quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fruto da terra

Esqueça, por um momento, seu juízo crítico. Os equívocos, os devaneios, os descaminhos que constituem as idas e vindas na vida do cidadão. O que o homem já falou, fez ou deixou de fazer fora de um gramado.

Posto que Pelé faz, neste sábado, 70 anos.

E o que foi Pelé dentro de um gramado? Provavelmente, a figura histórica que contribuiu decisivamente para a formação da identidade da nação no século XXI.

O El Cid, o George Washington, o Almirante Nelson da nossa Pátria de Chuteiras.

Mal ou bem, o Brasil é o que é hoje perante o mundo por causa, em boa parte, dele.

E o que chama a atenção foi encontrar poesia escondida em uma notícia vulgar, poesia encrustada na matéria como aqueles matinhos renitentes que nascem nas brechas das calçadas e dos paralelepípedos.

Em Três Corações, a casa onde Pelé nasceu já não existe mais. Foi demolida. Só restou o lote e, no fundo do terreno, resistem quatro jabuticabeiras num arremedo de quintal, jabuticabeiras das quais o Rei tem entre suas lembranças mais pueris.

Jabuticaba! Tinha que ser jabuticaba! Negra, lustrosa, esférica. Redonda como uma bola, brasileira desde a raiz!

3 comentários:

MegMarques disse...

Que bonito o que vc escreveu!

Parabéns ao Pelé!

Anônimo disse...

E os "zóio" do Negão? Duas jabuticabas, 'tombém'!
A.None Moh

Lucas disse...

Belíssimo texto!