sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Armas ou dinheiro

Reproduzo nota do blog do Noblat.

deu em o estado de s.paulo
Juíza diz que Dantas ofereceu emprego a seu marido
Marcia Carvalho descreve proposta como ‘extremamente vantajosa’ e narra ameaças e ‘pressão psicológica’
De Fausto Macedo:
“Juíza, você e seu filho já era”, ouviu Marcia Cunha Silva Araújo de Carvalho, juíza de Direito no Rio. A ameaça, ela conta, partiu de um desconhecido que a seguiu de motocicleta pelas ruas de Santa Teresa e lhe mostrou uma arma.
O episódio ilustra dias difíceis e a forte “pressão psicológica” que a magistrada alega ter sofrido desde que tomou decisão desfavorável ao Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas.
Marcia depôs dia 6 para o delegado Ricardo Saadi, da Polícia Federal de São Paulo. Ele deslocou-se até o Rio. Saadi preside o inquérito Satiagraha e avalia o relato de Marcia como peça importante da investigação que promove desde que assumiu o lugar de Protógenes Queiroz, mentor da operação.
No fim de 2004 ela assumiu a 2ª Vara Empresarial do Rio. Em fevereiro ou março de 2005, afirma, seu marido, Sérgio Antonio de Carvalho, foi procurado por um homem que lhe teria convidado para trabalhar no grupo de Dantas. “A proposta financeira era extremamente vantajosa”, narra a juíza. Seu marido lhe disse que “era dinheiro para ficar rico”. Sérgio não aceitou a proposta. Leia mais em: Juíza que julgava Dantas diz que ele ofereceu emprego a seu marido

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Verdade

No boteco, Leo falou uma verdade: a lei no Brasil só é boa pra bandido ou milionário (ou o híbrido entre as espécies, acrescento, visto que por aqui dá muito). De fato: Pro cidadão comum, ordinário, sem um padrinho ou saldo bancário acima de seis dígitos, a lei é brutal, draconiana.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Escape

Há momentos na vida em que você percebe que não dá pra ficar batendo na mesma tecla, é burrice.
Agora, a utopia pra mim seria: Delete. Home. Esc.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ainda filmes

Hmmm... olho no filme "O curioso caso de Benjamin Button", com Brad Pitt e Cate Blanchett. Jeitão de filme que a Academia gosta. Adaptação de um conto do Fitzgerald (que, pra variar, não li) na qual o sujeito nasce com oitenta anos e vai rejuvenescendo com o tempo. Imagino que pode ter sido uma das fontes de inspiração de um antigo comercial estrelado pelo Chico Anysio (que, pra variar, não lembro o anunciante), em que dizia que o ideal seria nascer velho e morrer criança.
Por aqui só em 16 de janeiro.
Mais:
http://www.youtube.com/results?search_query=Benjamin+Button&search_type=&aq=f

Atame

Entre a enxurrada de filmes maisomeno dos últimos dias, uma reprise se destaca. Gosto daquela cena final de Ata-me, com o trio no carro cantando uma musiquinha baranguete. A Victoria Abril segura o choro. É aquela coisa com o tempero do Almodóvar: meio kitsch, meio calabresa e uma pitadinha de esperança. No fim, "ata-me" não é o desejo, o apelo secreto que todo ser humano tem com relação ao outro?

Cuando pierda todas las partidas
Cuando duerma con la soledad
Cuando se me cierren las salidas
Y la noche no me deje en paz
Cuando sienta miedo del silencio
Cuando cueste mantenerse en pie
Cuando se rebelen los recuerdos
Y me pongan contra la pared

Resistiré, para seguir viviendo
Me volveré de hierro para endurecer la piel
Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
Soy como el junco que se dobla,
Pero siempre sigue en pie

Resistiré, para seguir viviendo
Soportaré los golpes y jamás me rendiré
Y aunque los sueños se me rompan en pedazos
Resistiré, resistiré.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Rituais

Todo casal tem seus rituais.

