sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Extrato


Como diz um amigo, viajar é uma espécie de investimento em memórias.

Assim sendo, hoje fui conferir um extrato de maio de 2011.

Embora breve - apenas 15 minutos de duração - o percurso ferroviário entre La Spezia e Riomaggiore, a primeira das Cinque Terre, é muito entrecortado por túneis. Passa-se a pequena viagem mais às escuras do que claras. E por aí vamos, subindo a serra, perfurando a rocha, pedregulhos, vegetação e montanhas a nos espremer nos dois lados do vagão, tic-toc-tic-toc-tic-toc, até que... até que, depois de mais um túnel, subitamente se tem a visão que me arrancou um legítimo PQP, bradado de dentro do trem.



















Em maio de 2011, investimos em memórias, sim. E, no entanto, continuo me sentindo em débito com a vida, com um monte de gente e um monte de coisas que não sei explicar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Escola: comos e porquês

"Os bichinho tão criado
Sastifiz o meu desejo
Eu podia discansá
Mas continuo vendendo caranguejo"

Vendedor de caranguejo

A despeito dos riscos de uma socialização de menor intensidade na educação de uma criança, não seria melhor um tutor do que uma escola?

Diante das circunstâncias, me parece uma interrogação honesta. Face ao nível do estudo público, face aos custos do estudo privado, e, no comum a ambos, tratando-se do caso brasileiro, a tônica de privilegiar não a verdadeira aprendizagem, mas a preparação para o vestibular.

Cenário de desafio. Cada vez mais, menino sabe menos. Decora muito, depois esquece tudo. É ou não é? Isso se não se rebela, quando lhe impõem goela abaixo dezenas de livros cronologicamente deslocados ou as intragáveis integrais e derivadas - proveitosas para atividades bem específicas, ou de aplicação muito distante do mundo prático do dia a dia (sem crase, devido à famigerada reforma). Pronto, fica criado o dique psicológico - dificilmente aquele determinado fluxo de conhecimentos vai no futuro conseguir atingir a foz e se integrar ao mar.

É certo que há por aí toda uma literatura pró e contra sobre o assunto. Debates, críticas, opiniões, teses, artigos, bate-bocas, posts, reportagens - enfim, defesas de modelos pedagógicos distintos, de reformas, de propostas híbridas, etc.

Mas, como uma revolução ampla no ensino público ou privado parece hoje mais uma utopia, por que não a tutoria - se à família fosse economicamente possível e humanamente viável?

Forçar-me esta reflexão me leva, inevitavelmente, a outra pergunta: - qual o sentido da escola? E por conseguinte: que escola queremos? Que escola é útil à sociedade hoje em dia? A que prepara o vestibular? A que educa para o trabalho? A que forma técnicos para preencherem as poucas vagas working class? Como um sistema de ensino popular poderia reconhecer e promover talento individuais diferentes sem esmagá-los com uma carga massificante e padronizada?

Outro dia, estive a saber como era organizado o conhecimento, transmitido em certos círculos, durante a Idade Média. Falo do Trivium e do Quadrivium.

(continua)



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SOPA & PIPA :(

Continuando a, sei lá, onda cívica desta sexta, eis por que estou hoje ao lado dos bucaneiros contra a SOPA e PIPA, em debate no congresso americano (afinal, o que começa no império acaba sendo reproduzido nas colônias), AI-5 digital do Eduardo Azeredo e similares.


SOPA: The Pirate Bay contra a censura da Internet pelos Estados Unidos

Original: https://static.thepiratebay.org/legal/sopa.txt

por The Pirate Bay, no Diário Liberdade

Mais de um século atrás, Thomas Edison conseguiu a patente de um dispositivo que poderia “fazer para o olho o que o fonógrafo faz para a orelha”. Chamou-o cinetoscópio [Kinetoscope]. Ele não só foi um dos primeiros a gravar um vídeo, ele também foi a primeira pessoa a possuir os direitos autorais [copyright] de um filme.

