puder, quanto mais você tiver, melhor”, a se maquiar e se empetecar com os mais diferentes apetrechos, lápis, batons, rouges, pós, brincos, colares, tiaras - o escambau.
Meio zonzo, parti para seção de jogos - o que, secretamente, era o que eu de fato gostaria de dar. Porque aí a gente poderia participar, interagir também, e acho que isso é importante para a criança. Vários me pareceram boa opção, mas acabei desistindo de um por um.
Achava uns jogos bem legais, mas caros demais, e aí meu orçamento não dava; outros, algo baratos, e eu não queria a mãe me adivinhando pão-duro e a lindinha me olhando com cara de quem chupou jiló depois de desembrulhar o presente.
Alguns me pareciam perfeitos, no preço e na bacanice. O que atrapalhava é que, tendo apenas cinco anos e uma irmã de oito como companheira, nossa heroína - que não é, digamos, dada a laivos de espírito esportivo e bom humor quando perde (saiu à mãe) - costuma se complicar em disputas que exijam um pouco mais de habilidade fina e coordenação motora.
Blocos alfabéticos? Seria interessante, eu marcaria pontos, provavelmente. A menina está em fase de alfabetização e você, todo consciencioso, investindo na aprendizagem e desenvolvimento intelectual da florzinha. Só que pensei: ô presente maçante! Se fosse criança e não soubesse ler, você ia querer ganhar blocos alfabéticos ou um sabre de luz? Pior que isso, só dar roupa de aniversário. Roupa de menino é muito legal, algumas parecem mesmo irresistíveis, mas só para os adultos; no meu jeito infantil de ver o mundo, a gente gosta mesmo é de brinquedo.
Pistolas e brinquedos com balões d’água? Acho legal, mas arriscado; a mãe pode não gostar, e, depois, pode dar briga entre as pequenas e, você, acusado de ser a causa da confusão.
Jogos de tabuleiro? Grande parte, inadequada para a idade dela.
Bichos de pelúcia? Fora de cogitação. Esqueceu da rinite alérgica da pobrezinha?
Acabou que, no fim, espero ter feito uma boa escolha.
Que, para uma garotinha prestes a fazer seis anos de vida, seja apenas um brinquedo, um brinquedo simples e singelo de criança. E não um veículo de mensagens subliminares capitalistas, perniciosas e fúteis para menores, como as que nós, adultos paranóicos, costumamos criar, entender ou enxergar.
Ou seja: me rendi às bonecas. Pensando bem, sempre fui refém delas.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Gerador de nomes de filhos da Baby Consuelo
Chamai-me Lotus Caipora, se filho da outra fosse. Se quiser saber como seria seu nome, clique aqui.
Bobagem que descobri fuçando por aí.
Bobagem que descobri fuçando por aí.
Ressaca pede
- Chá de boldo
- Aspirina
- Neosa
- Epocler *
- Pósdrink
- Engov
- Travesseiro
- 12 horas de sono
- Chefe viajando
- Férias
- Penumbra
- Coca-cola
- Galões d'água
- Garrafas de café
- Mais uma.
* atualizado
- Aspirina
- Neosa
- Epocler *
- Pósdrink
- Engov
- Travesseiro
- 12 horas de sono
- Chefe viajando
- Férias
- Penumbra
- Coca-cola
- Galões d'água
- Garrafas de café
- Mais uma.
* atualizado
terça-feira, 12 de agosto de 2008
reflexo
Vai, Rubens. Pensa numa m*** qualquer.
Essa desculpa de que tá sem tempo ou com o olho pregando de sono não cola mais.
Anda. Deixa de ser cretino. Diga algo, qualquer coisa.
Ou, pelo menos, seja enfadonho uma vez mais.
Vai arregar, vai? Maricão.
Nada a declarar?
Há. Sabia que você não tinha fibra.
Vai fazer o quê, agora?
Droga. Fale ou faça alguma coisa, seu idiota. Cérebro de geléia. Quadrúpede.
Reaja!!!
Essa desculpa de que tá sem tempo ou com o olho pregando de sono não cola mais.
