quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Lembrancinha
Assim na terra como no céu: o calendário também foi afetado. Datas importantes para o paganismo foram substituídas pelo poderio de Roma, interessada em estabelecer sua prevalência ou supremacia sobre os cultos panteístas.
Natal - por exemplo. Como ninguém pode precisar ao certo quando Jota Cristo nasceu, algumas leituras trazem a informação de que a compreensão do Natal em 25 de dezembro, em comemoração ao nascimento do Filho do Homem, veio a substituir um antigo culto ao solstício de inverno - um decreto do Imperador Constantino.
Isso lá pelo século IV, anos de avanço e consolidação do catolicismo na Europa.
Segundo e seguindo antigos costumes, diferentes nações pagãs celebravam o deus-Sol no dia de menor duração no hemisfério norte; cada uma tinha uma divindade e uma festa para a ocasião (Rá, Apolo, Mitra etc); era o início do inverno, e todos queriam sobreviver a ele para chegarem inteiros à primavera. Era a festividade conhecida, no Império Romano, como Natalis Solis Invicti: O nascimento do sol invencível.
Como todos sabemos, São Nicolau foi figura histórica. Já Papai Noel, como hoje o conhecemos no ocidente, é uma invenção do marketing da Coca-Cola, apropriando-se da propaganda do final do século 19 e começo do século 20.
Repare, não; é só uma lembrancinha de cultura porventura inútil e talvez apócrifa. Feliz Natal pra você.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Paris
Mas foi muito interessante saber que o dono do apartamento que alugamos, no 13 eme, fala e escreve em português, é professor universitário casado com uma brasileira de BH, onde o casal mora também em boa parte do tempo.
Touché.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Justiça LTDA
Pipocas
Gradativamente, em fogo brando, parece surgir, ao redor do mundo, a noção de como as coisas realmente são e funcionam. De parte a parte, e em partes, tenho impressão de que o cidadão começa a despertar de um longo sono.
Bom, claro que essa é uma perspectiva otimista. Mas também se espera reação e recrudescimento. Ninguém que está com o burro na sombra há tantas décadas vai querer largar o osso de mão beijada. Haverá choro e ranger de dentes.
Mas, pra mim, a grande batalha para tornar essa existência um pouco melhor para a maior parte das pessoas é no campo das ideias. No xadrez da comunicação. Esse é o busílis.
Por isso vejo com esperança o fato de a consciência do homem comum, o homem de bem, aquele que ainda se indigna, aflorar. Ainda que seja devagar, ainda que leve tempo. À medida que a panela esquenta, somos cada vez menos milho e cada vez mais pipoca.
Ou como diz aquela frase das manifestações na Porta do Sol, em Madri, ao que tudo indica inspirada no best-seller de 32 páginas Indignez-vouz!, de Stéphane Hessel:
"Não somos anti-sistema. O sistema que é anti-nós".
Sobre Hessel: http://pt.wikipedia.org/wiki/St%C3%A9phane_Hessel
domingo, 18 de dezembro de 2011
O óbvio
Mas, lembro-me com total clareza de ter cravado para o compadre: o Santos nem vai ver a bola. Quatro a zero Barça.
E querendo ser chato: se a turma da Globo lesse o Boêmios no Divã, já teria descoberto o óbvio, como demonstraram Caio, Casagrande, Tande, Glenda e a boa besta do Cléber Machado.
O negócio é o espírito de 82. Precisou o Santos, a despeito de toda a babação de ovo midiática sobre o Neymar, tomar um chocolate para os caras externarem o óbvio.
