sábado, 29 de dezembro de 2007

2008 feliz

A todos, minha estima de um ano novo saudável;

Aos pais, isso mais a admiração e o agradecimento por tudo que jamais conseguirei retribuir;

Às irmãs, o carinho e o amor fraterno que enchem meus óio de água boa;

Aos parentes, a prosperidade e o bem-estar de corpo e de alma;

Aos amigos, o obrigado pela tolerância, franqueza e infinita paciência;

Aos inimigos, minha paz;

Aos amores presentes, passados e futuros, um beijo na bunda e até segunda.

Feliz 2008.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Blackjack

Viver sem planos é curioso. Todo dia é uma aposta no escuro, uma carta pra virar. Cê nunca sabe qual é o limite. E tá sempre jogando pra não estourar.

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Reveillon Roleta Russa - em BH, em sítio, em clube, em festa com um chapa, em festa com uma chapa?

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Bateu saudade do Serro. Embora a cidade, que um dia aos sete anos me acolheu, que um dia à minha infância pertenceu , que um dia de lar eu chamei, agora olha dentro dos meus olhos e não me reconhece.

Somos, como amantes que se reencontram, estranhos novamente. Sou, de novo, forasteiro.

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De repente me dei conta: que cidade na vida a gente pode chamar de casa? Se sentir em casa? Nenhuma mais, talvez.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Apelo

Que música pungente essa, do Vinicius. Deus, como passei a vida até agora sem essas canções para espremer gotinhas de beleza nessa existência seca e ordinária? Sem me interessar pela MPB "de raiz", sem dar valor ao que sempre cresceu ao lado meu? Mas tudo tem sua hora; devo prometer a mim mesmo essa prontidão, essa busca pelo conhecimento que, espero, marcará o ano vindouro. É excitante saber que há todo um universo a explorar.
E para pôr um ponto naquele assunto, naquele pranto, um recadinho final para você, sim você mesma, ainda que você jamais venha a ler : eu te peço, não te ausentes, pois a dor que agora sentes, só se esquece no perdão. Ah, minha amada, me perdoa, pois embora ainda te doa a tristeza que causei, eu te suplico - não destruas tantas coisas que são tuas por um mal que eu já paguei.
Pois agora tudo o que precisamos é de nos libertar.

Pra fazer justiça

O Globo Repórter de hoje é só de exemplos de solidariedade dos/entre brasileiros. Belê.

Natal feliz

Pô, tava vendo o Evaristo do Jornal Hoje ontem e a pauta dos caras me pareceu meio equivocada. É claro que a pauta parte do ponto-de-vista do cidadão médio, de classe média, razoavelmente informado e, afinal, o mundo tá lascado de qualquer jeito. Mas eles vinham com aquela premissa, tipo, "Natal: época de compras e guloseimas" para delinear a maioria das reportagens.

Isso me dá um pequeno incômodo. Nada muito, assim, digno de registro. Mas chateia, se pensar na molecada que vê, cresce e absorve essa cultura deste significado do Natal. Até quem nem é católico/cristão, ou bem racional, sei lá, deve embarcar nessa, desconfio.

Provavelmente não estou sendo muito claro. No fim, como sabem, tudo se resume à reunião com as pessoas que importam. Em natal, prefiro sempre o equilíbrio: não gosto de rezaiada nem da exarcebação que o materialismo provoca. Embora nessas coisas nem sempre a gente tenha escolha.

Enfim, tanta enrolação pra desejar a todos (sim, todos os quatro ou cinco que me lêem e àqueles que não) um feliz natal. Que a gente possa fazer uma reflexão para fazer do nosso mundinho particular um lugar com mais compreensão, tolerância e humor com a vida.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O cromo das saladas

Falando em alimentação, segue aí quitute muito de meu apreço, "Não Comerei da Alface a Verde Pétala". De Vinicius de Moraes para todos aqueles que acreditam no cromo das saladas, um poeminha fast-food da mais alta catiguria (a receita da "Feijoada À Minha Moda" do poetinha é ainda mais saborosa). Bon appétit, mes ami!

