sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
A gente tem é fome
Líder da matilha
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Oslo
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Espremer as meninges
Copa à moda
Mino Carta22 de julho de 2011 às 10:20hConfesso com a paz instalada entre o coração e a alma que o momento mais empolgante da minha vida de estudante do curso clássico do Dante Alighieri deu-se quando o professor Carletti, de Educação Física, me convocou para o time do colégio. Não fujo à regra, gosto da redonda e a ela mantenho-me fiel, embora já não ouse adentrar ao gramado. Um bom jogo consegue bloquear-me diante do vídeo, com a insopitável tendência a torcer pelo mais fraco.
Na adolescência fui do Palmeiras, de sorte a precipitar em meu irmão Luis um súbito pendor corintiano, cultivado pelo prazer da polêmica. Há muito tempo deixei quase sempre de torcer a favor, em compensação aprimorei o vezo de torcer contra. Contra o mais forte porque mais endinheirado, mais exibido, mais prepotente, amiúde o mais disposto à corrupção. Neste momento, a caminho do Mundial de 2014 a ser disputado no Brasil enquanto a seleção canarinho cobre-se de vergonha, percebo uma mudança notável nos comportamentos da torcida brasileira.
O futebol nos toca nas entranhas, não há outro país onde a bola influa de forma tão imperiosa nos humores cotidianos da nação, a funcionar como fator de união e de apelo à identidade. Capaz até de propiciar um raríssimo instante de igualdade, na terra tão desigual, na hora em que o herdeiro da casa-grande levanta hosanas ao herdeiro da senzala e o eleva ao altar dos heróis da pátria de chuteiras.
E então, vejamos. Permito-me alimentar a certeza de que uma pesquisa capilar provaria que a torcida brasileira não está somente decepcionada com os desempenhos da seleção, e tem boas razões para tanto, mas também, e sobretudo, ofendida pelas trajetórias assumidas pelos negócios da bola. Façam a sua própria investigação, perguntem ao acaso: terão de verificar que a maioria identifica o time nacional com as mazelas da CBF, vislumbra a bandalheira no rumo da Copa e se inclina, espanto dos espantos, a torcer contra.
Pergunto aos meus bolipédicos botões se haverá precipitação no entendimento de que a mediocridade dos canarinhos de hoje é da responsabilidade de Ricardo Teixeira. Repicam, não sem aspereza, haver uma ligação escancarada entre o business e o futebol, e Teixeira é o perfeito intérprete desta associação celerada, nutrida pela lavagem de dinheiro e a supervalorização de moços despreparados para fortunas e badalações exorbitantes. Os próprios e enfadonhos torneios realizados no Brasil provam a decadência. Antes moral do que técnica.
Creio viver uma quadra importante, de um certo ângulo, ao observar o amadurecimento da torcida. Ela se habilita a dimensionar a paixão futebolística dentro da realidade contingente, emoldura-a ao sabor da circunstância acabrunhadora. Trata-se de um grande avanço, e se o torcedor entende a primazia da questão moral, e política, e nesta perspectiva consegue enxergar os males do futebol atual, em primeiro lugar evolui como cidadão.
Recordo o Mundial de 1970, e do meu desapontamento ao constatar que até nas masmorras do terror de Estado presos e torturados gritavam gol. Ao cabo, o ditador Emilio Garrastazu Medici, senhor de uma fase duríssima, talvez a mais feroz em 21 anos de ditadura, celebrou a vitória final do Brasil de Pelé e cia. com uma festa popular na Praça dos Três Poderes e, no auge do arrebatamento, entregou-se a umas embaixadas com uma bola de borracha.
No começo da semana liguei para Juca Kfouri, o jornalista mais processado por Ricardo Teixeira, queria cumprimentá-lo pela substanciosa entrevista que CartaCapital publicou na edição passada. Falou-me de um sonho dele, a trair alguma esperança: ah, se a presidenta se desse conta do risco que todos corremos… Não se trata de espremer as meninges para concluir que com Teixeira estamos nas piores mãos, como se não bastasse Joseph Blatter. E a respeito desta personagem mafiosa é bom lembrar que na Alemanha em 2006 as coisas não correram como teria desejado.
A Fifa, sabe-se, pretende impor as suas regras, a atropelar soberanias nacionais, e aqui vale a referência, em vez de esbanjar ignorância e estultice para dar guarida a um criminoso como Cesare Battisti. A Alemanha recusou-se a atender a várias demandas do herdeiro de João Havelange e fez uma Copa à feição alemã. A mais vergonhosa derrota que o Brasil e Dilma Rousseff podem sofrer em 2014, independentemente do resultado dos gramados, é um Mundial à moda de Ricardo Teixeira.
Mino Carta
Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br
Pot pourri
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Ninharia
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Pode ser um golaço
terça-feira, 19 de julho de 2011
O homem
Pretérito mais que presente
segunda-feira, 18 de julho de 2011
tá ou não tá explicado?