Daqui em diante, vão ficar todos aí babando com a descoberta do pólvora.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Dois toques e um tique (nervoso)
- Uma retirada sem glória nem honra*
Como de hábito
Só mesmo no Brazil-zil-zil
Mino Carta
Pergunto aos meus intrigados botões por que a mídia nativa praticamente ignorou as denúncias do livro de Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana, divulgadas na reportagem de capa da edição passada de -CartaCapital em primeira mão. Pergunto também se o mesmo se daria em países democráticos e civilizados em circunstâncias análogas. Como se fosse possível, digamos, que episódios da recente história dos Estados Unidos, como os casos Watergate ou Pentagon Papers, uma vez trazidos à tona por um órgão de imprensa, não fossem repercutidos pelos demais. Lacônicos os botões respondem: aqui, no Brazil-zil-zil, a aposta se dá na ignorância, na parvoíce, na credulidade da plateia.
Ou, por outra: a mídia nativa empenha-se até o ridículo pela felicidade da minoria, e com isso não hesita em lançar uma sombra de primarismo troglodita, de primeva indigência mental, sobre a nação em peso. Não sei até que ponto os barões midiáticos e seus sabujos percebem as mudanças pelas quais o País passa, ou se fingem não perceber, na esperança até ontem certeza de que nada acontece se não for noticiado por seus jornalões, revistonas, canais de tevê, ondas radiofônicas.
Mudanças, contudo, se dão, e estão longe de serem superficiais. Para ficar neste específico episódio gerado pelo Escândalo Serra, o novo rumo, e nem tão novo, se exprime nas reações dos blogueiros mais respeitáveis e de milhões de navegantes da internet, na venda extraordinária de um livro que já é best seller e na demanda de milhares de leitores a pressionarem as livrarias onde a obra esgotou. A editora cuida febrilmente da reimpressão. Este é um fato, e se houver um Vale de Josaphat para o jornalismo (?) brasileiro barões e sabujos terão de explicar também por que não o registraram, até para contestá-lo.
Quero ir um pouco além da resposta dos botões, e de pronto tropeço em -duas razões para o costumeiro silêncio ensurdecedor da mídia nativa. A primeira é tradição desse pseudojornalismo arcaico: não se repercutem informações publicadas pela concorrência mesmo que se trate do assassínio do arquiduque, príncipe herdeiro. Tanto mais quando saem nas páginas impressas por quem não fala a língua dos vetustos donos do poder e até ousa remar contracorrente. A segunda razão é o próprio José Serra e o tucanato em peso. Ali, ai de quem mexe, é a reserva moral do País.
Estranho percurso o do ex-governador e candidato derrotado duas vezes em eleições presidenciais, assim como é o de outra ave misteriosa, Fernando Henrique Cardoso, representativos um e outro de um típico esquerdismo à moda. Impávidos, descambaram para a pior direita, esta também à moda, ou seja, talhada sob medida -para um país- que não passou pela Revolução Francesa. Donde, de alguns pontos de -vista, atado à Idade Média. O movimento de leste para oeste é oportunista, cevado na falta de crença.
Não cabe mais o pasmo, Serra e FHC tornaram-se heróis do reacionarismo verde-amarelo, São Paulo na vanguarda. Estive recentemente em Salvador para participar de um evento ao qual compareceram Jaques Wagner, Eduardo Campos e Cid Gomes, governadores em um Nordeste hoje em nítido progresso. Enxergo-o como o ex-fundão redimido por uma leva crescente de cidadãos cada vez mais conscientes das -suas possibilidades e do acerto de suas escolhas eleitorais. Disse eu por lá que São Paulo é o estado mais reacionário da Federação, choveram sobre mim os insultos de inúmeros navegantes paulistas.
Haverá motivos para definir mais claramente o conservadorismo retrógado de marca paulista? E de onde saem Folha e Estadão, e Veja e IstoÉ, fontes do besteirol burguesote, sempre inclinados à omissão da verdade factual, embora tão dedicados à defesa do que chamam de liberdade de imprensa? Quanto às Organizações Globo e seus órgãos de comunicação, apresso-me a lhes conferir a cidadania honorária de São Paulo, totalmente merecida.