Antes de dormir, por exemplo. Alguns tem o lado certo de cada um deitar na cama; alguns conversam sobre as vicissitudes do dia; alguns trocam amenidades; alguns se divertem em mútuas implicâncias bobas; alguns lêem seus respectivos livros, e alguns, oh, chegam a fazer aquilo!

Como qualquer casal, Meg e eu temos nossas cerimônias. Ultimamente, no entanto, uma liturgia de nome vagamente excitante, exótico e oriental tem marcado as noites de nossa alcova: o Sudoku.

O passatempo consiste em preencher um tabuleiro de 81 casas com os nove algarismos, sem repetição nas linhas e colunas.

É viciante. Porém, determinados problemas exigem mesmo suor pra encontrar a solução. E há aqueles em que a gente empaca dias, o que é, obviamente, uma afronta menor para o intelecto da parceria do que para os dois grandes egos envolvidos.

A questão se resume no seguinte: a gente se recusa a acreditar que a resposta requeira algo do tipo “tentativa-e-erro”, embora este pareça ser, diante de determinados impasses, o único caminho a trilhar.

De forma que convido aos casais amigos e a quem mais interessar possa a iniciação nos mistérios do Sudoku. Se alguém aí conhece alguma técnica que nos faça transcender para um estágio superior, compartilhe conosco, por favor.

Mas cada casal na sua cama. Temos nossos rituais.

You've got mail

Ainda bem que os pilantras da web parecem, até agora, não dispor de um filtro mais sofisticado no mailing list de vítimas em potencial.

Todo dia recebo aqueles e-mails "alguém te enviou um cartão", "Saudades de você", "Esqueceu de mim" e tals. Você também já deve ter recebido.

Hoje apareceu um remetente novo: o entrega@g**gle. Instigado pela curiosidade, esse resolvi abrir. Seu título era: "Te amo d+".

O leiaute era maisomeno tosquinho como o dos outros. Só que o texto começava assim: "Preciso dizer o quanto sou louco por você...". Peraí: louco? louco?

Pô, nem pra mandar o golpe pra uma moça. Meu nome não dá pra mudar de gênero como Fernando/Fernanda. Vá lá, no máximo uma Ruboneca.

Aí não, né cumpadi?

Procura-se

Procura-se Sorriso.

De fácil identificação: alegre, espontâneo, perdulário.

Acusado de sonegação, seu atual paradeiro é desconhecido. Há muito não se vê perambulando por aí, mas era presença diária nos arredores, botecos, arrebóis e poentes.

Paga-se boa gratificação a quem oferecer pistas genuínas e informações verdadeiras.

Se localizado, Sorriso não será detido.

A recompensa é o próprio reencontro.

Por quê?

Por que será que as técnicas de O Segredo parecem funcionar apenas quando você está à procura de vagas para estacionar, nunca nos demais sortilégios da vida e sobretudo no maior de todos, as filas de caixas de supermercado?

O que está acontecendo?

"O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será que será
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho"


Tudo anda muito estranho na minha vida. Já sei: é uma conspiração.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Consciência negra

Hoje deveria ser feriado em BH.

Sério.

Aliás, em todo o país.

Tocos toscos

Momento internético bobagético da semana: 20 cantadas frustradas.

1.Cantada: Como eu queria ser esse sorvete!
Resposta: Além de ser fresco, quer ter o pau enfiado no rabo também?

2.Cantada: Se beleza desse cadeia você pegaria prisão perpétua.
Resposta: Se feíura fosse crime, você pegaria pena de morte.

3.Cantada: Gata, você é linda demais, só tem um problema: a sua boca tá muito longe da minha!
Resposta: Questão de higiene

4.Cantada: Qual o caminho mais rápido pra chegar no seu coração?
Resposta: Cirurgia plástica, lavagem cerebral e uns 3 meses de malhação.

5.Cantada: Você é a mais bela das belas das flores, uma rosa. Quer florescer no meu jardim ?
Resposta: Eu vou morrer de sede com o tamanho do seu regador

6.Cantada: Eu não acreditava em amor a primeira vista. Mas quando te vi mudei de idéia.
Resposta: Que coincidência! Eu não acreditava em assombração.