Por causa das patentes de Edison para o cinema era quase financeiramente impossível conseguir criar filmes na costa leste dos EUA. Os estúdios de cinema, então, mudaram para a Califórnia, e fundaram o que hoje chamamos de Hollywood. O motivo foi principalmente porque lá não havia nenhuma patente. Também não havia nenhuma lei de proteção de direitos autorais que se tenha conhecimento, por isso os estúdios podiam copiar velhas histórias e fazer filmes baseados nelas – como Fantasia, um dos maiores sucessos da Disney.

Assim, toda a base desta indústria, que hoje está gritando com a perda de controle sobre os direitos imateriais, é que eles contornaram os direitos imateriais. Eles copiaram (ou em sua terminologia: “roubaram”) os trabalhos criativos dos outros, sem pagar por isso. Eles fizeram isso para terem um lucro enorme. Hoje, eles são todos bem sucedidos e a maioria dos estúdios está na lista Fortune 500 das empresas mais ricas do mundo.

p>A razão pela qual eles estão sempre reclamando sobre “piratas” hoje é simples. Nós fizemos o que eles fizeram. Nós contornamos as regras que eles criaram e criamos as nossas. Nós esmagamos o seu monopólio, dando às pessoas algo mais eficiente. Nós permitimos às pessoas terem uma comunicação direta entre si, contornando o rentável intermediário, que em alguns casos tomam mais de 107% dos lucros (sim, você paga para trabalhar para eles). É tudo baseado no fato de que estamos em competição. Nós temos provado que a existência deles na sua forma atual não é mais necessária. Nós somos apenas melhor do que eles são.

E a parte engraçada é que as nossas regras são muito semelhantes às ideias dos fundadores dos EUA. Nós lutamos por liberdade de expressão. Vemos todas as pessoas como iguais. Acreditamos que o público, não a elite, deveria governar a nação. Acreditamos que as leis deve ser criadas para servir o público, e não as corporações ricas.

The Pirate Bay é verdadeiramente uma comunidade internacional. A equipe está espalhada por todo o mundo – mas nós ficamos fora do EUA. Temos raízes suecas e um amigo sueco disse o seguinte: A palavra SOPA significa “lixo” em sueco. A palavra PIPA significa “tubo” em sueco. Isto não é, obviamente, uma coincidência. Eles querem transformar a internet em um tubo de mão única, com eles em cima, empurrando o lixo para baixo através do tubo para o resto de nós, consumidores obedientes. A opinião pública sobre este assunto é clara. Pergunte a qualquer um na rua e você vai aprender que ninguém quer ser alimentado com lixo. Por que o governo dos EUA querem que o povo norte-americano seja alimentado com o lixo está além da nossa imaginação, mas esperamos que você os detenha, antes que todos no afoguemos.

O SOPA não pode fazer nada para parar o TPB. No pior caso, vamos mudar o domínio de alto nível do nosso atual .org a uma das centenas de outros nomes que nós também já usamos. Em países onde o TPB é bloqueado, China e Arábia Saudita vem à mente, eles bloqueiam centenas de nomes de nosso domínio. E funcionou? Na verdade, não. Para corrigir o “problema da pirataria”, a pessoa deve ir à fonte do problema. A indústria do entretenimento diz que está criando “cultura”, mas o que eles realmente fazem é vender coisas como bonecas caríssimas e fazem meninas de 11 anos de idade se tornarem anoréxicas. Quer a partir do trabalho nas fábricas, que cria as bonecas por basicamente nenhum salário, quer por assistir filmes e shows de TV que as fazem pensar que são gordas.

No grande jogo de computador criado por Sid Meiers, Civilization, você pode construir Maravilhas do Mundo. Uma das mais poderosas é Hollywood. Com ela você controla toda a cultura e mídia do mundo. Rupert Murdoch estava feliz com o MySpace e não tinha problemas com a sua própria pirataria até que falhou. Agora ele está reclamando que o Google é a maior fonte de pirataria no mundo – porque ele é ciumento. Ele quer manter o seu controle mental sobre as pessoas e claramente você consegue obter uma visão mais honesta das coisas na Wikipedia e no Google do que na Fox News.

Alguns fatos (anos, datas) provavelmente estão errado neste comunicado à imprensa. A razão é que não podemos obter estas informações quando Wikipedia está fora do ar. Por causa da pressão dos nossos decadentes concorrentes. Pedimos desculpas por isso.