PS Boêmios no Divã: ainda relativo a esta temática, quem se interessar pode acompanhar as impressões de um olhar de fora: veja quais foram as opiniões do filósofo Alain de Botton, em sua recente visita ao Brasil, sobre o país, e, especificamente, São Paulo.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Cadê?
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Comendo com Sam Cooke
domingo, 11 de dezembro de 2011
Mais um show
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O livro mostra, o silêncio fala
O Edu Guimarães, do blog da Cidadania, matou a charada. O silêncio esmagador, unânime e completo da imprensa "independente" - Abril (Veja), Globo (portal, Época, JN, O Globo), Folha de S. Paulo, Estadão e similares - é de uma eloquência, eu diria, atroz.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Sócrates
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Emblema da minha geração
domingo, 4 de dezembro de 2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Destin: Paris
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Afobação
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Olho nesse time
É preciso ficar de olho aberto. Eis a seleção da grana, convocada pelo nefasto Dom Ricardo Teixeira: o empresário J. Havilla, Luciano Huck, o empresário José Victor Oliva, Galvão Bueno, Ronaldo Fenômeno e André Sanchez. Só a fina flor.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Solidários
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Uma corrente diferente
Subscrevo
Do João Ubaldo:
"A essa altura, eu escrevo porque não tenho outro jeito. Eu me convenci de que escrever é a única coisa que sei fazer e de que tenho alguma coisa para dizer. Numa entrevista à Libération, depois de ter pensado muito, cheguei à conclusão de que escrevo porque quero; porque, no fundo, o meu escrever é reduzível a isto; não a um ato voluntarista, mas a um ato de decisão, um aspecto do livre-arbítrio. Você tem aquela vocação, você tem de deliberar uma hora na vida o que é que você vai fazer. Existe um velho verso em português (que não é assim mas a expressão ficou): ‘Não se pode passar pela vida em brancas nuvens’, sem ter feito nada. Então, eu escrevo por isso, para não passar pela vida em brancas nuvens".
“Escrevo porque escrevo, se me pagassem eu só falava. Pergunta feita a todos os escritores, desde o princípio dos tempos, antes mesmo da invenção da escrita: Por que você escreve? E eu respondo. Imitando o dito popular dipsomaníaco: “Bebo porque é líquido, se fosse sólido eu comia” atribuído a todo mundo porque não é de ninguém (provavelmente foi dito pelo primeiro bêbado), eu esclareço: “Escrevo porque escrevo, se me pagassem eu só falava”. Nunca procurei, pleiteei, um emprego na vida. Quando vi me pagavam pelo que eu batia à maquina (é, já havia a máquina datilográfica, sucessora gloriosa da caneta-tinteiro, substituta da caneta, do tinteiro e do mata-borrão!!! Por pouco não peguei a pena de ganso) e muito até. Dava pra pagar a pensão, pelos versinhos gloriosos das GAROTAS do Alceu, quem quiser saber o que é, ou era, isso, que pesquise. Ia escrevendo, e o que saia, vendia. Ás vezes já maluco, psicodélico, contestatório, surrealista. Tudo, naturalmente, sem saber.” |
terça-feira, 22 de novembro de 2011
É nóis
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Nomes para gatos
Avatar
Barão (Bibelô)
Chewbacca
Dilma
Etc
Fuzuê (Figa)
Gatorade
Habib´s
Ímpar
Jedi
Kill Bill
Lennon
Mustache
Nietzsche (Neca de Pitibiriba)
Ohm
Peruca
Quarup
Ragnarok (Ruffles)
Sonic
Tilt
Ukla
Vil (Vip)
Xerox
Wally
Yupi
Zeta (Zanga)
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Dá-lhe, Mino!