7.Cantada: Você tem uma boca! Deve ter um gostinho... Posso provar?
Resposta: Pode... (cospe no chão e vira as costas)

8.Cantada: Se tivesse uma mãe como você mamaria até os 30 anos.
Resposta: Se eu tivesse um filho como você mandava pro circo!

9.Cantada: Nossa, não sabia que boneca andava!
Resposta: E eu não sabia que sapo falava!

10.Cantada: Oi, o cachorrinho tem telefone?
Resposta: Tem, porque? Sua mãe tá no cio?

11.Cantada: Este lugar está vago?
Resposta: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você se sentar aí.

12.Cantada: Então, o que você faz da vida?
Resposta: Eu sou travesti.

13.Cantada: Será que eu já não te vi em algum lugar?
Resposta: Claro! Eu sou a recepcionista da clínica de doenças venéreas...não se lembra?

14.Cantada: A gente já não se encontrou em algum lugar antes?
Resposta: Já e é exatamente por isso que eu não vou mais lá.

15.Cantada: A gente vai para a sua casa ou para a minha?
Resposta: Os dois. Você vai para a sua casa e eu vou para a minha.

16.Cantada: Eu queria te ligar, qual é o seu telefone?
Resposta: Está na lista.
Réplica: Mas eu não sei o seu nome.
Tréplica: Também está na lista, na frente do telefone.

17.Cantada: Ora, vamos parar com isso, nós dois estamos aqui nesta boate pelo mesmo motivo.
Resposta: É, pra pegar mulher...

18.Cantada: Eu quero me dar por completo pra você.
Resposta: Sinto muito, eu não aceito esmola.

19.Cantada: Se eu pudesse te ver nua, eu morreria feliz.
Resposta: Se eu pudesse te ver nu, eu morreria de rir.

20.Cantada: Está procurando boa companhia?
Resposta: Estou, mas com você por perto vai ficar muito mais difícil
encontrar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quarta, 19/11

Hoje tá dando toda a pinta de ser um daqueles dias que precisavam ser eliminados do calendário.

Não são nem 9h. Torço muito para chegar à noite e descobrir que exagerei.

Atualização: escrevi errado, tinha um "em" sobrando na frase que já tirei. É um saco reler e descobrir erro no que se escreve de forma apreçada ou neglijente.

Atualização 2: Não falei?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Os Tragicômicos







Satiagraha

Satiagraha é mais um absurdo acontecendo bem acima do seu nariz.

Em Chicago, Al Capone foi pego por sonegação, quase uma tecnicalidade se confrontrada com os outros crimes praticados por ele. Lá, o detalhe incrimina; aqui, absolve. Nesse país onde tudo funciona, onde qualquer pé-rapado é culpado até que se prove o contrário, a tecnicalidade é que vai livrar a cara da quadrilha de Armani's.

Isso leva a uma questão de princípios: você infrigiria a lei para pegar um bandidão? Se você, como eu, respondeu "depende", talvez concorde que estamos em cima do muro observando os lados daquela velha discussão: Meios versus Fins, Puristas x Práticos, Superman x Batman, etc.

Quer saber? Sendo honesto ao extremo, no Brasil, em maior ou menor grau, somos todos foras-da-lei.

Mais aqui, aqui tamém.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Novos negócios




Atenção, empreendedores tupiniquins: de carona na lei seca, que tal abrir uma franquia do Pedal Pub? O usuário toma o chopinho e ainda se exercita ao mesmo tempo, gastando no ato as calorias recém-adquiridas. Deve dar pra beber sem culpa, pelo menos enquanto tiver coordenação motora para os pedais. Pode funcionar também como telebebum. Mas há sérios inconvenientes. Além de se correr o risco de ficar tonto ou enjoado, o negócio é ter que parar para mijar, tinha que ter um banheirim acoplado pra cada sexo. Mas imagina tirar água do joelho com essa geringonça em movimento. Passo.




Who watches the watchmen?

Acabei de ver o mais recente trailer de Watchmen e minha impressão foi: aposto que vai ser uma b*sta.

