quarta-feira, 30 de abril de 2008

Efemérides

Hoje, comemoração de aniversário da esposa do primo; amanhã, dia da irmã ficar noiva.

Bem no Dia do Trabalho. Há tempos postei que uma amiga casou no civil no dia 1º de abril. Hmm... Não ligo para superstições, menos ainda para certas formalidades e ritos sociais (embora respeite quem há de).

Enfim: Cida, Cunhadão e Ju: felicidade tripla! Sucesso pra vocês.

O eterno trapézio

De que maneira chegaremos
às brancas portas da Via-láctea?
Será com asas ou com remos?
Será com os músculos com que saltas?
Trapezista, Cecília Meireles


Quantas vezes você já estragou seus relacionamentos por não dizer o que realmente sentia?

E quantas vezes você já estragou seus relacionamentos por dizer o que realmente sentia?

Quantas vezes você já se sentiu machucado e arrependido porque foi sincero e o outro não entendeu, não compartilhou nem se enterneceu; fez da sua sinceridade uma arma apontada para você, fez das suas confissões um instrumento egoísta de controle e poder?

No meu caso: inúmeras vezes. Doeu pra burro, mas não aprendi. Talvez jamais venha a aprender. Se a lição é ficar na moita, nunca fui bom de camuflagem; se é aquele jogo de cartas marcadas, nunca esses foram meus ases; se é pra dançar conforme a música, nunca, como no filme, toque I Will Survive à minha presença e me peça para virar estátua.

Porque pensei nisso quando li o que a Cristiana escreveu no blog Para Francisco:

“Como é difícil encontrar o amor, filho. É que amor de verdade não é feito só de pele. O que o torna amor é ser feito de alma. Sua matéria-prima é cumplicidade. Você pode se relacionar há anos, ser casado com uma pessoa e não ser dela um cúmplice. Se ela não disser sim, não há o que eu chamo de amor. Cumplicidade, filho, é alguma coisa que você pode conquistar com alguém que parece estar longe. Uma pessoa com quem você se corresponde, por exemplo, pode chegar tão perto do seu coração, mesmo que você não a conheça fisicamente. Isso é amor. Amor de alma. Era o que eu tinha com seu pai. E tinha todo o resto também. Mas parece que as melhores coisas da vida são mesmo as mais difíceis de se encontrar.”

E lembrei do Poetinha, que disse: O amor só se dá para quem se deu.

Às vezes, recebo conselhos de cautela, olhares de reprovação. Me pedem para ser contido, me pedem para ser discreto.

Caramba! Deixa eu fazer o que o coração mandar! Porque pouco mais importa.

Permitam que eu expresse minhas cores, deixem que eu seja tolo, deixem que eu sofra, deixem que eu me afogue em dores por ser insensato!

Se eu tiver que gritar, eu grito.
Se eu tiver que chorar, eu choro.
Se eu tiver que viver, eu vivo.
Se eu tiver que morrer, eu morro.
Se tiver que me contradizer, eu me contradigo.
Se eu tiver que voltar atrás, eu volto.
Se eu tiver que seguir em frente, eu sigo.

Pois amar, amar de verdade, é um eterno salto sobre o abismo.

Espero ser muito feliz. Espero que você esteja do outro lado, Meg.

terça-feira, 29 de abril de 2008

35 anos para ser feliz

Martha Medeiros

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.
A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.
Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.
Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.
Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Programas culturais

Todo mundo gosta de fazer um agradinho ao outro. Não fujo à regra, embora certos programas fujam ao meu curtíssimo rosário pessoal de predileções sem restrições - como butecos, por exemplo.

Já fui sujeito mais resistente e bronco, e por isso devo desculpas póstumas àquelas que outrora tiveram de aturar minhas evasivas e escapadelas aos passeios que me deixariam culturalmente menos despreparado. Mas hoje estou mudado, sou um homem melhor e até encaro na boa um museu - exatamente o programa do próximo fim de semana. Agora, me sinto mais à vontade nesses ambientes do que antes. O passeio é valorizado, imagino; chego a fantasiar que ganho pontos, meu cartaz sobe.

Mas, ai de mim. Sou uma anta plástica, um gnu para a pintura, um mandril para as artes presentes, passadas e futuras. Avizinha-se a ida a qualquer museu e já começam meu drama e minhas trapaças. Tudo, tudo para impressionar. Ou não causar má impressão.

A via sacra se inicia na investigação prévia no site do museu para descobrir o que está sendo exposto. Continua a peregrinação nos sites de busca à cata de informações sobre os autores, o acervo, as fases de cada artista, o que cada obra significa, etc., etc.

É preciso treinar em casa, frente ao espelho, a cara de inteligente e a pose de “sabido, porém discreto”, além das interjeições, para não ficarem inverossímeis: “Hmmm” , “Hmmmmmmmmmmm” e “Hm”, esta a cerrar os olhos e inclinar a cabeça um pouco para a direita para mostrar que você não é homem só de certezas, também é capaz de dúvidas; “ah” e “Ooh”, discretos e murmurados, afinal, qualquer admiração dos finos deve ser contida e comportada; e, provavelmente, “Bluowrllooorp”, o ronco do estômago vazio que você terá de abafar, pois está faminto após horas de hmms e oohs.