"Não comerei da alface a verde pétala

Nem da cenoura as hóstias desbotadas

Deixarei as pastagens às manadas

E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas

Talvez pouco elegantes para um poeta

Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta

Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois

Nem como os coelhos, roedor; nasci

Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati

E eu morrerei feliz, do coração

De ter vivido sem comer em vão."

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Comidinha caseira

Limpar pia: nah; fazer comida: yeah. Prato do dia: cenourinha cozida, quiabo refogado, arroz, feijão com tempero de bacon e bife de boi. Falta um verdinho, mas... Ô trabalho que dá secar alface. Por isso quero plantar um pé num vasinho e depois colher o suficiente para a refeição da hora. Lembro que falei isso e riram. Será ingenuidade minha essa idéia ou se eu colher folha por folha a alface morre? Bom, como qualquer sujeito dotado de espírito científico, já estou realizando testes com um pezinho de manjericão que achei no hipermercado. E ele parece estar suportando muito bem a bateria de testes, como eu desconfiava.

Lama

Sinto que a qualquer momento alguém vai ligar e me dizer: Ê, Rubens. Você aí nessa lama.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Wall-e

Sei não, mas a próxima história da Pixar Studios e da Disney tem potencial para ser a melhor já animada por eles. Claro, é só um chute, mas alguma coisa me diz que esse robôzinho tem cacife para virar um fenômeno como foi o ET do Spielberg, na época. Já imagino a febre (ninguém diz mais “coqueluche”, hoje em dia) de produtos, merchandising, brinquedos e até mesmo algo como um aspirador de pó automático igualzinho ao Wall-e. Alguém aí se lembra do Arthur, um robô de plástico marrom com controle remoto que marcou o natal das crianças de 1982? (Cópia descarada do Arr Tchu Vi Tchu - o R2V2 de Star Wars).

Espero que o filme, que tem no trailer uma introdução da Aquarela do Brasil, seja tão promissor como parece. Se a hitória for mesmo porreta, estou curioso para saber se ano que vem teremos muito marmanjão no cinema engolindo o choro; ou se, por outra via, uma platéia de autômatos.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Ah, se eu pudesse...

Ah, se eu pudesse...
Espargiria flores para marcar seu despertar em minha alcova...
E que esse perfume traduzisse tudo o que eu não sei dizer em palavras...
que eu deveria ser ainda mais dedicado, e amoroso
Porque aos amigos posso contar
Como sou feliz por você me amar
Mas, não. Nada disso é realidade.
Ah, se eu pudesse, te puxava pra dançar com as luzes apagadas, e botava um Frank Sinatra, e a gente pelo menos fingiria que éramos algo. Nada extraordinário, pelo contrário, mas que importa? Bastaríamos a nós dois, e a vida seria... seria o quê? Seria algo mais simples, algo em que duas pessoas tomaram uma decisão simples, porém não menos sábia e extraordinária: escolheram alguém para envelhecer junto.

Domingo, p.m.

É a primeira noite que durmo sozinho.

Mentira. Já dormi muitas noites sozinhos desde então. É a primeira noite em que realmente ESTOU sozinho. Com tudo de bom e ruim que isso significa.

Ah, Lu. Cê não sabe, né? Realmente não faz a menor idéia do que aconteceu.

Você me olhou com raiva e ressentimento. Puxa, e eu que só quero seu bem.

Mas no fundo são escolhas que a gente faz - é a isso que se resume tudo. Em vez de passar a vida pisando em ovos, prefiro estalar folhas secas de caídas uma mangueira.

Meg. Talvez você não precise perder peso. Eu preciso. Bom fim de ano.

Caraca. E no fundo todo mundo só busca a mesma coisa.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Tim-Tim

Ontem fui ao Studio Bar. Dizem que estava fechado há 8 anos. Parece que reabriu. Lugar interessante, conta com ambientes diferentes além do salão de dança/show, como mesinhas tipo bar, área ao ar livre, coisa e tal. Seria perfeito se não servissem apenas long neck (juízo de valor de butequeiro).