Tô com o Alan Moore nessa. Aliás, nessa não. Em 99% das adaptações dos quadrinhos para o cinema, há um equívoco comum: privilegiar a verossimilhança em vez do roteiro, da essência da história. E já me pergunto: há histórias que são necessariamente exclusivas de um determinado tipo de mídia que impossibilitariam sua plenitude quando transpostas para outros meios?

O Zack Snyder me parece até um nerd bem intencionado, mas com uma sensibilidade de MTV. Se alguma tentativa de adaptação for realmente válida, precisaríamos contar Watchmen sob a batuta de um diretor europeu. Com americanos como produtores, onde realmente são excelentes.

Li Watchmen com 14 anos, e me transformou. É pena que ainda pensem se tratar de uma historinha juvenil sobre super-heróis. Não é, e a complexidade da história, a forma inovadora como explorou as possibilidades narrativas de seu meio, a quantidade de referências, a densidade psicológica e das subtramas jamais será emulada no cinema.

Lembrei agora de uma empregada de uma novela da Grobo que dizia que não gostava de novela, mas não perdia um capítulo. Perguntaram a razão, e ela: "Assisto é pra podê falá mal".

Entendo o que ela sentia.


PS. Entre os vários lauréis, Watchmen é a única obra em quadrinhos que dá de penetra em um prêmio voltado para literatura (Hugo, de sci-fi) e na lista dos 100 romances do século XX, da revista Time, que tem a seguinte resenha:
Watchmen is a graphic novel—a book-length comic book with ambitions above its station—starring a ragbag of bizarre, damaged, retired superheroes: the paunchy, melancholic Nite Owl; the raving doomsayer Rorschach; the blue, glowing, near-omnipotent, no-longer-human Doctor Manhattan. Though their heyday is past, these former crime-fighters are drawn back into action by the murder of a former teammate, The Comedian, which turns out to be the leading edge of a much wider, more disturbing conspiracy. Told with ruthless psychological realism, in fugal, overlapping plotlines and gorgeous, cinematic panels rich with repeating motifs, Watchmen is a heart-pounding, heartbreaking read and a watershed in the evolution of a young medium.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cada um dá o que tem

Ultimamente, férias tem sido um desejo latejante. Não consegui ainda marcar as minhas, a pós-graduação taí ocupando boa parte do tempo livre, tenho outras pendências importantes que podem influenciar meu futuro de várias maneiras, mas o fato é que, apesar de tudo, continuo pensando em férias. Uma semaninha com Doc and The Little Angels.

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Eu deveria estar me esforçando para escrever alguma coisa de interesse público. Tenho uma espécie de admiração por caras que falam de assuntos da ordem do dia com mais profundidade, tecem fantasias criativas ou criam trincheiras de questões importantes, como Inagaki, Almirante Nelson ou Alex Castro.

Outro dia, o Maurício Lara, cronista do caderno Gerais do Estado de Minas, disse que optou escrever apenas na terceira pessoa. Respeito barbaridade. Eu faria o mesmo, se pudesse. Mas, que diabos, eu não me largo, não consigo me livrar de mim!

Por outro lado, seu blog é uma coisa que você mesmo se impõe. Desde o início, quis escrever o que quiser, sem obrigações ou compromissos. E se se forçar a escrever com mais substância, para ir além de um diário de notas e alcançar maior interesse de um hipotético leitor, exige mais tempo e dedicação. Enfim, o que quero dizer é que nem sempre digo o que quero. Mas o que dá.

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Amigos, amigos mesmo: dá pra fazer um joinha em cada mão e olhe lá.

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O presente que qualquer um com mais de 30 gostaria de ganhar é ter o poder de perder 365 dias a cada aniversário. Acho.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Bunda modelo

Do portal Uai:
Brasileira ganha concurso do bumbum mais bonito do mundo

A brasileira Melanie Nunes Fronckowiak venceu nesta quarta-feira o concurso que elegeu o bumbum mais bonito do mundo, promovido por uma marca de lingerie em Paris, na França. Eram no total 45 finalistas de 26 países diferentes e Melanie venceu na categoria feminina, enquanto o francês Saiba Bombote venceu na categoria masculina. Melanie e Saiba ganharam como prêmio um contrato de modelo para a próxima campanha da marca, uma apólice de seguro para seus bumbuns e 15 mil euros cada um. Esta foi a segunda edição do concurso que começou na internet com mais de 11 mil fotos do mundo inteiro. Cerca de 32 milhões de pessoas votaram para escolher os 45 finalistas do concurso.









