terça-feira, 6 de abril de 2010

O óbvio ululante

Neste exato instante, era preciso que Nelson Rodrigues estivesse banhado pela luminosidade do ecrã de um lepitópi qualquer, ciscando teclas furiosamente para dizer em transe mediúnico o que sempre repetiu a vida inteira.

E o óbvio, atual e irrevogável, a partir de agora só pode ser invisível para os incréus. Pior, porque não é apenas uma obviedade que não enxergam. São duas.

Primeiro: Messi. O iluminado. O Messias prometido. O Filho de D1oS, como chamam Maradona lá naquela terra de gentios.

O segundo, muito mais importante: está rolando uma re-revolução. Uma volta ao futebol às antigas, de bola pra frente. Dá pra sentir no ar, na mídia, nos botecos.

Bom, eu sou otimista. Esse resgate do bom futebol (me recuso a chamar de "futebol-arte", isso é frescura que só leva a dicotomizações inúteis), protagonizado por times como o Barcelona, Real Madrid, Arsenal, Manchester, Chelsea, Liverpool, Bayern, Santos e - ok, vá lá, preparado para as pedradas - Cruzeiro, esse resgate é uma esperança de gerar, quem sabe, uma onda influência positiva, reverberando no resto do mundo como uma pedrinha atirada no lago.

Vejam as entrevistas de antes e depois do jogo deste último Barça x Arsenal, pela Liga dos Campeões. Está lá, na declaração dos jogadores, dos técnicos. O reconhecimento, sem manha e falsidade, pelo futebol praticado pelo adversário. A admiração mútua em cada fala.

Olhem o Arsene Wenger. Perdeu Fábregas e outros tantos. Foi ao Camp Nou com a esquipe esfacelada. Mudou o estilo de jogo? Recheou a equipe de brucutus? Sacrificou sua filosofia de jogar bonito pela vitória a qualquer custo? Não. Mesmo antes da partida, Wenger disse que o importante era oferecer ao mundo um espetáculo de futebol.

Ingleses e espanhóis já descobriram - redescobriram, aliás - que essa é a essência do jogo. É isso que constrói uma marca, uma cultura, uma fortuna. E é esta distinção que vai torná-los não apenas conhecidos, mas, principalmente, admirados em todo o planeta.

Tomara que a Copa de 2010 não seja uma involução. Que vença a seleção que estiver jogando o fino e que souber decidir na hora fatal. Não precisamos de um novo Sarriá.

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