No recente torneio mundial, realizado na Itália, Bernardinho - sem dúvida o mais competente treinador de esporte coletivo da contemporaneidade - cravou uma tremenda bola fora.
Essa mentalidade que hoje permeia nossos esportistas, muitos comentaristas, o colega de trabalho, o amigo de copo e, preocupantemente, nossa juventude, filhos e quetais, é somente um sintoma de, digamos, um tempo triste. Mas que se deve enfrentar, visto que o que entendemos como esportividade - esportividade mesmo - não pode e não deve diagnosticada levianamente como vitória a qualquer preço.
Essa doença - ganhar a qualquer custo - esvazia dos triunfos o que têm de mais precioso: o valor de seu mérito indiscutível.
No paroxismo: é melhor perder a Copa com Zico e Cerezo em 1982, por exemplo, do que ganhar o ouro em 1988 como Ben Johnson.
Por Nelson e seus Bigodes Buliçosos! Que importa se ganhar uma partida implica pegar um adversário teoricamente mais forte? Ou que comprometa fisicamente tua equipe, no caso de ser bem-sucedida naquela etapa, para os confrontos finais da competição? Ou, ainda, que as regras da competição tenham sido elaboradas no voleio de dados viciados?
Bobagem! A vitória, se sobreviesse ao final contra tudo e contra todos, imporia à tal equipe o risco de se eternizar em uma página de glórias imortais.
Como disse Mestre Tusta outro dia: a ética tem de estar acima da razão.
A quase contrição e o declarado constrangimento que o treinador da seleção masculina de vôlei e alguns dos seus comandados demonstraram por conta desta questionável conquista já é um sinal de que, lá no fundo, sabem que erraram e traíram suas convicções. E, por isso mesmo, mostram que são gente boa.
Não é uma nódoa na carreira de Bernardinho e seus bluecaps que vai conspurcar a carreira incomparável de vencedores. Mas será o detalhe: aquela manchinha de vinho que aparece na lapela da fotografia oficial do álbum de recordações da História. Vinho italiano, per inciso.
5 comentários:
Muito bom, amore mío!
Olá Rubão, sabe velho, eu penso (ou pensava) exatamente isso até pouco tempo atrás. Mas houve um fato que alterou(?) minha percepção sobre o caso. Disse um sociólogo (que não lembrarei fonte agora) que a ética só pode ser julgada dentro de cada realidade que se insere. A ética do trabalho, a ética social, a ética esportiva e por aí vai. Ou seja, segundo ele, dentro da ética da competição, a vitória é a única variável passível de desdobramentos analíticos, e a mesma só é quebrada quando vai de contra as regras dessa competição, ou quando são utilizados artifícios extra-campo, ou quando colocam em risco (físicos) seus adversários além do padrão esperado em cada modalidade. Assim sendo, acho hoje(?), que talvez a ética não foi a vítima primordial nesse ocorrido.
Afinal, ali pode ser tudo, é negócio, é competição, é jogo... menos esporte.
No fim, a atitude foi questionável. O público, vítima. E o bom senso nas justificativas e respostas, esquecido.
Acho que acho isso, rs... ou não! Mas, de qualquer forma, o texto é um alento de um mundo que eu também gostaria que assim fosse.
Abs
Bruno, acho que vale teu contraponto. Até porque ele nos remeteria a perguntas outras, mais amplas e viscerais, de natureza filosófica.
Aparentemente, tudo é discutível. Ou, caetanamente, não?
Pelo sim, pelo não, se fosse alguma coisa boa não tinha nego por aí se questionando e se sentindo mal.
Lá fora, o papo é um. Por dentro, sozinho, o papo é outro. A gente sempre sabe.
Grazie, Amore. Mas, como diz o Toni Ramos na novela, não tem per que.
É... Bom não foi MEEEEEEEEEEESMO, rs
Abs
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