quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A lavadora e o labrador

Há uma semana, a lavadora de casa, que era minha, originalmente, deu tilt. Uma General Eletric digital, de 10Kg e três anos de uso. Não ligava e o técnico definiu que era preciso trocar a placa com os circuitos.

Bem, a placa se encontra indisponível na região, e só chegaria em 20 a 30 dias. Como nem eu mesmo aguentaria ficar um mês usando cueca do lado do avesso, comprei uma nova máquina.

Mas gostaria de colocar a máquina GE, danificada ou não, à venda. Vendo, troco, negocio.

* * *

A estiagem e o tempo seco que perduram há meses em Belo Horizonte nos deixou imprevidentes.

Sucede que Nelson - como todo bom filhote-de-dois-meses - gosta de dormir perto de onde está gente. No caso, ou, na casa em questão, ao lado da porta da sala que dá acesso à área externa e quintal. Destarte, ele vinha dormindo por alizinho, dentro de uma pequena caixa de papelão que, em breve, seu crescimento tornaria obsoleta.

Contudo, o fim da casinha de papelão chegou mais cedo do que imaginávamos. Estávamos despreparados para a chuva que caiu na madrugada de anteontem.

Às 3h50, Meg me acordou carinhosamente com um soco - "Tá chovendo, olha o Nelson" - e eu fui lá fora ver o bicho, ao mesmo tempo em que tentava espantar o sono imaginando que providência iria tomar. Ele está se acostumando a dormir ao pé da porta e não permaneceria na casinha de cachorro lá embaixo, no quintal. Mas eu também não posso deixar o zé carrapato aqui ao relento, debaixo deste temporal.

Acendo as luzes, abro a porta. Chamo seu nome, não dá pra ver se ele está dentro da caixinha, que a água lentamente desintegrava. Chove bastante. Me abaixo, enfio as mãos lá na caixa e encontro o bicho ensopado e dormindo, a despeito de todo o aguaceiro. É um jacureba mesmo.

Cato o bicho no colo, seco com uma toalha e o coloco pra dormir ao lado da minha cama, o que ele faz, depois de protestar e resistir por uns vinte e cinco minutos.

Moral da história: enquanto Nelson não se acostumar a dormir lá embaixo, longe das pessoas, e a próxima chuva não vem, ele ficará novamente alojado ao lado da porta, agora, em uma linda favelinha decorada por mim - feita de um baú de vime, com o teto reforçado por papelão, plástico-bolha e pranchas de compensado. Chupa, Niemeyer.

E, como bem sabe Deus que não ando com dinheiro sobrando para comprar uma casinha de cachorro bacanuda para acomodar o Nelson, já consigo imaginar outros usos para a máquina de lavar, caso não consiga vendê-la.

Sei que Meg, moça fina, verdadeiramente uma esteta, protestará. Mas, gente. Hoje, reciclagem é tudo.

3 comentários:

MegMarques disse...

A casinha do Nelson ficou bacanésima!
Quanto ao soco, puxa, amore, foi só um empurrãozinho...

Ricardo Chácara disse...

Adorei o "Chupa Niemeyer."
Fiquei rindo por meia hora....
Abraço

Nanda disse...

Nossa! Acredita que no dia dessa chuva eu fiquei pensando no Nelson? Meu bom coração pra cachorro já tava de olho nele aqui sem mesmo eu conhecer o bicho!