O homem inquire as atendentes: - "Tem a Veja desta semana?"
Minutos depois, uma senhora, velhinha de seus 90, vê Doc perscrutando a seção de revistas e dispara: - "A Quem de hoje está ótima!"
Encontra-se depois com a filha, quase tão velhinha quanto, e repete: - "A Quem de hoje está ótima".
Presto atenção e repasso rapidamente minhas impressões.
Veja tem apresentado, há coisa de uma década, sei lá, uma práxis jornalística no mínimo questionável. Isso vem sendo apontado por vários profissionais, por intelectuais e pelo público ao longo dos anos. Metodologias à parte, sou a favor dos meios de comunicação que declaram abertamente suas convicções ideológicas e políticas. Você ao menos (em teoria) sabe razoavelmente o que pensa aquele jornal ou revista que lhe oferece aquela informação (em detrimento de outras); por que aquela determinada informação teve aquele determinado enfoque; por que o recorte da realidade foi daquele jeito. É como bater o olho na coleção outono-inverno e cravar na hora: este é Jacques LeClair; isto é Victor Valentim. Em jornalismo, você também reconhece o estilo pelo corte e costura.
Sei que estou sendo simplista, mas o problema, que me incomoda, é que Veja não se assume. Não sai do armário. Pior, parece que aspira a uma certa condição de porta-voz geral da verdade.
Sobre a Quem, não comento.
No fim, a Zeus o que é de Zeus.
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Sessão pipoca: vimos, no mesmo domingo, quatro filmes. Do último para o primeiro:
Os donos da noite: policial ruim, que ficou mais ou menos por causa do seu antecessor.
Mandando bala: não comento.
Se eu fosse você 2: meio bobinho.
O Lutador é de chorar. Mas porque é bom (Solta agora o The boxer do Simon e Garfunkel pra dar um clima aí pro leitor, DJ).
Desconfio que essas histórias de lutador (O campeão, Rocky I, etc, etc), que são loosers, sobrevivem aos trancos e barrancos, têm um apelo quase irresistível por conta da analogia. Com ou sem pantomima, dentro ou fora do ringue, somos todos lutadores.
À exceção, talvez, daqueles que recomendam publicamente a revista Quem.
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Meg e eu estávamos lendo ontem, num café, as pérolas de Salvador Dalí num Libelo contra a arte moderna. Pelas barbas sacrílegas de Goya! O homem é o maior personagem cômico da Espanha de todos os tempos.
Correção, talvez desnecessária: Dalí é catalão. Mas é marromeno aquele nosso preguiçoso velho hábito de chamar todo mundo que nasce pra cima de Teófilo Otoni (minha terra natal) de baiano.
6 comentários:
Sobre "Veja": não leio, a menos que me chame a atenção alguma matéria sobre novas tecnologias ou um novo medicamento para os males de quem já passou dos 60; não gosto de jornalismo pago. A que senhores serve "Veja"?
A.None Moh
Donos da Noite é um chororô de macho alfa, deusolivre filme ruim. Os outros não conheço. Mas O Lutador é meu favorito do ano.
Tina, O Lutador é mesmo bacana, tocante, né? Haha, quanto aos Donos da noite, acertaste em cheio.
A None Moh, tamos tranquilamente de acordo. O danado, não só em Veja como noutros meios, é uma certa prerrogativa autodeclarada de isenção - ideológica, política, partidária, moral - sei lá. Absurdo. Nada há que não haja filtro.
Abraços,
r
Mas você não achou Mandando Bala engraçado ? Eu morri de rir quando vi, e acho que ele foi concebido mesmo como comédia, ou melhor, como sátira ao tipo de filme preferido por 99 entre cada 100 leitores de Quem...
;o)
Hmm. Pensando bem, Cyn, acho que cê tem razão. Me lembro de ter achado graça dos absurdos. Deu pra ver que era deboche (imagino que deve ser que nem o tal Procurado, com aquele escocês e a Angelina Jolie). Acho que eu é que não tava no clima. E o problema é que dormi algumas vezes no meio do filme (mas acordei a tempo de ver o cara atirando com o auxílio de uma cenoura, no fim!) :)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
hilário, como sempre!
a comparação entre Victor e Jacques foi demais!
Aqui, vocês já viram C.R.A.Z.Y, um filme de 2005? Vi só esse ano mas estou apaixonada e me rasguei toda de tanto que amei.
Beijo procês!
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