Sem despeito (ou, no caso, desbunde) com o bombom do Bombote, mas sou mais o meu.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Segunda com chuva

Na minha modestíssima opinião, presidente que se preze deveria decretar uma medida provisória permanente: segunda-feira que amanhece com tempestade, raios, trovoadas e chuva pra dedéu que fazem você querer continuar na cama e só levantar na terça - será automaticamente convertida em feriado ou trabalho facultativo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Do blog do Noblat

Achei que pudesse ser de interesse público.
"Se querem me aniquilar, marquem o dia", diz Protógenes

Chego

Chego a tentar ir na região da Praça da Liberdade antes do batente, para resolver pendência particular, mas não há vagas já às 7h20. Desisto e rumo para o trabalho.

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Chego e chefe já diz que tem reunião na hora do almoço. Júpiter, adoro reuniões.

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Não resisto. Olhem o que disse hoje o nosso ilustre, doce gentleman e querido por tantas boas senhoras, Eduardo Almeida Reis:

" Fico furioso quando me mandam e-mails que começam assim: 'Olá, tudo bem?'. Não sabem meu nome, nem sequer a editoria em que trabalho. Olá, tudo bem? - é a vó! Há que se respeitar o destinatário, chame-se Manuel, Joaquim ou Eduardo".

Chego a pensar: - É ou não é uma Miss Congeniality? Sonho em segredo um dia apertar-lhe a mão e dizer "Prazer, sou o seu menor crítico".

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Chego à certeza de ter me equivocado quando escrevi sobre o Obama. No texto, lá pelas finalmências, acho. Nas linhas ou entrelinhas, qualquer impressão de "esperança" deveria ser substituída por "expectativa" - o termo certo, correto, exato. Esperança é palavra prostituída.

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Chego à sexta-feira entorpecido pelo sono e um pouco desesperançoso, apesar da euforia geral. Deve ser esse céu de novembro.

Deveres e direitos

No percurso para a agência, ouvindo o barulho do trânsito nas ruas e vindo de CBN no rádio, chamou atenção uma notícia que denunciava a situação de abandono de uma das classes mais marginalizadas da nossa sociedade: o assaltante.

Aqui em Minas, um legítimo representante da bandidagem entrou com uma ação na justiça contra sua vítima. Alegou que a vítima se defendeu.

Ao tentar assaltar uma padaria qualquer, dessas que figuram na esquina de qualquer bairro, o assaltante foi fisicamente repreendido pelo padeiro e, por conseqüência, impedido de exercer seu ofício.

Escorraçado aos safanões ou (adoro uma expressão do Nelson) "caçado a pauladas como uma ratazana prenha", deixou o estabelecimento polvilhando ameaças contra seu agressor: "Isso não vai ficar assim! Isso não vai ficar assim!".

Entrou na justiça em busca do resgate moral e das indenizações pertinentes, sustentando, no fulcro principal de suas argumentações, que ninguém tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos.

No Tribunal, o juiz babava: "Deboche! Acinte!". Deu parecer contrário à causa, mas o assaltante ainda pode recorrer.

Brasil, um país de todos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Que céu

Que céu é este, ó Novembro? De chumbo e de pó, de sobrepeso e sufoco? Que recado sussuras no calor das tuas cinzas, que mensagem ocultas na indiferença das tuas nuvens disformes? E que texto mais bichinha é este, ó Novembro?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Chico Buarque é um chato"

Esses caras são uns pândegos, diria num sei quem. Mas a polêmica é ótima! Não perdam aqui.

