segunda-feira, 25 de julho de 2011

Oslo

Chutando pedrinhas na calçada a caminho do trabalho, me pergunto: com o que, hoje em dia, não se pode, não se deve ser intolerante?

O que é intolerável? Assassinato? Racismo? Corrupção? Pedofilia?

É tudo preto ou branco? Há tons de cinza? A tolerância aceita gradações?

* * *
Homossexualismo não é tolerável?

Ó, não sou especialista no assunto, mas me arrisco a dizer que homossexualismo não é natural - do ponto de vista reprodutivo. Friso: nem digo biológico, que sei eu dessas coisas, mas do ponto de vista reprodutivo não parece a escolha natural. Ok. E daí?

Em que isso me afeta? Em que seu casamento civil interfere na minha vida? É da minha conta? Em que dois homossexuais na mesa ao lado me prejudicam?

Ah, replicam preconceitos lá dos recônditos da alma, é constrangedor. Embaraça. Talvez sim, para esta época, para a falta de costume desta época. Talvez seja ofensivo para os costumes da maioria. Mas seria o amor antiético?

Ah, replicam lá dos recônditos, tenho o direito de exigir que meu filho não tenha um professor homossexual. Por quê? Por medo de que o menino ou menina seja influenciado e também vire homossexual?

E, tá, digamos que os pais tenham o direito de escolher a escola que o filho há de estudar, com os professores que ela abriga. Mas, digam uma coisa: como é que você pode determinar que o professor é homossexual ou não? E se ele esconder sua opção sexual e ninguém souber? E se um dia alguém cometer um julgamento equivocado sobre você, julgá-lo homossexual e demiti-lo, a despeito de seu caráter e competência? E se, hipoteticamente, chegar o dia em que o único lugar em que você conseguirá emprego será um "antro" homossexual, e você ser discriminado por ser hetero?

* * *
Pera lá. Eu posso até ter um filho ou filha e desejar que ele não seja homossexual. Até para que a vida dele não fique mais difícil do que já é para qualquer pessoa, para que não sofra preconceitos a mais do que necessário ou para que sua existência não seja estupidamente abreviada por sujeitos como o "terrorista" de Oslo.

Mas isso é um desejo meu. Um desejo meu. Não minha escolha. Não tem a ver com caráter da criança - a menos que se julgue que ter relações sexuais com outro do mesmo sexo é falta ou falha de caráter. Será?

Desde que sejam relações consentidas, pra mim não é. E pronto, durmo feliz pensando que tem coisas mais importantes na vida a me preocupar do que com gente que não gosta de mulher como eu gosto. Ora.

E aí vem um xenófobo, racista, homofóbico de primeira grandeza como este sujeitinho e presta este desserviço à humanidade. Vai embrutecer Oslo. Vai elevar o nível de paranóicos na Noruega. Vai aumentar o medo do outro e do diferente no cidadão comum em todo lugar.

Mas que grandessíssimo idiota.

Um comentário:

K disse...

Jujuba gosta de rosa.Nunca disse pra ele que rosa é cor de mulher. Mas assim que ele disse sua cor preferida na escola, os colegas cairam em cima.
Ele ja brincou muito de Barbie . Mais do que a irma que para minha frustraçao nunca gostou de boneca.
Se isso me incomodou ? Nunca !
é como você disse, eu quero mais é que ele seja feliz !

Rubao, vc sabe o que é andar por mais de dez quarteiroes e nao encontrar sequer um papelzinho no chao ?Nenhum lixinho ? E as casas lindas, com jardins repleto de flores e muros baixinhos que qualquer criança pode pular? Cerca elétrica , entao, devem ignorar o que seja.Estou na Normandia e com tanta beleza da até para engolir as maldades da sogra.
Beijos