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Sei que estou pagando para fazerem isso. Mas não consigo ver os caras da mudança subindo e descendo com as coisas, suando em bicas de um andar para o outro e ficar parado de braços cruzados. Tanto na saída do meu apê quanto na chegada do apê da Meg, entro na onda e ajudo a carregar o que consigo. Até pra terminar logo.
No entanto, há controvérsias. Meg observou que eu deveria parar de fazer papel de peão e assumir o lugar de coordenador. Hmm. Será uma vez mais a manifestação do meu indômito espírito de pobre?
Ou o esprit du corps.
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Almoço do domingo. As três gripadas, abaladas, debilitadas. Fui para a cozinha preparar o almoço: sopa. Julguei apropriado fazer um caldo bem nutritivo com carne e alguns leguminhos. Sentamos à mesa para a refeição. Ali estávamos nós: espacialmente espremidos, fisicamente oprimidos, sitiados por móveis extras trazidos na mudança, rodeados por caixas de papelão empilhadas, o frio presente lá fora e o vento sacudindo na janela; e eu - observando uma mãe doente e suas meninas fragilizadas, tomando suas colheradas de sopa entre tosses e espirros - vendo aquele cenário, pensei:
- É uma página de Dostoievski!
Pena. Não queria que o primeiro dia fosse assim.
Um comentário:
hahahaha, podia ser uma página de Dickens também!
Mas acho que estamos mais para um episódio da família Trololó!
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