Mas grunhidos de admiração calculada não serão suficientes, certamente. Desde já, estou decorando expressões para, em caso de argüição, emitir uma opinião crítica e consistente sem envergonhar a ninguém. Imagina: perguntam a você o que achou da pintura à sua frente e o máximo que você consegue é torcer o beiço fazendo bico e dizer - “Bacana”? Não dá. Para comentar obras de arte, eis adjetivos, substantivos e verbos preciosíssimos:

- “interroga",
- "problematiza"
- "reverencia"
- "inverte"
- "transgressivo"
- “dialoga”
- "virtualiza"
- "interstício"
- "tessitura"
- "lúdico"
- "potencializa"
- “seminal”

Poisé, o que a gente não faz pra não fazer feio. Sou tosco mas não me acovardo, vou atrás do meu verniz de cultura.

Pelo menos cubro a superfície.

Osso

É triste acompanhar a colega de trabalho sofrendo de amor. Ela senta à minha esquerda, bem ao lado, dá pra ver seus olhos úmidos, o rosto opaco e sem alegria: aquela face que só quem já ostentou sabe; aquela fase de desilusão entre duas pessoas em que tudo é irremediável.

Dói, porque se fica meio sem graça por viver um momento diferente. A gente fica se sentindo culpado por se sentir bem.

Vou tirar meu sorriso da frente.

sábado, 26 de abril de 2008

Fiado

Estou envergonhado e agradecido e encabulado e sem ter o que dizer. Chegando em casa, levei tempo pra notar que meu apartamento estava todo limpo, roupa lavada, cozinha e cama arrumadas. Acreditem, a sujeira estava grande.

Obra de anjos. Um ou dois, pelo menos.

Meu débito só se faz aumentar.
Eu tinha alguma coisa a dizer. Era importante.
Tinha a ver com alguma coisa de eu ser inteligente; (intelectual, não).
Que sou, por demais irresponsável que tenho sido até agora, e por tudo que isso traz na acepção de ruim e de bom, um homem.
E de que não sou fresco, nem medroso. Embora nem sempre demonstre a quem realmente mais mereça, sou também amoroso. E que posso mandar a insegurança às favas por dizer isso em voz alta, porque a gente não pode nem deve ter vergonha de não ter muitas qualidades; é bom de vez em quando reconhecer e falar de si pra si as poucas que se tem.
Ia dizer também que sou sensível. Até o exagero. Mas aí, justo pelo extremo, já é limite tênue entre qualidade e defeito, a fronteira entre pecado e virtude, terra de ninguém. O lugar onde me perco, exatamente por intuir sem conseguir racionalizar; ao mesmo tempo, o lugar onde me acho, por entregar, seja o que for - meu amor, meu humor, minha miséria, meu perdão - muito antes de alguém pedir.
Que tolices.
É tarde, tô com sono e embriagado. Não é só o corpo que também se cansa.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Aos feios

E porque hoje é sexta, reproduzo trecho de um texto do Antônio Maria que trata de uma categoria social à qual compreendo. Aspas:

“Dedico essa crônica a todos os homens feios do Brasil. Sendo um deles, posso falar com autoridade, em nome da classe. Fiquem certos, colegas, de que não há nada mais sem graça que homem bonito. São chatíssimos. Os verdadeiros canastrões da vida real! As mulheres já não os suportam e se bandeiam, aflitas, para nós, que somos confortavelmente feios, encantadoramente feios, venturosamente feios. Ai de nós, se não fosse a bobagem dos rapazes bonitos! Não se cuidam, colegas. Ou melhor, cuidar, cuidam do cabelo, do colarinho, da gravata, do terno e dos borzeguins. Feito tudo isso, acham que já cumpriram todos os seus deveres para com a Humanidade e Deus. Então, ficam aquelas figuras Ducal espalhadas pela vida, a dar um show de vaziísmo desastroso. Enquanto isso, nós, os privilegiadamente horríveis, vamos cuidando de fazer alguma coisa - fazer, já que não somos. Ou somos tanto por dentro, que não precisamos fazer nada por fora.

Vocês, meus caríssimos companheiros do Feiúra Futebol Clube, examinem, por aí, o enorme êxito dos feios. Frank Sinatra, por exemplo. Não há homem que dê mais sorte com mulher, no mundo inteiro. E é feio mesmo. Mas faz bonito tudo o que faz. Basta sorrir e olhar, para que elas não queiram mais sair de perto.

Coitado desse colega nosso, que se atirou do 10º andar porque a companheira de repartição (sua última esperança de sucesso) negou-lhe um encontro. Coitados de todos aqueles que repetem suspirosos:

- Ah, eu não dou sorte com mulher.

É engano, prezadíssimos irmãos! Eu, se tivesse pretensões amorosas e trabalhasse nesse ramo, em cada um dos meus fracassos lamentaria as desditosas mulheres que não dessem sorte comigo.

Conheço um homem que não tem nada de bonito. É gordo, baixo e passa dos sessenta. Foi não foi, está com uma mocinha pela mão. Certa vez lhe descobriram um caso sensacional - uma mulher lindíssima, com que ele teria dado suas voltinhas. Na roda onde estávamos, alguém fez a pergunta indiscreta de sempre:

- Que tal Fulana, é boa?

