sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O chororô

Banco Central baixa meio ponto percentual dos juros e é aquele terrorismo geral. Inflação vai voltar! BC tá de quatro, perdeu a autonomia! Politização, ingerência!

Fico pensando nas pessoas que não têm acesso a outras fontes de informação. Me coloco no lugar delas. Ler a opinião "do mercado", ver os diagnósticos da Miriam Leitão no Bom Dia Brasil e ouvirem a opinião do Sardenberg na CBN... será que, ao se depararem com o discurso homogêneo dessa turma, não passa nem por um segundo na cabeça dessas pessoas um breve momento de estranheza? Tipo, pô, o que esse cara tá falando, que engraçado, tá meio raivoso, parece que tem caroço embuçado no angu.

Bom, pra mim, não são jornalistas no sentido utópico do termo. São, na verdade, todos bonecos de grandes ventríloquos financeiros. Gente que ganha muita grana com os altos juros brasileiros.

As análises mais equilibradas que encontrei sobre a situação foram do Nassif. Taí:


O muro das lamentações dos rentistas
Enviado por luisnassif, sex, 02/09/2011 - 08:00

Daqui a algumas décadas, quando se voltar os olhos para esse fim de ciclo financista, o escândalo que armaram com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de baixar em meio ponto a taxa Selic será um dos pontos centrais do anedotário malicioso nacional. O país tem disparado a mais alta taxa de juros do planeta – 12,5% ao ano. O Copom decidiu reduzi-la em meio (0,5!) ponto. Permaneceu uma taxa imensa, de 12% ao ano, contra praticamente zero dos Bancos Centrais de países avançados.
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O efeito-manada contra a redução da Selic
Na economia, tem-se um xadrez de muitas variáveis pela frente.

1. A assimetria dos mercados internos com a crise. Mercados europeu e norte-americano em queda, afetando economias que exportam para lá - como China e Índia.

2. Instabilidade dos mercados financeiros globais, com pessoas de peso alertando que a excessiva liquidez e a falta de alternativas para os excedentes financeiros realimentou o jogo especulativo, tanto em mercados de ativos quanto nos de câmbio.

Os desafios brasileiros são complexos, o principal dos quais é a maneira de trabalhar o mercado interno. Com o câmbio fora do lugar, a recessão nos demais países os levará a despejar seus excedentes no mercado brasileiro, apropriando-se do consumo interno com duas consequências nefastas: primeiro, o de reduzir a eficácia das políticas de estímulo ao consumo; segundo, o de ampliar a vulnerabilidade das contas externas brasileiras. Se a isso se somar uma eventual queda nos preços de commodities, importa-se a crise externa na hora.

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Loyola, o juiz da credibilidade do BC

No tal “mercado” existem dois personagens distintos: os economistas, que fazem apostas com cenários; e os tesoureiros, que fazem apostas com dinheiro. Os primeiros trabalham em um mundo imaginário, que pode ou não coincidir com o real; os segundos, com o mundo real, onde cada aposta errada significa perda direta.

Há dias os tesoureiros apostavam na queda das taxas de juros. Esse quadro era nítido nas últimas semanas com as quedas das taxas nos mercados futuros de juros. Esse movimento tornou-se mais forte depois da redução de meio ponto na Selic.

O terrorismo do mercado contra o BC não se prende a esse meio ponto de redução. É manobra preventiva, para evitar os cortes maiores que estão no horizonte. Uma vez perguntei a um desses economistas qual a razão de um tremendo barulho que havia feito em relação a uma decisão tímida do BC. Ele explicou: a porta começa a fecha e pode bater no meu dedo; antes de bater saio gritando.

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