segunda-feira, 16 de abril de 2012

Inconsolável Paris

Paris me ama.

Senti isso desde que me viu pela primeira vez.

O que provocou tal paixão? O que Paris terá visto em mim? Nem eu mesmo sei. Meu palpite é que nem todos nessa vida têm a boa estrela de nascer em Teófilo Otoni.

O fato, amigos, o fato é o seguinte. Paris tentou me seduzir de todas as maneiras, fez uso de seu arsenal desde o primeiro instante. Era um encanto a cada 8 minutos, uma surpresa a cada quartier, apresentando-se sempre magnífica, sempre estonteante. Superlativa e caleidoscópicamente bela em todos os sentidos: museus, catedrais, parques, ruas, bistrôs... como bem disse Meguinha, um buquê de sensações.

Bem, aí sucedeu-se todo o imbróglio da viagem. Paris não lidou bem o fato de eu já ser um homem casado. Exigiu exclusividade. Como havia feito com Hemingway, Picasso e a tantos outros, me queria prostrado a seus pés.

- Impossível, eu disse. Amo minha mulher. E lembra de onde eu vim? Nós, teofilotonenses, somos durões.

Aí - como sói ocorrer com o humor das divas acostumadas a ter todos os caprichos satisfeitos - fechou o tempo.

A relação esfriou, com dias de baixas temperaturas. Pelas manhãs, dava-me tapas de vento na cara.

Mas de nada adiantava. Perdidinha por mim, Paris não deixou de verter suas lágrimas, obrigando-me inclusive a adquirir um guarda-chuva.

Por fim, ao ver que seus esforços eram inúteis, aceitou os fatos com alguma resignação. Então seu semblante desanuviou-se. Fez-se no céu um azul de Giotto; nos jardins, flores se abriram; nos parques, o sol brilhou sobre a verde pelúcia.

Já no aeroporto, prestes a embarcar de volta à minha vida nos trópicos do hemisfério sul, travamos nosso derradeiro diálogo:

- E nós, Rubão?

- Não.

- Fique, eu imploro. O que vai ser da minha vida sem você?

- Você vai sobreviver.

- É assim? Tudo acabou?

- No fundo, nós dois sabemos que eu tenho que pegar aquele voo com a Meg.

- Vamos nos ver novamente algum dia?

- Não sei, Paris. Mas talvez este seja o começo de uma bela amizade.

Entrei no avião sem olhar pra trás.

6 comentários:

Bruno Perpetuo disse...

Rubão, não se iluda, essa Paris é uma vadia. Fez o mesmo comigo e olha que eu nem tenho o seu derrier. Ah, se não fosse Marco, rs
Bjs

MegMarques disse...

HAHAHAHA, muito, muito bom!

Então, eu quase te perco pra essa Paris?

Bom, antes ser trocada por Paris, divina, diva, musa, magnífica, do que por uma tapera qualquer dessas por aqui.

bjos

K disse...

If you are lucky enough to have lived in Paris as a young man, then wherever you go for the rest of your life, it stays with you, for Paris is a moveable feast.
E. Hemingway.

Rodrigão disse...

Vcs nao entenderam.... o Rubão quis dizer Paris Hilton :) kkkkkkkkkkk
Brincadeirinha.....amigo, amigo...

P.S.: Chegaremos em breve!
Arrivederci!!

Luiza disse...

Magnífico!!

Ricardo Hubba disse...

Muito bacana teu texto. Estivemos lá, lançamos um livro na Aliança Francesa (Entre o Sena e o Guaiba - Of Literaria de Alcy Cheuiche). Subimos na Torre e trocamos as alianças por outras. Vinte e dois anos de casados. Na Praça do Tertre, li um dos meus textos, O Segredo de Uma Vida. Nela, minha esposa é a personagem. Montmartre é a Paris autentica. Parabens pela tua Viagem ! Ricardo e Ana Hubba - Porto Alegre.