Era show do Falcatrua, que agora tem um integrante amigo meu - Marcelo Bontempo, talentoso instrumentista. Cantavam Tim Maia, em noite de repertório atípico da banda, devido à presença de Nelson Motta e ao lançamento da biografia do Síndico. Irreverência aparenta ser a proposta do conjunto e o vocalista - que não era preto nem gordo mas tinha um quê de cafajeste - deixou o bigode crescer. O “tributo” saiu mais à Freddy Mercury (ou Burt Reynolds) do que ao próprio Tim. Meus apelos para “I want to break free” foram em vão.

Na oportunidade, identifiquei a Fernandinha Takai em uma mesa (desconheço a cara dos outros bichos do Pato Fu) e o próprio Nelsinho, divertindo-se, assim pareceu. Demais celebridades escaparam ao meu escrutínio.

Não houve mais ocorrências dignas de registro. Do Leme ao Pontal, todos se comportaram bem. Inclusive eu, parapapará, que gostava tanto de você.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Som de folhas secas

Houve tempo em que não se trancavam portas

Se dele não provastes, que te importas?

Em tardes macilentas retidas na memória

Amareladas, páginas que teceram história

Em meio a traquinagens e artimanhas

Da mocidade levada entre montanhas

Escorregar morro quando o sol se levantava

E subir devagar quando a lua muito brilhava

Lembro então daquela mangueira de manga-rosa

Que não era grande, nem fértil nem tão frondosa

Porém firme, forte, honesta – uma verdadeira mangueira de bem!

Beleza oculta que residia em ser de todos – e não ser de ninguém.

Terapia etílica

Bebi segunda e terça. Quarta sem dormir. Quinta, mais cervejinha. Sexta, de duas da tarde às duas da matina. Sábado, não. Domingo, sim.

Como pai disse uma vez, eu realmente deveria deixar para elevar as ações da AMBEV nos finais de semana.

Édipo, Peter Pan, Cinderela... será que existe complexo de bêbado? Por favor, me lembrem de algum pau d'água nos contos infantis ou na cultura universal. Preciso defender uma tese.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

E no final a morte

Cabei de chegar a BH. Fui a Teófilo Otoni na quarta, virei noite, estou de volta nesta quinta. Exausto, mas nem se compara ao que minha família passou. Nem chega perto.

Na boa, não consigo entender. Não, não é verdade. Entender, eu entendo; a palavra certa é aceitar. Não consigo aceitar facilmente a existência do velório. A meu ver, nem muito sensato, nem racional. Mas aconteceram circunstâncias que me fizeram estar lá. E, olha, foi bom poder oferecer algum apoio aos primos, vovó, mãe. Que seja um abraço, um olhar, uma palavra - ou até uma piada! As pessoas contam com você. Nada do que rolou, no entanto, muda o fato de eu agir freqüentemente como uma besta egoísta. A gente, apesar de saber o que é certo, nem sempre age e decide pelo que é certo. Ainda bem que este não foi o caso. Se, por orgulho, entrei em contradição, não importa. Só um imbecil completo não se contradiz. E eu não sou completo.

Descanse em paz, tio, nesse destino que a gente comunga, que quase sempre nos oprime, embora também talvez nos redima.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Insônia

Quem tem
Sabe o que é
Chegar à seis
Morto em pé.

Escrever assim
É heresia
Texto ruim
E má poesia.

Isso não é o pior.
Mesmo descansado,
A literatura
Não fica mió.

Os QUESLAS

Vendo os personagens do Sacha Cohen, o comediante judeu inglês que faz Borat e outros, penso nessa figura universal presente em todas as culturas, tempos e países: o Quem Se Leva A Sério.

Você o conhece. É quem costuma fazer a festa dos gozadores e bem-humorados. Quem Se Leva A Sério acha que o ridículo é a humilhação suprema. Verissimo desconfiava de que só é livre, livre mesmo, é quem não tem medo do ridículo.

Eu não aprecio muito quem se leva a sério. Porém, não dá pra negar, eles nos divertem bastante. Rimos com as suas úlceras. Sem eles, o que seria dos comediantes? O problema dos QUESLAS é quando eles levam sua aversão do auto-humor e pânico do ridículo a níveis extremos ou as combinam com medo, ressentimento, ignorância. A mistura pode ser perigosa e explosiva.

