Você chega tranqüilo e sem expectativa. Com a serenidade dos que já viram muitas partidas e uma bagagem de quase-almanaque. Mas, assim que coloca os pés no Museu do Futebol, se depara com uma exposição composta de vídeo e fotos que te rouba a bola e te desarma.
São flagrantes de adultos, jovens e crianças, homens e mulheres de trocentas nações em diferentes cenários e paisagens. De moleques nepaleses nus chutando bola em algum lugar do Himalaia a iraquianos disputando a pelota numa piscina vazia e inclinada
Todo o mundo jogando bola.
Aí, pronto: você se rendeu, agora é tarde demais. Seu coração já disparou rumo à infância e você lembra como era boa a sensação de brincar, do tesão que era entrar numa pelada (opa!) e saber que naquela época nada, absolutamente nada, era mais importante do que jogar bola.
Falar nisso, disse quem que, das coisas desimportantes, futebol é a mais importante de todas?
Ora, bolas; no fim, o que importa - o que sempre importou - é o Espírito, grafado assim, maiúsculo. Pois se é pelo Espírito que um emaranhado de meias, um novelo de lã, um côco, castanha, laranja, limão, um botão de roupa, embalagem de toddynho, caixa de sapato, caixinha de fósforos e tampinha de garrafa se transformam em uma bola de futebol, chego quase a acreditar que futebol é tudo.
2 comentários:
Lindo texto!
Muchas gracias - mas son tus ojos, morena.
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