Olho por olho e o mundo acabará cego.
Ghandi
Ainda assim, ou exatamente por isso, é de mesmerizar o que os veículos da mídia vêm noticiando em tempos recentes, em intervalos cada vez menores. A freqüência de crimes chocantes parece ser cada vez maior, numa escalada de horror que minha breve idade e uma memória escassa não encontram paralelo. Mais do que isso: o horror está se aproximando, cada vez mais.
A sensação de medo é real. E, por causa do medo, o coração endurece. Em busca de segurança, o cidadão que ainda busca se manter a salvo, ou sobreviver sem muitos arranhões, facilmente é tentado a se proteger no escudo da intolerância e até mesmo da crueldade, se necessário for. Prevenir que remediar. E quando a reação é de intensidade igual ou maior à ação, o círculo vicioso está formado.
Tudo isso me veio à mente com as últimas manchetes. Aqui mesmo na cidade: não bastasse semana passada essa história da quadrilha de extorsão e de sujeitos decepados, hoje é a menina de 11 anos forçada por dois encapuzados a manter relações sexuais com um cachorro.
Não consigo, como há anos, ser contrário à pena de morte com a mesma solidez, a mesma convicção. Nem sei mais se consigo ser contrário à pena de morte, ainda que (talvez seja ingenuidade) rejeite a Lei de Talião porque acho que intolerância não pode ser a moeda de troca da sociedade se a gente ainda aspira nessa vida a um pouco de sossego e tranquilidade.
É um dilema. Ficar parado não resolve. Como reagir, então?
Como se proteger dos monstros? Como obliterá-los sem também se tornar um?
Eu não sei. Realmente não sei.
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