Sou da turma “Faça humor, não faça a guerra”, mas não consigo deixar de pensar naquele cara de Beleza Americana que mata o Kevin Spacey; e em alguns profissionais de marketing que dia a dia a gente vê por aí coalhando as empresas. São assustadores, assim como sua superioridade numérica.

Cada vez mais, tenho o sentimento de que o humor está numa batalha de morte contra os QUESLAS. E vem perdendo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ilhado

Acabou-se, é o que parece. Existe culpa? Não creio. Somente se compartilhada.
Para comentar o desenlace, a presença fulgurante de Chiquinho Olhos Verdes:

"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir"

Viver é isso aí. Por ora, ancoramos no cais. Debelado o motim, a nau ainda precisa de reparos. Mas estamos otimistas. Em breve esperamos partir. E aí, como diria o bom capitão Jack Sparrow, "tragam-me aquele horizonte".

domingo, 25 de novembro de 2007

Trim!

É impressionante o número de enganos que recebo depois que instalei o telefone fixo da Oi. Não falha, é mais assíduo que serviço de despertador de hotel. O pior é que a maioria é de gente sem educação. Tem uma dona, acho que nem foi a primeira vez que a atendi. Começa assim. Eu atendo, com uma voz das profundezas, "Alô". Em vez de dizer "Alô", ela pergunta (pergunta, não: inquere), rápida e cortante - "Quem tá falando?". Diabos, pensei, custa conversar igual gente normal? Hoje (domingo, 9h20, ressaca, isso não se faz) ela me pegou desprevenido e bobo de sono, por isso fui respondendo: "Rubens". E ela: "Quero falar com a mãe do Tuca". "Engano", lhe disse. "Mas quem tá falando?", voltou a mulher. "Rubens", eu disse. Redargüiu: "Mas aí é da casa de quem?". Deu vontade de dizer: "Você não vai acreditar, mas sabe de quem é essa casa? Rubens". E enquanto eu explicava que tinha sido engano, a safada desligou na minha cara.
Preciso de uma secretária. Pode ser eletrônica.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Brasil 1 x 1 Peru

Dunga: "O Vágner Love é um jogador que se movimenta mais, e o Luís Fabiano é mais de área, é mais um jogador de choque. E como a defesa peruana estava se sobressaindo no combate físico, fiz a alteração." ???

A essa miopia inexplicável, soma-se a orientação de botar o Gaúcho atrás e o Kaká na frente, perdendo o melhor dos dois. Pô, apesar da substituição equivocada - sair o Robinho - foi só o Gaúcho ir pra frente, lá na esquerda, que o bicho ficou mais animado, participativo e mais decisivo. Com a amarelinha, ele já não é unaminidade. Botar o cara no círculo central pra dar quinze toquinhos na bola até ele decidir soltar a danada é duro.

Pra quê dois volantes acima de 30? Gilberto Silva já teve seu tempo. Mineiro é mais velho (embora mais veloz). Temos bons volantes por aí e pelas oropa dando sopa.

E se na esquerda temos poucas opções, na direita é o contrário: Cicinho, Daniel Alves, Rafinha.

Se metade do time na linha for de garotada, qual o problema de colocar um experiente no gol, ainda por cima em melhor fase? Ele já orienta os moleques no São Paulo, não ia ter problema.

Os jogos em que o Brasil não perdeu nas eliminatórias não foram fruto do jogo coletivo. O Brasil abriu o marcador em jogadas fortuitas, não construídas. E o treinador com a comissão técnica parecem não ver ou não querer ver isso; acham a crítica em geral motivo de justa indignação. Se a crítica for em dia de vitória então, lá vem a cantilena de que são os mesmos jornalistas venenosos de sempre, que "só vêem o lado negativo" e que "querem tumultuar o ambiente da seleção brasileira". Essa presunção é dose. Graças ao talento pessoal e à improvisação, os caras resolvem a parada dentro de campo e os incautos crêem, embora publicamente não admitam, que o mérito da vitória (ou grande parte dela) é de quem está do lado de fora do gramado.

