terça-feira, 3 de março de 2009

Alalaô


Nestes dias em que você pressente que, a qualquer momento, irá do estado sólido ao gasoso sem cumprir as escalas intermediárias, costuma bater aquela pregui.

São os trópicos, dirá. Porém, pelo rumo que a coisa toda toma - Que trópicos, cara-bronzeada? Vai ver, devido ao aquecimento global, efeito estufa e congêneres, nossa tradicional classificação geoclimática está em vias de reforma ou obsolescência.  Até onde chegam as notícias das agências internacionais, hoje faz calor no hemisfério norte para valadarense nenhum botar defeito. 

Quando,  submetidos às mesmas condições anormais de temperatura e pressão, os povos do norte continuarem assim mesmo com sua proverbial diligência, disposição empreendedora para o trabalho e todo aquele conjunto de atributos pré-conceituados ou aceitos como intrínsecos que teoricamente os caracterizam como gente de primeiro mundo - as escusas para nossa cremosa indolência vão ter a mesma solidez de sorvete fora da geladeira. 

Bom, isso é com você. Você pode ficar sem desculpas para justificar o corpo mole no serviço ou a vontade incontrolável de se esparramar ao longo do primeiro sofá que encontrar; eu, não. Tenho sangue baiano, e como todo mundo sabe, isso muda tudo. A gente já nasce pré-disposto à contemplação, geneticamente falando. 

É nessas horas que me dá vontade de ter um monte de filho pequeno pra exercer minha telecinese inata. Com eles. Para que a cerveja se desloque rapidamente do freezer às minhas mãos e as uvas frescas desçam magicamente à minha boca. Já usar a paranormalidade baiana, para sobrepujar o esforço de mover o maxilar ou deglutir, é demais. Não sou de ficar por aí me mostrando.

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