Qual o quê, meu espanto diante daquelas pessoas com memória privilegiada só é menor diante dos cada vez mais desmemoriados. Tipo, euzão.
Quantas e quantas vezes não me surpreendo tendo esquecido o significado de uma mesma palavra à qual já fiz várias consultas prévias? Quantas e quantas vezes um trecho literário qualquer interrompe o pensamento e se torna impossível, para mim, identificar onde e quando eu o lera? Quantas e quantas vezes o que escrevi tem se tornado irreconhecível?
Outro dia mesmo, folheando revista, topei com o anúncio de um cliente nosso. Julguei: "Não está de todo mau". Fui então à colega designer, que participou da composição e disse: "Sabe, até que ficou bom, coisital. Quem o redigiu? Foi a redatora Fulana?"
A colega impaciente respondeu: "Foi você, oras. Em maio".
Em maio! E, nisso, ainda passei uma impressão errada, porque ela achou que eu estivesse fazendo papel de joão-sem-braço só para forçar elogio ao meu trabalho.
A idade não vai melhorar a decadência mnemônica, certamente. Em função deste cenário desolador, eu gostaria de fazer um veemente apelo às autoridades:
- Ei, Apple, Microsoft, Google! Parem de brigar entre si e inventem uma solução para o meu problema! Preciso de um chip no cérebro, com wirelles, bluetooth e HD externo com 320 GB. Preciso acessar o google da minha mente. Preciso ter um dicionário bioembutido para consultar o significado dos verbetes que sempre esqueço quando ando pela rua (queria citar pelo menos um deles aqui, mas, por acaso, esqueci agora quais são).
A continuar do jeito que está, não dá. Minha memória entra por um olvido e sai por outro.
Agora há pouco, por exemplo. Aconteceu desse jeitinho, juro, é a pura verdade. Estava eu aqui encafifado, tentando sem sucesso me lembrar de um termo para concluir o post. Puxa, como é que se chama aquilo mesmo... caramba, esqueci. Vou ter que perguntar pro pessoal do estúdio:
- Moçada. Como é que a gente fala quando a pessoa perde a memória e não sabe mais quem é?
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