Muda, muda, e tudo continua a mesma coisa. Mas que esperar de gente que, ainda que bem intencionada, esteja sob o jugo do medieval Ricardo Teixeira?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Friozinho

Eta dia bom de ficar na cama.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Bons links

Que diabo, ainda não achei um jeito de botar os links aí no blog. Tô me sentindo meio burro. Vou tentar depois, com mais calma.

Enquanto isso, indicações de boas leituras, minha gente: blog da Meg, o mesadebar.blogspot, falando de tudo um pouco; as colunas do Reinaldo José Lopes, no portal G1, em Ciências e Saúde (acho que se chama Visões da Vida). Ambos escrevem que é uma beleza.

De futebol, Alberto Helena Júnior, no último segundo, do IG, e Juca Kfouri, do uol blog. Indicaria ainda a trupe do O Globo - Renato Maurício Prado e Fernando Calazans, no esporte, e João Ubaldo e Verissimo, em opinião - mas já tem um tempinho que o jornal restringiu o acesso ao conteúdo online. Tudo coisa boa.

Perdão pela falta dos endereços certinhos, mas o Google tá aí pra isso. Se os três leitores do blog estiverem servidos, depois tem mais.

Borat

Kkkkkkkkkk! Hauhuhauhauhauhuhauauha! Hihihihihihihih! Hoohohohoho! Quáquaquaquaquaqua!

Blogar é...

Faz muito tempo que não me arrisco a escrever crônicas. Quando o fazia, eu não era bom nem tão ruim. Da primeira vez que postei neste blog, observaram que eu deveria melhorar. Talvez quanto à qualidade do texto, o ritmo, os temas, sei lá. Compreendo a observação, mas é um equívoco, me parece. Porque blogar tem outra proposta, pelo menos é assim que vejo.

Neste caso particular, é menos uma experiência do que uma necessidade. Escrevo profissionalmente há anos, e, às vezes, bate vontade de escrever à toa, falar de qualquer coisa, inventar o que se quiser. Não há razão certa que explique por que fazer isso. É da minha natureza, acho. Pergunte a um cão por que ele ladra ou a aranha por que ela solta teia pela bunda.

Acho que blogar pode parecer crônica, às vezes é, às vezes parece e não é. Saber que bicho é esse importa? O fato é que este espaço não tem pretensão nenhuma, nenhuma, ainda mais a literária. Daí as homenagens -implícitas e explícitas - do primeiro post, aos escritores que gosto.

Não sei se blog um dia será um gênero como a crônica, mas em comum eles têm a questão de serem escravos do tempo, ou de um tempo bem específico e pessoal - coisa que o Braguinha (o trecho debaixo de Boêmios no Divã é dele, do texto "Um sonho de simplicidade") dizia: "Sempre escrevi pra ser publicado no dia seguinte". Dita por um gênio como Rubem Braga, a frase toma ares de modéstia. Dita pelo Rubem Brega, fica pedante.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Computador nas costas

Veiera é isso. Há duas semanas, nem fui trabalhar. Fiquei à base de analgésicos e me recuperei. Achei que a crise tinha passado, mas há dois dias estou meio travado, pescoço doendo, dores musculares, o diabo. Só com remedinho mesmo pra tolerar. O pessoal aqui na NETi ficou zoando, dizendo que é nisso que dá ficar dando beijinho pra trás. Ha.

Fui ao médico ontem. Ele diz que isso é comum, uma síndrome nun-sei-lá-das-quantas, a maior parte dos atendimentos dele era em decorrência disso. A causa, pelo que entendi, é de fundo emocional, estresse. Manifesta-se ou em forma de úlcera ou em nódulos musculares na região do trapézio e pescoço - o meu caso.

Voltei para o trabalho e fui imediatamente à sala do chefe, desafiá-lo: - "Sabe o que o médico falou que vai curar essas dores?". Fez que não. Continuei: - "Férias e aumento de salário". Não se fez de rogado: "- Então, lamento dizer que seu caso é terminal".

Pobricitário é isso: só levando nas costas.

Efeméride

Faço hoje 6 anos de Neti Comunicação Integrada. Dá pra comemorar, mas em parte e à parte.