Anda. Deixa de ser cretino. Diga algo, qualquer coisa.
Ou, pelo menos, seja enfadonho uma vez mais.
Vai arregar, vai? Maricão.
Nada a declarar?
Há. Sabia que você não tinha fibra.
Vai fazer o quê, agora?
Droga. Fale ou faça alguma coisa, seu idiota. Cérebro de geléia. Quadrúpede.
Reaja!!!
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Arte (il)imitada
Segue notícia do G1:
"Anão de jardim reaparece na Inglaterra após volta ao mundo".
A vida imita a arte. Que imita a vida. Vice-versa meu endereço.
Link aqui.
"Anão de jardim reaparece na Inglaterra após volta ao mundo".
A vida imita a arte. Que imita a vida. Vice-versa meu endereço.
Link aqui.
Tudo o que eu gostaria de dizer
JUCA KFOURI
Os Jogos da hipocrisia
Não é de hoje que o Movimento Olímpico perdeu seu idealismo. Mas Pequim passa de todos os limites
"POR QUE você não foi para Pequim?", perguntam.
"Porque não quis", respondo. Mais: estou entrando em férias e só volto aqui no dia 21. (Nota do blog: o "aqui" se refere apenas ao jornal...).
Claro que verei a Olimpíada e até comentarei no blog, mas ando cheio de tanta hipocrisia, a começar pela caça aos que são pegos no antidoping por hábitos que só fazem mal e pioram o rendimento.
Não aceito ver essa cartolagem imunda da família olímpica no papel de fiscal dos hábitos da juventude e, ainda por cima, expondo jovens à execração pública, como acabam de fazer com um jogador do handebol brasileiro.
Como não suporto o ufanismo da maior parte das narrações, com as exceções de praxe para os felizardos que podem assinar um canal de televisão fechada, razão pela qual darei uma fugidinha do país para acompanhar Pequim de uma cidadezinha colonial mexicana apaixonante chamada Guanajuato.
Porque passa do limite ver um Carlos Nuzman fazer quase o elogio da poluição ou se jactar pela maior delegação brasileira da história, quando só 12% de nossa rede escolar tem quadras de esporte. Aliás, quanto mais medalhas o Brasil ganhar, mais ficará demonstrado o desvio de sua não-política esportiva, porque privilegia o alto rendimento em vez da inclusão social ou a saúde pública por meio da prática de esportes.
Dá engulhos ver a cartolagem em hotéis de até sete estrelas enchendo a boca para dizer que esporte e política não se misturam, quando nada foi mais político do que escolher Pequim para receber os Jogos, cidade que, além de poluída, é uma capital que se notabiliza por cercear direitos básicos da cidadania.
Tudo por dinheiro, tão simples assim.
Porque a China talvez seja o melhor exemplo, com todas as suas contradições, de como ainda não se achou um sistema razoável, tão óbvias são as mazelas do comunismo e do capitalismo reais.
É claro que verei tudo, é claro que me emocionarei com as vitórias brasileiras, como com a festa de abertura.
É evidente que torcerei para que aconteçam triunfos como nunca, porque tenho a surpreendente capacidade (surpreende a mim mesmo, diga-se) de voltar a ser criança a cada competição em seu apito inicial.
E não é de hoje.
Faço assim com os jogos de futebol lá se vão bem uns 26 anos, depois que se revelou a existência da chamada "Máfia da Loteria Esportiva".
Porque paixão é paixão e não se explica, não se racionaliza, se sente.
E se curte.
Sim, eu sei que serei capaz de me comover às lágrimas até com a superação de um atleta que não seja conterrâneo, como já me aconteceu inúmeras vezes.
Mas é preciso que se diga que mais que em Atlanta, quando os Jogos Olímpicos modernos comemoraram cem anos e a Coca-Cola alijou Atenas de recebê-los num crime contra a história, esta edição chinesa é um soco em quem associa o esporte à saúde e à liberdade.