Mino Carta
Editorial
Uma comparação e suas lições
As seis capas que ilustram esta página contam uma história de várias lições, ou morais. As seis são o rosto de semanais de informação publicadas ao mesmo tempo no fim da semana passada, quatro de revistas brasileiras, uma britânica, outra americana. Estas duas últimas são de repercussão mundial. Time é o incunábulo dos news magazines do planeta todo. Fundada em 1923, provocou o nascimento da Newsweek dez anos depois e influenciou todas as demais publicações do gênero continentes afora. The Economist, com a qual CartaCapitalmantém honrosa parceria, é tida há tempo a semanal mais importante do mundo.
Três capas focalizam o mesmo assunto e estampam a imagem da mesma personagem, simbólica da crise econômica e financeira que a ninguém poupa em qualquer latitude e longitude, o premier italiano Silvio Berlusconi finalmente derrubado em um lampejo de senso comum. The Economist, Time e CartaCapital coincidem na mira da informação prioritária, se quiserem na apreensão a respeito do destino de todos. Em oposição, Veja, Época e IstoÉ parecem editadas, nem digo em outro planeta, em outra galáxia.
Desde as primeiras conversas entre dois universitários americanos, Henry Luce e Britton Hadden, empenhados em levar a cabo o projeto da pioneira Time, ficou assentado o propósito de iluminar os leitores ao lhes oferecer o resumo dos fatos da semana devidamente analisados e hierarquizados em ordem decrescente ao sabor da sua influência sobre a vida do mundo e de cada cidadão. Na semana passada, The Economist, Time e CartaCapital foram fiéis ao legado. Veja, Época e IstoÉ prontificaram-se a participar de um capítulo especial de Jornada nas Estrelas. Não são deste mundo, com o risco de que o Brazil-zil-zil também não seja, ao menos aquele da chamada classe média à qual se refere Veja na sua capa. O que vem a ser, exatamente, de limites nítidos, a classe média nativa não sei.
Sei dos herdeiros da casa-grande e dos seus capatazes, de uma minoria de ricaços estabelecidos em rincões esfuziantes na imitação de Abu Dabi e de um largo número de cidadãos que gostariam de lhes seguir os passos. Sei também que esta classe média habilita-se a achar graça no mulherão Pereirão e a digerir outras lições de infatigável alienação pontualmente ministradas.
Em termos de civilização, classe média significa, no bem e no mal, conhecimento, ideias, crenças. Cultura. Classe média é o burguês na acepção política e representa, na Europa, por exemplo, a porção mais conspícua de uma população também em termos numéricos. Não era, é óbvio, quando fez a Revolução Francesa, mesmo assim foi decisiva para vincar o tempo e dar início oficial à Modernidade. A nossa classe média, em boa parte, e tanto mais em São Paulo, o estado mais reacionário da federação, ainda mantém ligações com a Idade Média, com a inestimável contribuição da mídia nativa, inclusive de semanais nascidas com outros, nobres, republicanos intuitos.
Se recordo a Veja que tive a honra de dirigir à testa da equipe fundadora, experimento um forte abalo entre o fígado e a alma. Precipitado também por uma constatação: o jornalismo brasileiro, entre o imediato pós-guerra e o golpe de 64, foi bem melhor do que o atual, se não no conteúdo pelo menos na forma, e mesmo durante a ditadura algumas publicações souberam ter momentos de grande dignidade. Na convicção de que as tiragens fermentam ao baixar o nível de sorte a secundar a parvoíce do público, com o pronto respaldo da publicidade mais abundante, acabou por enredar-se em suas próprias artimanhas e os profissionais, salvo notáveis exceções, assumiram o estágio intelectual inicialmente atribuído aos seus leitores.
Costuma-se dizer que Deus é brasileiro, não somos porém o povo eleito, enquanto o Brasil é uma terra prometida que por ora não merecemos. E a classe que haveria de ditar rumos, salvo raros oásis de sabedoria e boa visão da vida e do mundo, gosta de viver de aparência, de consumir em desvario, de cultivar alegremente sua ignorância.