PS. Link consertado. Mas vou reproduzir aqui a nota, de um blog do Portal Globo, sobre o debate entre nosso caríssimo Lobão e o vetusto Nelsonmota no tal Fórum das Letras, em Ouro Preto. Os caras pareciam que antes do bate-papo tinham... vocês sabem o quê. E da estragada. Ô cidadezinha ruim das névoas eternas, essa Ouro Preto.

Eu acho o Chico Buarque um horror, um equívoco, um chato, um parnasiano. O Olavo Bilac é muito mais moderno que ele. Ele faz uma música anêmica, sem energia, sem vivacidade, parece que precisa tomar soro. A Bossa Nova é a mesma coisa, uma música easy listening, que toca em loja de departamento quando a gente vai comprar uma meia.”
Esta é apenas uma pequena amostra do que foi a participação de Lobão na mesa de abertura do Fórum das Letras de Ouro Preto (Flop). Acelerados, ele e Nelson Motta mal pararam para respirar: foram duas horas de uma conversa intensa, à qual não faltaram declarações polêmicas, mesmo da parte do geralmente conciliador Nelsinho, que nessa hora concordou:
“Tirando Tom, Vinicius e João Gilberto, tudo que veio depois na Bossa Nova foi diluição. A gente sabe que Roberto Menescal, Carlos Lyra etc são músicos de segundo time.”
Lobão contou então que, quando João Gilberto gravou sua música “Me chama”, pediram uma declaração sua:
“Todo mundo daria a ***** para ter uma música gravada pelo João Gilberto, mas eu respondi: ‘Quero que ele se ****, acho ele um chato de galocha’. Depois eu soube que ele ficou ofendidíssimo, mas odeio essa sacralização da Bossa Nova, acho isso uma *****, uma coisa jeca, sem tesão.”
Os dois voltaram a criticar a “culpa católica”, que faz os brasileiros odiarem o sucesso e o dinheiro.
“No Brasil quem faz sucesso fica deprimido porque não é pobre”, disparou Lobão. “O Tom Jobim foi chamado de lacaio do capitalismo porque fez sucesso nos Estados Unidos. No Brasil se cultua o voto de pobreza.”
Nelson Motta foi além:
“É uma mentalidade pobrista. Ninguém assume responsabilidade por nada. Se um cara mata, a culpa é da sociedade. Ora, existem fracassos e escolhas individuais. Temos que mudar essa atitude e passar a celebrar a vitória.”
Nelson falou também sobre sua experiência como escritor, atribuindo parte do sucesso de seus livros - especialmente Noites tropicais e a biografia de Tim Maia, Vale tudo - às sugestões de sua editora de texto, que interferiu diretamente no conteúdo das obras:
“Se eu não aceitasse as sugestões seria burro. Um dos problemas do brasileiro é o excesso de não-me-toques: ‘No meu texto ninguém mexe!’ Para mim, o que interessa é o resultado.”
Mas logo voltou para a música, agora para exaltar os músicos bregas dos anos 70:
“As pessoas acham que quem fazia sucesso na década de 70 era Chico Buarque e Caetano Veloso. Errado, eles só eram ouvidos pela classe média alta. Quem vendia e fazia shows eram Waldick Soriano, Odair José, Antonio Marcos… E eram músicos muito corajosos. Em plena ditadura, o Agnaldo Timóteo teve a coragem de gravar uma música chamada Galeria do amor, sobre a Galeria Alaska, em Copacabana, um ponto de encontro gay.
[intervenção de Lobão: “Uma tremenda bichona…”]
“Isso foi mais subversivo que 10 discos de Geraldo Vandré”, continuou Nelson. “E Odair José foi censurado porque lançou a música Pare de tomar a pílula em plena campanha de controle da natalidade.”
O primeiro contato entre os dois palestrantes foi em 1976, quando Nelson foi tutor legal de Lobão - para ele poder, aos 16 anos, participar como baterista de um show musical produzido por Marilia Pera, então mulher de Nelsinho. A sintonia entre os dois continua: ambos reclamam da falta de ambição de muitos músicos jovens e independentes:
“Hoje um laptop dentro de um banheiro tem mais recursos de gravação do que o estúdio de 1 milhão de dólares em que eu produzi um disco da Elis Regina nos anos 70. Ficou muito fácil gravar, então as pessoas têm obrigaação de apresentar um trabalho bom. Por outro lado, divulgar o trabalho ficou mais difícil. É por isso que as apresentações ao vivo ficaram mais caras, enquanto a música gravada está se desvalorizando.”