Lamento sentir assim, mas quem viveu a inesquecível festa de Barcelona-1992, cujos equipamentos até hoje são utilizados por quem os pagou, os catalães, além da hospitalidade que recebeu o mundo tão bem, não pode engolir Pequim-2008.
Os Jogos da hipocrisia
Não é de hoje que o Movimento Olímpico perdeu seu idealismo. Mas Pequim passa de todos os limites
"POR QUE você não foi para Pequim?", perguntam.
"Porque não quis", respondo. Mais: estou entrando em férias e só volto aqui no dia 21. (Nota do blog: o "aqui" se refere apenas ao jornal...).
Claro que verei a Olimpíada e até comentarei no blog, mas ando cheio de tanta hipocrisia, a começar pela caça aos que são pegos no antidoping por hábitos que só fazem mal e pioram o rendimento.
Não aceito ver essa cartolagem imunda da família olímpica no papel de fiscal dos hábitos da juventude e, ainda por cima, expondo jovens à execração pública, como acabam de fazer com um jogador do handebol brasileiro.
Como não suporto o ufanismo da maior parte das narrações, com as exceções de praxe para os felizardos que podem assinar um canal de televisão fechada, razão pela qual darei uma fugidinha do país para acompanhar Pequim de uma cidadezinha colonial mexicana apaixonante chamada Guanajuato.
Porque passa do limite ver um Carlos Nuzman fazer quase o elogio da poluição ou se jactar pela maior delegação brasileira da história, quando só 12% de nossa rede escolar tem quadras de esporte. Aliás, quanto mais medalhas o Brasil ganhar, mais ficará demonstrado o desvio de sua não-política esportiva, porque privilegia o alto rendimento em vez da inclusão social ou a saúde pública por meio da prática de esportes.
Dá engulhos ver a cartolagem em hotéis de até sete estrelas enchendo a boca para dizer que esporte e política não se misturam, quando nada foi mais político do que escolher Pequim para receber os Jogos, cidade que, além de poluída, é uma capital que se notabiliza por cercear direitos básicos da cidadania.
Tudo por dinheiro, tão simples assim.
Porque a China talvez seja o melhor exemplo, com todas as suas contradições, de como ainda não se achou um sistema razoável, tão óbvias são as mazelas do comunismo e do capitalismo reais.
É claro que verei tudo, é claro que me emocionarei com as vitórias brasileiras, como com a festa de abertura.
É evidente que torcerei para que aconteçam triunfos como nunca, porque tenho a surpreendente capacidade (surpreende a mim mesmo, diga-se) de voltar a ser criança a cada competição em seu apito inicial.
E não é de hoje.
Faço assim com os jogos de futebol lá se vão bem uns 26 anos, depois que se revelou a existência da chamada "Máfia da Loteria Esportiva".
Porque paixão é paixão e não se explica, não se racionaliza, se sente.
E se curte.
Sim, eu sei que serei capaz de me comover às lágrimas até com a superação de um atleta que não seja conterrâneo, como já me aconteceu inúmeras vezes.
Mas é preciso que se diga que mais que em Atlanta, quando os Jogos Olímpicos modernos comemoraram cem anos e a Coca-Cola alijou Atenas de recebê-los num crime contra a história, esta edição chinesa é um soco em quem associa o esporte à saúde e à liberdade.
Lamento sentir assim, mas quem viveu a inesquecível festa de Barcelona-1992, cujos equipamentos até hoje são utilizados por quem os pagou, os catalães, além da hospitalidade que recebeu o mundo tão bem, não pode engolir Pequim-2008.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Pequim
Na abertura das Olimpíadas, os militares hieráticos diante da bandeira da China, hmmmm... trouxe um travo amargo na memória.
Não é de agora que se faz uso político do esporte. Ou se mistura as duas cousas pra tentar justificar cousas terceiras, eu sei. Embora, talvez, quase sempre tenha sido assim. E, indassim...
A própria história dos jogos da era moderna - uai, da antiga também, pensando melhor - sempre teve implicações e desdobramentos que iam além da competição por recordes e medalhas. Não faz muito a disputa política ia para dentro dos estádios enquanto certos países permaneciam em casa vendo os jogos pela TV, dependendo de onde se realizassem.
