Por exemplo, um de predileção do blog: futebol.
À medida que aumentam os dias de meu calendário, diminuem as paixões clubísticas - até mesmo a paixão pela seleção. Nas adolescências, eu não entendia o motivo da fleuma, a quase-frieza paterna durante as copas do mundo. Hoje, entendo.
E aí, amigo, você vai levando a vida no jogo da maré. Você já está velho o suficiente para acompanhar o início e o fim de atletas, jogadores e repórteres repetem sua procissão eterna de ladainhas, a miopia e a covardia para jogar futebol ainda permanecem em campo. E você vai tocando o barco nesse fastio corrente, num cinismo cada vez mais silencioso. Porque o devir é assim mesmo, porque o sentimento é natural: o blasé é filho do déjà vu.
Mas, eis que surge um tipo especial de jogador e muda tudo. Um cuja presença faz mesmo a diferença. Traz à tona em você uma espécie de euforia infantil que, surpresa, todos julgavam sepulta. Esse jogador magnetiza a tudo e a todos, a começar pela bola. Por circunstâncias sobrenaturais, começam a se reunir em volta dele os melhores; ele próprio parece despertar nos colegas o melhor de cada um.
Tudo isto é para dizer: como anda fazendo falta o futebol do Ganso.
Ontem mesmo, um sujeito de bicicleta passeava no bairro com a camisa do Messi. Um brasileiro típico, de bermuda e chinelo, vestindo no peito as cores da arquirrival Argentina. Por quê? Ora, porque o craque transcende.
Eu acho, quero acreditar - que Ganso pode se tornar um destes jogadores especiais. Jogador-esquadra, como dizem os italianos. Jogador que se torna de todos os torcedores, de todos os times, de todas as nações.
Hoje, pouco me dá se o Galo bate o Cruzeiro, o Cruzeiro bate o Galo, a Seleção empata com o Azerbaijão. Bandeiras ou emblemas à parte, o que eu quero saber é de bom futebol. Futebol bem jogado.
Por isso, Ganso, meu filho. Recupere-se logo. Volte voando baixo. Estou mais velho a cada minuto.
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