Primeiramente os equívocos de sempre que já se tornaram crônicos: a saída de bola continua lenta e previsível, com muitos toques laterais, sem força pela esquerda e que depende fundamentalmente dos passes corretos não tão freqüentes de Felipe Melo e das descidas de Maicon auxiliados por Elano pela direita. Se o jogo não flui, Kaká e Robinho são obrigados a recuar demais para organizar e isolam Luís Fabiano no 4-2-3-1 brasileiro.
Foi, como se diz, uma experiência, assistir a partida com Meg, Laurinha e Bibi. Que eu me lembre, não consta em minha biografia ter visto o Brasil jogar ao lado de crianças, muito menos em companhia de duas (opa, três) meninas.
Bueno. Reparei que as crianças (ou as meninas, não sei, menino talvez seja um pouco diferente) não prestam muita atenção e, quando não fazem perguntas o tempo inteiro, estão presentes em todos os lugares possíveis da sala, menos no sofá, que é naturalmente onde deveriam estar naquele momento. É uma coisa tal espantosa que me convenci de que existe alguma misteriosa corrente magnética que leva Bibi a ziguezaguear inúmeras vezes entre a tela da tv e a gente, a mão a brandir perigosamente um cabo com a bandeira pátria.
Me surpreendi mesmo foi quando saiu o primeiro gol canarinho, e de repente o ambiente foi tomado por gritos cujos decibéis fariam uma arquibancada repleta de vuvuzelas parecer o ronronar de gatinhos. As três Marias loucas e ensandecidas então se puseram à janela imbuídas do mais elevado dever cívico para avisar a qualquer desligado ou alienada presente no Anchieta, Sion e adjacências, que o Brasil tinha inaugurado o placar.
No segundo gol brasileiro, seguiu-se tudo em igual diapasão, com as três , salvo Laurinha, que, naquele raro e talvez inédito momento de liberdade para soltar a garganta sem risco de admoestação privada ou pública, ficou ali no sofá e não gritou gol, apenas gritava e gritava, cada vez mais alto, descobrindo (e, ao mesmo tempo, imagino admirando) os limites de sua potência e alcance vocal. Fiquei parado, observando-a o máximo que pude: já que os ouvidos estavam provavelmente inutilizados, tive medo que meus olhos também ensurdecessem.
De maneira que, mais de uma vez, me passou pela cabeça aquela velha imagem dos documentários da vida selvagem, em especial na África, na qual leões e leoas adultos mantêm um olhar distante, totalmente impassíveis enquanto são mordiscados, triturados, empurrados, pentelhados por filhotes infatigáveis.
Tá, sei que sou um chato. Mas sabem o que é pior? Eu até que gostei. Vejam bem, se não for agora, em que Copa, senão esta, vou ter a oportunidade de experimentar um genuíno safári na tranquilidade do lar?
2 comentários:
Imagine se elas tocassem flauta doce...
Também adoramos assistir a estréia na sua companhia! Vamos repetir e intensificar no próximo jogo!!!!
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