Por Alberto Dines em 02/08/2011 na edição 653
A mídia internacional continua fixada na história dos grampos ilegais para produzir manchetes sensacionalistas. É uma narrativa simples, fácil de entender, tal como a dramaturgia dos filmes de ação.
Gente, o tablóide marrom, News of the World, já morreu. O estrago que a Fox News está fazendo no mundo a partir dos EUA é muito mais grave do que o esgoto político-midiático produzido pela News Corp. no Reino Unido.
Murdoch não inventou o Tea Party, mas o seu canal de TV energizou-o a tal ponto que sua primeira vítima é o Partido Republicano, a segunda poderá ser o sistema democrático americano. Mostrar os perigos representados pela ascensão do Tea Party dá trabalho, as referências são mais sutis, mostrar as semelhanças da lindinha Sarah Palin que só mata as alces do Alasca com as doutrinas do monstro de Oslo que mata os compatriotas com balas dum-dum exige da grande mídia internacional uma vocação didática e analítica que ela não tem. Ou só exibe em ocasiões muito especiais.
É evidente que um jornal com a entonação do El País faz isso em todas as edições, em todas as suas seções. Não se pode esperar o mesmo da grande mídia brasileira, que erroneamente jogou-se aos pés da musa da direita americana imaginando que defendia a livre iniciativa contra as intervenções do Estado na economia.Ação de autodefesa
Murdoch queria acabar com o “socialista” Barack Obama e o delirante Tea Party estava à disposição com o seu simplório arsenal de evocações históricas contra a imposição de taxas pelos colonizadores britânicos. O grande mafioso midiático não imaginou que o Tea Party – a pretexto de lutar contra o Estado previdenciário – acabaria estressando inexoravelmente a maior economia do mundo. Mesmo que o vergonhoso calote seja evitado, o aparato institucional americano sofreu uma ruptura que levará anos para ser reparada.
A insanidade do Tea Party impedindo os republicanos históricos de autorizar a taxação das grandes fortunas vai produzir um bumerangue e atingir em cheio o capitalismo americano. China, Europa e Japão serão imediatamente afetados, em seguida virão os chamados emergentes – nós.
E o que fazer? Malhar Murdoch no Sábado de Aleluia de 2012? Melhor boicotar a Fox News. Agora. Ela está no menu oferecido aos assinantes brasileiros de TV por assinatura. O boicote é uma ação de autodefesa legítima. O cidadão tem o direito de escolher o serviço que melhor lhe convém.
Mortos e desempregados
A Fox News e o Tea Party representam um partido contrário aos nossos interesses. Contrário aos interesses da humanidade, conforme o demonstrou em Oslo o quisling Anders Breivik.
Os editores do caderno de TV do Estado de S.Paulo que badalaram no domingo (31/7) a nova temporada do seriado “Modern Family” da Fox deveriam ter pensado duas vezes antes de oferecer esta vantagem à mafiosa corporação dos Murdoch.
Jornalistas não podem ser apáticos nem omissos: boicotar a Fox e o seu odioso canal de notícias é um desagravo aos mortos em Oslo e aos que serão desempregados nos próximos meses nos quatro cantos do mundo.
3 comentários:
Ficou muito chique! Gostei.
A Sogra
Gracias, sogrinha. Mas ando reticente... acho que em breve o blog volta ao salão de beleza.
Questionamento é aparentemente algo que não esta presente no DNA de muita gente. A grande maioria não entende que a única maneira de fazer mudanças é cortando a verba que alimenta boçalidades como Fox News. Mas isso quer dizer se privar do seu seriado favorito, o que muita gente simplesmente não vai fazer. Quem vai ligar para a Net ou DirectTV e falar "estou cancelando meu pacote porque não aceito a política da FoxNews". É triste, mas não vejo isso acontecendo...
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