A degradação sócio-econômica implica necessariamente a degradação moral? A desumanização, no sentido de princípios e valores, é um efeito colateral
sine qua non da condição de extrema miséria? É possível, ou melhor, é desejável ou conveniente ou apropriado que se queira ser honesto uma vez que se é miserável? Ou dignidade, o que quer que venha a ser isso, confrontada com as necessidades últimas de sobrevivência, torna-se inapelavelmente irrelevante? A moral é um conceito relativa e perigosamente econômico? Ser pária e ser probo já é ser bobo? Se um homem é forçado a viver como um rato, que direito alguém teria de lhe exigir que se portasse como um ser humano?
Isso é que dá ver Feios, Sujos e Malvados num dia já tradicionalmente melancólico.
Mas se bem que o título do filme daria um belo nome para uma minha, espero que cada vez menos hipotética, agência.
Um comentário:
Gato, dá pano pra manga essa discussão.
Se a gente pegar relatos de quem já viveu situações extremas, vê que dá sim pra manter a dignidade mesmo num campo de concentração nazista, mesmo perdido e passando fome no meio de uma floresta, mesmo morando num lixão.
Mas, sem dúvida, é mais fácil ser virtuoso num ambiente de paz e prosperidade.
bjo
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