sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Debacle

Me parece que a fórmula que vem sendo utilizada nos últimos anos para os debates televisionados chegou ao seu debacle.

É muito insípido, quando não, enfadonho.

A justa preocupação em garantir a cada candidato direitos iguais, com limite de tempo para as perguntas e respostas, me causa a suspeita de engessar, amarrar, clinchar demais o combate.

Falemos a verdade: nos debates, o povo quer ver sangue. Quer ver o poderoso ser ridicularizado com uma resposta bem dada, estrebuchar com uma ironia ou uma presença de espírito.

Candidatos, via de regra, não agridem com contundência, não confrontam direito, não atacam. Parecem o time do Galo.

Lembro-me dos debates da Bandeirantes, em 89. Brizola, Mário Covas. Ali, sim, botavam pra quebrar.

Hoje, ou melhor, ontem, os caras se alternam entre a tautologia e a demagogia.

Melhor seria uma sabatina de jornalistas - estes sim, saberiam perguntar e contra-argumentar. Mesmo com esse tipo de jornalista e jornalismo que se registra nesses dias na grande imprensa.

A propósito: Marina e Serra me pareceram os menos piores no debate da Grobo. Achei Dilma nervosa, titubeante e pouco à vontade. Desconfio que ela precisa ser provocada para acordar. Nelson Rodrigues dizia que o tigre do abolicionismo, José do Patrocínio, fazia discursos gaguejantes, vacilantes, sonolentos. Bastava alguns anônimos na multidão o provocarem, dizendo "Seu negro sujo", etc, que o homem se transformava. E dizia coisas como: "Sou negro, sim. Deus me deu sangue de Otelo para ter ciúmes da minha pátria!".


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