sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cadê o foxtrot?

Ou o inconsciente coletivo mundial está nos pregando uma peça ou realmente a civilização está a ensaiar passinhos num ritmo conhecido. Aqui e ali vão-se colhendo impressões, aproximações, pensatas, tirocínios, feelings - de pensadores, jornalistas, cientistas, políticos, escritores, blogueiros livres, cidadãos comuns e pessimistas de todas as cores - de que a época atual reúne elementos socioeconômicos característicos dos anos 30 que desencadearam, como se viu, a orquestra macabra da década seguinte.

Por sincronia, vimos esta semana Meia-noite em Paris. Para o alter-ego do Woody Allen, estar na cidade-luz é pouco. O sonho do cara é estar na Paris dos anos 20 - convivendo com Hemingway, Gertrude Stein, Cole Porter, o casal Fitzgerald, Picasso, Modigliani, Bracque, Dalí, Buñuel e outros. Uma festa.

No fim, a personagem se desilude - seja qual for o tempo presente que você se insere, logo-logo a vida se torna insatisfatória, e você vai romantizar outra época no passado (tipos, "Fale o que quiser, mas bom mesmo era na Renascença"), numa espiral regressiva sem fim. E acaba o filme ele decidido a se mudar definitivamente para Paris a fim de reconstruir sua vida (pô, nego tá reclamando de quê).

Anos 20 ou anos 30 do século passado, o que importa é saber se a década que vivemos vai servir ou não de ante-sala para os novos anos 40. E se a época que precedeu a 2ª Guerra Mundial foi um baile de champanhes ao som do foxtrot, é melancólico constatar que, se agora estiver rolando a festa, você e eu não fomos convidados.

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