Mas, hoje, aquela paradinha militar no maior evento esportivo global não deixa de ser um recadinho. Tomara que seja somente uma impressão errada.
Porque Pequim-08 me deixou um cheirinho - um cheirinho, apenas; mas, enfim, um cheirinho é um cheirinho - de Berlim-36.
Não é de agora que se faz uso político do esporte. Ou se mistura as duas cousas pra tentar justificar cousas terceiras, eu sei. Embora, talvez, quase sempre tenha sido assim. E, indassim...
A própria história dos jogos da era moderna - uai, da antiga também, pensando melhor - sempre teve implicações e desdobramentos que iam além da competição por recordes e medalhas. Não faz muito a disputa política ia para dentro dos estádios enquanto certos países permaneciam em casa vendo os jogos pela TV, dependendo de onde se realizassem.
Mas, hoje, aquela paradinha militar no maior evento esportivo global não deixa de ser um recadinho. Tomara que seja somente uma impressão errada.
Porque Pequim-08 me deixou um cheirinho - um cheirinho, apenas; mas, enfim, um cheirinho é um cheirinho - de Berlim-36.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Elêusis
Continuando, é óbvio que essa mesma linha de raciocínio pode ser estendida a outros, sem trocadalho, conjuntos da nossa cultura e universo pop. Tudo dependeria da lógica sobre a qual se abrigaria a coletividade em questão. Livros, contos ou personagens de Borges; pinturas cubistas; poetas brasileiros; presidentes norte-americanos; divindades de povos extintos; etc, etc. Praticamente quase toda nossa produção/indústria cultural pode se encaixar nesses moldes.
Claro que muita gente que sei e mais gente ainda que nem sei já fez isso ou algo similar. Com os Beatles inclusive, aposto.
Hmm, lembrei-me de um jogo de cartas baseado em regras semelhantes: Elêusis.
Ia tentar puxar pela memória e explicar como funciona, mas copiar+colar do wikipedia é mais fácil. Enfim, vamos jogar depois?
Elêusis é um jogo de cartas em que um jogador, denominado "Deus", "Natureza", "Tao", "Brahma", "Oráculo" ou simplesmente "Carteador", define uma regra secreta para determinar quais cartas podem ser jogadas em seqüência. O carteador, a cada lance, declara se um descarte é legal ou ilegal com base na regra. Por sua vez, os outros jogadores, denominados "espectadores", observam as seqüências de descartes, tentando descobrir a regra secreta, usando raciocínio indutivo, formulando hipóteses gerais e testando-as a cada lance. Por esse motivo, Elêusis é por vezes considerado uma analogia ao método científico.
Quem quiser conhecer as regras e saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%AAusis_(jogo_de_cartas)
Claro que muita gente que sei e mais gente ainda que nem sei já fez isso ou algo similar. Com os Beatles inclusive, aposto.
Hmm, lembrei-me de um jogo de cartas baseado em regras semelhantes: Elêusis.
Ia tentar puxar pela memória e explicar como funciona, mas copiar+colar do wikipedia é mais fácil. Enfim, vamos jogar depois?
Elêusis é um jogo de cartas em que um jogador, denominado "Deus", "Natureza", "Tao", "Brahma", "Oráculo" ou simplesmente "Carteador", define uma regra secreta para determinar quais cartas podem ser jogadas em seqüência. O carteador, a cada lance, declara se um descarte é legal ou ilegal com base na regra. Por sua vez, os outros jogadores, denominados "espectadores", observam as seqüências de descartes, tentando descobrir a regra secreta, usando raciocínio indutivo, formulando hipóteses gerais e testando-as a cada lance. Por esse motivo, Elêusis é por vezes considerado uma analogia ao método científico.
Quem quiser conhecer as regras e saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%AAusis_(jogo_de_cartas)
Imagine
O post anterior me lembrou uma cousa. Nada que seja original ou de interesse público, mas... já tive, há alguns anos, ganas de escrever algo só usando títulos de canções dos Beatles. Uma série em quadrinhos, uma coleção de contos, uma história qualquer, sei lá.