E meu gordo, baixo e velho amigo respondeu não mais:

- Ah, não sei. Sei que eu sou formidável.”

Drunken M. Poppins

A amiga C. conta que sonhou comigo. Pergunto a natureza do pesadelo. Diz: hilária. Digo: só podia. Relata que estava me dando carona, a mim e a outros amigos, dirigindo um carro verde e rosa-bebê. Ela estaria altinha; o pamonha aqui, segundo suas palavras, zêbado. De repente, os outros ficaram pelo caminho. Somente eu permaneci na mad trip e, não contente, pedia insistentemente a ela pra acelerar, porque eu queria, porque queria, que o carro voasse! E na tentativa desesperada de fazer isso acontecer, diz ela que saquei um guarda-chuva e abri!!!

Bela imagem que deixo no subconsciente coletivo.

Até sonhando, sem loção.

Cortando uma rama

O leão do dia é um job de roteiro de vídeo "institucional" e "inspiracional" pra uma empresa de construção pesada. Pra hoje.

Inda tem a pós-graduação.

E o outro leão, o do governo, sócio de todos nós.

Lembrança fortuita: Conselho de Mulher, do Adoniran.

"Quanto tempo nóis perdeu na boemia
Sambando noite e dia, cortando uma rama sem parar.
Agora iscuitando o conselho das mulheres.
Amanhã vou trabalhar, se Deus quiser... Mas Deus não quer!"

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Xoí queu tô com pressa

Fica f* quando não há tesão o suficiente na vida profissional. A falta de perspectiva, o não-saber-o-que-fazer, trabalhar somente para pagar contas e fechar o mês na ponta do lápis ou já começar o próximo devendo também não ajudam.

Mas vai tudo melhorar.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Posts esparsos

Boêmio em tratamento cirúrgico para extirpar sentimentos vampirizantes. Vou ali e volto djá.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Lição de vida

Colhida em gentil colaboração de Amilton Miguez, em e-mail from Itaúna, Minas Gerais.


Esta carta foi enviada ao diretor de uma escola primária que havia oferecido um almoço em homenagem às pessoas idosas da comunidade.
Durante o almoço, uma das senhoras convidadas, de idade avançada, ganhou um rádio, num sorteio realizado com os cupons que foram entregues na porta.
Ela escreveu uma carta emocionada em agradecimento aos promotores do evento.
Este relato é uma homenagem a toda a humanidade, e serve para refletirmos sobre as relações humanas.

Veja que LIÇÃO DE VIDA:

"Caros alunos e membros da direção, Deus abençoe vocês pelo lindo rádio que ganhei durante o almoço em homenagem aos idosos!
Eu tenho 84 anos e moro em um lar de velhinhos carentes. Toda a minha família já faleceu, eu não tenho mais parentes. Por isso, foi muito reconfortante saber que existem pessoas que ainda levam em consideração o meu bem-estar e paz de espírito.
Aqui no nosso Lar, divido o quarto com uma companheira mais idosa do que eu - ela tem 95 anos de idade - que não pôde comparecer ao almoço, por estar muito deprimida.
Durante todos estes anos em que convivemos ela teve um Radinho como o meu, que lhe fazia companhia constante.
Ela nunca permitiu que eu ouvisse o rádio dela, mesmo quando estava dormindo ou ausente.
Há algum tempo, no entanto, o rádio dela caiu do criado-mudo e se espatifou no chão. Foi muito triste para ela, que chorou muito.
Então eu ganhei este rádio e no dia seguinte ao almoço ela pediu-me humilde e comovidamente para ouvi-lo, e eu olhando para seus olhinhos marejados, disse:
- Nem fudendo, sua velha filha da puta!!!
Obrigada por me proporcionarem essa inesquecível oportunidade!"

sexta-feira, 18 de abril de 2008

É vero

Visitante(s): hoje, só post estragado. Aos que buscam boas leituras, recomendo não passar por aqui. E ó: quem se mete a avestruz tem que agüentar o ovo.

Auunnnnn

Mentalização para tudo melhorar.

$ $ $

Da série Velhos Novos Aforismos:
"Nego; não devo."
Não sei exatamente por que motivo. Irritabilidade por ressaca de sono. Impaciência com você mesmo e com o mundo. A maioria maciça de babacas. Os cretinos que se acham.

Tem manhãs que são assim. Humor de tubarão com dor de dente.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tornozeleiras

Iniciam-se em BH os testes das tornozeleiras eletrônicas para presidiários. O sistema consiste no monitoramento, por GPS ou radiofreqüência, das andanças do detento em regime aberto e semi-aberto. Se o cara desrespeita o perímetro geográfico permitido, descumpre os horários de chegada e saída de casa ou tenta retirar ou inutilizar o dispositivo, um alarme imediatamente dispara, indicando a posição do sujeito para os homi. Emergência! Chamando todos os carros!

Mas, por que parar por aqui? Não precisamos restringir a tornozeleira ao sistema carcerário. Há outros segmentos de mercado, gente que certamente tem potencial para se tornar usuária do produto. Maridos, por exemplo. Tenho convicção de que existem por aí senhoras que gostariam de poder exercer um controle maior sobre essa classe de penitentes. Como horário de chegar em casa. Trajetória cotidiana estabelecida (casa-trabalho-casa). O real paradeiro quando ele disse que ia ver futebol com os amigos. A coisa vale também para esposos ciumentos - obviamente outro público-alvo -, tranqüilizados com suas morenas de angola circulando de chocalho amarrado na canela. E, olhaí, mães zelozas e preocupadas com filhos adolescentes são outro bom mercado para a nova tecnologia.

No fundo, tudo é piada, claro. Já a impulsão por controle sobre a vida alheia e os sentimentos por trás dessa questão, não sei. Uma improvável abertura da tornozeleira eletrônica ao varejo significaria menos um símbolo de detenção pública do que de insegurança privada.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Late show

Na luta por audiência, truque velho é usar cachorro. A Aleta e a Sâmia não resistem, é falar de cachorro e elas deixam um recadinho - pelo menos até agora. Já que elas apreciam e me apraz satisfazer as damas em suas mais sensíveis preferências, aí vai.
Mas, honestamente, diga a verdade: não é a cara daquela sua tia?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Rumos

Tiro um minutinho para ir lá fora. Venta bom, venta fresco. Quase faz frio aqui, em cima da Raja. À minha direita, o poente tece suas cores. À minha esquerda, uma tempestade se aproxima. Encosto no poste para olhar para nada. Me passa o pensamento: se alguém me vir agora, vai imaginar que estou fazendo pose. Dou de ombros sem dar, continuo pensando no custo das coisas, nessa gratuidade da vida. Que fazemos aqui? Pra quê essa correria? Qual o meu lugar?

Um motoqueiro diminui a velocidade e me tira da filosofia barata. Onde fica a Mário Werneck?

Por dentro, sorrio. Digo sempre aos amigos: não há vez que ande pelas ruas sem que alguém me peça indicação de um destino, e faço troça, falando que o meu destino não é outro senão o balcão de informações.

Digo ao motoqueiro onde é, o que fazer, os atalhos a seguir e os caminhos a evitar. O cara agradece e vai. No enxame disforme de veículos, ele se torna mais um e desaparece. E porque na vida há casos e acaso, eu volto ao trabalho e também me torno mais um.

À procura de sentido e direção.

(Hmm, aposto que o lanchinho no guichê de Confins deve ser mais arrumado).

Vou de Abba

Hoje, só Abba no player, over and over again.

Pulando os muros e fugindo.

Da polícia do bom gosto, da milícia dos bons tons, dos caça-bregas.

Aqui pra vocês!

Ouvo o que gosto.

Vou onde quero.

Hoje, só vou. De Abba!

Nessum dorma

Do EM, hoje: cientistas americanos desenvolvem pílula contra o ronco. Está em fase de testes, mas, alvíssaras! Agora, sim; com a miraculosa pílula no mercado, posso enfim acreditar naquelas pessoas que volta e meia me dizem que estou pronto para casar.

* * *
Quantos tímpanos roucos
De tantos altos roncos
Quantos ouvidos moucos
Por tantos peitos broncos!

* * *

Não sei se consigo. Mas tenho consciência de que se quiser mudar algo nessa vidinha ordinária, tenho que começar na base: o sono.

Não será fácil. Minha relação com o sono sempre foi diplomaticamente beligerante. Jamais me rendi. Cada noite é uma batalha em que só me entrego se for vencido, se as cavalarias oníricas me depõem as armas em seu irresistível tropel. A cada adormecer, regresso ao reino de Morfeu como se fosse um prisioneiro político. A cada manhã, deixo aquele território em liberdade condicional, para retornar sob custódia uma vez mais nos prelúdios da madrugada. Luta sem glória.

Porque, nessa guerra, todos sabem quem vence no fim. Passageiro ou eterno, o sono chega para todos.

* * *

O mal do mundo é que boemia não é profissão nem atividade regulamentada e, pior, sequer remunerada. Fazemos nossa parte social, eu diria. Da poesia malsã - ainda que vã - aos 10% do garçom. Se bem não for, desserviço será?

Mas sei, eu sei, que, sem dormir direito, não dá. Mas que diabo, carpe noctem sempre foi meu negócio. Tinha que nascer morcego em vez de joão-de-barro?

caninos salientes

O Cão de Drácula (Infame! Infame! Eu sei! Mas não resisti!)

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Playdog


O coelho e a fera

Essa eu peguei do blog da Tina Lopes. É só googar o nome dela e conferir. Ela tava descendo o pau no Paulo Coelho. Não resisti ao bom mau-humor e reproduzo aqui:

Olha só. Eu tava fazendo um post falando mal do Paulo Coelho. Sim, é um clichê, mas é que hoje eu cliquei sem querer num link do G1, pra coluna dele, e li umas sandices tão, mas tão idiotas, que não poderia deixar de comentar*"

* Se tiver paciência de clicar, veja que coisa mais sem nexo diz o mendigo-sábio; e a afirmação de que 'as palavras mais importantes são curtas' – que tal cu?

Questão de perspectiva

Boa semana, senhores. Lembrem-se: um feriado se aproxima. Se conseguirmos, poderemos nos cansar um pouco menos.

Não chego ao otimismo inveterado, mas por aí há quem ouça Cantando na Chuva e se lembre mais do Malcom McDowell do que do Gene Kelly.

Semana

Fora o trabalho normal, tem-se os trabalhos e leituras da pós-graduação. Nada de mais pra conciliar, todo mundo sabe como sou um cara organizado.

Tem também imposto de renda, descobrir o paradeiro dos documentos, juntar a papelada, fotocópias, ir ao contador, etc. Nada de mais, minha fama de zeloso me precede.

E, como tempo é luxo de que todos dispomos, inventei semana passada de fazer dois cursinhos-culinários-gratuitos-relâmpagos esta semana: Massas e molhos, na terça; Sushi e sashimi, na quinta.

Talvez aprenda algo interessante e fácil de se fazer.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Há quem nasça pra ser ninguém

Não fui eu quem disse que nome é destino. Lembrei-me disso hoje. Vagando perdido entre possibilidades e devaneios profissionais, acabei me achando pertinho de desalento.

Desígnio é nome, dizem. Caso genuíno de meia-mentira que também é meia-verdade. Quem duvida, que pergunte ao Bispo Sardinha.

Pensei comigo: e eu. Chácara Miguez. Será meu destino ser sitiante? E vou criar o quê? Causo?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Maleta

Tenho sentido falta de, hora dessas, poder exercitar o raciocício, flexionar os neurônios, fletir as células cinzentas. A ferrugem mental e a eterna falta de tempo são desculpas que calham? Seria bom tentar ser mais analítico, em alguns momentos, sobre assuntos quaisquer, talvez, do que ser somente e sempre reprodutor de micro-efemérides, ligeiras vicissitudes pequeno-burguesas e notas destituídas de interesse público.

* * *

Como esta: não me recordo da última vez que havia ido ao Edifício Maleta para tomar uma geladinha, ali na Cantina do Lucas. Fomos à despedida de uma amiga da minha gerente. Homossexuais, artistas, artesãs. Fauna interessantíssima, embora não tenha tido a oportunidade de travar um diálogo consistente com ninguém. Ouvi mais do que falei, respondi menos do que perguntei. Pensando agora, nem sei quem de fato observava quem.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Comida di buteco

A exemplo da Meg, que ano passado divulgou a lista, me antecipo e reproduzo aqui os bares cadastrados. Um oferecimento do Serviço Social Boêmios no Divâ.
(aliás, não sei vocês, mas acho esse "di" talvez a única coisa do Festival que não dá pra engolir).

COMIDA DI BUTECO 2008

Agosto Butiquim
Rua Esmeralda, nº 298 – Prado 3337-6825
PECADO ORIGINAL: conserva de lagarto temperado e desfiado com petisco de maçã condimentada.

Amigos e Antigos Avenida Sebastião de Brito, 33 - Dona Clara - CEP:31260-0003492-7741
MINEIRINHA TROPICAL: costelinha de porco assada com torresmo e molho de abacaxi com hortelã.

Armazém do Árabe
Rua Luz, No. 230, B. Serra - CEP: 30220-080(31) 3223-1410
MICHUI DE CORDEIRO À MODA ARMAZÉM: cordeiro assado, com molho de hortelã, batata noisette sauté e cebola marroquina.

Autêntico's Bar
Av. Professor Mário Werneck, 895 - Estoril 3378 3215
ATOLA-COXA: coxinha de frango invertida acompanhada de 2 molhos (mostarda e mango chutney) + tomates cereja recheados.

Bar 222
Rua Francisco Deslandes, nº 222 - Anchieta - CEP: 30310-5303287-7712
OS 3 MOSQUETEIROS E AS DOCES DONZELAS: peito de frango, pernil e filé mignon com molho de gorgonzola e batata doce frita.

Bar da Ana
Rua Joaquim de Figueiredo, 430 – Barreiro de Baixo - CEP: 30640-0903384-3034
PORTATA: lombo de panela, com molho vermelho de pimenta dedo de moça e batata bolinha em conserva.

Bar do Careca
Rua Simão Tamm, 395 – Cachoeirinha - 31.130-27031 3421-3655
SURPRESA DO CARECA: dobradinha à milanesa com mini batatas fritas no bacon e molho especial da casa.

Bar da Cida
Rua Numa Nogueira, nº 287 - Floramar - CEP: 31840-4003434-8715
ROLA-BOLA NO BAR DA CIDA: almôndegas ao molho da casa com batatas acompanhada de pãozinho pra moiá.

Bar do Antônio (Pé-de-Cana)
Rua Flórida, 15 - Sion - CEP: 30310-710(31) 3221-2099
ROLINHO DE LAGARTO: enroladinho de lagarto com presunto de parma ao molho de vinagre balsâmico.

Bar do Caixote
Rua Nogueira da Gama, 189 - João Pinheiro - BH / MG(31) 3376 3010
SEGREDO DO CAIXOTE: peito de frango e queijo enrolado no bacon acompanhado de 2 molhos diferentes + cebola a milanesa.

Bar do Careca o Pescador
Av. José Lopes Muradas, nº 310 - Floramar3434 6448
ARRASTÃO DO PESCADOR : pescados e surpresas.

Bar do Ceará
Avenida Henfil, 525 - Serrano - (31) 3475-5362
VACAXEIRA: chãzinha na chapa com mandioca cozida e manteiga de garrafa. Acompanha mini cebola em conserva e queijinho ralado por cima da mandioca.

Bar do Dedinho
Rua Deputado Anuar Menhen, nº 231 - Santa Amélia31 3047 1012
CHAPA DO DEDO: lingüiça cuiaba coberta com queijo minas ralado + filé acebolado e torresmo carnudo.

Bar do Doca
Rua Américo Macedo, 645 - Gutierrez 3291-6594
MOQUECA DE CARNE-DE-SOL: medalhão de carne de sol recheado com queijo coalho e banana; mergulhados no molho, com palmito de pupunha e pimenta biquinho. Acompanha farofa de torresmo.

Bar do João
Rua Geralda Marinho, nº 117 - São João Batista - CEP: 31515-4203451 1344
DOBRADÍSSIMA: dobradinha ao molho da casa com bacon, calabresa, paio e batata bolinha cozida.

Bar do João (Santa Branca)
Rua Mário de Andrade, 15 – Santa Branca/Pampulha - CEP: 31.565-110(31) 3491-3122
DE MOLHO: lagarto recheado ao molho de madeira e champignon acompanhado de batata bolinha.

Bar do Lopes Rua Professor Antônio Aleixo, nº 200 - Lourdes3337 7995
ROJÕES DA BEIRA: bocados de carne (lombo, costelinha, torresmo entremeado e alheiras) acompanhados de batatas e molho especial.

Bar do Magal
Rua Alberto Cintra, 322 - União2515 6490
CACUNDA DE BOI COM BATATA NA GARUPA AO MOLHO SHAKESPEARE: cupim cozido com batata calabresa picante ao molho de ervas.

Bar do Véio
Rua Itaguaí, 406 – Caiçara - CEP:30.775-1103415-8455
CHICK-EIRINHO: caracol de carne de porco recheado com presunto e queijo coalho, batata corada, molho de ervas com azeite e molho de goiaba.

Bar do Walter
R. Mármore, No.181, Sta. Tereza3463-5650
BACALHAU DE BICO: salada de bacalhau acompanhada de pãezinhos.

Bar do Zezé
Rua Pinheiro Chagas, 406 – Barreiro de Baixo / CEP: 30.642-0303384-2444RABO APERTADO: virado de jiló, rabinho de porco e lombo.

Bar Temático
Rua Perite, 187 – Santa Tereza (atrás do Mercado Santa Tereza) / CEP: 31010-4203463-7852
COM A MÃO NO RABO DOCE: rabada assada no bafo, servida com batata doce e agrião - PARA COMER COM A MÃO.

Bartiquim
Rua Silvianópolis, 74 – Santa Tereza (esquina com Perite) / CEP: 31.010-4103466-8263
PIREI COM A LÍNGUA: língua ao molho com purê de batata e torresmo.

Boteco da Carne
Rua São Romão, nº 56 - São Pedro2555 8480
COSTELINHA BARBE-CAIPIRA COM BATATA ESPULETA: costela de porco com molho especial, acompanhada de batata picante e tomate cereja.

Café Palhares
Rua Tupinambás, 638 - Centro - CEP: 301200703201-1841
NINHO MINEIRO: crocante ninho de batata, recheado com especialidades da casa (lingüiça de pernil, lâminas de torresmo, pães de queijo e molho).

Cantina do Paco Rua Padre Rolim, nº 159 - Stª Efigênia 3241 3317
COCÓ MINEIRO DEFUMADO: frango a passarinho com queijo, alho,orégano e queijo parmesão fresco.

Casa Cheia (Mercado Central)
Av. Augusto de Lima, 744 – Loja 167 – Centro (Mercado Central) / CEP: 30180-0013274-9585 ALMÔNDEGAS EXÓTICAS: almôndegas de carne-de-sol recheada com queijo ao creme de abóbora com manjericão.

Chamego's Bar Rua Aimorés, nº 1912 - Lourdes - CEP: 30140-0723273-4031
CRÉU: cubinhos de peito de frango, molho especial acompanhado de torresminho com mandioca frita.

Chic Tácio
Rua Itamaracá, nº 25, Colégio Batista3421-3363
O BÃO TAMBÉM DA VOVÓ NENZINHA: bolinho de arroz recheado.

Churrascaria do Itamar
Avenida 7 de Abril, 874 - Esplanada CEP 30280-2403463-6585
MEDALHÃO OLÍMPICO: medalhão de carne moída com batatas ao molho branco.

Curin Bar
Rua Érico Veríssimo, No. 2722/01, B. Santa Mônica3452-7101
ANÉIS DE LARGATO: bifinho de boi a rolê recheado com bacon.

Escritório da Cerveja
Av. General Olímpio Mourão Filho, nº 800 - Planalto3495 6183
ATOLADO NO ESCRITÓRIO: fraldinha ao molho de cerveja preta com creme de cebola acompanhada de batata bolinha com pimenta calabresa e torresminho.

Estabelecimento
Rua Monte Alegre, 160 - Serra - CEP: 30240-2303223-2124
BATATAS DE MALANDRO: batata ao murro assada, coberta com molho branco de leite, cebola, creme de leite, requeijão, estragão e noz moscada, com carne de boi desfiada e pimenta rosa.

Família Paulista
Rua Luther King, 242 lj. 09 - Cidade Nova CEP: 31170-1003484-4598
sashi MINAS sushi GERAIS

Geraldin da Cida
Rua Contria, No. 1459, B. Grajaú3334-9355
VEM NI MIM BEIJALDIN DA CIDA: carne de panela com tempero especial, farofa de abobrinha e queijo.

Köbes
Prof. Raimundo Nonato, 31A - Horto / CEP 31.010-5203467-6661
MINEIRICE COM SOTAQUE: torresmo estalinho com molho negrito + bolinho de carne e croquete de cenoura com molho de mostarda.

Local
Rua Viçosa, 250 - São Pedro3223 1987
CASADINHO BOÊMIO: milanesa recheado de carne moída, mussarela, tomate seco, berinjela e especiarias. Acompanhado de tiras de pepino e molho de iogurte desnatado com hortelã.

Patorroco
R. Turquesa, No. 875, B. Prado3371-3646
AQUARELA BRASILEIRA duo de filé mignon e de peito de frango acompanhados de 6 molhos homenageando a influência de imigrantes que ajudaram a transformar o Brasil nessa grande aquarela de cores e sabores.

Paullo's Bar
Rua Antônio Alves, nº 65 - Barreiro9792 7767
MATULA MINEIRA: costela de boi, carne de porco, torresmo e farinha de milho.

Peixe Frito Rua Juiz de Fora, nº 1242 - Santo Agostinho 3291-1046MEU
"SOBRIM" MIINEIRO: filé de surubim a dorê ao molho da tia.

Pimenta com Cachaça Rua Camapuã, nº 420 - Grajaú3087 6822
SOL DAS GERAIS: contra filé de sol trinchado coberto com pétalas de cebola flambadas ao vinho acompanhadas de pão de queijo com torresmo e geléia de pimenta biquinho, melão, cachaça e rapadura.


E também ninguém perguntou, mas:
- Destaque para o mistério do prato do Família Paulista, sem descrição (aliás, dentre os que provei em 2007, foi o meu favorito)
- Melhor nome de prato: Os 3 Mosqueteiros e as doces donzelas
- Pior nome de prato: Créu
- Menção honrosa: Cacunda de boi com batata na garupa ao molho Shakespiere

Quero você

Sem medo
Sem receio
Sem remorso

Tomando cafuné
Tomando seu café
Um pé noutro pé

Com as meninas
Com você, menina
Comigo, moleque

Me fazendo palhaço
Me fazendo de bobo
Me fazendo menestrel

Pra cantar Marisa
Pra cantar Roberto
Jamais o créu

Você, pra sempre.
Entenda, agora é
Plantar semente

Dessa flora amorosa
Duma espécie sapeca
Natural da charneca.

terça-feira, 8 de abril de 2008

De tranquillitate animi

"Podes me indicar alguém que dê valor ao seu tempo, valorize o seu dia, entenda que se morre diariamente? (...)

Enquanto adiamos, a vida se esvai."

Sêneca

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Post rapidinho

No momento: dores nas costas, noite mal-dormida, ressaca de sono, contas vencidas, visita a bancos, carro sem combustível, desordem em casa, tarefas domésticas por fazer.

DEUS, EU ADORO AS MANHÃS DE SEGUNDA-FEIRA!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Diálogo clínico

No consultório.
Fui a um ortopedista especialista em mãos verificar uma dor que há mais de um mês se manifesta quando pressiono o indicador esquerdo.
O doutor, todo sérião, me examina.
- Não chega a ser defeito, mas uma característica. Você tem hiperfrouxidão dos ligamentos e articulações.
- O senhor quer dizer que desmunheco bem.
- Er... sim. Olhe, é uma característica. Veja como é mole e flexível. Provavelmente há hiperfrouxidão também em outros membros.
- Sim.
- Na mão direita...
- Sim.
- Nos joelhos, nos pés...
- Aí não, doutor. Da cintura pra baixo sou todo duro.

Taí o Wall-e


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Mulheres de boêmios

Os gurus aí deixam sua pequena porém singela pérola de sabedoria e estoicismo diante das inevitáveis exacerbações conjugais.

Na cinza das horas

Dúvidas:

É possível um atrasado contumaz se transformar em um sujeito disciplinadamente pontual?

Se recusar a levar horários a sério, se recusar a ser escravo das horas. Irresponsabilidade ou ingenuidade?

Não usar despertador pelo desprazer intrínseco que o bicho provoca e arcar com os riscos. Descompromisso ou leviandade?


* * *

Da série Novos Velhos Aforismos.

"O dinheiro não é tudo. Tudo é a falta de dinheiro."

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Canção de hoje

Eu Sei Que Vou Te Amar
Composição: Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que eu vou te amar

E cada verso meu será pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Arre

Não sei o que é. Tem alguma coisa me mordendo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

A coisa tá preta

Minha situação sócio-econômica. Eis o diálogo travado por e-mail entre dois butequeiros que saem diariamente toda terça.

From: L
To: R
Sent: Tuesday, April 01, 2008 6:11 PM
Subject: Piu?
[Piu: bar/restaurante no Buritis]


* * *

From: R
To: L
Sent: Tuesday, April 01, 2008 6:17 PM
Subject: Piu?

Cara, como tô péssimo de grana, ia sugerir o seguinte:

1) Ir lá pra casa: a gente passa no hiper, compra latinha gelada e toma lá. Rodrigão deve pintar na área.

2) Ir no buteco do fernando, lá no prado, onde a cerva tá 2,30.

De qualquer jeito, vou gastar grana que não tenho. Contando com vossa compreensão,
r


* * *

From: L
To: R
Sent: Tuesday, April 01, 2008 6:23 PM
Subject: Re: Piu?
Não pense que eu sou apegado à rotina do mesmo bar. Só perguntando:
Quanto tu planeja gastar? É porque no Piu sempre dá uns 20 conto. A diferença eu seguro.
Que tu acha?


* * *

From: R
To: L
Sent: Tuesday, April 01, 2008 6:29 PM
Subject: Piu?

hmmm... hmmmmmm... hmmmmmmmmmmmmmmmmm...

Não sei. Já tô devendo o Rodrigão, a Tereza, o Condomínio, o Vermelho, a Helena aqui da Neti, o Caio, a Caixa Econômica, o HSBC, a seguradora, e minha mãe.

Posso perguntar: Você está certo disso? Tem certeza de que quer mesmo entrar na lista?

Onde anda você

E a canção dessa terça modorrenta, essa terça que se esvai lentamente em cores púrpuras e azuláceas pela janela aqui do trabalho, é do companheiro de sempre deste bloguista.

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?


Fronteiras

Hmmm... creio que deve ser dífícil discernir o limite entre o que é aceitável e o que é brega quando se está apaixonado.

Gosto de pensar que tem um monte de gente que sabe do que estou falando.


* * *

Falando nisso, lembro de uma bobeira. Meus amigos - todos casados - e eu falávamos, ao fim do meu último namoro, à guisa de gozação, que havia duas cidades imaginárias: Solteirópolis e Maridolândia.

Solteirópolis estava ficando cada vez mais vazia (pelo menos do ponto de vista de nosso círculo de conhecidos), abandonada, destituída de gente. Por sua vez, Maridolândia era aquela população: lotadaça, todo dia gente chegando, vizinho novo todo dia, trânsito infernal, tudo que é lugar abarrotado, cheio de menino, etc.

Apesar do contingente, Maridolândia era um centro urbano com bastante segurança pública, pacato, tranqüilo em geral. Um ou outro caso que merecesse registro das autoridades. Vez ou outra chegava notícia de que algum marido passara a noite em Solteirópolis, embora logo identificado em flagrante pela Rádio-patrulha, detido e deportado. No mais era isso ou pequenos incidentes, nada que ultrapasse o trivial.

Solteirópolis, por outro lado, era uma terra sem lei. Quase não havia vida diurna. De dia, a cidade era fantasma. À noite, a gataria parda escorria pelos becos. Mulheres, homens, gente de todas as preferências sexuais saíam para uma noite onde não existiam regras. Tudo era riso, tudo era festa. Não havia apartamentos de quatro quartos em Solteirópolis - só os mais abastados se permitiam esse luxo. Lofts, quitinetes e dois quartos compunham o grosso das habitações. Comida pra um, lavanderia, apart-hotel: tudo era single. De vez em quando chegavam a Maridolândia notícias das festas de Solteirópolis. Mulheres lindíssimas, múltiplos apolos, raves com anões besuntados em óleos do oriente, encontros plurissexuais que duravam três noites seguidas em tributo a Baco, etc.

Não que Maridolândia não tivesse suas diversões e seus prazeres. Tinha. Mas, digamos, as tertúlias da cidade vizinha evocavam nos maridolenses todo um suspirar de tempos passados. Aqui, de minha parte, não cabe julgamento de valor: nem de quem opta por residir numa cidade ou outra, nem de quem tem curiosidade de experimentar ou saudade de voltar para onde já viveu.

O caso é que eu estava ali, ó, já morando, nos finais de semana, nas periferias de Maridolândia. Doido pra me mudar pro Centro e ficar vizinho dos meus amigos. Embora todos eles me prevenissem para não tomar atitudes precipitadas: "Rapaz, olha lá o que você está fazendo. Você está querendo deixar Solteirópolis!".

No fim, isso acabou não ocorrendo. Deixei foi os subúrbios de Maridolândia e voltei para meu cafofo mofado em Solteirópolis.

Durou pouco, mas isso já é outra história.

1º de abril

Casal amigo se casa no religioso neste sábado. Mui atenciosos e gentis. Nos encontramos semana passada num barzim para que me dessem o convite. Pergunto em que data está marcada a cerimônia no civil. A noiva interrompe, cerra os olhos de calculada indignação e lança à mesa um desabafo: "Absurdo!". Então, ele pede à companheira compreensão, se defende dizendo que a culpa não foi dele, que agora o negócio é se resignar; porém, sorri um sorriso maroto, desses que se ri mais por dentro do que por fora. A cerimônia seria no dia seguinte, argumenta, e saca do bolso um documento oficial, brandindo nas mãos a prova de sua inocência. Li e era o que parecia: o juiz havia antecipado a lavra, ele noivo nada pôde fazer.

Enfim. Seria impossível àquela altura evitar os chistes ao comunicar a data do casamento no civil às testemunhas e padrinhos. Era preciso levar na molecagem e no bom humor, o que ele - e ela também - já estavam fazendo.

E aí. Como você se sentiria se casando no dia 1º de abril?