THE PIRATE BAY, (K)2012

Original aqui.



Sempre às sextas

Mino Carta, com elegância e assertividade habituais, na coluna de hoje de Carta Capital, desmistifica a "nova classe média", o que isso tem a ver com o BBB e aponta para o caminho que ainda falta percorrer aqueles brasileiros que ainda não passamos por uma revolução francesa.

Com grifos meus, um excerto:

A ampliação da nossa “classe média”, ou seja, a razoável multiplicação dos consumidores, é benfazeja do ponto de vista estritamente econômico, mas cultural não é, pelo menos por enquanto, ao contrário do que se deu nos países europeus e nos Estados Unidos depois da Revolução Francesa. De vários ângulos, ainda estacionamos na Idade Média e não nos faltam os castelões e os servos da gleba, e quem se julga cidadão acredita nos editoriais dos jornalões, nas invenções de Veja, no noticiário do Jornal Nacional. Ah, sim, muitos assistem aoBig Brother.

Estes não sabem da sua própria terra e dos seus patrícios, neste país de uma classe média que não está no meio e passivamente digere versões e encenações midiáticas. Desde as colunas sociais há mais de um século extintas pela imprensa do mundo contemporâneo até programas como Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes.

Vale a pena ler o texto completo aqui.



ô chat chatô


Os miados renitentes do pequeno crápula, trancado no banheiro que insiste em invadir pela janela na calada da noite, me fizeram levantar da cama e abrir a porta para Sua Majestade, Biba The First.

Post factum, imaginei imaginar a Declaração Universal dos Direitos dos Gatos. Embora Google me esclareça que já existem postulados neste sentido - não há nada que não haja, como veridicamente sentencia o amigo da amiga blogueira Helê -, registro aqui minha modesta sugestão, à guisa de lembrete, prólogo, anotação ou futura referência para posterior verificação, estudo e desenvolvimento conceitual de capítulos, artigos, incisos e outras letras que tais.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS GATOS
Libertê - Alimentê - Superioritê


HINO
Allons chatons de la Patrie,
Le bol de lait est arrivé...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ali, 70



Não pertenci à geração de Muhammad Ali. Dizem que é dele a frase "Se você, aos cinquenta anos, vir o mundo como via aos vinte, então, amigo, você perdeu trinta anos de sua vida".

Mas, quem pertenceu foi capaz de escrever depoimentos como este, que reproduzo a seguir.

(De colher de chá, sugiro a trilha sonora para a acompanhar a leitura):



Crônica de 06/05/2001

LUÍS NASSIF
O maior combate do boxe


A história do boxe está repleta de combates históricos, desde os de Jack Dempsey contra Finnigan, Sugar Ray Robinson contra Jack La Motta, La Motta contra Marcel Cerdin, Joe Louis contra Max Baer. Uma das características do combate épico é o equilíbrio, a imprevisibilidade, o fato de se saber que qualquer um poderá cair na lona a qualquer momento.

Durante longos anos, por exemplo, o peso médio argentino Carlos Monzon -o maior da história, na sua categoria-, com seu corpo esguio, magro até, a maneira de jogar o tronco para trás para se desviar dos golpes dos adversários, foi previsível: vencia todas, como quem vai a um passeio, do mito italiano Nino Benvenutti ao extraordinário cubano-mexicano José "Mantequila" Nápoles.

Épicos mesmo, pelo equilíbrio de forças, foram seus combates contra o talentosíssimo colombiano Rodrigo Valdez, que fez carreira invicta como a dele.

Épico também foi o combate entre o nicaraguense Aléxis Argüelo e o negro americano Ray "Boom Boom" Mancini, outra máquina de bater. Argüelo dominou até o penúltimo assalto, dando um dos maiores shows de boxe da história. Bastou um soco bem colocado do americano para ele vacilar e ser demolido por uma saraivada de golpes.

Mas o maior épico da história do boxe foi Muhammad Ali, especialmente quando voltou da suspensão a que foi submetido por ter se recusado a lutar no Vietnã. E digo especialmente não porque ele tenha voltado melhor. Voltou pior.

