segunda-feira, 18 de maio de 2009

Quem lê Quem

Dominganoite. Na fila da drogaria daquele bairro nobre-classe alta, um homem de seus 30, 40 anos entra esbaforido. Concluí: é emergência. 

O homem inquire as atendentes: - "Tem a Veja desta semana?"

Minutos depois, uma senhora, velhinha de seus 90, vê Doc perscrutando a seção de revistas e dispara: - "A Quem de hoje está ótima!"

Encontra-se depois com a filha, quase tão velhinha quanto, e repete: - "A Quem de hoje está ótima".

Presto atenção e repasso rapidamente minhas impressões. 

Veja tem apresentado, há coisa de uma década, sei lá, uma práxis jornalística no mínimo questionável. Isso vem sendo apontado por vários profissionais, por intelectuais e pelo público ao longo dos anos. Metodologias à parte, sou a favor dos meios de comunicação que declaram abertamente suas convicções ideológicas e políticas. Você ao menos (em teoria) sabe razoavelmente o que pensa aquele jornal ou revista que lhe oferece aquela informação (em detrimento de outras); por que aquela determinada informação teve aquele determinado enfoque; por que o recorte da realidade foi daquele jeito. É como bater o olho na coleção outono-inverno e cravar na hora: este é Jacques LeClair; isto é Victor Valentim. Em jornalismo, você também reconhece o estilo pelo corte e costura. 

Sei que estou sendo simplista, mas o problema, que me incomoda, é que Veja não se assume. Não sai do armário. Pior, parece que aspira a uma certa condição de porta-voz geral da verdade.

Sobre a Quem, não comento. 

No fim, a Zeus o que é de Zeus. 

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Sessão pipoca: vimos, no mesmo domingo, quatro filmes. Do último para o primeiro:

Os donos da noite: policial ruim, que ficou mais ou menos por causa do seu antecessor.

Mandando bala: não comento.

Se eu fosse você 2: meio bobinho. 

O Lutador é de chorar. Mas porque é bom (Solta agora o The boxer do Simon e Garfunkel pra dar um clima aí pro leitor, DJ). 

 Desconfio que essas histórias de lutador (O campeão, Rocky I, etc, etc), que são loosers, sobrevivem aos trancos e barrancos, têm um apelo quase irresistível por conta da analogia. Com ou sem pantomima, dentro ou fora do ringue, somos todos lutadores. 

À exceção, talvez, daqueles que recomendam publicamente a revista Quem.


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Meg e eu estávamos lendo ontem, num café, as pérolas de Salvador Dalí num Libelo contra a arte moderna. Pelas barbas sacrílegas de Goya! O homem é o maior personagem cômico da Espanha de todos os tempos.


Correção, talvez desnecessária: Dalí é catalão. Mas é marromeno aquele nosso preguiçoso velho hábito de chamar todo mundo que nasce pra cima de Teófilo Otoni (minha terra natal) de baiano.

6 comentários:

Anônimo disse...

Sobre "Veja": não leio, a menos que me chame a atenção alguma matéria sobre novas tecnologias ou um novo medicamento para os males de quem já passou dos 60; não gosto de jornalismo pago. A que senhores serve "Veja"?
A.None Moh

Tina Lopes disse...

Donos da Noite é um chororô de macho alfa, deusolivre filme ruim. Os outros não conheço. Mas O Lutador é meu favorito do ano.

Rubão disse...

Tina, O Lutador é mesmo bacana, tocante, né? Haha, quanto aos Donos da noite, acertaste em cheio.

A None Moh, tamos tranquilamente de acordo. O danado, não só em Veja como noutros meios, é uma certa prerrogativa autodeclarada de isenção - ideológica, política, partidária, moral - sei lá. Absurdo. Nada há que não haja filtro.

Abraços,
r

Ms. T. Rios disse...

Mas você não achou Mandando Bala engraçado ? Eu morri de rir quando vi, e acho que ele foi concebido mesmo como comédia, ou melhor, como sátira ao tipo de filme preferido por 99 entre cada 100 leitores de Quem...

;o)

Rubão disse...

Hmm. Pensando bem, Cyn, acho que cê tem razão. Me lembro de ter achado graça dos absurdos. Deu pra ver que era deboche (imagino que deve ser que nem o tal Procurado, com aquele escocês e a Angelina Jolie). Acho que eu é que não tava no clima. E o problema é que dormi algumas vezes no meio do filme (mas acordei a tempo de ver o cara atirando com o auxílio de uma cenoura, no fim!) :)

Paty disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
hilário, como sempre!
a comparação entre Victor e Jacques foi demais!
Aqui, vocês já viram C.R.A.Z.Y, um filme de 2005? Vi só esse ano mas estou apaixonada e me rasguei toda de tanto que amei.
Beijo procês!