quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Altruísmo

Depois do feudalismo, do mercantilismo, do capitalismo, do socialismo, do comunismo e do neoliberalismo, bem que a próxima idéia de organização social e econômica da humanidade poderia ser o altruísmo.

Por quê não?

Imagine um sistema baseado na cooperação e na colaboração. Na reciprocidade. Um mundo onde o grande valor não é a competitividade, mas a benevolência. Onde as pessoas e empresas sejam medidas não pela capacidade de explorar a maioria e acumular riqueza, mas pela capacidade de partilhar riqueza e gerar benefícios a outrem. Onde as relações são ganha-ganha e perde-perde, como no Dilema do Prisioneiro (num sonho assim, cada vez mais, não cabe indulgência e ingenuidade).

Imagine um sistema que inverta a roda do capitalismo, que reverta o sentido das suas engrenagens e o faça girar a favor dessa ideia. Um sistema inteligente, que aproveite o egoísmo natural do indivíduo em prol do coletivo. Tipo: mais você vai ganhar quanto mais bem você fizer pelo seu semelhante. Você só é beneficiado se beneficia. Ou só ganha (seu ordenado, seu dicumê, ao final do dia) se fizer com que o outro também ganhe - com sua ação pessoal, seu trabalho, sua empresa - sei lá.

Pra mim, é aí que a idéia esbarra: a prática. Como imaginar isso dando certo hoje em dia, dentro do sistema? Ou é apenas incorreto imaginar que uma forma de organização social altruística poderia dar certo dentro do sistema, que seria preciso botar a casa abaixo e começar a construir de novo, ou que tudo, afinal, não passa de utopia e ilusão?

Não sei. Pretendo pesquisar mais a respeito. A ideia não é nova no jardim; lembro-me de ter topado com a experiência de uma empresa americana colaborativa
no filme Corporation. Aqui e ali, já se colhem exemplos de gente que se dedicou e se dedica a semeá-la nesta nossa breve existência.

Mas o que importa não é a novidade, se é que, filosoficamente, há algo de novo no universo. O que importa é que se divulgue a intenção de se criar uma nova receita; que esta receba a contribuição e os pitacos de cozinheiros de boa vontade de todas as nações, para enfim a idéia crescer e a mistureba atingir massa crítica. Depois, é botar no forno, esperar o ponto e servir.

Nada pode ser mais gostoso do que saciar a fome de sentido na vida.

8 comentários:

Noh Gomes disse...

Sabe Rubão,eu acredito muito na igualdade, eu sinceramente não me preocupo se sua pele é negra, branca, parda, se tu é homem, mulher, se você é homo, hetero, bi ou tudo que há, eu sinceramente não quero saber, o que me interessa são suas ações com o outro, com o proximo, então eu tento viver e criar minha filha com esse mesmo pensamento, o de igualdade, o de viver com o proximo da melhor maneira possivel, por isso acreditom muito no altruismo, e ja cheguei achar que era utopia da minha parte tratar o outro como a mim mesma, mas hoje não, hoje faço pelo outro o que faço por mim e assim vou ficando igual a todos.

É isso, ja peguei a cadeira e sentei mesmo rsrs

Beijo
Noh

K disse...

Você sabe que no Butão, o imperador decidiu medir o índice de felicidade e não de riqueza da população? E que o ex monarca que abdicou em favor do filho, mora numa casa muito simples ?
Não conheço profundamente como as coisas funcionam mas fiquei impressionada com o pouco que descobri.

Minha amiga Larissa(irmã do meu ex),conhece você.Ela trabalha na Seriana.

Rubão disse...

Noh, esse é o espírito, não?
K, há anos que não fazemos trabalho pra Seriana. Me lembro, sim, da Larissa (embora não saiba precisar hoje qual era qual, era muita gente do cliente).
Petit monde.

Noh Gomes disse...

Além do espirito deveria ser a ação né rsrs

nadja disse...

saudações!!!! Sua idéia de uma sociedade altruista é maravilhosa. contudo, para que ela pudesse funcionar teríamos que extirpar do planeta os monarcas e seus descendentes tanto quanto dos cristãos....

Rubão disse...

Hmmmmmm... Nadja, não entendi direito, talvez você possa explicar melhor. Ademais, quem são os "monarcas", quais as "monarquias"? E extirpar é no sentido figurado, certo?

nadja disse...

Rubão, já q perguntou... Não sou especialista no assunto, contudo, de minhas andanças, leituras e percepções, atribuo à simbologia histórica dada à Monarquia ainda hoje e a seus representantes o status de assegurar o poder às classes dominantes outorgando-lhes poderes absolutos, seja em razão de seus protocolos (o parlamento - normalmente representando os donos do capital -, indicam o Primeiro Ministro, que será então nomeado pelo Rei ou Rainha), seja pelos laços de consaguinidade – muita das vezes questionáveis, pouco ortodoxos (pedófilos, assassinos), os quais multiplicam idéias de usura e poder bélico. Mesmo nos países onde a Monarquia foi abolida como a França e Alemanha, mantem-se a ordem baseada na idéia de lealdade ao poder vigente. Veja os países como Noruega – hj nossa conhecida e seu súdito mor Andres Breivik-, Suécia, Dinamarca, Holanda, Canadá, Inglaterra, Bélgica, Austrália, Japão, Espanha, Arábia Saudita, alguns países africanos, todos eles possuem regras rígidas relativas ao comércio, à tributação, imigração e controle da informação. Portanto, para alcançarmos o seu desejo de um mundo altruísta teremos que extirpar – seja por meio de uma revolução, aí sim, literalmente como vc imaginou, seja por meio de plebiscito, pouco provável no mundo de hoje – só mesmo no Brasil conseguimos algo do tipo, mas ai já é uma outra conversa – Deus me livre de mais três Estados no Norte do Brasil. Chamemos os gregos, os troianos, as chilenos, os argentinos, os líbios que estão muito mais concatenados com suas reais necessidades e alheios às falácias da mídia, do que esse povim nórdico muito mais preocupado em saber onde encontrar o tecido do sapato do filho de Sir Elton John e seu marido David Furnish.

Rubão disse...

Hm, de acordo, Nadja. Creio não ser arriscado considerar que a monarquia, nos moldes como você descreveu, pode ser vista como mais uma manifestação desse sistema de oligopólio, de clube seleto de privilégios, que oprime e exclui a maioria e vige em tudo quanto é canto; não tem uma só cara, não tem uma só cor, não tem um só credo - visto que acontece em todas as nações da Terra, variando lá seus graus e matizes.

No fim, se formos reducionistas, o problema se volta para aquele nosso velho conhecido: o cerumano.

Posto que o trem agarra é no espírito, nos valores.

Enfim, obrigado pela participação e paciência em delinear seu raciocínio.

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