terça-feira, 1 de junho de 2010

Publicitários

Outro dia, Meg comentou sobre uma analogia de pizzaiolos com o trabalho de criadores publicitários e suas dificuldades com os clientes em geral. Achou divertido.

Imediatamente me lembrei de uma outra, que li há anos, do Alexandre Peralta e Sérgio Valente, que me parece insuperável para ilustrar como, não raro, a gente sofre com o despreparo do mercado, seja pelo desconhecimento/falta de ousadia e confiança na agência, seja pelo fato imutável de que qualquer pessoa de qualquer nacionalidade ou grau de instrução entende tudo de publicidade e comunicação, a ponto de saber mais do que o profissional que, curiosamente, requisitou consulta para a solução de um problema.

Atire a primeira pedra o publicitário que não se identificar com o esquete.


"INTERNA. DIA. HOSPITAL. HOMEM PASSANDO MAL. MULHER E MÉDICO DO LADO.

Homem - É o meu peito, doutor... Tá doendo.

Médico: Quantos anos o senhor tem?

Homem: Quarenta e dois.

Médico: Bebe?

Homem: Todo dia.

Médico: Fuma?

Homem: Só quando bebo.

Médico: Pratica algum esporte?

Homem: Não, mas acompanho pelos jornais.

Médico: É, seu Luís, vamos ter que fazer um eletrocardiograma.

Homem: Eletrocardiograma? Parece interessante.

Médico: Mas antes eu quero que o senhor tome um Cluorossil 300 mg.

Mulher: Não sei se concordo, mas vamos lá.

Médico: Através do eletrocardio...

Homem (interrompendo): Doutor...

Médico: Pois não...

Homem: E se fosse exame de sangue?

Médico: Não, nós precisamos do eletrocardiograma porque...

Homem (interrompendo de novo): Pelo preço de um eletrocardiograma, a gente poderia fazer três exames de sangue!

Mulher: Humn. Eu gosto disso.

Médico: Mas o senhor não precisa de um exame de sangue! O senhor precisa de um eletrocardiograma!

Homem: E aspirina?

Mulher: É mesmo. E a aspirina?

Médico: O quê que tem?

Homem: Dizem que a aspirina faz bem pro coração.

Médico: O senhor não está me escutando.

Homem: Estou sim, o problema é o peito, não o ouvido.

Mulher: Sabe, as minhas amigas tomam aspirina.

Homem: Eu gosto de aspirina.

Médico: Eu sou médico há trinta anos e estou dizendo que o senhor precisa de um eletrocardiograma.

Homem: Aspirina não é mais barato?

Mulher: E se também dá resultado...

Médico: Seu Luís, o senhor me paga pra dizer o que é melhor...

Homem: Tive uma idéia! Aspirina infantil.

Médico: O senhor quer morrer, seu Luís?

Homem (vira p/ mulher): O que você acha?

Mulher: Se você quer morrer?

Homem: Não, da aspirina infantil.

Mulher: Docinha.

Homem (vira p/ médico): Viu? Acho que poderíamos pensar em outras soluções.

Médico: Como assim?

Mulher: Mais opções.

Homem: Eu dou mais três dias para o senhor pensar.

Mulher: Vamos tentar para amanhã?

Homem: Dois dias então, ok?

Médico: Se o senhor não fizer este eletrocardiograma, pode ser que nem dure dois dias.

Homem: Um dia então. E não se fala mais nisso.

Médico: Não vai tomar o Cluorossil 300 mg?

Mulher: Acho que devíamos rever tudo.

Homem: É, eu estou desconfortável.

Mulher: Aumentou a dor?

Homem: Não é isso, estou desconfortável com este Cluorodril.

Médico (corrige): É Cluorossil... Clu-o-ros-sil 300.

Mulher: E o 200? E o 250? Vamos pensar...

Homem: Veja, não queremos dar a solução, o médico é você...

Mulher: Isso, a gente gosta de ser provocado.

Médico: Mas eu estou dizendo que você precisa...

Homem: Doutor, é o seguinte...

Médico: O quê?

Homem: Quem paga a conta?

INT. DIA. VELÓRIO. VIÚVA SENTADA, PARENTES EM VOLTA.

Viúva: Eu disse pra gente trocar de médico...

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