terça-feira, 20 de setembro de 2011

post sem título

Ora otimista, ora pessimista, matutei: vou parar de falar contra a pior imprensa do mundo, a brasileira (pelo menos, a pior pra mim, já que é a única do mundo que conheço - a fundo).

Já deu. Pra quem acompanhou o blog desde o ano passado, acho que está claramente expressa esta visão, discordem ou não dela, em maior ou menor grau: no grosso, jornalismo não existe, a imprensa é só a porta-voz de um grupo de interesses ou privilégios lutando por sua (deles) perpetuação, é tudo negócio, jogo de influência e poder. Pronto.

E quem quiser acompanhar mais, que clique no google "Curso básico de jornalismo manipulativo". Esses caras fizeram um caudaloso compêndio de exemplos e técnicas do PIG (Partido da Imprensa Golpista); dissecaram seu modus operandi mais anatomicamente do que uma lição do Dr. Tulp.

Mas a metáfora que mais faz sentido pra mim foi a do cumpade Leo, que disse: é como acordar da Matrix. Sim, é como me sinto: desperto de Matrix.

Ao beber em fontes de informação que vão na corrente contrária do discurso único da mídia, um mero vislumbre do que pode ser a verdade me tornou mais malicioso, porém menos feliz. Às vezes, tento correr, me esconder da constatação que persegue meu juízo e coloca as duas mãos na minha garganta para sufocar qualquer esperança: o capitalismo, a sociedade, o meio ambiente... merda, é nisso que tudo vai dar.

Hoje mesmo. Parado no sinal com o vidro aberto, reparo um par de pernas na visão periférica, fico com a impressão de que vem em minha direção. Ergo os olhos e vejo um jovem aloirado, magro, mal-encarado, com gorro na cabeça e as duas mãos enfiadas nos bolsos da frente da calça. Imediatamente ergo o vidro. Nem dá tempo de me sentir culpado pela desconfiança quando o cara fala comigo, confirmando que vinha mesmo me abordar:

- Tem nada pra me arrumar aí, não, chegado?
- Não - respondi, já enxergando, pelo vidro agora suspenso, ele mudar sua direção e indo para longe do carro.

Me permito uma pequena indulgência, porque o cara tava com as duas mãos nos bolsos. Conheço pessoalmente um sujeito, aqui de BH, que sobreviveu a um assalto, mas carrega no pescoço um belo fecho éclair. Mas, e daí? O cara estava armado ou não? Será que ele só ia me pedir dinheiro? Espero o estilete com o vidro abaixado para provar que sou um cidadão legal, democrata e não elitista? Pelo sim, pelo não, essa não deixa de ser uma atitude triste, a de que é melhor magoar alguém com um preconceito do que virar estatística.

Ou seja, é duro lutar contra o discurso de cada um por si, mais difícil ainda é se o seu si é que está na reta.

Feito o quê, bola pra frente. Se não aqui no blog, em casa, no trabalho, nos botecos, onde for: politizemo-nos sempre.

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