Embora isso seja comum demais na vida. Aconteceu diversas vezes na trajetória de cada um e ainda acontecerá a todo instante: escolher certo, escolher errado. Amar certo, amar errado.
E admirar certo, e admirar errado.
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Ora, imaginem o seguinte. Você é casada. Ou tem namorado ou, no mínimo: você é comprometida.
Fato público: todos, rigorosamente todos, sabem que você é comprometida faz tempos.
E, com sorte, você até é feliz.
Certo dia, então, uma mulher - conhecida virtual de longa data do seu homem, que ele jura nunca ter visto pessoalmente e nem tem intimidade, mas por quem sempre nutriu grande admiração intelectual - manda para seu companheiro uma mensagem, na qual relembra os momentos que passaram juntos naquela noite inesquecível, naquele lugar afrodisíaco.
Você vê o recado e se aturde. Evidentemente, pergunta a seu companheiro o que aquilo significa.
Ele responde, indignado: - "Nunca me encontrei com essa mulher! Nunca nem vi! "
Aí se chega ao dilema, agora inevitável: um dos dois está mentindo.
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Bueno. Fosse eu nesse dilema, preferiria acreditar na palavra da minha parceira - mesmo correndo todos os riscos de me enganar depois. E acreditar que uma mensagem como aquela, seja lá qual tenha sido seu propósito inicial, nem pode ser considerada uma brincadeirinha de gosto duvidoso, mas sim uma grande babaquice; senão leviandade, uma consciente tentativa de plantar uma sementinha de cizânia venenosa, essa erva daninha nutrida pela dúvida no coração tranquilo dos que amam.
Ponto final. Ressalvando que a única coisa que poderia ser lamentável: ver a tal admiração permanecer incólume, intacta, blindada, à prova de quaisquer provas; sempre garantida por conta de uma perigosa predisposição à indulgência.
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Mais que enxergar com clareza, é preciso desmistificar certas admirações. Longe de mim querer ser um caga-regras, mas é preciso mesmo cuidado com certas admirações.
Penso como pode ser pessoalmente difícil. Se num debate alguém começasse a apontar todos os defeitos do Nelson (Rodrigues), imagino a reação: logo meu espírito procuraria suas qualidades como - para usar uma imagem bem "A vida como ela é" - uma adúltera arrependida se agarra às calças do marido.
Pode ser difícil, mas é preciso maturidade para tentar.
É como sempre digo quando calha de um cliente elogiar meu trabalho: Não dá pra errar sempre. Uma hora a gente tem que acertar.
2 comentários:
Essa história me lembrou Comédia da Vida Privada. O marido sai e quando volta desconfia que há algo errado.Ele quer abrir o armário do quarto onde na verdade se esconde o amante.E sua mulher diz para não fazê-lo porque esse ato irrevogavelmente acabaria com o casamento. Se você descobrir que há alguém nesse armário , ela diz,você não me perdoará e caso não haja, quem não perdoará sou eu por ter duvidado de mim ! Ele saiu novamente para comprar cigarros e ficou de voltar 20 minutos depois.
Lembro-me desta. É ótima!
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