segunda-feira, 16 de março de 2009

Pra você ficar rico

Embora, à primeira vista, hoje o blog parece ter se dedicado exclusivamente a pequenas bobagens e amenidades inúteis, quero presentear a todos com uma idéia absolutamente magnífica, verdadeira cornucópia, que, se bem executada e produzida como a vejo, trará a seu empreendedor os folguedos da fortuna e os louros da glória.

Na verdade, é muito simples. Basta que ouse ser diretor ou produtor de cinema. 

Imaginei um filme oficial, mas produzido como se fosse pirata. Gravado dentro de um cinema quase vazio, com a câmara tentando não ficar tremida. No início do nosso filme, você vê, em primeiro, segundo e terceiro plano, uma ou outra pessoa se sentando, pedindo licença. Um pigarreia, um velho gordo senta à esquerda (ufa, não ficou na frente da câmera), ali se sentou uma mulher, fulano sinaliza posição pra alguém que se atrasou comprando pipocas.

No último plano, projeta-se a película no telão do cinema – cujo título é o do nosso filme.

No entanto, aquela mulher, à qual você detivera o olhar na silhueta, acaba de ganhar a companhia de um sujeito. Ela gira e encara o homem, que estaca alguns segundos diante dela - como se já se conhecessem – mas é o tempo necessário para a platéia pedir ao homem que se assente. O homem assim procede e passa o braço por trás da cadeira da referida mulher. Você volta a prestar atenção ao filme. Depois de um minuto e meio, a cabeça da mulher tomba de repente para o lado; em seguida, num movimento súbito, verte para trás, inerte, como se seu olhar estivesse fixo no teto escuro da sala. O homem se levanta rapidamente para sair. Nesse instante, você julga ver o reflexo de um objeto metálico sendo guardado no bolso do paletó. O filme no telão prossegue e acaba. Antes do cara guardar a câmera na mochila, você ouve o burburinho dos espectadores e alguns gritos. E, nos outros filmes pirateados pelo mesmo cinegrafista, o misterioso assassino é presença garantida e continua fazendo novas vítimas.

Pronto, Hitchcock. Pode se preparar pro tilintar da máquina registradora.

Mas, no auge do sucesso, não se esqueça da colaboração inestimável do Boêmios no Divã e que “muito obrigado” não é quid pro quo

Nenhum comentário: