sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

É isso

A pesquisa de ontem na tv mostrou que os brasileiros só perdiam dos nigerianos em matéria de otimismo. Sei lá quem organiza esse tipo de pesquisa, enfim.

Mas eu saí da sala de tv pra ir tomar banho pensando. Mais um ano chega ao fim e... e aí? Faz tempo que não escrevo no blog. Dizer o quê? Seria capaz de também deixar alguma mensagem positiva?

Olhei pra mim mesmo e não tive certeza. Talvez eu não fosse capaz de ser tão otimista quanto a maioria dos meus compatriotas.

Nesse instante, a escova de dentes que eu tinha levado para o box escorregou. Fui afobado catar a bichinha que - plinct-planct - desvencilhou-se das minhas mãos e foi direto ao piso.

Aí rolou algo banal, mas que na hora considerei incrível: a danada caiu com as cerdas voltadas pra cima. Pra cima!

Em outras palavras: não é sempre que a pasta cai virada pro chão, moçada. Bora acreditar. Eu mesmo fiquei tão empolgado com a minha boa sorte que fui à loteca fazer uma fezinha na mega-sena.

Feliz ano-novo e paz pra todos vocês.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Augúrios

É quase consenso que o triunfo da Itália na Copa de 1982 se transformou no paradigma do futebol de resultados que ditaria o ritmo da bola nos anos posteriores.

Como diz nosso querido peninsular Mino Carta, é de conhecimento até do mundo mineral que o emblema, o ponto de transição - futebol bom de assistir x pragmatismo - foi exatamente aquela partida da Itália contra o Brasil de Zico, Sócrates, Falcão e cia bela de Telê Santana.

A partir daí, o mundo da bola cedeu ao medo de perder e o futebol enfeiou-se: em detrimento da idéia de buscar o ataque, o negócio primeiro é não perder.

Isso, até hoje. Ou, até anteontem. Acho que o jogo está mudando: vocês não perceberam os sinais? Não viram os presságios?

Encafifem comigo. Primeiro, foi o Barcelona e seus passes de transe hipnótico, futebol lindo de se ver, vencedor de tudo e aplicador de goleadas, cuja rebarba deu na Espanha campeã do mundo.

Agora, é a morte de Enzo Bearzoti - justamente o treinador da Itália de 82. Que, sem querer, querendo, foi um dos homens-Chaves para a fatídica era do futebol sem-graça que atravessamos.

E para ornar de ouro as contas deste rosário de augúrios - Meu Deus - Parreira diz ontem que vai abandonar a carreira de técnico!

É a hora da virada, gente, vamo acreditá.

Feliz Natal pra vocês.


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dudão

Mais um casal de nosso círculo de amizades inaugurou a linha de montagem: Cidinha e o primo Rodrigão.

É a vida seguindo seu curso, penso, lembrando dos outros filhos dos meus próximos. Marco, Sofia, Jotapê e, desde ontem, Eduardo.

Há meses detectei um movimento que intenta chamar o menino de Dudu. Meu destino é ser a voz dissonante.

O guri é a cara do pai - o que abre certas expectativas ou confirma suspeitas. E Rodrigão não é chamado de Rodrigão à toa. Enquanto eu, baixinho, tenho o aumentativo do apelido devido, possivelmente, à grandeza de minha personalidade, o possante primo é uma presença física, a altura e a elegância de um Mangalarga.

De forma que, Dudu - comigo não, violão. Bem-vindo, Dudão.

Ao som de trombetas celestiais, chegam do alto as palavras do Criador:

- Boêmios, crescei-vos e multiplicai-vos. Breve chegará o dia em que passareis o bastã.., hrruum, a garrafa à próxima geração.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sem exagero

Deu vontade de reproduzir aqui a carta aberta ao Lula. Uma análise sem exagero e um reconhecimento sem ufanismo por oito anos de governo, a despeito dos equívocos, desmandos e roubalheiras.

Atenção agora, pípou.

A tal carta - publicada na Folha!!! - não veio de nenhum "petista", esquerdista revolucionário ou irresponsável estatizante.

Veio assinada pelo vice-presidente da FIESP. Veio da elite. Veio da "direita".

A direita (presume-se) esclarecida, pelo menos.


Steinbruch e a despedida de Lula

Da Folha

BENJAMIN STEINBRUCH

Prezado presidente Lula

Não é fácil presidir um país com o tamanho e com a complexidade do Brasil, mesmo com boas intenções

DENTRO DE DEZ dias estará encerrado seu período no comando do país. Nós todos, que sempre sonhamos com um Brasil desenvolvido e próspero, o aplaudimos quando conseguiu, depois de três tentativas frustradas, chegar à Presidência, com 52,4 milhões de votos.

É justo reconhecer que havia alguns receios, principalmente por causa de seu passado radical e de sua falta de experiência administrativa. Adversários se aproveitaram disso para assustar o país com previsões de catástrofe.

tão, o senhor escreveu uma carta ao povo e prometeu respeitar contratos, combater a inflação e, mais importante, remover obstáculos que impediam, durante longos anos, o crescimento da economia.

Entre as suas promessas, presidente, estavam criar 10 milhões de empregos, incentivar a construção habitacional e apoiar a empresa nacional, pequena ou grande.

Mais do que ninguém, por sua origem nordestina e operária, conhecia os problemas dos pobres. Comprometeu-se a combater a fome que atingia 22 milhões de pessoas e a pobreza, que sufocava 53 milhões de brasileiros.

Lembro-me de que ao lhe desejar boa sorte, escrevi aqui na Folha que sua eleição decorria desses compromissos que não poderiam ser abandonados, sob pena de frustrar o povo que acabara de cativar.

Sua vantagem era a ousadia que desaparecera nos anos anteriores, em que prevalecera a falta de apetite para o desenvolvimento e a acomodação com planos de estabilização monitorados pelo FMI.

Estávamos acostumados a usar a desculpa da falta de recursos para tudo: para a fome, para a violência, para justificar as escolas de péssima qualidade, os juros que esfolavam as empresas, a falta de moradias, a saúde em frangalhos e os buracos nas estradas.

Mas, mesmo com boas intenções, não é fácil presidir um país com o tamanho e a complexidade do Brasil. No começo, talvez para mostrar que não iria flertar com heterodoxias radicais de triste memória, o senhor adotou políticas que mantiveram um jeito muito conservador de conduzir a economia. Depois, houve um momento de decepção, em que poderia ter sido mais duro com desmandos dentro do governo.

Os programas sociais foram muito bem-vindos e tiraram da pobreza 11 milhões de famílias logo no primeiro mandato. Só no segundo, porém, o senhor demonstrou obstinação para adotar a política desenvolvimentista, com a criação do PAC e os investimentos em infraestrutura, ainda que a política monetária continuasse a frear a economia.

Quando veio a crise global, no fim de 2008, sua condução foi correta: redução de tributos sobre itens importantes para incentivar o consumo e a criação de emprego, estímulo ao crédito e outras medidas para fortalecer o mercado interno. Em pouco tempo, depois do susto inicial, o consumo interno crescia em ritmo chinês e o emprego se recuperava, mesmo tendo o Banco Central resistido em usar o instrumento poderoso da redução de juros.

Ao passar a faixa presidencial a Dilma Rousseff, dentro de dez dias, o senhor estará entregando também um país em franco crescimento econômico, com taxa de expansão próxima de 8%, algo que não se conseguia havia muitos anos.

Talvez seja o caso de sugerir a Dilma que faça o esforço que for necessário para manter o país em um ritmo de crescimento parecido com esse que o senhor conseguiu -para isso, ela terá de baixar juros, cuidar do câmbio e reduzir custos para o setor privado. E sugerir também, já que ela é do seu partido, que tente cumprir algumas tarefas que o senhor não conseguiu concluir.

Como brasileiro, agradeço pelo seu empenho nesses oito anos de trabalho. Espero que sua sucessora, a primeira mulher a ocupar a Presidência, tenha a coragem de assumir, como o senhor o fez, um projeto de desenvolvimento nacional.

BENJAMIN STEINBRUCH, 57, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp. Escreve às terças, a cada 15 dias, nesta coluna.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Osso

Semaninha osso, essa.

Meio que perdi a disposição para ser síndico. Estou à espera daquela gota derradeira, causdiquê, como diz seu Hollanda, sou um pote cheio até aqui, ó.

Ocupado até o talo para resolver isso e aquilo pro condomínio (e na hora do vamovê todo mundo reclama, ninguém colabora - muito menos o prestador de serviço, que malporca tudo que toca e no fim quem tem que escutar é papaizito) e na correria de fim de ano, além da prospecção de um ou outro capilé por fora, minhas horas de manhã, almoço e noite ficaram comprometidas. Acaba que não vou ter nem tempo de ver minha mãe e irmã, que vão viajar, antes do Natal.

* * *

E como Dona Meg tá viajando, e as meninas tão com o pai, Nelson Rodrigues e eu fizemos o possível para não destruir a casa. Muito.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sindicância

Mais um dia, mais quinze mil aporrinhações. Estou até me sentindo mal, fisicamente.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Achismo

Acho que mais dia, menos dia, a gente acha provas de vida alienígena.

Vida inteligente é outra história. Se por aqui já é difícil de se achar, imagina em Betelgeuse.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Desilusão

Depois do futebol, samba e corrupção, não há nada tão brasileiro como a procrastinação.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ó Nicolelis de novo aí, geeente!


Miguel Nicolelis, um brasileiro, e seu projeto ilustrando uma matéria de seis páginas da mais recente edição da Science.

Seis páginas. Na Science!

Pra se ver que os gringos tão ligados: o que se apóia e se faz de ciência no Brasil está ainda a alguns parsecs do que é feito nas oropa e nos istadosunidos, mas o que a turma do Nicolelis anda aprontando lá em Natal é de primeira.

E mais: dá pra fazer do jeito certo. Dá pra fazer da valorização do conhecimento e da ciência, sim, uma política de transformação social com resultados concretos.

Confira lá no Viomundo. Vale a pena.

Canja: olha só comé que começa a matéria:

Over the past 8 years, Latin America's largest nation has begun to boom. Its economy is growing fast, and it has become a player in world affairs, reveling in an unprecedented bout of self-confidence. It will host the World Cup in 2014 and the Olympics 2 years later. The good times are lifting science, too. Between 1997 and 2007 the number of Brazilian papers in indexed, peer-reviewed journals more than doubled to 19,000 a year. Brazil now ranks 13th in publications, according to Thomson Reuters, having surpassed the Netherlands, Israel, and Switzerland. Brazil's universities awarded twice as many Ph.D.s this year as they did in 2001, and thousands of new academic jobs have opened up on 134 new federal campuses. It's a reversal of fortune for a nation that during the 1990s was beset by dire economic problems. But Brazil is not formidable yet; its scientific output trails its ambitions. The country produces few high-impact papers and only a trickle of patents. Its primary and secondary public education system is in shambles, leaving the nation of 195 million chronically short of technical workers.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Caroço no angu

Sei não. Tem coisa aí nessa história do Rio de Janeiro que não encaixa.

Tô com a nítida sensação de que estão tentando me vender uma história tão blindada quanto os tanques da marinha.