quinta-feira, 3 de março de 2011

Praga

Não é nada pessoal. Just business. Mas não dá mais pra ficar parado, esperando que o devir da natureza resolva as coisas para nós. Não bastassem a dupla canina e o granizo, as formigas estão acabando com o que resta de plantas em nosso quintal.

Primeiro, foi um brinco de princesa. Depenado. Ou melhor, desfolhado e morto. Duas samambaias estão em estado crítico e, nesta noite, o xodó da patroa - uma trepadeira, jasmim-dos Açores- entrou na UTI.

Hoje, 6h45. Sigo o caminho das formigas e descubro que elas atravessam o muro por dentro de uma abertura na arandela. Desparafuso e coloco a isca tóxica na abertura, volto a fechar.

O problema é que não dá pra espalhar o cavalinho de tróia na carreira das bichinhas por causa dos cachorros estabanados. Outra: pelo menos no trajeto que espiei, as danadas praticamente não utilizam trechos planos, o ideal para amontoar as partículas de veneno. Só andam verticalmente, as safadas.

* * *

Nós e as formigas. É uma luta entre duas sociedades, entre duas civilizações, duas formas de vida. Como disse, nada pessoal. De um lado do ringue: pesando 150 milhões de indivíduos e não sei quantas vitórias, aaaas cortadeiras. Do outro, Meeeeeeg e Rubeeeeeeeens - fora de forma e com um pouco de sobrepeso.

A batalha é justa? Quem está certo? Quem tem a razão nesta contenda? Os dois lados. Ninguém. Ambos dão duro para sustentar seu modo de vida; mantêm a casa segura e em ordem; buscam prosperar e expandir suas atividades; cuidam da prole e da alimentação dos pequenos.

Aliás, a tática, corriqueira em guerras, de demonizar um lado, só encontraria eco talvez, neste caso, naqueles que querem cultivar um jardim. Afinal, enquanto uns lutam pela sobrevivência, outros lutam pela estética e uma sensação de bem-estar. Nestes parênteses, eu toparia numa boa trocar plantas e flores bonitas, que as formigas adoram, por plantas sem-graça e flores feinhas mas resistentes, que as formigas rejeitam. Mas, quem são estes vegetais?

Bem, agora não importa. Independentemente da força ideológica que motiva cada exército, a jihad está declarada. Além de inventar meios de proteger os desmiolados recrutas Nelson e Mel, penso seriamente em utilizar todos os recursos estratégicos ao meu alcance: armas químicas naturais e industrializadas, repelentes eletrônicos, serviços de dedetização. Sem falar que ainda acalento a ilusão de recrutar um tamanduá pra chefiar as tropas na trincheira, na linha de frente com o inimigo. Não é doidera, com dinheiro e internet se consegue de tudo.

É nóis. Ou a gente acaba com a saúva...

Um comentário:

Letícia Silviano disse...

Parabén pelo casamento, Rubens!

Anota aí: ECOATA. Não é tóxico, você não precisa se preocupar com os cães. Me parece que ele provoca uma doença que se espalha de uma formiga para a outra, elas vão se contaminando e morrendo. Você acha lá no Empório Rural, no Jardim Canadá.

Beijos.