Porém, utilizar trechos de múltiplas canções e costurá-los dentro de uma mesma trama, fazendo-a funcionar em uma narrativa coerente, com personagens e tudo o mais - continuaria não sendo inovador, mas talvez levasse a idéia - e o desafio - a outro nível de complexidade.
Hmm, quem se habilita?
We can work it out?
Porém, utilizar trechos de múltiplas canções e costurá-los dentro de uma mesma trama, fazendo-a funcionar em uma narrativa coerente, com personagens e tudo o mais - continuaria não sendo inovador, mas talvez levasse a idéia - e o desafio - a outro nível de complexidade.
Hmm, quem se habilita?
We can work it out?
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
No sinal
Caminhando, atravessei a avenida no sinal vermelho e levantei a cabeça um segundo. Através do pára-brisa do carro na primeira fila, percebi a senhora chorando, as duas mãos segurando firmemente o volante. Olhei-a, e, naquele instante, ela olhou pra mim também.
Não nos desviamos: nem meus passos do caminho, nem seu pranto do meu olhar. Isso me incomodou um pouco. Aqueles olhos vermelhos e úmidos não tiveram vergonha de dividir seu sofrimento com um estranho. Também não pediram ajuda; não imploraram, não suplicaram, pareciam carecer de nada exceto, talvez, de uma simples testemunha qualquer.
É muito estranho se sentir assim íntimo de alguém. E essas lágrimas, jorraram de onde? Uma mágoa de amor perdido? Uma briga no trabalho? Coração partido? A doença de um filho?
O sinal abriu assim que alcancei o canteiro. A dona partiu, levando consigo sua dor e me deixando para sempre com seu mistério.
Desculpe, senhora. Não pude ajudá-la.
Não nos desviamos: nem meus passos do caminho, nem seu pranto do meu olhar. Isso me incomodou um pouco. Aqueles olhos vermelhos e úmidos não tiveram vergonha de dividir seu sofrimento com um estranho. Também não pediram ajuda; não imploraram, não suplicaram, pareciam carecer de nada exceto, talvez, de uma simples testemunha qualquer.
É muito estranho se sentir assim íntimo de alguém. E essas lágrimas, jorraram de onde? Uma mágoa de amor perdido? Uma briga no trabalho? Coração partido? A doença de um filho?
O sinal abriu assim que alcancei o canteiro. A dona partiu, levando consigo sua dor e me deixando para sempre com seu mistério.
Desculpe, senhora. Não pude ajudá-la.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Falando em Art
Coluna social Boêmios no divã.
Bruno Perpétuo, o Marchand de Icaraí, o mais astuto art dealer de Niterói, o Olho Vivo das antiguidades e Faro Fino da cultura pop, o mecenas fluminense da criatividade e patrono tricolor das artes pré, neo e pós-contemporâneas, está com sua própria Galeria na cidade-sorriso, expondo seu acervo para interessados em adquirir peças formidáveis, genuínas, raras e/ou de bom gosto.
Como Boêmios no divã tem uma audiência sofisticada e sensível ao fazer artístico-cultural, publicaremos em breve os dados para mais informações e contato.
A propósito, tomo a liberdade de reproduzir aqui a nota, from coluna do Ancelmo Gois, que me trouxe a lembrança do empreendimento do querido amigo - presumo, contudo, que Brunovsky certamente já deve estar por dentro de todos esses babados no über mundo das artes.
Dou-lhe uma, dou-lhe duas...
Portinari à venda
Amanhã, no leilão da Bolsa de Arte, será vendida a tela "Duas mulheres" (reproduzida acima), pintada pelo grande Candido Portinari na década de 1930, que pode bater o recorde do artista em leilões. Estima-se que a obra seja arremata por uma quantia entre R$ 2,8 milhões a R$ 3,5 milhões.
É uma têmpera com areia sobre tela, uma técnica menos valiosa do que o óleo sobre tela. Mas integrou exposições individuais do artista no MNBA, na Universidade de Chicago (1940) e no MoMA (1940).