Seu grande negócio, de fato, foi em 2005 na participação na compra de Anderson, do Grêmio, pela gestora de carreiras de profissionais desportivas Gestifute, com escritório em Portugal. A empresa pertence ao agente Fifa Jorge Mendes e é um dos fundos de investimento do magnata russo Roman Abramovich, dono do Chelsea (ING). Anderson foi comprado por cinco milhões de euros e repassado ao Porto (POR).
A partir dali, Carlos Leite teve sua porta aberta no Grêmio. Conheceu Mano Menezes e passou administrar a carreira do treinador, além de destaques como Lucas e Diego Souza.
Após alguns meses, adquiriu 30% dos direitos econômicos do volante Elias e passou a agenciar a carreira do lateral-esquerdo André Santos.
http://oglobo.globo.com/esportes/mat/2009/06/25/carlos-leite-parceiro-fiel-do-corinthians-756526868.aspsexta-feira, 15 de julho de 2011
Dia do Homem é coisa de veado
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Teclo e me voy
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Rápido e rasteiro
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Tá ozo
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Caguei montão II: Síntese
Rick Teixeira esfregando na minha, na sua, na nossa cara:
PARA: DANIELA PINHEIRO (Revista piauí)
DE: RICARDO TEIXEIRA (CBF/COL)
“Caguei montão [para as denúncias da imprensa]. O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala: ?quero um igual?. O negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria”
“Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas merdas.”
“Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.”
“Esse UOL só dá traço. Quem lê o Lance? Oitenta mil pessoas? Traço. Quem vê essa ESPN? Traço.”
“Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”
“Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito com a Globo.”
“Tudo que ela pôs na matéria ela ouviu, o presidente falou mesmo, não tem nada de errado. Tudo que Teixeira tinha para falar, falou à piauí, disse agora à tarde, na Argentina, o assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva.
Caguei montão
Teixeira expõe conchavo com Globo, xinga críticos e promete "maldades" na Copa
Do UOL EsporteEm São PauloRicardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador da Copa de 2014, quebrou o silêncio. O cartola que domina o futebol brasileiro passou cerca de uma semana na Suíça com uma repórter da revista Piauí e dissertou sobre diversos temas. No meio da longa reportagem, publicada na edição de julho, ele expõe a relação que tem com a Globo, xinga os críticos e promete maldades com a imprensa no Mundial que comandará, daqui a três anos.
“Meu amor, já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas m...”, disse Ricardo Teixeira, que vai ainda mais longe ao rebater as denúncias.
“Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão. O neguinho do Harlem [bairro pobre nova-iorquino] olha para o carrão do branco e fala: ‘quero um igual’. O negro não quer que o branco se f... e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria”, vaticinou.
Sinal amarelo
terça-feira, 5 de julho de 2011
Paranóico Futebol Clube
Falta dinheiro?
O nosso futuro e o casaco de 29 reais
por Luiz Carlos Azenha
Vivemos tempos interessantes. A acreditar no noticiário, falta dinheiro aos governos.
No entanto, o Rio de Janeiro é um canteiro de obras.
E os estádios sobem.
E o BNDES — sim, eu sei, a BNDESPar — ajuda o Abílio, o Eike e outros pobres milionários.
Não, não há dinheiro para investir nos grandes equalizadores: educação pública e gratuita para todos (com bons salários para os professores) e banda larga realmente larga e universal para todos.
Lá na Coreia do Sul eles deram um jeito. Tudo bem, já entendi, sei que o país, comparado ao Brasil, é pequeno e a densidade demográfica é grande. Custaria mais caro, aqui, fazer o backbone feito lá, através do qual o estado cripto-comunista espalhou as redes de fibra ótica.
Lá foi dinheiro público financiando a iniciativa privada: quem cuidou e cuida da “última milha” são as empresas de telefonia e internet. Mas, ao controlar a infraestrutura, além de garantir a própria soberania na idade da informação, fazendo as ferrovias do século 22, o estado sul coreano ganhou poder de barganha diante das empresas privadas. Ditou as regras com um porrete na mão: lá, segundo a OECD (Organização para a o Desenvolvimento e Cooperação Econômica) 100 mbps pelo equivalente a 60 reais mensais; aqui, 1mbps por 35 reais. Nossa vantagem é que temos a Anatel para garantir que o serviço será de fato prestado nas condições propagandeadas…
[Ao contrário do que vocês imaginam, não apoio a banda larga como ferramenta para combater o PIG. É para impulsionar os pequenos empreendedores e negócios. Para facilitar a produção e disseminação de conteúdo cultural regional. Como forma de aumentar a mobilidade urbana. Para impulsionar a indústria nacional ligada às tecnologias de informação.Como descobriram os japoneses e os sul coreanos, ter uma banda larga realmente veloz e universal cria uma série de novos "problemas" e a solução para eles exige inventividade e criatividade. Starcraft vicia, mas também cria emprego!]
