quarta-feira, 30 de junho de 2010
Sobre obra
O tal sinal digital
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Semelhanças
Red alert
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Copitacos 2ª fase
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Copitacos
terça-feira, 22 de junho de 2010
Dunga em UM DIA DE FÚRIA!
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Copitacos
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Ele, outra vez
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Brasil 2 x Coréia do Norte 1
Niversário da Dra.
Poema de aniversário
Porque fizeste anos, Bem-Amada, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte...
Eu quisera dar-te, ademais dos beijos e das rosas, tudo o que nunca foi dado por um homem à sua Amada, eu que tão pouco te posso ofertar. Quisera dar-te, por exemplo, o instante em que nasci, marcado pela fatalidade de tua vinda. Verias, então, em mim, na transparência do meu peito, a sombra de tua forma anterior a ti mesma.
Quisera dar-te também o mar onde nadei menino, o tranqüilo mar de ilha em que perdia e em que mergulhava, e de onde trazia a forma elementar de tudo o que existe no espaço acima – estrelas mortas, meteoritos submersos, o plancto das galáxias, a placenta do Infinito.
E mais, quisera dar-te as minhas loucas carreiras à toa, por certo em premonitória busca de teus braços, e a vontade de grimpar tudo de alto, e transpor tudo de proibido, e os elásticos saltos dançarinos para alcançar folhas, aves, estrelas – e a ti mesma, luminosa Lucina, e derramar claridade em mim menino.
Ah, pudesse eu dar-te o meu primeiro medo e a minha primeira coragem; o meu primeiro medo à treva e a minha primeira coragem de enfrentá-la, e o primeiro arrepio sentido ao ser tocado de leve pela mão invisível da Morte.
E o que não daria eu para ofertar-te o instante em que, jazente e sozinho no mundo, enquanto soava em prece o cantochão da noite, vi tua forma emergir do meu flanco, e se esforçar, imensa ondina arquejante, para se desprender de mim; e eu te pari gritando, em meio a temporais desencadeados, roto e imundo do pó da terra.
Gostaria de dar-te, Namorada, aquela madrugada em que, pela primeira vez, as brancas moléculas do papel diante de mim dilataram-se ante o mistério da poesia subitamente incorporada; e dá-Ia com tudo o que nela havia de silencioso e inefável - o pasmo das estrelas, o mudo assombro das casas, o murmúrio místico das árvores a se tocarem sob a Lua.
E também o instante anterior à tua vinda, quando, esperando-te chegar, relembrei-te adolescente naquela mesma cidade em que te reencontrava anos depois; e a certeza que tive, ao te olhar, da fatalidade insigne do nosso encontro, e de que eu estava, de um só golpe, perdido e salvo.
Quisera dar-te, sobretudo, Amada minha, o instante da minha morte; e que ele fosse também o instante da tua morte, de modo que nós, por tanto tempo em vida separados, vivêssemos em nosso decesso uma só eternidade; e que nossos corpos fossem embalsamados e sepultados juntos e acima da terra; e que todos aqueles que ainda se vão amar pudessem ir mirar-nos em nosso último leito; e que sobre nossa lápide comum jazesse a estátua de um homem parindo uma mulher do seu flanco; e que nela houvesse apenas, como epitáfio, estes versos finais de uma cançâo que te dediquei:
... dorme, que assim
dormirás um dia
na minha poesia
de um sono sem fim...
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Diário de obra II
Brrr
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Bola rrrolando!
Direto de Johanesburgo – A cidade amanheceu ensolarada, como de hábito nestes dias, com um vento mais ameno do que o de ontem, aço frio de mil punhais perfurando a grossa jaqueta comprada há dezesseis anos na Copa dos EUA com o emblema do NY Team.
Mas, o calor maior vem do som persistente e uníssono, num tom próximo ao de contralto, das vuvuzelas, essas cornetas africanas que são o encanto e o horror de Johanesburgo.
Ainda no jantar da véspera, num pub irlandês, cujo dono, ironicamente, é o português João, fui submetido a uma tortura tão insuportável que quase me declarei publicamente ser o cabo Anselmo em pessoa. Pra quem não sabe, cabo Anselmo foi o símbolo da traição da resistência à ditadura militar no Brasil.
Em duas mesas repletas de brancos e um japonês, os comensais se revezavam na arte de tirar sons de uma vuvuzela, que passava perdigotos de boca em boca, ao pé de meu ouvido, aos gritos e risadas histéricas.
Ao fundo, ou ainda mais alto, o som do show de abertura da Copa, um desfilar de cantores e cantoras internacionais, cuja estrela maior – Shakira – provocava estertores na moçada cada vez que aparecia com seus trejeitos e rebolados, numa versão mezzo sul-africana da abominável Macarena de anos atrás, misturada com a dança do piu-piu do nosso inefável Gugu.
Ah, as vuvuzelas! Disse que são o encanto e o horror desta cidade aprazível. E cometo aqui uma confissão de culpa irremissível.
Outro dia, numa mesa do café do hotel, ouvi uma inconfidência de Lúcia, mulher do Veríssimo, mais que companheiro de outras viagens, mestre silencioso na arte das palavras: tramava a digna senhora uma falseta para o marido ilustre – dar de presente à netinha uma dessas vuvuzelas e instigá-la a acordar o vovô todas as manhãs, ao som mais irritante do mundo.
Em retribuição à gentileza que Lúcia me fizera dias antes, comprando-me um cosmético qualquer em suas andanças pela cidade, dei-lhe a tal vuvuzela. Ganhei dela um sorriso velhaco. Do Veríssimo, o silêncio eterno.