E ainda...
Outra atração do leilão - esta para iniciados - é Jeff Koons, que normalmente não costuma aparecer no mercado brasileiro. Bamba da pop art, faz balões infláveis.
Você aí pagaria entre R$ 30 mil e R$ 50 mil por um balão inflável?
Amanhã, no leilão da Bolsa de Arte, será vendida a tela "Duas mulheres" (reproduzida acima), pintada pelo grande Candido Portinari na década de 1930, que pode bater o recorde do artista em leilões. Estima-se que a obra seja arremata por uma quantia entre R$ 2,8 milhões a R$ 3,5 milhões.
É uma têmpera com areia sobre tela, uma técnica menos valiosa do que o óleo sobre tela. Mas integrou exposições individuais do artista no MNBA, na Universidade de Chicago (1940) e no MoMA (1940).
E ainda...
Outra atração do leilão - esta para iniciados - é Jeff Koons, que normalmente não costuma aparecer no mercado brasileiro. Bamba da pop art, faz balões infláveis.
Você aí pagaria entre R$ 30 mil e R$ 50 mil por um balão inflável?
Questão de ordem
Prometi começar meu Caminho de Santiago no cinema pelos filmes que normalmente as locadoras estacionam nas prateleiras sob a plaquinha “Arte”. Ontem, assisti a “Um dia muito especial”, produção ítalo-canadense com a duplinha Marcelo e Sophia.
A trama fala da interação de dois vizinhos premidos pelas suas vidas - ela, dona-de-casa com seis filhos numa vidinha besta com a besta do marido; ele, um homossexual desolado e desempregado em meio ao fuzuê do fascismo - e se passa no dia em que Hitler visitou a Itália para dar um beijo na careca do Duce.
Olha, e não é que não doeu? A trama tinha pé e tinha cabeça. Acho que o que tenho medo mesmo é de alugar um filme europeu e em seu lugar me assustar com alguma forma de vida alienígena.
Mas, eu, que sou bagunceiro de nascença e desorganizado por força maior, fiquei feliz de ouvir no filme a frase que fazia a apologia do meu apanágio: “A ordem é a virtude dos medíocres”.
Pensando melhor, esse filme é muito inteligente! Bom mesmo!!!
A trama fala da interação de dois vizinhos premidos pelas suas vidas - ela, dona-de-casa com seis filhos numa vidinha besta com a besta do marido; ele, um homossexual desolado e desempregado em meio ao fuzuê do fascismo - e se passa no dia em que Hitler visitou a Itália para dar um beijo na careca do Duce.
Olha, e não é que não doeu? A trama tinha pé e tinha cabeça. Acho que o que tenho medo mesmo é de alugar um filme europeu e em seu lugar me assustar com alguma forma de vida alienígena.
Mas, eu, que sou bagunceiro de nascença e desorganizado por força maior, fiquei feliz de ouvir no filme a frase que fazia a apologia do meu apanágio: “A ordem é a virtude dos medíocres”.
Pensando melhor, esse filme é muito inteligente! Bom mesmo!!!
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Trabalho
"Adoro o trabalho. Sou capaz de ficar horas simplesmente olhando pra ele."
Tenham uma boa semana.
Robert Benchley
Tenham uma boa semana.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Ilustres
Se minhas fontes estão corretas, parece-me que este blog tem um leitor assíduo em Teresina e outro em Natal.
Ora, ora, pessoal! Identifiquem-se! É com honra e prazer que eu me corresponderia com quem sempre têm vindo conferir o besteirol que rola aqui nesse blog de Belzonte!
Quem sabe, depois de conhecê-los, eu não apareço para devolver as visitinhas? (hehehe).
Ora, ora, pessoal! Identifiquem-se! É com honra e prazer que eu me corresponderia com quem sempre têm vindo conferir o besteirol que rola aqui nesse blog de Belzonte!
Quem sabe, depois de conhecê-los, eu não apareço para devolver as visitinhas? (hehehe).
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