Amores perros

Semana passada, de repente, no meio do serviço, bateu uma vontade, assim, de ter cachorro. De vez em quando essas sensações tomam a gente de assalto. Não sei se era pretexto para prevaricar e deixar de cumprir com as minhas obrigações, mas o fato é que fiquei fuçando na net sobre as diferentes raças, cogitando umas e outras.

Ignoro se aqui no prédio pode ter cachorro. O edifício é novo, todo mundo é primeiro morador, mais ou menos da mesma idade, porém ninguém tem cachorro. Acho que ainda não temos convenção do condomínio, mas permitido mesmo, na bucha, não deve ser. Talvez com cães pequenos, dê pra fazer vista grossa (mas não ouvidos moucos, imagino).

O danado é que eu não gostaria de ter um cão pequeno. Já basta uma vez que fiz um desses testes bobos de frivolidades pela web - pra ver que cão você seria, pela análise de sua personalidade - e deu chiuaua. Encasquetei, fiz o teste novamente, dessa vez mudando as respostas anteriores e - cáspite - deu chiuaua na cabeça!

Eu gostaria de ter um cachorro, sei lá, de grande pra médio, mas que não latisse muito. Minhas irmãs já tem Akita; silencioso, mas muito grande, solta pêlo. Um cão menor. O beagle poderia ser uma boa, mas, diabos, não consigo sentir tanta simpatia por eles. Cocker, nem pensar. Nem shitzu ou lhasa. São cães legais, mas não sei se combinam comigo.

Pesquisei e achei o bull terrier uma opção muito interessante. Li descrições de temperamento e gostei: não late, é alegre, valente e bem-disposto. Como é um cão rústico, não necessita de cuidados especiais e pode viver em pequenos espaços. Mas será que dá pra confiar na palavra dos donos de que não são violentos ou dado a ataques gratuitos? Afinal, ele e a máquina mortífera pitt bull têm um ancestral comum, além do histórico de rinhas. O que eu gostei mesmo no bull terrier é que, á primeira vista, ele é esquisito, estranho, engraçado. Pra quem não se lembra, é aquele cachorro atentado de Snatch - Porcos e Diamantes, branquinho com uma mancha preta no olho. Ele é bonito de tão feio que parece. Não sei explicar.

Taí. Se um dia eu tiver um bull terrier, ele se chamará Lindão.

Futebor

Copa de 2014. Imagino que muita gente já deve estar pensando sobre como ganhar um troquinho. Se estiver aqui em BH, estarei com 30 e alguns anos. E espero que seja com saúde e sem barriga. Um difícil desafio abdominal, mas é aquela história: de que vale barriga tanquinho se a torneira não funciona?

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São Paulo acabou de ser campeão. Pentacampeão brasileiro. Com méritos, mas sem um futebol que empolgue. Aliás, nenhuma equipe vem apresentando futebol - futebol mesmo, na melhor acepção da palavra- nos últimos campeonatos brasileiros. Por fim, não é só o Rogério Ceni que deveria estar na Seleção, não. Abram o olho com esse menino, Hernanes. Alô Dunga, que tá fazendo aí o tal de Fernando?

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Preciso fazer essa bola rolar mais rápido no blog. Não tenho conseguido me disciplinar pra postar com maior regularidade. Vamos ver se daqui pra frente toco só de prima.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Horário de cão

Primeiro dia do horário de verão. Na garagem de casa, normalmente saio de ré. Quando abri o portão, não vi que três cachorros estavam passando exatamente naquele instante (a isso os sábios e os doutores dão o nome de sincronia). Ficaram na maior saliência. Por um segundo, não saíram do lugar, bloqueando a saída. Logo passaram a babar e a sorrir, ainda mais com aquele mundo novo bem diante do focinho - uma garagem virgem, intocada, não-cheirada.

Comecei a buzinar, esperando resultado. Mas nada, continuaram empatando a saída. Apenas pareciam mais alertas e excitados. Que droga, pensei. Não bastava estar morrendo de sono por causa do horário de verão e, outra vez como sempre, atrasado. É de conhecimento de todos que gosto muito de cachorro. Se fossem outras as circunstâncias, eu os abraçaria como a irmãos, sinto que tenho ligação de alma com os vira-latas. Mas, ora, eu precisava sair e os bichos não arredavam o traseiro dali, parecia que de zoeira.