As cornetas, porém, continuam a soar, enquanto filas e mais filas de carros se encaminham lentamente para o estádio, onde África do Sul e México, finalmente, botam a bola da Copa, a famigerada Jabulani, pra rolar.
Já sei
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Diário de obra
Quebra-quebra
terça-feira, 8 de junho de 2010
Onze pitacos
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Eventos
Há algo de temerário na ideia de começar uma reforma
A eletricidade assalta o corpo, a excitação se sente no ar, as datas se aproximam de seu prazo fatal: vai começar. Num canto da África, duas seleções se preparam para o pontapé inicial; num cantinho do bairro Buritis, a marretada inicial para demolir duas paredes da sala lá de casa.
É difícil a vida de técnico. Além de convocar os profissionais certos e coordenar o time, definir o papel de cada um para que saibam exatamente o que fazer quando entrarem em cena – eletricista, gesseiro, pedreiro, marceneiro, pintor, etc. É preciso encaixar as peças.
Sem falar nos fatores extra-campo, que atrapalham a seqüência do nosso trabalho. Anteontem mesmo foi preciso conter a sanha da sede de informações de jornalistas do mundo inteiro. Meus craques tiveram que se virar na coletiva.
IMPRENSA MUNDIAL: Você acha que é possível fazer um belo trabalho?
PEDREIRO: Olha, nem sempre a gente consegue entrar e dar espetáculo. Mas isso não é objetivo. O que vale é ganhar.
PINTOR: Alguns ainda vivem na ilusão. Esperam que tudo seja uma pintura, que cada jornada seja uma obra-prima.
PEDREIRO: Isso é saudosismo.
PINTOR: Saudosismo. Hoje, o mundo mudou. O negócio é resultado. Beleza não põe mesa, taí nosso treinador que não nos deixa mentir (riso geral).
IMPRENSA MUNDIAL: E se algum de vocês contundir?
PEDREIRO: Ninguém quer isso, mas, se rolar, não tem problema. Somos um grupo, e quem entrar com certeza vai dar conta do recado.
Que esse time seja exitoso para brindarmos juntos, no final, de taça na mão.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
A obra que não começa
terça-feira, 1 de junho de 2010
Publicitários
Homem - É o meu peito, doutor... Tá doendo.
Médico: Quantos anos o senhor tem?
Homem: Quarenta e dois.
Médico: Bebe?
Homem: Todo dia.
Médico: Fuma?
Homem: Só quando bebo.
Médico: Pratica algum esporte?
Homem: Não, mas acompanho pelos jornais.
Médico: É, seu Luís, vamos ter que fazer um eletrocardiograma.
Homem: Eletrocardiograma? Parece interessante.
Médico: Mas antes eu quero que o senhor tome um Cluorossil 300 mg.
Mulher: Não sei se concordo, mas vamos lá.
Médico: Através do eletrocardio...
Homem (interrompendo): Doutor...
Médico: Pois não...
Homem: E se fosse exame de sangue?
Médico: Não, nós precisamos do eletrocardiograma porque...
Homem (interrompendo de novo): Pelo preço de um eletrocardiograma, a gente poderia fazer três exames de sangue!
Mulher: Humn. Eu gosto disso.
Médico: Mas o senhor não precisa de um exame de sangue! O senhor precisa de um eletrocardiograma!
Homem: E aspirina?
Mulher: É mesmo. E a aspirina?
Médico: O quê que tem?
Homem: Dizem que a aspirina faz bem pro coração.
Médico: O senhor não está me escutando.
Homem: Estou sim, o problema é o peito, não o ouvido.
Mulher: Sabe, as minhas amigas tomam aspirina.
Homem: Eu gosto de aspirina.
Médico: Eu sou médico há trinta anos e estou dizendo que o senhor precisa de um eletrocardiograma.
Homem: Aspirina não é mais barato?
Mulher: E se também dá resultado...
Médico: Seu Luís, o senhor me paga pra dizer o que é melhor...
Homem: Tive uma idéia! Aspirina infantil.
Médico: O senhor quer morrer, seu Luís?
Homem (vira p/ mulher): O que você acha?
Mulher: Se você quer morrer?
Homem: Não, da aspirina infantil.
Mulher: Docinha.
Homem (vira p/ médico): Viu? Acho que poderíamos pensar em outras soluções.
Médico: Como assim?
Mulher: Mais opções.
Homem: Eu dou mais três dias para o senhor pensar.
Mulher: Vamos tentar para amanhã?
Homem: Dois dias então, ok?
Médico: Se o senhor não fizer este eletrocardiograma, pode ser que nem dure dois dias.
Homem: Um dia então. E não se fala mais nisso.
Médico: Não vai tomar o Cluorossil 300 mg?
Mulher: Acho que devíamos rever tudo.
Homem: É, eu estou desconfortável.
Mulher: Aumentou a dor?
Homem: Não é isso, estou desconfortável com este Cluorodril.
Médico (corrige): É Cluorossil... Clu-o-ros-sil 300.
Mulher: E o 200? E o 250? Vamos pensar...
Homem: Veja, não queremos dar a solução, o médico é você...
Mulher: Isso, a gente gosta de ser provocado.
Médico: Mas eu estou dizendo que você precisa...
Homem: Doutor, é o seguinte...
Médico: O quê?
Homem: Quem paga a conta?
INT. DIA. VELÓRIO. VIÚVA SENTADA, PARENTES EM VOLTA.
Viúva: Eu disse pra gente trocar de médico...