Aqui, só falta escalar o ministro para vender o combo da Telefonica. Não duvido que em breve surja alguma lei exigindo número de telefone fixo para tirar documento. Aí vai ser possível empurrar dois serviços ruins combinados nas classes C e D. Aliás, o que é do projeto que extinguiria a cobrança da “mensalidade” dos telefones?
Ao contrário do que imaginávamos, vivemos o aprofundamento do sistema pelo qual os lucros são privatizados e os prejuízos, socializados. Taí o resgate de Wall Street para não me deixar mentir. Depois, a Grécia. Agora, privatizaram o Paulo Bernardo.
Como repetiu um milhar de vezes um antigo leitor deste site, hoje sumido, as empresas-casca da telefonia terceirizaram tudo. Ficaram apenas com o financeiro. E remetem os lucros obtidos no Brasil para tapar buraco na matriz. Agora, diz um executivo do banco Santander, eles vão correr atrás da classe C e D no Brasil. Como alertou a Conceição Oliveira, corram!
Ou, como disseram os bancários no Pacaembu, na final da Libertadores:
O fato é que nós, assalariados, já não temos mais representação política.
Quantos governadores ou deputados você viu, recentemente, defendendo os professores grevistas em Minas Gerais? Ou em Santa Catarina?
E os bombeiros que se amotinaram no Rio de Janeiro? Quem é que se arrisca a dar a cara a tapa e dizer que apoia a PEC 300, que aumenta os salários dos policiais?
Vejam bem, caros amigos: os salários são inflacionários! Quem sugere é ministro de um governo do Partido dos Trabalhadores!
Notaram como a falta de dinheiro público é relativa?
Depois de toda a gastança e a gatunagem que precederá a Copa do Mundo no Brasil, lá pelos fins de 2013 ainda vão tentar nos convencer de que precisamos fazer “trabalho voluntário” no evento.
E, às vezes, o que parece uma vantagem imediata pode ter consequências terríveis a longo prazo.
Como não entendo de economia, deixo para vocês os comentários. Apenas conto o causo.
1985. Acabo de desembarcar em Nova York, para trabalhar como correspondente da Rede Manchete. Um dia sim, outro também, um dos jornais importantes publica reportagem sobre um “terrível” problema do Japão: o país é fechado às grandes redes varejistas dos Estados Unidos. Por conta disso, os jornalistas estadunidenses associam os japoneses ao atraso. Os mercadinhos são um horror, os preços são altos, a qualidade é péssima, etc.
Aquele soldado japonês que não sabe que a Segunda Guerra acabou fica no mato por culpa da péssima qualidade das lojinhas “pop e mom” do Japão…
Foi a primeira campanha do PIG internacional que vi de perto, ainda que sem entender direito, na época, o que estava acontecendo.
Mais para a frente, lá pela metade dos anos 90, percebi em retrospectiva o que tinha acontecido: foi quando, nas minhas andanças pelos Estados Unidos (modéstia à parte, em meus vinte anos por lá só não fui à Dakota do Norte) descobri a grande campanha que se organizava contra o Walmart, que existe até hoje e que rendeu até mesmo um documentário, Walmart: O alto custo dos preços baixos.
Só que, se a campanha para “abrir” o Japão tinha ocupado as manchetes da grande mídia americana, a campanha local contra o Walmart mereceu um silêncio ensurdecedor…
O argumento contra o Walmart é de que o conglomerado detona o comércio local e, portanto, compromete a sobrevivência das pequenas cidades. Há um toque saudosista e conservador na campanha, quando se diz que a rede detona “the real America”. Solapa a base fiscal. Substitui centenas de salários médios por dezenas de salários miseráveis. Faz isso contando com o gigantesco poder de barganha diante dos fornecedores e, acima de tudo, com a capacidade de importar imensas quantidades de produtos baratos da China. O Walmart compra cerca de 10% de tudo o que a China exporta para os Estados Unidos!
Ontem, depois de publicar um texto de um leitor manifestando preocupação com a concentração dos supermercados no Brasil, tive a sensação de déjà vu, quando um colega jornalista contou que tinha ido ao Walmart e comprado um casaco made in China por apenas 29 reais.
Ei-lo:
A pergunta que me assalta é: corremos o risco de ver, no Brasil, o mesmo fenômeno que testemunhei nos Estados Unidos?
É possível que o Brasil enfrente ao mesmo tempo dois fenômenos contemporâneos turbinados pelo crescimento da China, a saber: a desindustrialização e o “desvarejo”?
Qual é o risco de a gente, gastando os tubos na Disney – agora que o Disney On Ice no Brasil é bancado com dinheiro público – descobrir, de repente, que só nos resta produzir alimentos para os porcos asiáticos?
Se eu comprar o casaco de 29 reais, é bom porque combato a inflação ou é ruim porque exporto um emprego para a China?