segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Admirações

Leio na coluna do Tostão que ele admira o João Ubaldo Ribeiro.

Acho bastante provável a recíproca ser verdadeira: JUR ler e admirar o Tostão.

Bem, eu admiro o Tostão e o João Ubaldo Ribeiro.

Para fechar o ciclo, agora falta esses dois me admirarem.

Parei

Ou, pelo menos, tentarei controlar a ansiedade de comprar um imóvel.

Conversando esta manhã com um corretor experiente, percebi que é praticamente inútil pensar em fazer propostas sem dinheiro na mão. E, dindin na mão, só com a venda da mansão do Nova Granada.

De maneira que minha preocupação primeira deve ser concentrar esforços para vender o cafofo. Na venda, ainda dizem que há uma burocracia, de 60 dias (mais ou menos) para receber a bolada (provavelmente financiada).

Quando esse dia chegar, os imóveis que hoje me interessam certamente já estarão vendidos. Outros estarão disponíveis. Então, é contraproducente se estressar, seja para comprar um lote ou um apê.

O que assusta, comentei com o sujeito, é constatar a valorização dos imóveis em 10% em apenas duas semanas. Impávido, disse que é assim mesmo. Sombrio, vaticinou: em janeiro, será ainda pior.

Ora, nessa selva imobinflacionária, eu vou tratar de ficar velhaco e esperar. Agora só tiro o zape depois de arrancar o sete de copas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Leitura adolescente

Estou preenchendo aos poucos os vazios da minha bagagem literária infanto-juvenil.

Bom, livro é livro. Por pior que seja a viagem, da experiência da leitura sempre se extrai algo de bom. Razão, cá pra mim, porque coleção Vaga-lume não conta: tem seu valor, mas é muamba que ficou retida na alfândega das boas memórias.

Comecei este ano, cativo da Ilha de Monte Cristo. Depois, dividi radinho de pilha com Robinson Crusoé. E, embora este não seja um clássico e sim um lançamento contemporâneo, acompanhei a história da matemática pelo Teorema do Papagaio.

De onde se fica sabendo que Platão disse coisas assim: “Os matemáticos são como criadores de passarinhos no interior de um viveiro, tentando apanhar com as mãos diversos passarinhos de cores vivas”.

A jornada é longa, mas não tenho pressa. Só passeio quando quero. Mais dia, menos dia, calço a meia com dedão furado de Twist e vou caminhar. Ou navegar, mastigando capim com o gume do Mississipi nos olhos, ou mais além, por que não, desenterrar outros tesouros entre desafios mais ou menos liliputianos.

Noto que meu desejo andarilho só leva livros antigos na mochila. Nada contra Harry Potter, Crepúsculo, etc. Pelo contrário: talvez ainda não tenha atingido a idade suficiente para lê-los.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desperdício


Drummond disse: "A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca."

Só discordo da parte em que ele diz "vivo".



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Luxos

Ainda de ressaca de uma enxaqueca braba - parece que entornei litros de véspera, embora não tenha colocado uma gota de mé na boca - amigo me disse que isso pode ser stress.

Configurei que stress é um luxo do qual não posso dispor.

* * *

Falando em luxo. Na hipótese de comprar um lote e construir, a gente devaneia e fica sonhando que aparato, material, objeto ou equipamento gostaria de ter na casinha.

Como o orçamento é apertado e não dá pra ter todos os mimos que desejamos, o casal alterna as preferências como oscilaria uma porta pivotante: ora é uma banheira, ora um aquecimento solar. Ora são ladrilhos hidráulicos, ora portas e janelas de demolição. Ora um bojo para banheiro ultramoderno, ora uma TV 15 mil polegadas. Decisões, decisões.

No fim, em uma festinha infantil neste sábado, descobri minha verdade.

Se formos construir, o luxo - luxo mesmo - não seria nada daquilo: simplesmente, pra mim, uma área cheia de verde e de fronde, de plantas e árvores, muitas árvores. Um pequeno mato domiciliar, com gramado e frutíferas, onde o ar fosse fresco; onde a gente pudesse tomar um café ou uma cerveja debaixo de uma bela copa ao invés de toldos de plástico e telhas de cerâmica.

É isso. Uma árvore no quintal seria, para a habitação do meu corpo e do meu espírito, o intenso e verdadeiro regalo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Suspiros

Galo, Galo...

