Hoje cedo Meg se levantou e eu aproveitei para fazer o mesmo assim que ela saiu. Fui ao banheiro e voltei para cama. Peguei um exemplar daquela coletânea da Disney lançada pela Abril, com as histórias do Carl Barks, o Homem dos Patos.
A segunda historinha que li me fez engasgar de tanto rir.
Pena, que a gente não começasse cada dia assim, às gargalhadas, antes das 7 da manhã.
Pensando nas histórias do homem, seu humor, seu sarcasmo, a humanidade e toda a sua carga de sentimentos que confere aos patos - amor, ódio, ciúme, cobiça, vaidade, medo - e, me valendo de sua biografia, não vejo como é possível não admirá-lo.
Barks foi possivelmente minha primeira leitura, aos cinco. Embora não soubesse seu nome, suas histórias eram reconhecíveis pelo traço e enredo - havia um abismo de qualidade entre elas e as historinhas de outros autores. Via de regra, as aventuras de Barks abriam e/ou fechavam as edições de Disney Especial - uma revista grossa, coletânea em torno de uma idéia qualquer, como "Os piratas", "Os vizinhos", "Os inventores".
O homem era genial, e quem critica seus quadrinhos com aquele papo de "propaganda do império capitalista" para meninos não sabe do que está falando ou nunca leu uma historinha de Natal de Barks, qualquer que seja.
Além de conter parábolas morais, as histórias de Barks despertaram em seus leitores mirins o espírito de aventura, o apetite por História, a curiosidade científica - sempre ambientando suas narrativas em lugares distantes, envolvendo mitos, misturando arqueologia, etc. Me lembro, por exemplo, que aos seis, sete eu já tinha conhecimento, ainda que rudimentar, sobre Jasão e os Argonautas, Circe, Medéia, Minotauro, Aladim, Incas, Fliegende Hollander, a Pedra Filosofal, a Fonte da Juventude, Cortez, as Minas do Rei Salomão, a Rainha de Sabá, Odin, Thor, Valhalla e Valquírias, Machu Picchu, Índia, Indonésia, Nepal, Caribe, Klondike, Yukon, Alaska, África, Vênus, Júpiter, Saturno, Plutão... por aí vai.
Nós, crianças, devemos muito ao velho Carl.
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