sexta-feira, 28 de março de 2008

Digressões ao pé da tarde

Somos realmente a soma das pessoas que conhecemos? Eu pensava nisso enquanto caminhava. As pessoas se tornam histórias, não? Há um ponto em nossas trajetórias que isso acontece. Somos, de certa forma, a soma desse compartilhar de histórias, experiências, trocas.

Mas nem tudo são boas histórias. Umas são felizes. Outras são tristes... histórias que sentimos muito, inesquecíveis histórias; mas que não dá para manter, não dá para carregar junto. Uma desilusão juvenil; a mágoa que ainda não passou e nunca passará; a traição de um amigo; o amor que deixou de ser e virou pesar...

Histórias que têm massa, têm densidade; histórias que a gente pode guardar na lembrança, porque foram e são importantes - pois ajudaram a fazer de você o que você é. E, mesmo porque, são inevitavelmente inolvidáveis. A gente as deve guardar no compartimento lícito das memórias; mas essa vida anda é pra frente, e não dá pra atravessar certas portas se as histórias forem um fardo que se arrasta ao invés da carne de nossa memória. As histórias fazem parte de nós, verdade; mas não devem ter poder maior sobre nossa própria história - a de quem a gente é e a de quem a gente pode vir a ser. Do contrário, como adejar as asas? Como aprumar as penas preso às cadenas?

Eu sei que pessoas são histórias. Mas sei que somos a soma dessas histórias?

Às vezes, me ocorre que o termo somar nem sempre é o mais acertado. Meu pai uma vez me disse: “Filho, acostume-se. A vida é feita de perdas”. O que me leva a crer que somos, também, a subtração - ou divisão - de quem conhecemos.

Com quociente. E o resto é resto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Rubão,

"...mas essa vida anda é p'ra frente..."

Disse-o bem. Tantas histórias... Em algumas somos protagonistas, noutras, simples espectadores. A cada olhar para trás, mais que recordações, buscamos ensinamentos e experiências, para embasar nossas viagens futuras. É certo que fazem com que nossas asas fiquem um pouco mais pesadas, mas não o suficiente para impedir que alcemos novos vôos.

A.Miguez (voando baixo)

Anônimo disse...

Escrevi, apaguei. Escrevi, apaguei... Agora, de madrugada, com sono e sem conseguir refletir direito, só posso dizer que na história que construo há um tantão de vcs.