...

...

/ / /
"Look on my work, ye mighty..."


Vendo o filme Leningrado, sobre o cerco à cidade durante a WW2, lembrei-me de uma característica do socialismo na Rússia que sempre achei uma verdadeira babaquice: aquelas estátuas escandalosamente grandes de Lenin, geralmente com o indicador em riste, por todo canto. E mais cartazes, bustos, quadros, não só do bicho, mas também de Stalin, etc.

Nada de ingenuidade: de Nabucodonosor a Xerxes, de Ramsés II a José Sarney, a divinização da figura do "líder" coloca frequentemente o incentivo à idolatria a serviço da administração e controle do povo pela classe que manda. Sempre foi assim, seja qual for o regime político, às margens do Nilo ou na beirinha do Rio Bacanga.

Mas, no caso do socialismo/comunismo, exatamente pelo que pregavam, a hipocrisia vira espalhafato.

Entretanto, é tarde demais para observar isso ao professor de história da 6ª série.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

às teias

Amigos que inexplicavelmente insistem em visitar Boêmios no Divã e os que também mantêm blogs:

Não reparem o odor de bolor.

Aqui está que é só desleixo.

Levantem uma letra aí qualquer e passem o dedo. Olhem nas entrelinhas.

Tem pó por todo lado.

Não tenho visitado vossos espaços, tampouco.

Não por obra de um ataque súbito de misantropia virtual.

Por ora, a atenção está concentrada em outras frentes.

Gracias pelas visitas.

Mas textos novos, hoje, só amanhã.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vida e morte das bactérias

Tô aqui batucando um posicionamento para um produto do cliente. De súbito, me enrosco num dos atributos: função antibactericida.

Aí pensei: num pode. Se é bactericida, mata as bactérias. Se for anti-homicida de bactérias, me parece contra-senso. Salvo em alguns casos, como produtos para regulação intestinal, nos quais é saudável estimular o crescimento de certa flora bacteriana, não acho que o lance seja vender algo que inclua a vantagem de impedir o "crescei-vos e multiplicai-vos" da colônia.

Aliás, imagino que pode ser isso - antibacteriana, não antibactericida. Faz sentido ou tô completamente doido?

Porque comecei a reparar, numa googlada só, que o esquadrão antibactericida taí faz tempo. Muita gente usa, de jornalistas a publicitários. Como nesta chamada do Victoria´s Secret Hand Gel Antibactericida Berry Kiss: Suas maos livres dos germes e bactérias.

Ah, é?

Quer saber? Acho que vou dizer que o produto do meu cliente é mais fácil de limpar. Ou porque é realmente muito inapropriado para a reprodução das bactérias ou, por outro lado, porque é tão propício à sua proliferação que é impossível não notar aquele bacanal bacteriano todo, passar um panim com detergente e acabar com ele assim, ó.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cultura, ainda que tardia

Desconfio que o governo Aécio - apesar das poucas notas e críticas que logram perfurar a muralha blindada de boa publicidade erguida ao redor de sua figura e chegar ao público, como esta - vai celebrar seu fim com uma generosa aprovação popular.

Talvez não seja para menos - o homem é esperto.

Como qualquer político, segue a cartilha de deixar a inauguração de obras de grande impacto para os últimos momentos.

Um conjunto de obras desse naipe é o tal Circuito Cultural Praça da Liberdade. Me parece muito boa idéia. E promete ser legal.

Lembro-me que Dona Meg vive reclamando que em Belzonte faltam mais museus, espaços culturais, interativos, etc. Verdade. Mas talvez o Circuito venha amenizar um pouco a sensação.

Não estou muito por dentro do que virá (acompanhe o link por favor, veja e me conte; eu trabalho), mas se tivéssemos algo ao menos parecido com o museu de ciência e tecnologia, da PUC-RS, em Porto Alegre, seria demais.

Porque, apesar do caráter científico, lá acontece mágica: a gente volta a ser criança.

Eu vou me adaptar

Eu não tenho mais a resistência que eu tinha
Eu metabolizava as cervejas que bebia
Mas agora me acho tão estranho
A minha ressaca está deste tamanho.

Será que eu bebi o que ninguém bebia
Será que envelheci enquanto eu dormia?

Eu vou me adaptar.