A descrição do atual fenômeno que encanta gerações - essa simpatia em que se transformou o tal politicamente incorreto - é um retrato falado de muita gente boa e admirável do meu diminuto círculo de convivências.
"No Brasil, é aquele sujeito que se sente no direito de ir contra as idéias mais progressistas e civilizadas possíveis em nome de uma pretensa independência de opinião."
"Não se sabe se é a causa ou o resultados dos dois anteriores, mas é, sem dúvida, o que dá mais tristeza entre os três. Sua visão de mundo pode ser resumida na frase “primeiro eu”. Não lhe importa a desigualdade social desde que ele esteja bem. O pobre para o cidadão imbecil é, antes de tudo, um incompetente. Portanto, que mal haveria em rir dele? Com a mulher e o negro é a mesma coisa: quem ganha menos é porque não fez por merecer. Gordos e feios, então, era melhor que nem existissem. Hahaha. Considera normal contar piadas racistas, principalmente diante de “amigos” negros, e fazer gozação com os subordinados, porque, afinal, é tudo brincadeira. É radicalmente contra o bolsa-família porque estimula uma “preguiça” que, segundo ele, todo pobre (sobretudo se for nordestino) possui correndo em seu sangue. Também é contrário a qualquer tipo de ação afirmativa: se a pessoa não conseguiu chegar lá, problema dela, não é ele que tem de “pagar o prejuízo”. Sua principal característica é não possuir ideias além das que propagam os “pensadores” e os comediantes imbecis politicamente incorretos.
Ela descreve três tipos. Primeiro, o que ela chama de "o pensador", depois "o comediante", pra chegar no que ela chama de "cidadão imbecil politicamente incorreto":
No fim, acho incrível como o politicamente incorreto, que provavelmente surgiu como uma reação ao neolibelês, à linguagem recheada de eufemismos que dominou o mercado e contaminou a sociedade há 30 anos, agora é apropriado pela mesma turma, usado como discurso ou estilo para expressar conservadorismos, preconceitos e outras grosserias.
Piada de mau gosto.
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