Dessa vez, buzinei com mais violência (força de expressão, a buzina do meu carro quase não se ouve mais). Nada, a turma nem se tocou. Criou-se então o impasse. Mas tudo tem limite, cheguei no meu. Deixei o carro ligado e saí para enfrentar os folgadões.

Assim que pus os pés pra fora, deu pra ver claramente que era trabalho de equipe, profissa. Me lancei sobre os safados: -"Passa-tiu! Passa-tiu!" e eles rapidinho se dividiram. Um foi mijar no lado direito da garagem, o da ponta esquerda entrou para focinhar a graminha do prédio, e o do meio ficou latindo, tentando me intimidar.

Digo nessa hora que uma pessoa que não tenha nascido em Teófilo Otoni e passado meninice no Serro, estaria apertada nessa classe de situação. Mas sou tarimbado em cachorro, sei como pensa um vira-lata. Ágil, vibrante, logo recolhi os safardanas para fora dos meus domínios. Eles protestaram muito latindo em grupo e as pessoas que estavam na rua naquele momento me olharam feio, talvez assustadas com a energia dos "Passa-tiu". Sabe como é. Mesmo errado, cachorro é bicho querido. Aberto o caminho, me pus dentro do carro e parti para o trabalho de rabo abanando. Nada como o horário de verão.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Ê, boca!

Ha. Precisei fazer uma raspagem na gengiva ontem, por razões estéticas. Pra ajudar na cicatrização, eles colocam na sua boca uma massinha, que depois endurece deixando a impressão de que existe um grande chiclete velho grudado em seus dentes. Uma beleza. Por sete dias.

Sem querer, o título do último post foi profético.

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O pior é que ando me sentindo na obrigação de explicar isso a qualquer ser vivente. No trabalho, nem se fala, mas, hoje, na oficina, no cartório, na secretaria do clube e na rua quando me pediram informação, antes de entrar no assunto, minhas palavras iniciais têm sido "Tudo bem? Repare não (aí é que todo mundo repara), fiz raspagem da gengiva ontem e colocaram um chiclete véio pra proteger. Sim, a Rio de Janeiro é a próxima à direita..."

Tem hora que não faz mal ficar de boca fechada.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O riso sob censura

Parte da família da minha mãe tá sofrendo muito com a morte iminente de um parente próximo. De repente, fica complicado chamar os amigos para reuniãozinha de comemoração de casa nova. É quase como se qualquer manifestação de alegria fosse proibida ou carregada de uma culpa lá de dentro, lá no fundo. Nesses últimos dias, várias vezes surpreendi meu sorriso quietando no meio do caminho.

É tão contraditório que às vezes também a gente se pega fazendo coisinhas banais pra não pensar na coisa toda. Arrumando dívidas e preocupações tolas que podem soar como sinais de indiferença, futilidade e até desrespeito. Mas, de alguma maneira, esse tipo de escape me parece compreensível. Será condenável?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Sobe o pano

Tem hora certa para começar? Eu quisera ser cronista. Mas é como disse pro Leo ontem sobre o Chico Buarque: o bicho desanima qualquer um. Depois de ouvi-lo, o que resta mais dizer? É o tipo de coisa que vale para o Nelson, Verissimo, João Ubaldo, Rubem, Antônio Maria, Vinicius, Alan Moore, por aí vai.Fazer o quê? De uma forma ou de outra, escrever e ler sempre fizeram parte do que sou. Trabalho com isso, ou pelo menos engano. Mais velho, bate uma certa serenidade de saber que você não vai ser nenhum gênio da raça e nem revolucionar a literatura. E se não dá pra oferecer ao mundo O Conde e o Passarinho, a gente vamos improvisando, cada um dá o que tem. Agora é ver no que dá essa prosa. Espero que poesia. Não da boa, advirto; alguma, pelo menos.

Senhoras e senhores, com vocês, Rubens Chácara Miguez.