terça-feira, 2 de março de 2010

Museu do Futebol

Você chega tranqüilo e sem expectativa. Com a serenidade dos que já viram muitas partidas e uma bagagem de quase-almanaque. Mas, assim que coloca os pés no Museu do Futebol, se depara com uma exposição composta de vídeo e fotos que te rouba a bola e te desarma.

São flagrantes de adultos, jovens e crianças, homens e mulheres de trocentas nações em diferentes cenários e paisagens. De moleques nepaleses nus chutando bola em algum lugar do Himalaia a iraquianos disputando a pelota numa piscina vazia e inclinada em Bagdá. Em cima da Muralha dos antigos imperadores chineses ou sob a sombra de Quéops em Gizé. Nos campos de terra, nas areias do deserto, nos gramados de concreto e à beira do mar.

Todo o mundo jogando bola.

Aí, pronto: você se rendeu, agora é tarde demais. Seu coração já disparou rumo à infância e você lembra como era boa a sensação de brincar, do tesão que era entrar numa pelada (opa!) e saber que naquela época nada, absolutamente nada, era mais importante do que jogar bola.

Falar nisso, disse quem que, das coisas desimportantes, futebol é a mais importante de todas?

Ora, bolas; no fim, o que importa - o que sempre importou - é o Espírito, grafado assim, maiúsculo. Pois se é pelo Espírito que um emaranhado de meias, um novelo de lã, um côco, castanha, laranja, limão, um botão de roupa, embalagem de toddynho, caixa de sapato, caixinha de fósforos e tampinha de garrafa se transformam em uma bola de futebol, chego quase a acreditar que futebol é tudo.

2 comentários:

MegMarques disse...

Lindo texto!

Rubão disse...

Muchas gracias - mas son tus ojos, morena.