quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A graça atendida

Adoro uma molecagem. E uma das formas mais gostosas é possuir - tem uma expressão em francês pra isso que agora esqueci, eles sempre têm uma expressão pra tudo - a presença de espírito necessária para dizer a coisa certa na hora h. Quantas vezes a gente não deixa passar a oportunidade de dizer ali, na bucha, o que queria, para se arrepender depois pela chance perdida - quando a frase certa chegou tarde demais?

Há muitos anos, eu vinha flertando com uma garota que morava no São Lucas. Num domingo fortuito, eu à toa, de bobeira, resolvi fazer uma surpresa e ir à casa dela sem avisar. No interfone disseram que ela havia ido à igreja. Perguntei qual. Aquela do Santa Efigênia. Olhei o relógio. Ainda eram 19:30. Entrei rápido no carro e fui.

A igreja estava lotada. Fui andando devagarinho, com cautela pra não ser visto, esticando o pescoço e percorrendo o olhar entre os presentes. Até que a encontrei. Estava de joelhos, rosto baixo, mãos unidas em oração. A tentação era irresistível. O momento, perfeito. Me esgueirei desapercebido entre a multidão, aproximei-me de seu ouvido e sussurrei de mansinho, cafajeste: - “Querida... sou a resposta para suas preces”.

Claro que não deu certo entre nós.

2 comentários:

ericog.alves disse...

Flertando... Cara!!! Seu Blog é Blog de velho. Ainda bem. hehehehehe!
Abraço

MegMarques disse...

hahahahaha, muito boa!!!
Mas como não deu certo?!
Com essa presença de espírito e senso de oportunidade qualquer mulher com bom-humor e inteligência teria ficado apaixonadíssima!
bjo