A não ser no início. Pois, logo que chegamos, constatamos, ao abrir o porta-malas, que o cabeça-de-vento aqui havia esquecido a bagagem com todos os seus pertences. Lá vou eu voltar a BH. Meno male que não era tão longe, problema foi encarar o trânsito da cidade no final de tarde de uma sexta.
Por elementar coincidência, quando voltamos, no domingo, Doc havia recebido pelo correio uma agenda 2009 da qual não precisaria. Me ofereceu e aceitei, embora nunca tenha sido sujeito disciplinado para fazer uso.
Porque agora me vem à mente que talvez fosse bom que ninguém tivesse lapsos de memória. Você se lembraria de tudo o que quisesse, seus compromissos, suas senhas, aquela conta a pagar, o dia do dentista. Toda recordação seria compulsória, salvo sua disposição em contrário. Nesse mundo fantástico, talvez as agendas não fossem necessárias. Ao contrário, talvez se transformassem em agendas invertidas, para que você simplesmente marcasse o dia e a hora em que desejasse magicamente apagar alguma memória de seu repertório. De forma oposta ao trabalho que dá lembrar de certas coisas, seria necessário apenas um singelo agendamento para deletar um dia ruim, uma frase fora de hora que magoou alguém, a partida em que seu time perdeu de goleada. Diríamos: - Com licença, tenho que marcar um esquecimento. Falo com você nesse instante. Ou - Sinto muito, hoje não dá; preciso olvidar um trauma de infância muito importante, faz anos que tento conseguir um dia na agenda pra isso. - Ora, é claro que me lembro de você! Estudamos no primário, você sentava na quinta carteira da quarta fila e seu nome é...
Agora, depois deste final de semana, por favor, dá licença que vou à labuta. Tenho mais o que lembrar.
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