...

Semisubvalorização é um sentimento possível ou semanticamente conflitante?

Às vezes, acho que dou conta de vender um monte de coisas, menos a mim mesmo.

Saco.

Conta-gotas

Ontem foi uma noite de drops. A começar pelo Projeto Sempre um Papo, no Palácio das Artes, com a Fal Azevedo, dona do blog Drops da Fal.

De saída, o mediador deu sinal de que só tinha lido um pingo do livro da entrevistada - trocou o título do livro da autora, "Minúsculos Assassinatos e alguns copos de leite", por "Minúsculos Assassinos e alguns copos de leite".

Fim da entrevista. Na fila de autógrafos, começa o chuvisco. Debaixo de chuva, a Dra. e eu pegamos as menininhas na casa da avó. Conseguimos convencê-las a ir ao bar onde todos se reuniriam.

Tenho apenas drops de impressão sobre cada pessoa. A Fal, uma graça, ainda que, até onde pude acompanhar, não parecia estar se divertindo tanto. Cansaço, talvez. A Fefê eu já conhecia, aquele alto-astral de sempre. Patilda e Analu, também. A Mandrágora, embora alardeie por aí o quanto é brava, me pareceu muito simpática. Assim como a Cinthia Semíramis, as Motherns Laura e Juliana, seus respectivos, todas as outras pessoas, enfim.

Além disto não posso dizer porque só pude dedicar aos demais uma gotinha de atenção. Enquanto Bibi adormecia sobre a mesa, envolta nos braços da Doutora, Laurinha e eu ficamos concentrados em uma batalha de porrinha jamais vista na histórica rivalidade entre crianças e adultos, em que pese a minha acachapante derrota. Nas seis quedas do prelo, só obtive uma vitóriazinha contra aquele esperto pingo de gente.

Valeu a pena.

O abençoado

À exceção talvez do ponto de vista da segregação racial histórica nos Estados Unidos, ainda é muito cedo para saber o que a vitória de Obama nas urnas pode significar para o resto do mundo. Que, ontem, prendia a respiração enquanto milhares de americanos permaneciam até 4 horas em filas para confirmar o voto, num ânimo democrático como nunca se viu na história daquele país.

Mas, talvez, a presidência dos EUA ocupada por um negro seja mais do que uma efeméride racial. O difícil é definir qual a mensagem. Eu ia dizer que Obama era um exemplo de até onde a educação pode levar uma pessoa humilde, mas me lembrei do Lula. Seja como for, por mais distorções que o libelo preferido dos americanos - “terra da democracia e das oportunidades” - possua, nada contraria os fatos. Alçaram pela primeira vez à Casa Branca um “afro-descendente”, filho de imigrante queniano e muçulmano, e que ainda por cima se chama Hussein Obama! Depois vá dizer que os americanos não são empreendedores.

Quem sabe o melhor exemplo da eleição de Obama seja o que uma atitude prática - pode ser a sua, pode ser a minha - é capaz de fazer e o seu poder de transformar uma realidade, mesmo que vá contra as leis vigentes e que seja virtualmente impossível de se ver aonde aquilo vai dar ou estar aqui presente como testemunha. Desde Rosa Parks, aquela que se recusou a ceder o lugar para uma branca no ônibus no Alabama, na década de 50 - o que desencadeou uma série de reações de movimentos pelos direitos civis, projetou líderes como Martin Luther King, garantiu aos negros a ampliação de seus direitos constitucionais - e que essa resistência tenha talvez em um Obama seu produto mais bem acabado.

