Percorro as ruas e desconfio: a cidade respira ressaca. As quase-carrancas, os olhares parados e vazios, o andar lânguido e sonambulento. Os cérebros a meio-pau, as falas em stop-motion. Até os carros parecem solidariamente ressaqueados, como seus ocupantes; como se exalasse dos escapamentos aquele conhecido budum de quem encheu a cara na véspera.
E por que a cidade rodopia como uma barata bêbada em busca de seu chá de boldo, de seu engov e de seu epocler? Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, acho que nada tem a ver com as taças de champanhe, as bebericagens de vinho ou o glutigluti das canecas de chopp dos últimos dias.
Acho que a ressaca cidadã vem destes feriados em catadupa - que nos embriagam como um aperitivo das férias que não vieram e nos embotam os sentidos.
Companheiro: como ainda não ganhei a mega-sena, também lhe desejo um excelente mês de trabalho.
(PS. Aí, Doc: usei catadupa!)
2 comentários:
Tive a mesmíssima sensação sobre essa segunda tristonha. E pensei igual quanto à famigerada mega-sena. Melhor ainda é já pegar o job mais trolha possível de cara. Se você usou catadupa, eu uso vapaputa!
Hahaha!
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