segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eventos

Há algo de temerário na ideia de começar uma reforma em plena Copa do Mundo. São dois eventos de importância capital em minha vida, ambos a exigir uma vigília minuciosa e acompanhamento de perto.

A eletricidade assalta o corpo, a excitação se sente no ar, as datas se aproximam de seu prazo fatal: vai começar. Num canto da África, duas seleções se preparam para o pontapé inicial; num cantinho do bairro Buritis, a marretada inicial para demolir duas paredes da sala lá de casa.

É difícil a vida de técnico. Além de convocar os profissionais certos e coordenar o time, definir o papel de cada um para que saibam exatamente o que fazer quando entrarem em cena – eletricista, gesseiro, pedreiro, marceneiro, pintor, etc. É preciso encaixar as peças.

Sem falar nos fatores extra-campo, que atrapalham a seqüência do nosso trabalho. Anteontem mesmo foi preciso conter a sanha da sede de informações de jornalistas do mundo inteiro. Meus craques tiveram que se virar na coletiva.

IMPRENSA MUNDIAL: Você acha que é possível fazer um belo trabalho?

PEDREIRO: Olha, nem sempre a gente consegue entrar e dar espetáculo. Mas isso não é objetivo. O que vale é ganhar.

PINTOR: Alguns ainda vivem na ilusão. Esperam que tudo seja uma pintura, que cada jornada seja uma obra-prima.

PEDREIRO: Isso é saudosismo.

PINTOR: Saudosismo. Hoje, o mundo mudou. O negócio é resultado. Beleza não põe mesa, taí nosso treinador que não nos deixa mentir (riso geral).

IMPRENSA MUNDIAL: E se algum de vocês contundir?

PEDREIRO: Ninguém quer isso, mas, se rolar, não tem problema. Somos um grupo, e quem entrar com certeza vai dar conta do recado.



Que esse time seja exitoso para brindarmos juntos, no final, de taça na mão.

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