Segregação à parte, a responsabilidade do presidente eleito dos EUA é gigante porque, como sabemos, a decepção é diretamente proporcional à esperança. A ascensão de Barack - “O abençoado”, em árabe - ao trono do Império Romano contemporâneo deveria preocupar todo o resto do planeta mais pela capacidade dele de fazer um bom governo e de uma política externa e ambiental decentes do que pelo tom de sua pele. No fim, o juízo que importa não é a cor de cada caráter?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Língua - Vidas em português - João Ubaldo

João Ubaldo

O bonachão baiano vai lançar um livro em breve. Intitulado "O Rei da noite", é uma coleção de textos sobre o universo da boemia, causos de bares, assuntos correlatos, etc.

Há tempos que deixei de lê-lo semanalmente e, mesmo nos últimos anos, nunca gostei muito das crônicas situadas no boteco do Leblon. Ainda assim, Ubaldo sempre me inspirou a maior admiração e simpatia. Se, por um lado, de tudo o que ele escreveu desperte talvez apenas sentimentos moderados, por outro fico encantado com seu jeito de pensar, sua simplicidade, sua compaixão pelo semelhante e paixão pela vida. Sem falar que o bicho é uma figura, sempre a flanar com sua indumentária típica - camisa social manga curta, bermuda e chinelos -, o andar malemolente de arrasta-sandália e aquele vozeirão derreado de quem parece estar na quarta ou quinta garrafa de Jack Daniels, embora ele garanta que hoje só beba guaraná.

Pelo que li das sinopses - por que será que desconfio que os sujeitos que fazem sinopse de livro escrevem como se aquela fosse a oportunidade única de se imortalizar, de deixar para sempre a marca de sua própria genialidade na história da literatura? - Enfim. Pelo que li das sinopses, paira sobre o livro um certo espírito que costuma dar as caras aqui no Boêmios no divã: a culpa contumaz pela alegre irresponsabilidade da noite, o gosto perene pela mesa de bar, essa eterna tentativa de remissão dos prazeres noturnos.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

P.S.: I love you

Trilha desta preguiçosa tarde de segunda-feira: Billie Holiday. Aqui.

Novos Negócios

A série continua. Dessa vez, com uma ilustre concepção by Meg Marques Business Corp.

- Abriremos em Belo Horizonte o generosíssimo Pantagruel - Casa de Banquetes. Nada de mixarias e porçõezinhas: um restaurante para grandes grupos, com refeições enormes e mesas fartas, tal qual o imaginário que fazemos daqueles banquetes medievais - lacaios trazendo um cordeiro assado amarrado pelos pés, faisões e perdizes inteiros em cada prato, leitões de maçã na boca em bandejas de prata, ceveja em litros e vinho do bom em cada taça de estanho. Como contraponto, propus à Dra. a possibilidade de um anexo - a doceria Liliput -, de bombons delicados, pequeninos e graciosos, tudo consumível em apenas um bocado. Mas acho que a modesta sugestão não agradou, talvez eu pense pequeno demais.

- Sobressaltos: loja descolada de calçados, sandálias, botas e acessórios femininos. Olhaí, Patilda.

Reportando

Não tem semana que vire e eu não tenha uma pancada de coisas para resolver. Arre, porque, em mim, onde sobra indisciplina soçobra organização. Pra me governar, preciso de uma Secretaria da Fazenda, um Departamento de Logística e uma Agência de Inteligência Aplicada.

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Ótimo fim de semana em Viçosa, no aniversário do sogrão, grande figura. A festa estava um luxo só e todos os méritos devem ir para a querida D. Zezinha, um doce de pessoa. Felizmente, desta vez não entornei nem derrubei nada (por mais que involuntariamente tentasse). Mas tomei meus cuidados, no lanche da tarde preferi o chá ao café. E a garrafa pega-genro estava lá, traiçoeira.

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Pergunta: não somos todos estereótipos? Ou os criamos para facilitar a compreensão de mundo e os juízos de valor? Talvez a gente só repare no quão acostumado está a olhar os outros como estereótipos quando você se descobre sendo vítima de um.

Boa semana pra vocês também.


PS. Esqueci de falar que a Gataça estava lindíssima, ahazou na festa .