Mais pesado, menos efetivo nos seus golpes, ainda ostentando "jabs" fortes, mas sem a leveza dos primeiros tempos, e sem aqueles golpes que, aparentemente sem forças, destruíam animais como Sonny Liston. E talvez no período em que vicejou o mais forte conjunto de pesos pesados da história.

Voltou, foi derrotado por Joe Frazier em uma luta histórica, na qual foi à lona do penúltimo assalto. Antes da revanche, Frazier foi demolido por George Foreman -provavelmente o mais forte lutador de todos os tempos-, com um murro no estômago no terceiro assalto que o levantou do tablado como a uma boneca de pano.

Para recuperar o título mundial, Ali tinha que enfrentar Foreman, e o significado dessa luta transcendeu o tablado. Foreman era o oposto de Ali. Era o representante típico do establishment norte-americano, certinho fora de quadra, um animal de ferocidade dentro. Tinha sido o negro que se enrolara na bandeira dos EUA na Olimpíada, enquanto outros atletas negros protestavam contra o racismo e a guerra.

Era enorme e com um jeito de lutar todo especial. Cruzava os braços em xis, protegendo simultaneamente o tronco e a cabeça. E tinha um direto de direita fulminante.

Nenhuma de suas lutas passara do quinto assalto, a maioria absoluta terminara antes do terceiro. Pois era esse gigante que Ali teria que enfrentar, se quisesse recuperar o título.

A luta foi na África, e repleta de significados. Era o herói pacifista, o representante dos rebeldes de Woodstock, das passeatas no Capitólio, enfrentando a mais poderosa máquina de bater, quase um desses personagens de Stallone criados não pela KGB, mas pela CIA.

Começa a luta e, desde os primeiros minutos, via-se um Ali irreconhecível, preso nas cordas, protegendo o rosto com as luvas e recebendo, inerte, uma saraivada de socos no fígado, no estômago e nos braços.

Assalto após assalto foi isso. Confesso que pensei em desligar a televisão para não ver meu ídolo naquele triste fim de carreira. A única coisa que não batia naquele enredo era que, sempre que terminava um assalto, depois de passar três minutos sob pancadaria, Ali subia nas cordas e saudava a multidão de africanos que o aplaudia. Eu ficava pensando com meus botões, coitado, ele está comemorando o fato de poder respirar um minuto de intervalo antes de voltar a apanhar.

E foi assim até o sétimo assalto. No sétimo tinha-se um Foreman resfolegante que nem uma locomotiva velha, a esta altura dando socos sem direção contra um Ali que continuava paradão. Até que, em um determinado momento, Ali soltou um jab no queixo do adversário.

O gigante estacou, olhos já vidrados. Ali saiu debaixo de seus braços e foi fulminante: uma seqüência memorável de "um-dois" na cabeça do adversário.

E o que se viu foi o maior momento da história do boxe, o golpe que não houve. Aquele gigante desabando, que nem um jatobá podre, caindo em câmara lenta na frente de Ali. Esse o acompanhando, pronto para desferir o último golpe.

Com o gigante quase de joelhos, seu rosto fica a poucos centímetros das luvas de Ali. O campeão acompanha o adversário, os braços retesados, de quem está pronto para dar o golpe final. E se contém, o golpe não sai, porque não era mais necessário.

Nunca existiu nem existirá lutador como Ali.

Altíssima voltagem no cérebro


Certas obras nos salvam ou nos perdem. Talvez ambas as coisas, e talvez por isso não há livro recente que eu que recomende com mais força e entusiasmo do que A doutrina do Choque - A ascensão do capitalismo de desastre, da jornalista canadense Naomi Klein.

Num minucioso trabalho de reportagem, o livro se ergue em torno de uma ideia simples: a de que o choque - seja físico, psicológico e sensorial, como instrumento de repressão e tortura; seja econômico, com o fervor religioso neoliberal e sua santíssima trindade: privatização/desregulamentação financeira/corte de gastos sociais - o choque, dizia eu, seria o padrão recorrente que caracterizou e caracteriza os genocídios econômicos e o sufocamento da democracia, em períodos distintos, de várias nações do globo, a partir da década de 70.


Naomi Klein

* * *

A leitura de A Doutrina não mudou minha visão de mundo. Ampliou-a.

A partir do conjunto de dados que fui recebendo, velhas suspeitas foram confirmadas, novos "insuspeitos" foram surgindo. O que parecia desconexo e despropositado na História ganhou contornos de lógica, começou a fazer sentido - inclusive e sobretudo no contexto do Brasil! E as teorias revelaram-se, na verdade, práticas de conspiração - registradas, referendadas e documentadas, graças ao faro de sabujo de dona Klein e sua equipe.

Em suma: essencial, indispensável, imprescindível. Para quem quer entender o mundo hoje, ontem e amanhã. Por falar nisso, aliás, lanço a você um desafio.

* * *

O mais inesperado de A Doutrina do Choque, por incrível que pareça, é que ele pode fazer com que a gente lucre um dinheirinho extra. Funciona, é batata!

Simples: aposte com os colegas que você tem misteriosos poderes mediúnicos e fature uma grana à custa desses incautos e incrédulos. Leia ou veja qualquer notícia na web, nos jornais ou nos telejornais. A partir de A Doutrina do Choque, nada terá muita surpresa para você, porque você já sabe de cor e salteado a lógica da super elite que comanda as corporações, bancos e governos em todo o mundo. Por exemplo, dependendo do país, creio que você tem cerca de 90 a 95% de chances de acertar quais serão as medidas de qualquer pacote ou reforma econômica antes mesmo do ministro da fazenda anunciá-los oficialmente em uma coletiva! Como disse, batata! E vale para a maioria dos países!

* * *

Taí. Talvez esta seja sua maior qualidade: o livro que o capacita para uma nova leitura do passado vai fazer com que você seja capaz de predizer o futuro. E, quem sabe, com um pouco de sorte, tornar nosso presente menos intranscendente.

* * *
A Doutrina do Choque, hoje em promoção no Submarino, pela metade do preço: clique aqui.

PS: tô levando jabá, não.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sobrinho


Depois de revê-lo hoje, arriscaria traçar alguns contornos da personalidade do jacureba de um ano e dez meses.

Inteligente, comunicativo, desinibido, malandro, bem-humorado...

Se for gente boa como é bonito, vai ter muito pai de moça sem dormir em Teófilo Otoni, daqui a uns treze anos.

Grande Jotapê.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Estupidificação


Falou e disse o pintor brasileiro Antônio Veronese.

Uma dúvida assombra meus botões: será esta estupidificação coletiva, há anos perpetrada, intencional, orquestrada? Há alguma estratégia camuflada, algum ganho oculto em imbecilizar o indivíduo por meio da cultura de massa, tendo nos mass media o mais perverso instrumento de amplificação da idiotia?

Foi o que pensei assim que vi o recente endeusamento midiático, por várias razões cogitáveis, dos torneios de vale-tudo e seus protagonistas. Súbito, um bando de marmanjos que nunca havia dado bola direito pra isto, se descobriu fã de Utimate Fighting desde criança.

A reflexão, a crítica e a valorização de virtudes morais é sistematicamente negligenciada. A cada ano, a cultura social mundial registra uma verdadeira escalada de estupidez, sexo e violência. Boçalidade, sexo e violência. Banalidade, sexo e violência.

Quem lucra com a transformação do seres humanos em antas legítimas? Neste ritmo, estaremos todos, como diz o Nelson, babando e urrando no bosque.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Na mesma toada




Um de meus finais de filme favoritos, senão o favorito.

Entre várias alegorias e metáforas, tem uma que adoro, deliciosamente irônica: é quando Benjamin usa uma cruz para se defender. E depois, logo em seguida, trancar seus perseguidores na igreja.

And the vision that was planted in my brain still remains.

Mais ou menos o mesmo

"I am older than I once was
And younger than I'll be, that's not unusual.
No it isnt strange after changes upon changes
We are more or less the same
After changes, we are more or less the same"


Simon e Garfunkel

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

2011, o ano que não terminou

Enquanto o recesso de duas semanas não expirar,

Nada de IPTU, nada de IPVA.

Se 2012 fosse um grande abecê

Confesso tranquilamente a você:

Inda nem escrevi a letra A.